Na tarde de ontem (sexta, 8), uma semana depois de o Senado ter eleito Renan Calheiros (PMDB-AL) para comandar a Casa pelos próximos dois anos, a petição que pede o impeachment do peemedebista tinha ultrapassado a marca de 1 milhão de assinaturas. O abaixo-assinado, criado pela ONG Rio de Paz e hospedado na rede Avaaz, surgiu inicialmente para defender a eleição de um senador ficha-limpa para o cargo. Com a confirmação da volta de Renan ao posto, o objetivo agora é exigir a saída dele do comando do Poder Legislativo (o presidente do Senado também preside o Congresso Nacional – que é a soma das duas casas legislativas federais, o Senado e a Câmara dos Deputados).
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Renan é alvo de três investigações no Supremo Tribunal Federal (STF). Em um dos casos, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o acusa de ter cometido três crimes: peculato (desvio de dinheiro público ou bem público por funcionário público), falsidade ideológica e uso de documento falso. A denúncia foi revelada em primeira mão pelo Congresso em Foco em 26 de janeiro.
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No dia da eleição para o Senado, a revista Época teve acesso à denúncia, que aponta o uso de notas fiscais frias para comprovar que tinha renda suficiente para cobrir despesas da mãe de sua filha. “Se 1.360.000 se juntarem a nós, poderemos causar um rebuliço na mídia, desafiar as restrições desta iniciativa popular e exigir a revogação do presidente do Senado, Renan Calheiros”, diz o texto da petição. O número de assinaturas já passa com folga a quantidade de votos que o peemedebista teve nas eleições de 2010: 840 mil.
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Renan retorna à principal posição do Senado, de onde saiu em 2007 após renunciar em meio a uma série de denúncias. Pressionado pelos colegas, renunciou ao comando do Senado, mas escapou – por duas vezes – da cassação em plenário, apesar da recomendação pela perda do mandato feita pelo Conselho de Ética.
Sem se afastar da independência que marca os seus nove anos de existência, o Congresso em Foco se aliou a várias organizações da sociedade civil no repúdio à reeleição de Renan, no entendimento de que não se trata de uma disputa partidária ou de governo versus oposição, e sim de defesa de toda a cidadania, que, neste caso, se sente ultrajada e inconformada. Isso motivou um protesto em frente ao Congresso dois dias antes da eleição.
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Leia a íntegra do abaixo-assinado:
“Vamos conseguir 1.360.000 de assinaturas (1% do eleitorado nacional), levar esta petição para o Congresso e exigir que os senadores escutem a voz do povo que os elegeu.
Segundo nossa Constituição, “a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles”.
Infelizmente, essa ferramenta popular foi criada apenas para propor leis e com requisitos tão complexos que quase ninguém consegue fazer uso dela. Mas se 1.360.000 se juntarem a nós, poderemos causar um rebuliço na mídia, desafiar as restrições desta iniciativa popular e exigir a revogação do presidente do Senado, Renan Calheiros. Vamos usar o poder do povo agora para exigir um Senado limpo.”
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(Matéria publicada originalmente às 16h10 de 8fev2013)
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