Empreiteiras investigadas por participação no cartel de corrupção na Petrobras estão articulando, nos bastidores, um movimento para que as punições não se restrinjam aos seus executivos, mas se estendam aos políticos alvo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O objetivo das empresas, acusadas de fraudar contratos e provocar desvios bilionários, é demonstrar o protagonismo dos atores políticos do esquema ligados ao governo, além do papel central das diretorias da estatal na formação do cartel.
Em conversas reservadas, revela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, empreiteiros dizem estar preocupados com a divisão dos inquéritos da Lava Jato em duas instâncias judiciais. A questão é que alguns julgamentos, para políticos com mandato, terão foro privilegiado e serão realizados no Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto os demais – de executivos das empreiteiras, operadores e ex-diretores da petrolífera, ficam em primeira instância.
“[…] mais precisamente sob condução de Sérgio Moro, magistrado considerado linha-dura que atua na Justiça Federal do Paraná. […] A fórmula, mesmo legal, criou dois pesos e duas medidas, na visão das construtoras – elas já tentaram juntar as investigações a partir de um recurso no STF, mas os ministros entenderam que o caso deve mesmo ficar desmembrado: parte no Paraná e parte em Brasília”, informa o jornal paulista.
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Os executivos reclamam do fato de que são a maioria absoluta dos presos da Lava Jato. A reportagem entrevistou um dos empreiteiros investigados sobre o assunto. Ele disse não ser “santo”, mas que é injustiça ser “crucificado” enquanto políticos corruptos recebem tratamento diferente das autoridades. Ele mencionou a delação premiada do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, dois operadores fundamentais do esquema e, com a delação premiada, os principais colaboradores das investigações.
“Ele [o entrevistado] fala de um ‘temor generalizado’ entre o empresariado, que segundo ele foi transformado numa ‘facção criminosa à margem de tudo, uma espécie de PCC da construção’”, registra o Estadão, na reportagem assinada por Alexa Salomão.
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