O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse hoje (31) não se lembrar de ter viajado no avião de uma empreiteira que presta serviços ao governo. Em audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado, Bernardo negou que a aeronave tenha sido usada na campanha eleitoral de sua mulher, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. O ministro defendeu que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informe aos senadores os nomes dos passageiros do avião da construtora nos últimos dois anos, conforme pedido do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
A empresa Sanches Tripoloni é responsável pela obra do Contorno Norte da cidade de Maringá, no Paraná. “No ano passado, diversas vezes andei de carona em avião, não sei os prefixos e nem sei quem é o dono. Eu não tenho nenhuma lembrança de ter andado nesse avião, ele não foi usado na campanha da Gleisi. Eu não me recordo de ter andado nesse avião”, afirmou Paulo Bernardo, de acordo com a Agência Senado.
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O ministro ressaltou que a obra construída em Maringá pela empreiteira resultou de uma emenda da bancada paranaense no Congresso e teve o apoio, inclusive, do senador Alvaro Dias (PSDB-PR). Paulo Bernardo contou que, como ministro do Planejamento, foi pressionado pelos parlamentares paranaenses a liberar recursos para o anel viário.
Presente à reunião, Alvaro Dias confirmou ter apoiado a obra. Segundo o tucano, o problema é o custo dela. De acordo com o senador, o maior indício de que houve superfaturamento é que a empreiteira aceitou reduzir o valor dos serviços em R$ 10 milhões.
Paulo Bernardo aceitou responder a questionamentos sobre a suspeita de uso indevido do avião da construtora contratada pelo governo antes de discutir o tema central da audiência para a qual foi convidado: o Plano Nacional de Banda Larga.
De acordo com reportagem da revista Época, Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann usaram o mesmo avião, um turboélice King Air, prefixo PR-AJT, durante a pré-campanha da petista para o Senado. A empresa e seus sócios teriam doado mais de R$ 500 mil para a campanha de Hoffmann ao Senado. Em audiência pública na Câmara, semana passada, Paulo Bernardo afirmou que a informação era leviana, pois a companhia, de acordo com ele, fez doações para o comitê do PSDB nacional e estadual, e para diversos senadores eleitos.
Ontem (30), o PPS entrou com uma representação na Comissão de Ética Pública da Presidência da República para apurar a eventual conduta do ministro no caso. Em nota divulgada semana passada, Paulo Bernardo admitiu ter usado aviões fretados em campanha de 2010, quando sua mulher concorreu com sucesso ao Senado e ele era ministro do Planejamento. Mas afirmou que nunca pediu transporte privado em troca de vantagens. Ele disse, ainda, que não tinha “condições de lembrar e especificar prefixos e tipos, ou proprietários” dos aviões nos quais tinha voado no período.
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