As pastorais do campo afirmam que o tema, proposto pela escola, traz visibilidade aos povos indígenas, descendentes de escravos libertos, quilombolas, e outras comunidades de pobres no campo. As entidades denunciam ainda a situação vivenciada pelos indígenas, que até os dias atuais sofrem perseguições e violências e vivem como invisíveis, enquanto o agronegócio é tratado como “pop”. “Inúmeras situações no Brasil denunciam os impactos nocivos das atividades do agronegócio sobre o meio ambiente, a saúde humana e a violação aos direitos básicos das pessoas”, alertam.
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Em um dos trechos mais polêmicos, o samba diz: “O belo monstro roubas as terras dos seus filhos, devora as matas e seca os rios. Tanta riqueza que a cobiça destruiu. Sou o filho esquecido do mundo, minha cor é vermelho de dor, o meu canto é bravo e forte, mas é hino de paz e amor”. No entanto, a agremiação carioca, por meio de nota emitida em seu site oficial, diz que a frase está ligada “às populações ribeirinhas, às etnias indígenas ameaçadas, aos ambientalistas e importantes setores da sociedade que se posicionaram contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte”. De acordo com a escola, “não é uma referência, portanto, ao agronegócio, como alguns difundiram”.
As alas da escola estão divididas e batizadas por “Os fazendeiros e seus agronegócios”, “A chegada dos invasores”, “Olho de cobiça” e “Pragas e doenças”. O problema é que a proposta da escola de samba chegou como uma ofensa aos ouvidos dos ruralistas. Mesmo após polêmicas e notas de repúdio ao tema escolhido pela agremiação, a agremiação carioca não abriu mão do samba-enredo e promete fazer uma crítica ao setor agropecuário, além de contar a história de luta dos povos indígenas contra o desmatamento.
A proposta não foi bem recebida por agricultores e pecuaristas que, desde que o tema veio a público, têm feito fortes críticas à Imperatriz. No início de janeiro, o líder do Democratas (DEM) no Senado, Ronaldo Caiado (GO), chegou a dizer que proporia uma sessão temática no plenário da Casa para investigar o que ele chamou de “ataques” feitos ao agronegócio na letra do samba.
PublicidadeAlgumas entidades, como a Confederação dos Engenheiros Agrônomos do Brasil (Confaeab), por meio de nota, repudiaram o samba-enredo e criticaram “a abordagem generalista proposta pela Imperatriz Leopoldinense sobre o produtor rural”. De acordo com a Confederação, a escola não separou o “joio do trigo” e “é incorreta, injusta e inadequada”.
Rebatendo as acusações, a Imperatriz afirma que embora não seja a intenção generalizar, “importantes pesquisas científicas apontam os diversos males que o agrotóxico traz para o solo, para o alimento e consequentemente para a saúde de quem o consome. Este é apenas um aspecto do nosso rico e imenso enredo”.
Para Caiado, samba-enredo denigre imagem do setor agropecuário
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