Aécio Neves (PSDB-MG), senador | |
“As pessoas querem respostas rápidas para problemas de ontem e anteontem. Poderíamos pensar em abrir espaço para a busca de respostas diárias para os problemas que vivemos nos grandes centros. A discussão da realidade das cidades, seja nas relações humanas, seja na mobilidade, no transporte, na carência da saúde, o atropelo que virou a vida de todos nós em razão da ausência de quase tudo, é uma discussão que tem de ocorrer no Parlamento. Mas está sendo tratada de forma marginalizada. Há hoje absoluta ausência no Parlamento brasileiro de pessoas que se disponham a construir a agenda do Parlamento, que é a agenda da sociedade. Cada vez mais somos demandados pela agenda do governo. Cada vez vejo menos o Parlamento tem sido o intérprete que deveria ser da sociedade e de sua capilaridade. Isso depende de uma ação objetiva. O Parlamento é feito por pessoas e aqui tem um time de extraordinária capacidade para, quem sabe, estabelecermos uma metodologia nova. Há um vazio enorme. Cada vez mais aumenta o divórcio da sociedade com os seus representantes. Essas manifestações foram um tapa na cara de todos nós. Vamos acordar com esse tapa na cara e escrever outras páginas mais nobres e dignas do que as escritas pelo Parlamento nos últimos anos.” | |
Alessandro Molon (PT-SP), deputado | |
“O tema da internet, da participação através da internet, da democracia participativa com a internet como ferramenta, é uma reflexão que vale a pena. É um debate importante. Outro ponto é a questão da mobilidade urbana. Dentre os principais problemas que as manifestações levantaram, uma das questões foi a vida nas cidades. É um problema da maior gravidade. As pessoas estão dizendo que está difícil viver nas cidades brasileiras. É uma questão municipal, mas metropolitana. Não temos um nível de governo entre município e estado. Os consórcios não funcionam, salvo exceções. Os principais problemas no Brasil estão num nível que a gente não tem governo, não tem responsável. São problemas metropolitanos a mobilidade, a segurança pública, a saúde. A vida nas regiões metropolitanas é um tema que a gente tem de refletir, que deve merecer nossa atenção, porque foi um dos motivos que levaram as pessoas às ruas: está difícil viver nas regiões metropolitanas brasileiras. Isso pode entrar em outro ciclo, não precisa ser neste primeiro ano.” |
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Chico Alencar (Psol), deputado | |
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“Entendo essas discussões inaugurais do projeto como um início. O tema das comunicações é fundamental. A gente arruma cinco outros temas. Mas com as características do ano que vem, temos de ter uma objetividade absoluta. A proposta de direitos e liberdades individuais terá de ser encaixada porque o nosso cronograma é curto. No calor da campanha, não vai funcionar. A gente tem de conter nossa ansiedade. Ver o que é possível. A gente tem de partir disso, da objetividade, depois vai elencando os outros temas. Se pensar no ótimo, nem o regular sai. A proposta é muito boa, objetiva, a gente tem de dar carne e vida a ela.” |
Cristovam Buarque (PDT-DF), senador | |
“O que une esse grupo que ganhou o prêmio é que nós não somos indiferentes. Eu não sei ser indiferente em relação aos problemas que estão aí. O imediatismo está consumindo o trabalho da gente. A gente está vivendo uma guerrilha com uma arma poderosíssima, a internet, colocando focos em cada cidade. O que aparece mais é Rio e São Paulo por causa da violência, mas é raro um dia em que não há ocupação de uma câmara de vereadores, uma manifestação que toma a rua que vai para o aeroporto. Isso vai crescer. Não tem como achar que isso vai diminuir. Quem acha que vai diminuir graças à policia está errado. Claro que tem de haver polícia para parar quebra-quebra. Mas tem menino que está indo aí para rua que o que ele mais deseja é ser preso, porque, em um regime democrático, não vai haver prisão demorada, ninguém vai ser torturado ou desaparecido. Há um clima de indignação de muitos, de desilusão de muitos e de desespero de outros, que nunca nem tiveram ilusão. Bota uma máscara e sai para quebrar. Uns saem para mudar o Brasil, outros para quebrar as coisas do Brasil. Isso vai crescer. E nós o que vamos fazer? O que podemos fazer? Vamos manter o divórcio? Deixar que o assunto seja de polícia ou entender o que está acontecendo?” |
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Jean Wyllys (Psol-RJ), deputado | |
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“De alguma maneira, essa ideia dialoga com a comissão extraordinária de direitos humanos que a gente vem realizando, com reuniões em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador. Senti falta, entre os temas propostos, do tema das liberdades individuais. Esse tema não está na periferia do interesse do povo brasileiro. Acho importante incluir a discussão das liberdades individuais, as políticas de afeto ligadas às minorias. Sei que elas atravessam os outros temas. Mas seria bacana dar destaque a isso numa quinta cidade, que é Salvador. A Bahia é o quarto maior colégio eleitoral do país. A gente notou em todas as manifestações que o tema das liberdades individuais, das políticas de afeto e identitárias apareceu muito. Os problemas do Brasil estão em jogo.” |
Marcus Pestana (PSDB-MG), deputado | |
“No período do Ulysses, tinha um grupo que pensava o Parlamento, a ‘turma do poire’. Na época do Luís Eduardo Magalhães, tinha uma turma multipartidária, com Aécio, Genoino, Miro Teixeira, que pensava estrategicamente. Isso está faltando. Estamos num clima de telecatch, brincando com coisas sérias. […] O debate, se todo mundo apostar nisso, será uma grande contribuição para sair desse impasse, em que tudo vai para o plenário no ritmo de Fla x Flu, Cruzeiro e Atlético. A Câmara está desnorteada, perdida em termos de agenda.” |
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Paulo Teixeira (PT-SP), deputado | |
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“Os jovens que foram às ruas em junho levantaram a plaquinha ‘eles não me representam’. O tema da democracia vai além do Parlamento. Talvez possamos dar uma abrangência maior a esse item, discutir a democracia na política, a representação, a democracia participativa. O tema ‘Parlamento do futuro’ restringe. Poderíamos debater a ‘democracia do futuro’, algo mais abrangente.” |
Pedro Simon (PMDB-RS), senador | |
“Antes da redemocratização, a gente fazia muito esse tipo de debate. A gente ouvia a voz do povo sobre a anistia, as Diretas Já. É a primeira vez que faremos esse debate dentro da democracia. Defendo que vocês do Congresso em Foco coordenem isso. Vocês comandam. Nós seremos os soldados para ajudar a viabilizar o que for possível, porque as coisas acontecem quando a sociedade toma a frente. Aquilo que fica dependendo da iniciativa do Congresso não acontece. Na Ficha Limpa, por exemplo, 24 horas antes todos davam como certo que ela ia ser derrubada no Senado. Fizeram manifestação no gramado, encheram o Congresso de gente e, no dia seguinte, a mobilização popular fez mudar tudo. O projeto foi aprovado por unanimidade.” |
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Randolfe Rodrigues (Psol-AP), senador | |
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“Tese acadêmica é para academia. Quem está na política compreende que pode mudar o mundo através da política. Mais importante que o debate é propor conclusões. Dos debates, sairiam propostas legislativas. Constituiremos grupos técnicos para que essas propostas sejam apresentadas não individualmente, mas como iniciativa do grupo. Queria sugerir que o resultado dessas discussões seja transformado num livro em junho. Em agosto, o Congresso em Foco promoveria um debate com presidenciáveis, com quatro blocos, em que os temas seriam exatamente esses.” |
Congresso em Foco quer rediscutir o país
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