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Desde a semana passada, interlocutores do colegiado já assumiam a possibilidade de o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), entregar o relatório final. Assim que o fizesse, os demais parlamentares do PT e PMDB pressionariam pelo fim da CPI, que tem data para acabar em 4 de novembro, mas pode ser prorrogada por mais 180 dias.
Nos bastidores, a ideia é de que o avanço nas investigações sobre a construtora Delta pode constranger tanto pessoas ligadas a partidos da base quanto da oposição. Odair Cunha, poré, rebateu as acusações e afirmou que já está produzindo o seu relatório para cumprir os prazos. “Como trabalho com prazo, eu levo em conta a produção do relatório. Não posso esperar a CPI acabar para pensar no relatório. […] Não estou admitindo e nem negando a prorrogação. Estou fazendo o relatório”, afirmou.
A reunião de hoje foi marcada para ouvir o depoimento do deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), que segundo investigações da Polícia Federal, teria recebido dinheiro do esquema de Cachoeira, além de ter alertado o contraventor sobre uma operação policial. Após as denúncias, o deputado disse ser amigo de Cachoeira, mas negou qualquer relação com o jogo ilegal. As reuniões da CPI foram suspensas durante o mês de setembro devido ao primeiro turno das eleições municipais.
No início da reunião, os poucos parlamentares presentes decidiram adiar a reunião administrativa que estava marcada para esta quarta-feira (10) porque admitiram que não haveria quórum suficiente para deliberações. Ficou marcada então, uma reunião entre os líderes partidários que integram a CPI na próxima terça-feira (16) para discutirem a prorrogação dos trabalhos. Na quarta-feira (11), o colegiado se reúne para sessão administrativa, em que há mais de 500 requerimentos para serem votados.
PublicidadeA possibilidade de prorrogação da CPI foi levantada no início da reunião pelo senador Randolfe Rodrigues (Psol-AP). Ele afirmou que já está passando na mão dos parlamentares um documento a ser assinado por aqueles que concordam que o colegiado precisa de mais tempo para concluir os trabalhos. Para ser prorrogada, é necessário que um terço da Câmara e um terço do Senado assinem o documento, o que equivale a 171 deputados e 27 senadores. Se o relatório final não for aprovado, os trabalhos são encerrados sem conclusão.
No entanto, segundo o jornal Folha de S. Paulo, o encerramento dos trabalhos pode acontecer mesmo com o pedido de prorrogação dos trabalhos. O jornal afirmou que PT e PMDB já fecharam o acordo para o fim da CPI e que essa seria a vontade do Palácio do Planalto, “que prefere encerrar os trabalhos a expor o governo a riscos”.
Para Randolfe, a CPI ainda precisa receber informações relacionadas às empresas fantasmas que tinham relação com a Delta. “Ainda são quase 500 requerimentos para analisar, por isso torna-se necessário a prorrogação”, disse o senador.
Para o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), a missão da CPI a partir de agora deve ser investigar os mais de R$ 500 milhões em recursos que foram repassados pela Delta a empresas laranjas, “possivelmente para pagamento de propina”. “Apenas iniciamos as investigações. Não podemos encerrar no meio”, disse.
No entanto, para o deputado Sílvio Costa (PT-PE) a prorrogação só deve acontecer se algumas premissas forem estabelecidas previamente. “Qual é a agenda dessa CPI? De um lado o PT querendo pegar o Perilo [ Marconi Perillo, governador de Goiás]. Do outro, o PSDB querendo pegar o Agnelo [Queiroz, governador do Distrito Federal]. […] Temos que prorrogar sim, mas temos que ter uma nova tecnologia de investigação. Qual será o novo critério de trabalho dessa CPI?”, questionou.
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