Em reunião com a comunidade do Pontifício Colégio Pio Brasileiro de Roma neste sábado (21), o papa Francisco alertou para a necessidade de união do clero no Brasil em razão da “escandalosa corrupção” que, simbolizada na classe política, tem submetido a população brasileira a uma crise duradoura e multifacetada. Segundo informações da agência espanhola Efe, o pontífice da Igreja Católica disse também que a sociedade dá sinais de desesperança no futuro, e que isso tem que mudar.
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“Neste momento difícil de sua história nacional, quando tantas pessoas parecem ter perdido a esperança em um futuro melhor pelos enormes problemas sociais e por uma escandalosa corrupção, o Brasil precisa que suas curas sejam sinais de esperança. Os sacerdotes precisam enfrentar lado a lado os obstáculos, sem cair nas tentações do protagonismo ou de fazer carreira”, discursou o religioso, para quem o povo brasileiro precisa de um povo clero “unido, fraterno e solidário”.
“Tenho certeza de que o Brasil superará sua crise e confio que vocês atuarão nisso como protagonistas”, acrescentou. A fala foi dirigida a estudantes e membros do Pontifício Colégio Pio Brasileiro, recebidos pelo papa por ocasião do 300º aniversário da descoberta da imagem de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil.
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Argentino, Francisco faz a exortação em um momento de franco descrédito da classe política junto à opinião pública, na contramão dos mandatários que procuram honrar a função – algo que o Prêmio Congresso em Foco tem feito em suas dez edições, de maneira a ressaltar a importância do envolvimento do cidadão no sentido de separar o joio do trigo na esfera pública. Na histórica premiação deste ano, a solenidade ficou marcada pelo grito de “ditadura nunca mais”, vocalizado pelos mestres de cerimônia, Patrícia Marins e Sylvio Costa.
Diretora da agência de comunicação InPress Oficina e uma das organizadoras do evento, Patrícia destacou a importância do Poder Legislativo para a democracia. Sylvio, fundador do Congresso em Foco, por sua vez disse que os políticos envolvidos em atos ilícitos devem ser punidos nas urnas, pelo Judiciário e pelo próprio Congresso Nacional, mas enfatizou que não se pode condenar todo o Parlamento, como instituição, pelas falhas dos seus integrantes.
Tais falhas têm sido recorrentes. Escândalos relativamente recentes – como o que ficou conhecido por “anões do orçamento” e, poucos anos depois, o “mensalão” – agora parecem ser casos menos graves que o “petrolão”, a Operação Lava Jato, dado o montante de dinheiro público desviado por corruptos e corruptores (no caso em questão, executivos de empresas como Odebrecht e JBS). Deflagrada em março de 2014, a Lava Jato já resultou em dezenas de prisões e condenações na primeira instância, mas nenhum político com mandato sequer começou a ser julgado. Protegidos pelo foro privilegiado, eles têm se beneficiado por brechas jurídicas e prescrições de punibilidade, em razão da morosidade do Supremo Tribunal Federal, onde são investigados de maneira exclusiva.
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