Entre as movimentações consideradas suspeitas pelos investigadores, estão R$ 5,5 milhões repassados pelo ex-ministro da Justiça no governo Lula Márcio Thomaz Bastos, falecido ano passado. O valor foi transferido em 11 pagamentos sem a existência de contrato, relata a reportagem. Um deles, no valor de R$ 1 milhão, efetuado no dia em que o petista foi confirmado ministro-chefe da Casa Civil.
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Segundo os advogados de Márcio Thomaz Bastos e de Palocci, os repasses se referem a uma consultoria da Projeto sobre o processo de fusão entre o grupo Pão de Açúcar e as Casas Bahia. Época destaca que a empresa contratada pelo grupo de Abílio Diniz para tratar do assunto negou que Palocci tenha prestado qualquer serviço.
Também são considerados suspeitos pelos procuradores os repasses de R$ 6,5 milhões feitos ao ex-ministro pelo grupo JBS, gigante da indústria de carne, e pela Caoa, rede de concessionárias e importadora oficial da Hyundai e da Subaru no Brasil. Segundo a reportagem, mesmo após ouvido pelo Ministério Público Federal, Palocci não conseguiu comprovar que prestou serviços às empresas, o que reforça os indícios de que as consultorias eram de fachada.
Fusão
Campeã de doações oficiais à campanha de Dilma em 2010 (R$ 13 milhões) e 2014 (quase R$ 70 milhões), a JBS informou à revista que nunca teve qualquer negócio com o ex-ministro. De acordo com a reportagem, um contrato apresentado pela defesa de Palocci, assinado em julho de 2009, previa o assessoramento por parte da Projeto à aquisição da Pilgrims Pride nos Estados Unidos pela JBS. Segundo a revista, o negócio foi fechado com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e incluiu a compra do frigorífico Bertin. O financiamento desencadeou uma investigação no Ministério Público Federal no Rio por ter sido considerado suspeito pelos procuradores.
PublicidadeO grupo Caoa informou à revista que as consultorias de Palocci contratadas na área automobilística não vingaram. Mesmo assim, diz a reportagem, o ministro “levou uma bolada” da empresa, R$ 4,5 milhões entre julho e dezembro de 2010. Nesse período, ressalta a reportagem, o grupo pleiteava no Congresso a aprovação de uma medida provisória que estendeu até 2020 as isenções fiscais para montadoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. A Caoa tem uma fábrica da Hyundai em Goiás. A MP foi transformada em lei em abril de 2011, quando Palocci era o ministro da Casa Civil.
Defesa
Em nota à revista Época, Palocci disse que não poderia detalhar sua relação com as empresas contratadas por questão de confidencialidade e destacou que seus negócios “não têm nem nunca tiveram” qualquer relação com a campanha de Dilma em 2010.
As investigações sobre as consultorias de Palocci começaram em 2011, quando o jornal Folha de S.Paulo revelou que o então ministro da Casa Civil havia comprado um apartamento avaliado em R$ 6,6 milhões. Palocci alegou que seus rendimentos vinham de serviços prestados por sua empresa, mas que não poderia revelar o nome de seus clientes, alegando sigilo.
O ex-ministro também é investigado agora na Operação Lava Jato. O Ministério Público Federal abriu inquérito para apurar a denúncia feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de que ele recebeu R$ 2 milhões para a campanha de Dilma em 2010.
Além de Palocci, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o agora ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também estão sob investigação. Os procuradores suspeitam que Dirceu forjou contratos de consultoria para receber dinheiro das empreiteiras denunciadas. Entre 2006 e 2013, o petista recebeu R$ 29 milhões como consultor. Só em R$ 2010, foram R$ 7,2 milhões. De acordo com Época, os procuradores veem semelhanças nas suspeitas que recaem sobre Dirceu e Palocci.
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