A oposição começou a coletar assinaturas para instalar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) destinada a investigar os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Os oposicionistas apostam em duas frentes: a instalação de uma CPI no Senado ou de uma CPI mista, formada por deputados e senadores. De acordo com os dois requerimentos, a CPI pretende apurar suspeitas de irregularidades nos financiamentos concedidos ao grupo JBS Friboi, que recebeu R$ 8 bilhões do banco e foi principal financiador eleitoral de 2014, e à Sete Brasil, empresa citada na Operação Lava Jato.Também estão no alvo da comissão os empréstimos concedidos para execução de obras em Cuba, na Venezuela e no Equador.
A criação de uma CPI no Senado depende do apoio de 27 senadores. No caso da CPI mista, são necessárias 27 assinaturas de senadores e 171 de deputados. “O BNDES deixou de ser um banco de desenvolvimento econômico e social para se transformar em financiador dos amigos do rei. Não há transparência quanto ao termos e garantias dos empréstimos e vários indícios de ilicitudes”, critica o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), autor dos requerimentos.
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A oposição critica a resistência do BNDES em divulgar os detalhes dos financiamentos, sob a alegação de sigilo bancário de suas transações. Entre os casos que a os oposicionistas querem centrar fogo, para desgastar o governo, estão os empréstimos de R$ 1 bilhão para a Odebrecht construir o porto de Mariel, em Cuba, e de R$ 10 bilhões para a Sete Brasil Participações.
Um dos principais delatores da Lava Jato, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco foi diretor de Operações da empresa entre 2011 e 2013. Ele confessou ter recebido cerca de US$ 100 milhões em propina quando trabalhava na estatal. Na Sete Brasil, Barusco atuou na intermediação dos contratos de construção e aluguel de 29 sondas de perfuração, orçadas em US$ 25,5 bilhões. Em seu depoimento, o ex-diretor de Operações da Sete Brasil disse que a empresa pagou propina para fechar contrato de estaleiros com a Petrobras. A empresa, que atravessa dificuldades financeiras, abriu auditoria para apurar o caso.
“É absurdo o volume de recursos que a União tem colocado no caixa do BNDES para esse tipo de financiamento. De 2006 a 2014, o endividamento do banco junto o Tesouro Nacional aumentou 4.802%”, afirma Caiado.
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