A Polícia Civil e o Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) deflagraram nesta quinta-feira (6) mais uma fase da Operação Mr. Hyde, que apura a atuação da chamada máfia das próteses no Distrito Federal. A ação investiga o pagamento de propina feito por empresas a médicos ortopedistas que realizam cirurgias de coluna e quadril em hospitais particulares. Em alguns casos, procedimentos cirúrgicos desnecessários eram realizados, agravando inclusive o estado de saúde das vítimas para obrigá-las a usar produtos de má qualidade vendidos a preços superfaturados.
Leia também
Nesta segunda fase, os investigadores chegaram ao Hospital Daher, no Lago Sul, uma das regiões mais nobres do Distrito Federal. De acordo com as investigações, os criminosos faturavam junto aos planos de saúde com procedimentos indevidos, manipulando preços e materiais que seriam utilizados durante os procedimentos cirúrgicos. O prejuízo calculado pelos investigadores até o momento está na casa dos R$ 30 milhões.
O grupo, que atuava no sistema particular de saúde do Distrito Federal, é acusado de fazer cirurgias desnecessárias, superfaturar equipamentos, trocar próteses sem necessidade e, ainda, usar material vencido em pacientes. No último dia 23, o MPDFT aceitou denúncia contra 17 pessoas.
Os investigadores darão uma entrevista coletiva nesta quinta para esclarecer as denúncias e detalhar as ações da operação. Procurado pela reportagem, o Hospital Daher afirmou por meio de sua assessoria que não foi comunicado previamente do “teor da visita” da Polícia Civil e está “colaborando com as solicitações realizadas”.
Operação Mr. Hyde
A primeira fase da operação foi deflagrada em 1º de setembro com o objetivo de desarticular uma “organização criminosa” formada por médicos e empresários. O grupo tinha a finalidade de enriquecer com cirurgias desnecessárias, superfaturamento de equipamentos, troca fraudulenta de próteses e uso de material vencido em pacientes, segundo a acusação.
As investigações começaram, em meados de 2015, a partir de denúncia, via internet, feita por um instrumentador cirúrgico. Apenas em 2016, estima-se que cerca de 60 pacientes tenham sido lesados por uma das empresas. O esquema movimentou milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas. As recompensas eram pagas em dinheiro e por “mimos”, como viagens.
Os envolvidos responderão pelos crimes de organização criminosa, crimes contra a saúde pública e estelionato. Os investigadores apuram ainda crimes como lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem chegar a 40 anos de reclusão.
Veja a íntegra da nota do Hospital Daher:
“O Hospital Daher recebeu a visita da Polícia Civil na manhã desta quinta-feira, 6 de outubro. Não fomos avisados ou comunicados previamennte do teor da visita e estamos colaborando ativamente com as solicitações realizadas. Tão logo tenhamos informações oficiais sobre o teor das investigações, informaremos de forma ampla à imprensa.”