Considerado o guru da família Bolsonaro, o escritor Olavo de Carvalho pediu que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) recuse a sugestão do pai de assumir a embaixada brasileira nos Estados Unidos. Ele acredita que o deputado deve ficar no Brasil para investigar o Foro de São Paulo – organização que reúne partidos de esquerda da América Latina – e disse que renunciar a esta “missão” para ser embaixador significaria “um retrocesso, a destruição da carreira de Eduardo”. Eduardo, por sua vez, garantiu que continuará representando os interesses dos seus eleitores no exterior.
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Em vídeo publicado no YouTube neste sábado (13), Olavo de Carvalho diz que vem sendo questionado por muitas pessoas sobre a possível ida de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos, mas revela que o deputado federal do PSL assinou um requerimento para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (PCI) para apurar a atuação do Foro de São Paulo. “Essa CPI arrisca ser o movimento mais importante da nossa história parlamentar. […] Ele não pode começar uma coisa desta envergadura para depois assumir um posto diplomático, no qual não vai poder nem falar do assunto. Seria um retrocesso, a destruição da carreira de Eduardo”, declarou Olavo de Carvalho.
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O escritor frisou que, ficar no Brasil para tocar essa CPI, também seria uma atitude que agradaria a Jair Bolsonaro. “Lembro do jantar na embaixada em Washington, quando o presidente Bolsonaro disse que o sonho da vida dele era a eliminação desse esquerdismo maldito que quase destruiu o Brasil. Então, nessa situação, o presidente está como o rei e o Eduardo está como o lutador, o guerreiro, o cavaleiro andante que vai disputar por ele, o que se chamava antigamente de campeão do rei”, comentou. “Eduardo assuma a responsabilidade desse movimento, do qual você já é o líder. Vença esse pessoal, desça a arena e seja o campeão do seu pai”, encerrou Olavo de Carvalho, que garantiu não querer ganhar nada com isso.
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PublicidadeEduardo rebate
Eduardo Bolsonaro também publicou um vídeo neste sábado comentando o assunto. Ele, porém, saiu em defesa da ideia de assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos e garantiu que, nesta missão, continuaria atendendo aos anseios dos seus eleitores. “Aqui no Brasil, sou apenas mais um entre os 513 deputados federais. Lá, eu serei o Brasil no exterior. Seria a pessoa que vai continuar honrando o seu voto. Empenhado em outra missão, mas uma missão em favor do Brasil também”, garantiu Eduardo Bolsonaro, dizendo que não trabalha para a reeleição ou para aplausos e que aceita as críticas provocadas por essa indicação.
O deputado ainda apresentou os dois principais objetivos sua possível carreira de embaixador: “levar a imagem das mudanças que acontecem no Brasil para o exterior” e “aproximar os dois países”. “Com a minha boa entrada com o presidente do Brasil e os bons contatos que tenho junto ao presidente Donald Trump, seus filhos e o governo da Casa Branca, eu colocaria essas relações em um contato direto, em que qualquer tipo de dúvida poderia ser resolvida num estalar de dedos”, alegou, dizendo que poderia captar investimentos e a cooperação dos Estados Unidos em projetos de segurança e tecnologia. “Essa relação também poderia resolver problemas como o da Venezuela”, sugeriu.
Eduardo Bolsonaro ainda aproveitou o vídeo para atacar os diplomatas que vêm fazendo críticas a sua possível nomeação como embaixador. Esses profissionais têm argumentado que essa indicação representa um desprestígio à carreira diplomática, que prevê anos de treinamento antes da atuação em cargos estratégicos. Porém, o filho do presidente sugeriu que esse incômodo pode significar receio. “Que perigo eu represento para esse tipo de pessoa? O que será que eles andam fazendo que eu não posso reportar diretamente ao presidente da República?”, disse o deputado no vídeo, publicado no Facebook.
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