Depois de ocuparem a reitoria da Universidade de Brasília (UnB), os estudantes em protesto contra a PEC do teto dos gastos públicos pretendem avançar pelas faculdades e departamentos da instituição. Cada área da UnB decidirá entre os alunos se adere ou não ao protesto. Até o início da tarde desta terça-feira (1°), 18 cursos decidiram parar, entre eles, a Faculdade de Comunicação, o Bloco de Salas de Aula Sul (BSA), o Departamento de Artes Cênicas, dentre outros.
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Apesar do crescimento do movimento, as pautas ainda causam divergências dentro da própria universidade. Não há uma unanimidade quanto ao protesto, principalmente por se tratar do fim do semestre – quando os alunos mais se dedicam aos estudos. Nos cursos de Saúde, por exemplo, é baixa a adesão ao movimento. “Acredito que este tipo de protesto é válido, mas deve acontecer no Congresso Nacional. Parar as aulas só prejudica a nós mesmo”, afirma o aluno de Farmácia que se identificou apenas como Maurício.
A decisão de aderir ao protesto contra a PEC dos gastos na UnB foi tomada ontem (segunda, 30) em assembleia com cerca de 1,3 mil alunos. Em princípio, apenas o prédio da reitoria seria ocupado, e as aulas na universidade continuariam normalmente.A tendência na universidade hoje, porém, é de crescimento do protesto e o grito é para “ocupar tudo”.
“Nossa universidade não pode se omitir a um protesto que reúne mais de mil escolas e cem universidades em todo o país. Precisamos lutar. As aulas vão parar até que derrubem esta ‘PEC da morte'”, discurso a estudante Mariana, de Engenharia Florestal, arrancando aplausos dos cerca de 300 estudantes presentes em assembleia nesta terça. Segundo balanço da União Nacional dos Estudantes (UNE), em todo o país 135 instituições de ensino superior estão ocupadas e mais de mil locais, contando escolas estaduais e institutos federais do ensino médio e fundamental.Os alunos seguem mobilizados e as reuniões internas para definir os encaminhamentos de cada curso acontecerão até amanhã (quarta, 2). Outros campus, como o de Planaltina (DF), também aderiram à ocupação. Nos campus da Ceilândia e do Gama a adesão ainda está sendo discutida. Já a administração da Universidade se reúne ainda hoje para definir uma linha de diálogo com os estudantes.
Ocupação
Os próprios estudantes proíbem que sejam feitas imagens da ocupação. Garrafas d’água, colchões e cartazes são vistos por todos os lados. Nesta terça, o sindicato dos trabalhadores da UnB enviou 50 marmitas para quem está ocupando a reitoria. Ao todo, os estudantes estimam que 150 pessoas se revezam no acampamento. A ideia é ficar até que os senadores desistam de aprovar proposta de emenda à Constituição que limita os gastos públicos e a reforma do ensino médio por meio de uma medida provisória proposta pelo governo Michel Temer (PMDB).
Nesta terça, o líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE) apresentou relatório favorável à proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), porém, pediu mais tempo para analisar a matéria. Na Câmara dos Deputados, o texto foi aprovado em dois turnos, com votação expressiva. O Senado deve apresentar uma definição até dezembro.