A cada dois anos, o grupo de deputados conhecido como “baixo clero” passa a ter as atenções das principais lideranças da Câmara. Na ânsia de evitar um novo “fenômeno Severino Cavalcanti”, ou até mesmo de repetir a situação, os candidatos à presidência da Casa elaboram suas principais propostas voltadas para os parlamentares de menor expressão. Em comum, mais espaço físico, em relatorias de medidas provisórias e cobertura dos veículos de comunicação oficial.
Conheça as principais propostas de:
Henrique Alves – Júlio Delgado – Rose de Freitas
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As eleições da Mesa Diretora da Câmara estão marcadas para 4 de fevereiro. Ao analisar as propostas divulgadas pelos três candidatos declarados até o momento à presidência da Câmara – o favorito Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e os deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES) -, várias semelhanças são encontradas. Em comum, todos eles buscam o voto do baixo clero, grupo de deputados sem expressão nacional, com mandatos muitas vezes voltados para os interesses regionais.
Nos planos divulgados oficialmente pelos três, além de entrevistas concedidas a diversos veículos de comunicação, boa parte das propostas são parecidas. No entanto, as que mais interessam os deputados do baixo clero são uma mudança na maneira que os veículos de comunicação da Câmara noticiam o trabalho parlamentar, a construção do Anexo V, com mais conforto para parlamentares, e uma divisão mais proporcional das relatorias de medidas provisórias.
Delgado, no material de divulgação, ressaltou que, das 39 principais medidas provisórias de 2012, 19 foram relatadas pelo PMDB e outras 18 pelo PT. “Tem de existir o critério da proporcionalidade partidária. O terceiro partido com mais relatoria foi o PSB, que é da base, com duas. Você descredencia, assim, os partidos da base. São práticas que aconteceram e não se modificaram ao longo desse período”, disse o socialista em entrevista ao Congresso em Foco.
“Não se contesta decisão do STF”, diz deputado candidato
“Todos incluem demandas e aspirações de todos os deputados, principalmente do baixo claro”, analisou o cientista político da Universidade de Brasília (UnB) David Fleischer. Na visão dele, os candidatos estão de olho no que qualificou como “revolta do baixo clero”. O maior exemplo disso foi a eleição de Severino Cavalcanti, em 2005. Contra o candidato oficial governista, o então deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), ele se aproveitou da briga na base e, com apoio de deputados de menor expressão, acabou eleito.
O discurso de Rose de Freitas tem um apelo mais forte para os deputados do baixo clero. Em entrevista ao Congresso em Foco, ela reclamou da falta de democracia na Câmara. Deu como exemplo a falta de publicidade das reuniões de líderes e da falta de debates. “Quero valorizar a atividade parlamentar, quero aumentar o espaço para projetos de autoria dos deputados, mas também quero que sejamos mais eficientes e que saibamos prestar contas do que estamos fazendo”, disse.
Rose de Freitas: “A Câmara não é democrática. Ela exclui”
Uma outra proposta em comum é uma mudança na forma que os veículos de comunicação oficiais da Câmara – rádio, TV, jornal e agência – noticiam as atividades parlamentares. Os três candidatos prometem mais espaço. Com, inclusive, a cobertura de eventos dos deputados nos estados, fato que não ocorre hoje. “O propósito é o de amplificar e aperfeiçoar o instrumental de comunicação da Casa, com vistas ao resgate dos valores de respeito e credibilidade do Parlamento”, disse Henrique Alves no material da campanha. Ele defende o acompanhamento das atividades dos deputados nos fins de semana em seus estados de origem.
Considerado favorito, Henrique Alves não deu entrevista para o Congresso em Foco. Para o cientista político da UnB, por enquanto a eleição deve ser vencida pelo peemedebista. No entanto, ressalta que a divulgação de denúncias contra o atual líder do PMDB pode gerar uma supresa do resultado. “Por enquanto, nenhuma bomba de capacidade de detonação de candidatura explodiu”, analisou.
Suspeitas contra favoritos constrangem o Congresso
Outra proposta em comum é a construção do Anexo V da Câmara. Hoje, quase a totalidade dos deputados está alojada nos Anexo III e IV. Mas o primeiro prédio tem gabinetes apertados e sem banheiro. A construção de um novo prédio, orçado em aproximadamente R$ 225 milhões, é uma reivindicação antiga dos parlamentares. Em entrevistas a veículos de imprensa, os três candidatos defenderam a obra.
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