Folha de S. Paulo
PSDB e PT já articulam cerco a Marina
Aliados de José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) começaram o cerco para tentar atrair o apoio de Marina Silva (PV) no segundo turno da eleição. As duas campanhas escalaram emissários para abrir as conversas em nome dos presidenciáveis.
Ontem, a senadora deu novos sinais de que pretende se declarar neutra. Ela trava disputa com a direção do PV para impedir uma adesão imediata da sigla a Serra. Marina recebeu ligações dos dois candidatos, mas não quis marcar reuniões com eles.
O PSDB escalou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para iniciar uma aproximação. Do lado petista, a tarefa caberá ao governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner, e aos irmãos Tião e Jorge Viana, do Acre.
Os tucanos contam com o esforço de dois aliados no PV: o candidato derrotado ao governo do Rio, Fernando Gabeira, e o secretário do Meio Ambiente da prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge.
Ontem, Gabeira declarou voto em Serra e disse que conversará com Marina sobre o assunto, mas “sem a intenção de convencê-la”. A estratégia tucana é esperar que FHC quebre as resistências da senadora a Serra. A relação dos dois chegou ao pior momento no debate da TV Globo, quando o tucano a acusou de ter participado do “governo do mensalão”.
Senadora muda tática para enfrentar direção do PV
Sem maioria na Executiva Nacional do PV, Marina Silva adotou nova tática para ganhar força na queda de braço com o comando da sigla, que se inclinava a declarar apoio imediato a José Serra (PSDB).
Depois de propor no domingo uma “plenária” com intelectuais e apoiadores de fora do PV, ela defendeu ontem que a decisão seja tomada por uma “convenção nacional” do partido, a ser convocada em até 15 dias. Marina disse que anunciaria sua decisão após o encontro, sem deixar claro se acataria a decisão aprovada.
Influência de verde no segundo turno será relativa, afirmam especialistas
A análise das eleições presidenciais desde 2002 indica que Marina Silva (PV) herdou votos de dissidentes tucanos e petistas e que a ascendência da candidata sobre esse eleitorado no segundo turno deve ser relativa, afirma o cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-RJ.
A influência do PV, que não conseguiu aumentar sua bancada federal (de 14 deputados) apesar da votação de Marina, tende a ser menor ainda, diz Jacob, autor de “A Geografia do Voto nas Eleições Presidenciais: 1989-2006”.
“Tirando 1989, quando Leonel Brizola transferiu os votos maciçamente para Lula no segundo turno, não existe outro caso parecido. Em 2002, Ciro Gomes e Anthony Garotinho tiveram juntos cerca de 30% dos votos no primeiro turno e recomendaram voto em Lula, mas metade foi para o Serra”, afirma.
PT estuda tirar aborto de programa para estancar queda de Dilma entre religiosos
Acuado pela perda de votos de evangélicos na reta final do primeiro turno, o PT ensaia deixar de lado a defesa programática da descriminalização do aborto e já planeja retirar a proposta do programa do partido, aprovado em congresso.
A medida deve ser discutida em reunião da Executiva do PT, como forma de responder aos rumores contra a candidata à Presidência, Dilma Rousseff, apontados como o principal motivo para o crescimento de Marina Silva (PV), contrária à legalização do aborto, e a consequente ida da disputa presidencial ao segundo turno.
O primeiro contra-ataque partiu do secretário de Comunicação do PT, André Vargas. “O Brasil verdadeiramente cristão não votará em quem introduziu a pílula do dia seguinte, que na prática estimula milhões de abortos: Serra”, disse em seu Twitter.
CNBB promove campanha em “defesa da vida”
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) entrou no debate sobre o aborto, que pautou a reta final da disputa presidencial, e lançou campanha “em defesa da vida”.
A campanha visa reforçar a posição contrária da igreja e reunir forças em torno da “defesa da vida”. “Diante de tantas ameaças que atualmente a vida vem sofrendo é nossa missão reafirmar sua importância inestimável”, diz a entidade, no site da Pastoral Familiar.
Serra causou polêmica ao normatizar aborto
Em 1998, quando era ministro da Saúde, José Serra foi acusado de atender a grupos pró-aborto por normatizar a realização do aborto nos casos previstos em lei (risco de vida para a grávida ou gravidez após estupro).
Mesmo permitido desde 1940, poucos serviços públicos faziam o aborto. A normatização deu respaldo político e técnico para que mais hospitais o realizassem.
Para que servem as pesquisas?
A realização do segundo turno entre Dilma e Serra não surpreendeu os que se pautaram pelos números do Datafolha. Desde a primeira pesquisa feita após o escândalo Erenice os resultados do instituto mostraram a diminuição gradual da vantagem da petista sobre a soma dos demais candidatos, a continuidade da onda verde, a estabilidade de Serra e o crescimento da chance de haver segundo turno. Na véspera da eleição, o instituto mostrou que Dilma atingia seu menor índice dos últimos 50 dias.
Todos os veículos que divulgaram as pesquisas do instituto puderam mostrar durante a semana passada o crescimento da chance de haver segundo turno. Até a véspera da eleição apenas o Datafolha possibilitou essa análise, que contrariava todas as outras projeções.
Marina teve voto religioso e de classe média
Voto conservador ligado a valores morais e religiosos e bom desempenho entre as classes médias e entre eleitores de periferias de grandes centros urbanos impulsionaram a candidatura de Marina Silva (PV) no primeiro turno da eleição presidencial.
Nas capitais, Marina venceu em Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília e ficou em segundo no Rio, em Salvador, Recife, Fortaleza, Florianópolis, Manaus, São Luís, João Pessoa, Teresina, Porto Velho, Boa Vista e Palmas. No total nacional, a candidata do PV obteve o 3º lugar com 19,33% votos, atrás da petista Dilma Rousseff (46,91%) e do tucano José Serra (32,61%).
Na reta decisiva, internet parece ter produzido ruído eleitoral
Se não foi capaz de amenizar totalmente a sensação de irrelevância da internet no processo eleitoral brasileiro, a última semana de campanha exibiu ao mesmo tempo o lado bom e o mais baixo da rede que conecta pessoas.
Ainda que restrito a redes sociais específicas (como Twitter e Facebook), é impossível não notar que o movimento a favor de Marina Silva (a “onda verde”) se acentuou na web precisamente no momento em que a candidatura da verde, enfim, decolou e saiu da estabilidade.
Simultaneamente, ressurgia a velha tática de fazer emergir fatos, agora via e-mail e Orkut, principalmente, associando a candidata petista Dilma Rousseff a uma suposta disposição de relaxar os dispositivos legais que coibem o aborto no país, assunto que provoca urticária no eleitorado religioso.
PF investiga uso de R$ 1,8 mi em RR para compra de votos
A Polícia Federal em Roraima investiga a origem e o destino de mais de R$ 1,8 milhão apreendidos sob suspeita de compra de votos no período eleitoral no Estado.
Desse total, R$ 1,1 milhão tem relação direta, segundo a polícia, com o candidato reeleito Romero Jucá, líder do governo no Senado. A PF suspeita que esse dinheiro venha de “contratos e licitações para as áreas da saúde e infraestrutura desviados para a campanha”.
“Aqui quem ganha eleição é quem tem dinheiro para comprar voto. A verdade é essa, eu não vou esconder”, diz o superintendente da PF em Roraima, Herbert Gasparini.
Dos Sarney a Tiririca
SÃO PAULO – Deve-se a Luiz Inácio Lula da Silva a vitória em primeiro turno da governadora Roseana Sarney (PMDB), representante da oligarquia mais longeva e característica da política brasileira. O gesto de Lula, que obrigou o PT local a hipotecar apoio à família Sarney, foi decisivo para que Sinhá passasse raspando: 50,08% dos votos na capitania hereditária do Maranhão.
Em eventual segundo turno, que a ação de Lula impediu, Flávio Dino (PC do B) teria grande chance de vencer com o apoio de Jackson Lago (PDT). Este é, sem dúvida, um aspecto periférico do resultado eleitoral de anteontem, mas é também revelador de um aspecto central da liderança de Lula, que o petismo trata com desdém ou finge ignorar.
Parente de senador diz que PF “informa errado” e nega acusação
“Acho que a Polícia Federal está informando errado”, disse o deputado estadual eleito, Rodrigo Menezes Jucá (PMDB) sobre a apreensão de dinheiro da coligação feita pela Polícia Federal. Ele foi o único membro da família Jucá a dar entrevista sobre o assunto ontem.
Rodrigo Menezes Jucá negou que estivesse no escritório do senador Romero Jucá quando o empresário Amarildo Freitas diz que recebeu R$ 100 mil. “Ainda não fui comunicado de nada, não sei sobre esse assunto e não estava presente [no escritório]”, disse.
Prefeitura suspeita de dívida de R$ 200 mi
A Prefeitura de Dourados (MS) protocolou no STJ (Superior Tribunal de Justiça) um relatório das suspeitas levantadas pela Polícia Federal de uma negociação irregular envolvendo a dívida de R$ 200 milhões contraída com o extinto Banco Pontual.
O documento foi anexado a um recurso movido pelo município que contesta o valor da dívida, proveniente de empréstimo de US$ 2,5 milhões feito em 1996 para fazer um centro administrativo. O débito está hoje em nome da Cobracon Cobrança, Consultoria e Assessoria Jurídica Ltda, que adquiriu o crédito no banco.
Aliados querem volta de Lulinha paz e amor
Durante reunião ontem com a candidata Dilma Rousseff, governadores eleitos criticaram o tom agressivo adotado na reta final da campanha pelo presidente Lula e recomendaram a volta do “Lulinha paz e amor”.
Segundo a Folha apurou, vários governadores eleitos disseram no encontro que a agressividade de Lula fez Dilma perder votos na classe média. Para eles, o eleitorado quis dar um “susto” no governo Lula por conta de uma posição arrogante adotada pelo presidente na fase final do primeiro turno.
Na saída reunião, o senador eleito Roberto Requião (PMDB-PR) sintetizou o sentimento dos governadores dizendo que o “Lulinha paz e amor desapareceu”, referindo-se à estratégia que levou o presidente à vitória em 2002.
Serra foca cinturão de resistência tucano
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, definiu ontem os dois pilares da estratégia que usará no segundo turno para tentar superar Dilma Rousseff (PT): concentrar esforços nos Estados onde o PSDB elegeu governadores e adotar um slogan mais popular.
A agenda de Serra será focada em São Paulo, Minas Gerais e Paraná, Estados que tiveram tucanos eleitos no primeiro turno. Ontem, Serra esteve com Aécio Neves em Minas, mas a morte do pai do senador eleito atrasou o início efetivo da campanha. Por determinação do candidato, o comando de campanha tem até o fim desta semana para levar às ruas novo material de propaganda.
Datafolha detectou chance de 2º turno uma semana antes
As pesquisas de intenções de voto do Datafolha e do Ibope apontaram corretamente as tendências para o desfecho da eleição presidencial de domingo.
A maior parte dos levantamentos também indicou as tendências certas e os prováveis vencedores nos Estados. Nas eleições estaduais, no entanto, alguns dos números finais ultrapassaram ou ficaram abaixo do intervalo da margem de erro dos levantamentos (considerando as projeções dos institutos para o total dos votos válidos e o resultado das urnas) .
“Bolsões de pobreza” deram a Dilma mais de 90% de votos
Uma análise das votações mais expressivas dos três principais candidatos a presidente revela que Dilma Rousseff (PT) mantém o perfil de Lula em 2006. Em alguns municípios do interior nordestino, ela alcançou mais de 90% dos votos .
A área concentra os chamados “bolsões de pobreza”. José Serra (PSDB), com bom histórico de votos no Sudeste, viu Marina Silva (PV) ganhar espaço nesse reduto. Os melhores desempenhos da senadora foram em cidades da região.
Senado rejuvenesce e fica mais milionário
A renovação de metade das cadeiras do Senado (50,6%) tornará a Casa ainda mais milionária e com a média de idade pelo menos três anos mais jovem em relação à atual composição.
No total, 41 novos senadores deverão assumir cargos na próxima legislatura. Desses, 37 foram vencedores nas urnas anteontem, e quatro herdarão mandatos de senadores eleitos para o governo estadual (Acre, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Santa Catarina). A eles, soma-se um grupo de 17 parlamentares que renovaram seus mandatos por mais oito anos. Restam outros 23 que detêm mais quatro anos de mandato.
Após reeleição, Agripino volta a criticar Lula
O senador José Agripino Maia (DEM) sai destas eleições como uma espécie rara. Ao contrário de colegas oposicionistas derrotados nas urnas, conseguiu se reeleger no Rio Grande do Norte, Estado onde Lula e sua candidata Dilma Rousseff (PT) são muito bem avaliados.
Além da completa ausência de críticas ao presidente Lula na campanha, um dos políticos mais críticos ao governo Lula credita a outros dois aspectos a vitória: uma coligação “pluripartidária”, “feita com pessoas certas”, e um trabalho de marketing eficiente. Sua coligação era formada pela governadora eleita Rosalba Ciarlini (DEM) e por Garibaldi Alves Filho (PMDB), outro senador que conseguiu se reeleger.
Jereissati anuncia fim da carreira política
“Não vou mais disputar cargo público. Essa foi uma decisão dada primeiro pela população e depois por mim”, afirmou em coletiva à imprensa, em Fortaleza. O tucano não conseguiu se reeleger ao Senado no Ceará.
Tasso foi derrotado pelos deputados federais Eunício Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT), que conquistaram 2,6 milhões e 2,3 milhões de votos, respectivamente. O tucano, que governou o Ceará por três mandatos, obteve 1,7 milhão de votos.
Se eleita, Dilma terá maioria para mudar Carta
A eleição de domingo possibilitará a um eventual governo Dilma Rousseff (PT) mudar com folga a Constituição federal, tarefa que exige pelo menos 60% do apoio de senadores e deputados.
Em 2007, por quatro votos, o governo perdeu a votação no Senado que extinguiu a CPMF e deixou de arrecadar R$ 40 bilhões ao ano. E, em junho, o Planalto foi obrigado a sancionar o reajuste de 7,7% aos aposentados dado pelo Congresso, com gasto adicional de R$ 1,6 bilhão.
Em 2011, os partidos do bloco governista controlarão 73% das cadeiras de cada uma das Casas, superando o que possuem hoje -70% na Câmara e 59% no Senado.
Tiririca elege Protógenes e dois petistas
O fenômeno Tiririca, além da votação maciça de 1,35 milhões de eleitores, mostra que a composição de pelo menos uma parcela da Câmara dos Deputados está diretamente vinculada ao sucesso ou fracasso de figuras carismáticas, sem nenhum histórico político.
A bancada de deputados federais por São Paulo terá, a partir de 2011, três novos representantes: os petistas Otoniel Lima e Vanderlei Siraque, ambos do PT, e o delegado da Polícia Federal Protógenes Queiróz (PC do B).
Ex-cara-pintada será o mais jovem da Casa
Egresso do movimento dos cara-pintadas, que pedia o impeachment do então presidente Fernando Collor, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) será o mais jovem integrante do Senado, com apenas 37 anos.
Anteontem, recebeu 203 mil votos, 39% do total. A campanha de Randolfe decolou após a Operação Mãos Limpas, da PF, que prendeu políticos acusados de corrupção no Estado.
Alckmin seria eleito mesmo com barrados
A inclusão de três candidatos nanico-ideológicos de esquerda que tiveram suas candidaturas barradas pelo TRE-SP teria diminuído a votação do governador eleito Geraldo Alckmin (PSDB) de 50,63% para 50,4%.
Com a eventual colocação de seus resultados, se o TSE mudar decisão da corte paulista, a vitória de Alckmin se daria em um total de votos válidos que teria 100 mil a mais do que agora.
Paulo Bufalo (PSOL), Mancha (PSTU) e Igor Grabois (PCB) viram seus votos serem zerados na divulgação do resultado das eleições para o governo de São Paulo.
Mercadante minimiza novo fracasso em SP
Derrotado nas urnas no último domingo, o senador Aloizio Mercadante (PT), que concorreu ao governo de São Paulo, minimizou o fracasso de sua candidatura.
Ontem, disse que entrou na disputa em nome do projeto nacional do partido e que, agora, será um “militante exemplar”, em defesa do governo Lula e da candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República.
Cabral afirma que essa foi a sua “última eleição”
O governador reeleito do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), descartou ontem lançar-se candidato à Presidência da República em 2014. Ele afirmou que apoia a petista Dilma Rousseff (PT) e não pretende “”tomar o lugar dela daqui a quatro anos”.
“Esse negócio de Presidência ou Vice-Presidência é contingência da vida. Se eu quero eleger a Dilma, quero que ela faça um grande mandato e seja reeleita. Não vou apoiar a Dilma pensando em tomar o lugar dela daqui a quatro anos porque eu não sou maluco”, disse Cabral, após conceder entrevista nas rádios CBN e Globo.
Deputados usam bandeira de governador e lideram votação
Se as UPPs (Unidades Polícia Pacificadora) foram a principal bandeira para a reeleição do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), a atuação voltada à discussão da política de segurança pública no Estado também levou dois deputados estaduais a obterem a maior votação para a Assembleia Legislativa.
Apesar de dividirem o topo da lista, o apresentador de TV Wagner Montes (PDT) e o professor de história Marcelo Freixo (PSOL) têm estilos e viviam expectativa de votação bem diferentes.
Em votação apertada, Tião Viana se elege governador já no primeiro turno
DE SÃO PAULO – Considerado imbatível na disputa pelo governo do Acre, o petista Tião Viana, 49, obteve uma vitória apertada, com 170.202 votos válidos, ou 50,51% do total. O tucano Tião Bocalom ficou logo atrás, com 165.705 votos válidos (49,18%). Antonio Gouveia, o Tijolinho (PRTB), recebeu 1.035 votos (0,31%). Os nulos totalizaram 21.365 (5,88%), e os brancos, 5.263 (1,45%).
Figurões da política goiana disputam apoio de evangélico terceiro colocado
DE SÃO PAULO – O 2º turno em Goiás será disputado por dois conhecidos personagens da política nacional, mas quem está em evidência atualmente é um presbítero da Assembleia de Deus de 47 anos.
O tucano Marconi Perillo (atual vice-presidente do Senado) e o peemedebista Íris Rezende (ministro nos governos Sarney e FHC) foram ontem mesmo buscar o apoio de Vanderlan Cardoso (PR).
Ana Júlia quer a presença de Lula para “federalizar” o 2º turno contra tucano
DE BELÉM – Maior colégio eleitoral no 2º turno estadual deste ano, o Pará vai assistir a uma tentativa da governadora Ana Júlia Carepa (PT) de “federalizar” a disputa contra Simão Jatene (PSDB). Essa estratégia se baseia na participação mais direta do presidente Lula, da presidenciável Dilma Rousseff e de ministros do PT.
Não existe carlismo sem ACM, diz Wagner
O governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), disse não ter prazer em “não ter oposição”, apesar do fortalecimento de seu grupo político. Neste ano, foram eleitos dois aliados no Senado, a maioria na Assembleia Legislativa e o dobro da bancada federal, em relação a 2006.
O DEM, que comandou a Bahia por 16 anos seguidos, perdeu uma cadeira no Senado e elegeu um terço dos deputados estaduais de 2006. Em entrevista à Folha por telefone, ele disse ainda que não há carlismo sem o senador Antonio Carlos Magalhães (DEM), morto em 2007.
Governador eleito em SC ironiza o presidente
O governador eleito de Santa Catarina, Raimundo Colombo (DEM), ironizou ontem o presidente Lula. Em comício durante a campanha no Estado, o presidente disse que era preciso “extirpar” o DEM da política nacional.
“”Aqui a participação dele [Lula], que falou muita besteira, foi ruim para ele e muito boa para nós”, disse Colombo. Segundo o democrata, o PT “encolheu” no Estado, já que a candidata ao governo Ideli Salvatti e os petistas candidatos a deputado tiveram fraca votação.
8,7 milhões de votos em ‘fichas-sujas’
Os candidatos barrados pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa em todo o país receberam pelo menos 8,7 milhões de votos, segundo levantamento concluído pela Folha ontem. Os votos foram anulados, mas os políticos ainda podem recorrer a tribunais superiores.
A apuração do jornal considerou a votação de 208 políticos cujas candidaturas estavam indeferidas no país no dia da eleição por conta da aplicação da nova lei.
O Globo
Dilma fará ofensiva religiosa para atrair voto conservador
Após a decepção com a necessidade de segundo turno, a campanha da candidata petista, Dilma Rousseff, iniciou ofensiva para conter a sangria de votos evangélicos e católicos registrada na reta final do primeiro turno, Dilma e aliados reconheceram que agiram tarde contra boatos na internet afirmando que ela era contra a vida e a favor do aborto. Dilma terá ajuda de governadores e senadores eleitos, chamados às pressas a Brasília. “Foi uma campanha perversa, com inverdades sobre o que penso”, afirmou Dilma. Em busca dos votos de Marina Silva, José Serra (PSDB) disse esperar aproximação com o PV, que integrou seu governo. Mas a decisão do PV pode levar 15 dias. Serra foi ao enterro do pai do ex-governador de Minas, Aécio neves, eleito senador, e disse que o mineiro é “pessoa-chave” no 2º turno.
Católicos e evangélicos se opõem a Dilma
A ofensiva católica e evangélica contra o PT e Dilma Rousseff devido à posição dela favorável à legalização do aborto — que ela mudou na campanha — se tornou uma espécie de “cruzada” nas últimas semanas e foi um dos fatores que influenciaram na tendência de queda nos votos da presidenciável, na avaliação da cúpula de campanha.
Enquanto a presidenciável se escorava em lideranças evangélicas do meio político, padres e pastores realizaram uma mobilização em missas e cultos, além de cartas e víde os na internet para pregar contra o voto no PT. A Regional Sul 1 da CNBB, que contempla o estado de São Paulo, divulgou longo documento, lido nas missas, que “recomenda encarecidamente” que não se vote no PT.
Cabral: ‘Não disputo mais nada’
Um dia após ser reeleito com 66% dos votos válidos, o governador do Rio Sergio Cabral disse que a eleição deste ano foi a última que disputou. “Juro por Deus. Falei para minha mulher, meus filhos”, afirmou. Cabral disse que vai se dedicar a campanha de Dilma e prometeu investir R$ 1 bilhão em estradas no Rio.
Especialistas criticam pesquisas
Os erros dos institutos de pesquisa trouxeram à tona debate sobre a capacidade que a divulgação de dados de intenção de voto tem de alterar a decisão do eleitor. Institutos e especialistas falam nas causas para os erros: entre elas, os altos índices de abstenção, não contabilizados nos levantamentos.
Difícil decifrar eleitores de Marina
Difícil de prever, esse eleitor de Marina Silva. Ao unir evangélicos em defesa da família com militantes ecologistas e homossexuais que querem se casar, o eleitorado de 19 milhões que a verde conquistou no primeiro turno terá de ser decifrado pelas campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), dizem cientistas políticos.
O candidato que esse eleitorado heterogêneo escolherá no segundo turno, afirmam analistas, vai depender mais da posição que a própria Marina tomará do que do candidato que o PV apoiará, pois a senadora sai desta eleição com maior força política do que seu partido.
Marina “é maior que o PV”, diz o cientista político José Murilo de Carvalho: — Do mesmo jeito que o Lula é maior que o PT. Na reta final da campanha, ela já estava dona do partido.
Serra convoca aliados para o 2 turno
A direção do PSDB definiu ontem, depois de uma reunião de quase três horas no comitê central do partido, que tucanos eleitos nos mais diferentes cargos desembarcarão amanhã em São Paulo para um evento batizado inicialmente de “Todos com Serra, Todos pelo Brasil”. O objetivo é mostrar o apoio nacional ao candidato do PSDB a presidente, José Serra, como uma forma de dar a largada à campanha no segundo turno.
A decisão é o resultado de um pedido feito por Serra, logo depois que foi confirmado o segundo turno presidencial, no início da noite de domingo. Serra cobrou do comando nacional da campanha um movimento de unidade em torno de sua candidatura.
PT deve presidir Câmara; e o PMDB, o Senado
0 PT saiu das urnas com a maior bancada da Câmara: 88 deputados. Com este, número, deve ganhar a presidência da Casa. Já o Senado deverá ser comandado pelo PMDB: o partido elegeu o maior número de senadores, 20.
O silêncio de Lula
0 presidente Lula, que fez em média dois comícios por dia em favor de Dilma no primeiro turno, completou ontem 24 horas sem qualquer comentário sobre o resultado das eleições. Coube ao ministro da Articulação Política, Alexandre Padilha, falar por ele: “0 presidente está muito feliz.”
Propaganda na TV volta na quinta-feira
A propaganda eleitoral volta ao ar nas emissoras de rádio e TV na próxima quinta-feira, 7 de outubro, a partir de quando está liberada a campanha do segundo turno. A equipe da presidenciável do PT, Dilma Rousseff, começou a preparar as peças a serem veiculadas ontem mesmo.
Os governadores eleitos no domingo que compõem a base de apoio do governo Lula foram convocados pela campanha petista para reunião na capital e começaram a gravar mensagens de vídeo, de cerca de um minuto de duração, para convencer os eleitores de seus estados a votar em Dilma no segundo turno.
Especialistas criticam erros de pesquisas
Os erros cometidos nas pesquisas eleitorais deste ano voltaram a acender o debate, entre cientistas políticos e especialistas em opinião pública, sobre a real utilidade da divulgação maciça de sondagens de intenção de voto e de sua capacidade de alterar os resultados finais nas urnas, quando não captam com precisão a vontade do eleitor.
No caso das pesquisas para a Presidência, eles apontam erros acima dos dois pontos, para cima ou para baixo nas margens de erro, que superestimaram a performance da candidata Dilma Rousseff (PT) e subestimaram especialmente a candidata Marina Silva (PV).
Câmara tem baixo índice de renovação
Além de mais governista e com um índice de renovação menor do que a média, a Câmara que tomará posse em 2011 assume sem a presença de muitos parlamentares de projeção e que eram eleitos com o chamado voto de opinião.
O PT sai das urnas com a maior bancada, totalizando 88 deputados, e o PMDB, em segundo, com 79, o que reforça o sonho petista de presidir a Câmara, já que o PMDB deverá presidir o Senado. Os três principais partidos de oposição tiveram suas bancadas reduzidas, com o PSDB elegendo. 53 deputados, seis a menos do que a bancada atual e 13 a menos do que os eleitos em 2006.
Fichas-sujas tiveram 8,6 milhões de votos
A Justiça Eleitoral terá de decidir o destino de 8,6 milhões de votos dados a 143 candidatos barrados com base na Lei da Ficha Limpa em todo o país. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou ontem o número de votos recebidos por candidaturas indeferidas preliminarmente em 26 unidades da federação — apenas o Acre ainda não havia sido contabilizado.
Ao todo, incluindo também os registros irregulares, apresentados com atraso ou com outros tipos de problemas, o Judiciário contabiliza 15,7 milhões de votos dados a 1.078 candidatos que ainda precisarão passar pelo crivo judicial.
Tiririca pode não ler seu discurso de posse
Os 1.353.820 votos que elegeram o palhaço Tiririca — o mais votado do país em números absolutos — e puxaram outros três candidatos a deputado federal de sua coligação poderão ser anulados por suspeita de que ele é analfabeto, o que, pela Lei Eleitoral, é um impedimento para sua eleição.
A Justiça Eleitoral recebeu ontem denúncia oferecida pelo Ministério Público Eleitoral contra Francisco Everardo Oliveira Silva, o Tiririca, alegando que a prova técnica apresentada sobre sua alfabetização mostra discrepâncias de grafias.
Reguffe, o bem-amado de Brasília
Com discurso de político honesto e defensor dos cofres públicos, José Antônio Reguffe (PDT-DF) se transformou em um fenômeno eleitoral. Aos 39 anos, o candidato, apadrinhado pelo senador reeleito Cristovam Buarque (PDT-DF), recebeu o apoio de 266.465 eleitores, o que representa 18,95% dos votos válidos no Distrito Federal, e se consagrou como o deputado federal com a maior votação proporcional do país.
O caminhão de votos foi carregado com a promessa de economizar dinheiro do mandato e lutar por mudanças no sistema político, como o fim da reeleição e do voto obrigatório. O próprio candidato não esperava mais de cem mil votos. Mas Reguffe acredita que compromissos “assumidos e cumpridos” no atual mandato de deputado distrital pesaram a favor dele.
PMDB: apoio ao PT em aberto na BA
Preteridos até agora na campanha pelo presidente Lula e pela candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, aliados do Planalto na Bahia preparam o troco no segundo turno.
Derrotados domingo, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), candidato ao governo, e o senador César Borges (PR), que tentou a reeleição, deixam agora em aberto se vão manter apoio à petista.
‘Foi minha última eleição’, diz Roseana
Depois de acompanhar voto a voto a apuração que lhe garantiu a reeleição na madrugada de ontem, Roseana Sarney (PMDB), governadora do Maranhão, anunciou que esta foi sua última campanha. Roseana disse ainda estar disposta a buscar apoio entre os opositores para continuar a governar.
— Foi uma emoção muito forte. Contamos voto a voto. Ficamos na expectativa — disse Roseana, que foi para as ruas festejar com seus eleitores no início da madrugada, depois que sua vitória estava garantida.
Jereissati anuncia saída da vida pública
O senador Tasso Jereissati (PSDB), que não se reelegeu, disse ontem que está abandonando a vida pública e que seu último ato este ano será trabalhar “com todas as suas forças” para eleger o candidato do PSDB, José Serra. Tasso terminou a disputa pelo Senado em terceiro lugar, atrás de Eunicio Oliveira (PMDB) e José Pimentel (PT). Em entrevista coletiva, afirmou que sabia dos riscos pelo fato de ser da oposição. E destacou que, ao lerem a História do Ceará, seus netos terão orgulho dele.
— Eu perco a eleição, mas não perco minha história — declarou. Mesmo reconhecendo as dificuldades, Tasso disse que acredita na vitória de Serra. Ontem, recebeu telefonemas do candidato e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Correio Braziliense
Intimação ao exército petista
A presidenciável Dilma Rousseff (PT) mobilizou em Brasília um exército de cerca de 50 políticos eleitos no primeiro turno para manter quente o clima da campanha entre a militância petista. Com eles a postos, iniciou-se a ofensiva em cima de Marina Silva (PV) e de partidos que disputaram a eleição rachados. A convocação partiu do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda na noite de domingo, depois de ver um clima de velório entre os integrantes de seu time, inconformados com mais um mês de corrida pelo Palácio do Planalto.
Nove governadores eleitos da base participaram. A orientação é manter os escritórios eleitorais, seja de candidatos a governo, Senado, Câmara e Assembleia Legislativa funcionando nos estados. Aumentar a divulgação de material de campanha, incluindo a divulgação do programa de governo com propostas para o meio ambiente. E fazer uma campanha para esclarecer as posições sobre religião para trazer os eleitores conservadores que optaram por Marina. Católicos e evangélicos, sobretudo, causaram uma sangria de votos de Dilma nas últimas semanas por conta de polêmicas sobre aborto, resultado de uma campanha viral na internet.
Serra, o neoambientalista
Sem perder tempo na corrida pela noiva cobiçada, o ex-governador José Serra (PSDB), candidato à Presidência da República, deu o primeiro flerte visando “aproximação” com a senadora Marina Silva (PV). A tentativa é converter os quase 20 milhões de votos recebidos pela ex-senadora para a coligação liderada pelo tucano. Apontando elementos que mostrariam afinidade entre os partidos, Serra trouxe à pauta o meio ambiente, sempre citado por Marina, e definiu o tema como “uma área prioritária, não um apêndice”. Considerou mera especulação a possibilidade de o senador eleito Aécio Neves (PSDB) assumir a vaga de vice na chapa no lugar de Índio da Costa (DEM). “Tenho entendido que não há possibilidade legal para isso”, disse o candidato no velório do deputado Aécio Cunha, pai do ex-governador de Minas, Aécio Neves, no salão nobre da Assembleia Legislativa.
Serra afirmou ter tido apoio do Partido Verde tanto ao comandar a prefeitura paulistana quanto nos tempos em que esteve à frente do governo de São Paulo. Ele citou como exemplo a nomeação de Eduardo Jorge como secretário municipal e estadual de Meio Ambiente. “Como governador, fiz o programa ambiental em parceria com o PV. E, assim como nossa lei de mudanças climáticas é considerada a mais avançada do Hemisfério Sul, o programa(1) ambiental de São Paulo é o mais avançado do Brasil”, disse.
Apoio, só em 15 dias. E se houver
Brasília e São Paulo — O Partido Verde (PV) e Marina Silva, candidata da legenda que recebeu 19,6 milhões de votos na disputa presidencial, podem ter posições diferentes no segundo turno da eleição para a Presidência. A senadora saiu das urnas com uma votação expressiva e foi a responsável por provocar um segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Marina admitiu ontem que sua posição — a mais provável é a neutralidade — poderá ser diferente da adotada pelo PV em convenção nacional. “O resultado que tivemos de aprovação ao meu projeto e do (vice) Guilherme Leal é muito maior que o nosso partido”, disse.
O PV está mais próximo ao PT no Nordeste, ao PSDB no Sudeste e tem mais isenção na Região Sul. A tendência da Executiva Nacional é fechar apoio a Serra. Em São Paulo e em Minas Gerais, por exemplo, o PV participa dos governos locais.
A fatura do Bolsa Família
O resultado das eleições presidenciais deixa clara a influência do programa Bolsa Família na decisão do eleitor. Levantamento feito pelo Correio nos 100 municípios que proporcionalmente mais recebem esse benefício mostra um desempenho da candidata do PT muito acima da média nacional e mesmo da média de cada estado. Enquanto a média nacional foi de 46,9% dos votos, nesses 100 municípios a votação da ex-ministra do governo Luiz Inácio Lula da Silva chega a 76,3%. Nos municípios localizados no Piauí, a média da candidata de Lula atinge 79,8% dos votos. Dilma foi a mais votada em 100% dessas cidades.
Os municípios que integram o grupo analisado têm cerca de 8,8 mil pessoas cada um. Em média, 76,8% dos moradores são diretamente beneficiados pelo Bolsa Família. Isso significa que quase quatro em cada cinco pessoas recebem o auxílio do governo federal. Em Guaribas, cidade com 4,4 mil habitantes em que Lula lançou oficialmente o programa, 82% da população recebe a ajuda do governo. Lá, a votação de Dilma, candidata que tem o apoio do presidente da República, alcançou 88,4%. Em Cumaru (PE), pelos dados do cadastro do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), praticamente 100% do habitantes — 13,8 mil moradores — são beneficiados. O cadastro informa o número de famílias atendidas. Esse número deve ser multiplicado por quatro (tamanho médio da família).
Balança pende para Dilma
A vantagem da candidata petista à Presidência da República, Dilma Rousseff, sobre o presidenciável tucano, José Serra, deve ser mantida, no segundo turno, na disputa pelos governos estaduais. Dos 18 aspirantes ao cargo de governador em nove unidades da Federação, 11 apoiam a ex-ministra-chefe da Casa Civil, enquanto sete ficam do lado do político do PSDB. Em números, essa margem significa um universo de pouco mais de 1,7 milhão de votos para a representante do PT, levando em consideração a votação recebida somente pelos candidatos que participarão da segunda etapa do pleito.
Para exemplificar a zona de conforto de Dilma nos próximos 30 dias em relação à disputa nos estados, dois colégios eleitorais — Amapá e Paraíba — apresentam os dois adversários como aliados da petista. No primeiro, Lucas (PTB) e Camilo Capiberibe (PSB) manifestaram apoio à presidenciável no primeiro turno e a tendência deve ser mantida agora. Para evitar qualquer tipo de saia justa, no entanto, Dilma deve adotar uma postura positiva, mas sem uma participação com tanto afinco na campanha de ambos. Ela quer evitar reclamações dos comandos de campanha estaduais de que se esforçou mais para um ou outro lado.
Um mar de pendências
Mais de 11 milhões dos votos digitados pelos eleitores nas eleições de domingo poderão ter como destino a lixeira. Esse é o total de votos recebidos em todo o país pelos candidatos que se encontram com a situação de registro indeferida, mas que aguardam decisão final da Justiça. A maior parte corresponde a políticos que foram considerados inelegíveis com base na Lei da Ficha Limpa. Se eles não reverterem a situação, os votos continuarão sendo nulos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgou ontem a quantidade de votos recebidos pelos candidatos sub judice. Esses votos não foram contabilizados no resultado oficial, mas ficarão armazenados e só passarão a ser válidos se o candidato obtiver vitória na Justiça. Para os cargos majoritários, as eleições ainda estão indefinidas em três estados.
No Pará, a situação é mais grave e há o risco de a Justiça Eleitoral ter de convocar uma nova votação para o cargo de senador. Por lá, Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) somaram mais de 50% do total de votos. Caso eles continuem inelegíveis e seus votos permaneçam considerados nulos, é possível que seja convocada outra eleição, uma vez que a lei prevê a realização de novo pleito quando mais da metade dos votos são nulos.
PT, vem aí um PMDB perigoso
O PT na Câmara e o PMDB no Senado. Esse foi o saldo das eleições que renovaram parlamentares das duas Casas. Juntas, as legendas fizeram 199 parlamentares, um terço de todo o Congresso. Mas diferentemente do PT, que tem tradição de atuar em bloco nas votações das casas, o PMDB que saiu das urnas mantém sua característica de federação. Dos 79 deputados federais eleitos pela sigla, pelo menos 17 já demonstraram afinidade programática com o PSDB do candidato à Presidência José Serra ou apoiaram a candidatura do tucano. No Senado, pelo menos três novos parlamentares peemedebistas que se integrarão à bancada do partido marcaram oposição ao governo Lula e à presidenciável Dilma Rousseff (PT) na eleição deste ano. Entre eles, os recém-eleitos Roberto Requião (PR), Luiz Henrique (SC) e Waldemir Moka (MS).
Apesar de ter entrado oficialmente na campanha petista, emplacando o atual presidente da Câmara Michel Temer (PMDB-SP) como vice de Dilma, a nova bancada do PMDB no Congresso indica que não faltariam interlocutores ao partido na hipótese de uma vitória de Serra. E nem mesmo o segundo turno da disputa presidencial modificou o posicionamento dos serristas do PMDB. “O governador (André) Puccinelli é Serra. Somos um grupo político, as coisas não são individuais. Tenho lealdade ao governador e ele deve trabalhar pelo Serra”, afirma Moka.
Os sanguessugas vão mal nas urnas
Tiveram desempenho fraco nas urnas os ex-parlamentares que respondem a processo na Justiça por suposto envolvimento com a Máfia dos Sanguessugas, desbaratada pela Polícia Federal em 2006. O melhor resultado foi obtido pelo ex-deputado federal Nilton Capixaba (PTB-RO), que retorna à Câmara como o terceiro deputado mais votado do estado. Ele fez 52 mil votos. Denunciado pela CPI dos Sanguessugas, Nilton Capixaba teve a cassação recomendada pelo Conselho de Ética da Câmara, mas o seu caso foi arquivado porque ele não conseguiu se reeleger em 2006 e deixou o mandato.
Benjamim Maranhão (PMDB-PB) foi eleito deputado federal na Paraíba com 94,9 mil votos. Em Sergipe, Pastor Heleno (PRB) conseguiu a eleição com 61,5 mil votos. No Rio, Paulo Feijó (PR) assegurou a volta à Câmara com votação apertada: 22,6 mil votos, ficando na 45ª colocação. Josué Bengtson (PTB-PA) fez 112 mil votos e foi eleito no Pará. A situação dos quatro é idêntica. Como não foram reeleitos em 2006, não chegaram a ser julgados pelo Conselho de Ética, que avalia internamente o casos de deputados acusados de ilegalidades, irregularidades ou falta de decoro parlamentar.
Estado de S. Paulo
Marina vai definir apoio no segundo turno em até 10 dias
Marina Silva (PV), que obteve 19,33% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial, definirá seu apoio no segundo turno em até dez dias. Ela não descarta a neutralidade entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). 0 debate, insiste Marina, se dará com base em propostas – ela quer investimentos em educação e “acordos mais transparentes” na política. No PV, porém, Fernando Gabeira, derrotado na disputa pelo governo do Rio, anunciou apoio a Serra – que já conta com a adesão do diretório verde de São Paulo. No primeiro dia de campanha do segundo turno, Serra foi a Belo Horizonte e classificou o senador eleito Aécio Neves (PSDB) de “peça-chave” – em troca, tucanos mineiros querem apoio a Aécio para a Presidência em 2014. Dilma, por sua vez, atacou a promessa de Serra de elevar o salário mínimo para R$ 600.
Imposto sobe para barrar a entrada de dólares
O governo elevou de 2% para 4% a a1íquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos investimentos estrangeiros em renda fixa. A medida, válida a partir de hoje, foi anunciada quatro dias após o dó1ar romper a barreira de R$ 1,70, considerada uma espécie de piso informal da taxa de câmbio. 0 anúncio foi feito às 18h15, depois do fechamento do mercado, com o dó1ar cotado a R$ 1,69.
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