O Globo
Aécio e Campos costuram aliança
De olho nos 15,1 milhões de eleitores do segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais, os presidenciáveis Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) deram passos importantes esta semana para acertar palanques duplos no estado, como forma de fortalecer suas prováveis candidaturas na disputa com a presidente Dilma Rousseff ano que vem. Estão articulando também repetir a fórmula em Pernambuco e São Paulo, maior colégio eleitoral, com 31 milhões de eleitores. A ideia é ter candidatos diferentes aos governos estaduais, onde for possível, ou fazer alianças em torno de um nome, mas dividindo o palanque para os dois presidenciáveis. Assim, acreditam, poderão isolar candidatos governistas, com prejuízo para os palanques da presidente Dilma.
De um lado, em Minas, Eduardo Campos tirou do dilmista Walfrido Mares Guia o comando do diretório do PSB no estado e o entregou para o deputado Júlio Delgado, que veste a camisa da candidatura própria e tem ligações com Aécio. Do outro, o pré-candidato tucano mandou de volta para Minas o ex-ministro Pimenta da Veiga para coordenar sua campanha no estado e para criar uma alternativa de nome para a sucessão do governador Antonio Anastasia.
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Vândalo chapa-branca: agente da Abin foi preso em protesto
Presos pela Polícia Militar sem documentos na madrugada de 18 de julho no Leblon, palco de uma das mais violentas manifestações do Rio, perto da residência do governador Sérgio Cabral, o casal de geógrafos Igor Pouchain Matela e Carla Hirt foram levados à 14ª DP, no bairro. Carla foi detida no momento em que supostamente atirava pedras na vidraça de uma loja, e Igor, por ter desacatado os PMs que a prenderam. O caso seria mais um dos que marcam os bastidores dos protestos na cidade, não fosse por um detalhe: segundo os policiais de plantão naquele dia, os dois se apresentaram como agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e agora são tratados como suspeitos de estarem ali trabalhando infiltrados. A Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo (CEIV) e a Polícia Civil estão investigando o caso.
PublicidadeA Polícia Civil confirmou ao GLOBO que Igor e Carla se apresentaram como agentes da Abin ao chegarem à delegacia. Também informou que, de acordo com o relato do delegado titular da 14ª DP, Rodolfo Waldeck, Carla foi presa em flagrante por formação de quadrilha, e Igor, por desacato a um PM. Na delegacia, Igor também teria desacatado a delegada Flávia Monteiro, responsável pelo plantão no dia. Carla foi autuada por formação de quadrilha e liberada após pagamento de fiança. Igor, por crime de desacato. Os dois não foram localizados para comentar a denúncia.
Ministros estouraram gasto com passagens
Um relatório de dados fornecido pelo Tribunal de Contas da União (TCU), por meio da Lei de Acesso à Informação, mostra que três ministros extrapolaram os gastos permitidos com passagens aéreas para as chamadas “representações institucionais”, viagens que seriam motivadas pelo exercício do cargo e cujos destinos são mantidos em segredo. Uma resolução de 2009 do próprio órgão estabeleceu que cada ministro não pode gastar mais de R$ 43,2 mil com passagens aéreas – R$ 50,9 mil, em valores atualizados pela inflação – nessas viagens.
O ministro Benjamin Zymler, ex-presidente do TCU, gastou R$ 87,5 mil em passagens em 2011. Já os ministros Walton Alencar e Aroldo Cedraz gastaram R$ 59,8 mil e R$ 55,9 mil, respectivamente, em 2012. O tribunal não esclarece o que seriam as “representações institucionais”. O GLOBO questionou sobre a possibilidade de as passagens estarem sendo utilizadas pelos ministros para viajar a seus estados de origem, mas não houve resposta. Em tese, as viagens serviriam para representar o tribunal em congressos, seminários e outros eventos oficiais. A resolução do TCU é baseada em documento similar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que regula a concessão das passagens aéreas. A resolução do STJ não cita “representações institucionais”, termo criado pelo TCU. No fim de 2012, uma nova resolução do STJ atualizou o valor de gastos máximos para R$ 45,5 mil e detalhou como os ministros daquela Corte podem usar as passagens aéreas para ir a seus estados de origem.
Mercadante quer rever os 2 anos extras dos cursos de Medicina
Os ministros Alexandre Padilha (Saúde) e Aloizio Mercadante (Educação) foram ontem ao Conselho Nacional de Educação (CNE) tratar da ampliação da duração dos cursos de Medicina, de seis para oito anos, prevista na medida provisória que criou o programa Mais Médicos. Embora tenham enfatizado que caberá ao conselho regulamentar a proposta, os dois ministros demonstraram que não estão com o discurso afinado sobre o tema.
Padilha reiterou a defesa de uma formação mais generalista dos médicos, de modo que os dois anos adicionais sejam dedicados à atuação na assistência básica e nas urgências e emergências. Já Mercadante voltou a mencionar a proposta, anunciada por ele na véspera, de que os dois anos extras sejam transformados em residência médica e não mais num segundo ciclo da graduação. Mercadante afirmou que essa nova residência obrigatória teria como foco a respectiva especialidade escolhida pelo médico e não apenas uma formação de caráter geral.
Sobe desemprego entre os jovens
Protagonistas de boa parte dos grandes eventos que varrem o país – as manifestações nas ruas, a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude – os jovens também estão no centro das estatísticas nada positivas do desemprego: eles são as principais vítimas da demora na retomada da economia e do esfriamento do mercado de trabalho. A taxa de desemprego entre os que têm de 16 a 24 anos, subiu de 14,6% para 15,3% em junho, mais do que o dobro dos 6% registrados para a média de todas as idades, de acordo com dados divulgados ontem pelo IBGE. O contingente de jovens desempregados atingiu 579.974 pessoas, o equivalente a sete Maracanãs lotados.
Andressa Cristina Amaral, de 21 anos, engrossa, desde anteontem, esse “público” do desemprego. Após dois anos e meio trabalhando como vendedora em uma loja na Tijuca, resolveu pedir demissão, com outros quatro colegas, por se sentir explorada pelo patrão. Com o Ensino Médio completo, a jovem, que é mãe solteira de uma menina de 2 anos, está em busca de uma oportunidade como assistente administrativa, mas sabe que a falta de um diploma de graduação e a pouca experiência na área são barreiras.
Só 19% aprovam governo Cabral, segundo Ibope
Alvo de sucessivos protestos, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi o pior avaliado entre 11 chefes de Executivo estadual pesquisados este mês pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento será divulgado hoje, mas foi adiantado ontem, com exclusividade, pelo Blog do Noblat. Já o governador de Pernambuco e pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), foi o mais bem avaliado. Apenas 19% dos cariocas entrevistados consideram o governo Cabral ótimo ou bom. O Ibope ouviu oito mil pessoas para aferir o desempenho dos governos dos 11 principais estados.
Após o desencadeamento da onda de protestos nas ruas do país, o Datafolha também já havia verificado uma grande queda na popularidade de Cabral. No dia 1º de julho, o instituto indicou a perda de confiança do eleitorado fluminense: o governador despencou 30 pontos. Sua aprovação, que já foi de 55%, chegou a 25%. O desgaste de Cabral aumentou ainda mais após a revelação de que o peemedebista utiliza o helicóptero do estado para transportar a família, babás e o cachorro até Mangaratiba, na Costa Verde, onde tem uma mansão. Quando questionado sobre o assunto, ele disse que não fazia “estripulia”.
Defesa de ministérios por Lula desagrada a PMDB
Setores do PMDB entenderam como uma provocação a crítica do ex-presidente Lula à proposta do partido de reduzir o número de ministérios e alertaram que o momento do governo Dilma Rousseff – com economia capengando e popularidade em queda – não permite alfinetadas do PT ao parceiro mais importante da coalizão governista. A Executiva Nacional do PMDB defendeu formalmente a redução do número de ministérios. Deputados do grupo dos descontentes do PMDB verbalizam a insatisfação com declarações que, alegam, alimentam o embate entre os dois partidos. Mas evitam críticas diretas ao ex-presidente.
Na terça-feira, Lula falou sobre o assunto durante palestra em Brasília no Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha: – Estou vendo um zum-zum-zum de que tem gente que vai pedir para a presidenta Dilma diminuir ministério. Olhem, fiquem espertos, porque ninguém vai querer acabar com o Ministério da Fazenda, com o Ministério da Defesa. Vão querer mexer com a Igualdade Racial, com os Direitos Humanos. Eu acho que a Dilma não vai mexer, eles vão falar que precisa fazer ajuste, precisa diminuir. Não tem que diminuir ou aumentar, tem que saber para que serve.
Internautas já acessam portal sobre reforma
No primeiro dia de funcionamento, e mesmo com o Congresso Nacional em recesso, o canal no site da Câmara que receberá sugestões para a reforma política já começou a ser acessado. Na estreia do portal ontem, os temas que mais despertaram interesse ontem, com mais comentários e visualizações até o início da noite, foram o financiamento de campanhas e o sistema eleitoral. Assim como acontece nos debates entre os parlamentares, os temas dividem opiniões e refletem a complexidade das propostas. Além de comentários favoráveis e contra o financiamento público exclusivo de campanhas, os internautas também defenderam o veto à doação de pessoas jurídicas e a fixação de tetos para as contribuições aos partidos e candidatos.
De acordo com o coordenador do grupo da reforma política, Cândido Vaccarezza (PT-SP), o canal será muito importante para balizar os debates que serão travados pelos políticos. Ao lançar o portal, ele disse que é preciso evitar os erros que impediram nos últimos anos o avanço da reforma política no Congresso Nacional, como prender-se a uma ideia fixa, sem buscar o consenso na Câmara. Vaccarezza citou como exemplo temas defendidos por ele, pelo PT, como financiamento público exclusivo de campanhas e voto em lista fechada para deputados e vereadores, que não têm consenso na Casa.
Aldo diz que não pagará por viagem a Cuba com família
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, reagiu ontem às críticas à viagem que fez a Cuba durante o carnaval deste ano, quando usou um avião da FAB, acompanhado da mulher, Rita, e do filho. Em nota divulgada no site do ministério, Aldo disse que foi uma viagem com compromissos oficiais, e não a passeio, mas não mencionou a carona aos familiares. O caso foi divulgado ontem pelo jornal “Folha de S.Paulo”. Segundo assessores, a mulher e o filho do ministro eram convidados do governo cubano. Aldo não cogitou devolver o dinheiro das passagens dos dois, por considerar que era uma visita oficial, e que o gasto com o deslocamento do avião seria o mesmo, com ou sem a carona.
A FAB disponibilizou um avião com 14 lugares, um jatinho Legacy, para a viagem do ministro em fevereiro. “Não fui passear em Cuba. Fui trabalhar, como mostra a agenda”, diz Aldo, na nota, que listou links de reportagens sobre sua passagem pela ilha dos irmãos Castro. A FAB começou a divulgar apenas na semana passada os voos realizados em aeronaves oficiais, solicitados por autoridades. Porém, a lista de passageiros continua sendo mantida em sigilo.
Genoino, com dores no peito, é operado em São Paulo
O deputado federal José Genoino (PT-SP) foi internado na manhã de ontem na Santa Casa de Misericórdia de Ubatuba, litoral norte paulista, com fortes dores no peito. À tarde, foi transferido para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde foi operado de urgência, após a constatação de uma dissecção da aorta (a principal artéria estava abrindo em escamas). A cirurgia entrou pela madrugada e o hospital não deu informações sobre o estado do deputado. Nem mesmo a chegada dele à unidade fora informada pelo Sírio-Libanês. A transferência para a capital teria sido para a realização de exames.
Em setembro de 2012, Genoino passou por um cateterismo no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo. Exames detectaram entupimento em uma artéria coronária. O incidente ocorreu na época do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Dilma e Lula enfrentam protestos em Salvador
A presidente Dilma Rousseff e o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, foram recebidos em Salvador, ontem, com manifestações de médicos, integrantes do Movimento Passe Livre (MPL), pescadores e marisqueiros. Os petistas participam de seminário que celebra uma década de governo do partido, no Hotel Othon. Militantes petistas foram hostilizados. Um rapaz segurava o cartaz “PT nunca mais”.
O protesto do MPL tinha como meta a redução imediata da tarifa, em Salvador, de R$ 2,70 para R$ 2,50, além de melhorias na mobilidade urbana e de chamar a atenção de Dilma para questões de responsabilidade do governo federal. Já os médicos carregavam cartazes contra a importação de médicos sem passarem pelo Revalida.
Papa critica liberalização das drogas no continente
Em discurso durante a inauguração de uma ala para o tratamento de dependentes químicos no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, o Pontífice chamou os traficantes de “mercadores da morte”. O Papa Francisco fez ontem um duro discurso contra a liberalização das drogas na América Latina, um debate que ganha cada vez mais espaço no continente diante do fracasso das políticas de repressão. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química” disse o Papa, que chamou os traficantes de “mercadores da morte”. O discurso foi feito na inauguração de uma ala para dependentes no Hospital São Francisco de Assis. Mais cedo, em visita à cidade de Aparecida, o Papa pediu esperança e alegria aos jovens e anunciou o retorno ao país em 2017, quando serão comemorados os 300 anos de descoberta da imagem de Nossa Senhora da Aparecida.
Estado de S. Paulo
Papa ataca projetos que liberam uso de drogas na América Latina
Pontífice diz que traficantes são “mercadores da morte” Em Aparecida, ele criticou a idolatria de “poder, dinheiro, sucesso e prazer”. Em visita ao Hospital São Francisco, no Rio, o papa atacou os projetos de liberação das drogas na América Latina e definiu os traficantes como “mercadores da morte”. “Não é deixando livre o uso de drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química”, declarou. Países como o Uruguai já descriminalizaram o consumo de maconha. Outros avaliam propostas similares. Para Francisco, a solução não vem de liberar o uso, mas de estratégia para “enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança ao futuro”. Apesar dos gestos novos, Francisco deu indicações de que não está disposto a mudar posições tradicionais da Igreja. Em Aparecida, onde celebrou missa, ele criticou a idolatria de “poder, dinheiro, sucesso e o prazer”, recomendando aos fiéis “conservar a esperança, deixar-se surpreender por Deus e viver na alegria”.
Cabral recua e altera decreto que exige dados
Pressionado por questionamentos – e por possíveis ações judiciais – da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), deu um passo atrás e publicou uma nova versão do decreto de criação da Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (CEIV). Ainda assim, a OAB não ficou satisfeita, pois avalia que a nova versão do texto continua sendo inconstitucional.
“O motivo, que inclusive já existia no outro decreto, é que apenas a lei federal pode criar um órgão com poderes investigatórios. E também apenas a lei federal pode estabelecer prioridade para a investigação criminal”, disse o vice-presidente da OAB-RJ, Ronaldo Cramer. Para ele, embora tenha sido retirada do decreto a quebra dos sigilos telefônico e de internet de manifestantes suspeitos, “o texto ainda é inconstitucional”. “Fere a Constituição ainda ao criar um órgão que terá prioridade sobre outros que já têm poderes de investigação.”
Militantes da Rede de Marina querem que ela recuse doações de banco e empreiteira
Militantes que apoiam a criação do novo partido da ex-senadora Marina Silva, a Rede Sustentabilidade, querem que sejam vetadas doações de bancos e empreiteiras numa eventual campanha dela à Presidência em 2014. O partido em gestação já proíbe, em seu estatuto preliminar, recebimento de dinheiro de fabricantes de bebidas alcoólicas, cigarros, armas e agrotóxicos. O assunto foi debatido em fórum realizado anteontem em São Paulo, com a presença de apoiadores e políticos que devem assumir posições de comando na Rede. Bancos e empreiteiras lideram o ranking de doações para campanhas eleitorais no País. No caso das construtoras, há sempre o questionamento sobre futuros conflitos de interesse já que essas empresas são, normalmente, executoras de grandes obras públicas.
Em 2010, quando concorreu à Presidência pelo PV, Marina recebeu doações de empresas que hoje estão na lista negra da Rede: R$ 400 mil da Ambev e R$ 100 mil da Bunge Fertilizantes. As construtoras Andrade Gutierrez (R$ 1,1 milhão), Camargo Correa (R$ 1 milhão), Construcap (R$ 1 milhão) e o Itaú Unibanco (R$ 1 milhão) também deram as suas contribuições para a campanha.
Ex-ministra diz que Rede cumprirá as exigências no prazo
Marina afirmou ontem já ter assinaturas suficientes para a criação da Rede Sustentabilidade. “Nós estamos com 810 mil assinaturas, precisaremos de 900 mil assinaturas certificadas”, disse em evento no Rio. Ela lembra que o momento é de certificação das assinaturas junto aos cartórios. A ex-ministra revelou enfrentar dificuldades com alguns cartórios, que tem demorado muito para certificar as assinaturas. “Eles têm um prazo de 15 dias. Obviamente, estamos acompanhando para evitar que se perca o prazo, porque temos até o final, de agosto para entrar com o registro no Tribunal Superior Eleitoral”, disse. Ela está confiante que será possível cumprir todas as exigências no prazo.
‘O que seria do Brasil se não fosse o PT?’, diz Lula ao lado de Dilma
Em cerimônia feita sob medida para exaltar os 10 anos da administração petista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Salvador, que a presidente Dilma Rousseff, presente ao evento, cumprirá suas promessas de campanha ao fim do primeiro mandato e que o grande “defeito” do PT foi dar “voz e vez” para os pobres. “O que seria do Brasil sem nós? A gente tem de olhar há dez anos quando chegamos ao governo. Temos o direito de reivindicar tudo que falta e o dever de dizer que tudo aquilo que, conquistamos”, disse Lula, recebido pela claque aos gritos de “Olê-olê-olê-olá, Lula, Lula”. “Terminei o (primeiro) mandato com muito orgulho porque cumprimos tudo aquilo – que tínhamos prometido. Tenho convicção de que o mesmo vai acontecer quando terminar o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.”
Se Dilma sair do páreo, PSD apoia Serra, diz dirigente
A queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), dificuldades políticas e econômicas enfrentadas pelo governo levam o comando do PSD a fazer cálculos para as eleições de 2014.0 apoio a uma eventual candidatura do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) é tido como certo pelo secretário-geral do partido, Saulo Queiroz, na eventualidade de Dilma não concorrer à reeleição. Na análise do dirigente, caso a popularidade da presidente continue em baixa nas pesquisas isso poderá levar o PT a tirá-la do páreo. “Se a Dilma não se recuperarão PT poderá descartá-la. E, nesse momento, o jogo zera e estaremos livres para buscar o nosso caminho. Nosso apoio é à Dilma e não ao PT\ afirmou Queiroz.
Dentro do xadrez eleitoral, ele acredita que, por falta de espaço no PSDB, Serra poderá deixar o ninho tucano até outubro e ingressar no PPS para disputar a Presidência. No PSDB, o candidato natural é o senador Aécio Neves (MG).a A filiação no PPS é como se fosse um ingresso para o Serra participar do jogo. Se ele tiver sensatez., ele compra o ingresso. Amanhã, se ele se viabilizar, podemos seguir com ele”, afirmou Queiroz.
São Paulo vai privatizar 11 aeroportos
O governo de São Paulo vai iniciar um processo de concessão de cinco aeroportos administrados pelo Departamento Aeroviário do Estado de São Paulo (Daesp). No primeiro lote, destinado para a aviação executiva, estão os aeroportos de Campinas (Amarais), Jundiaí, Bragança Paulista, Itanhaém e Ubatuba.
As concessões terão prazo de 30 anos. Todo o processo burocrático deve ser concluído até novembro, de acordo com o governo paulista. A intenção é que os contratos sejam assinados no fim de 2013 ou no máximo no início de 2014. A mudança no sistema aeroportuário do Estado também deve incluir a adoção da Parceria Público-Privada (PPP) de, no mínimo, outros seis aeroportos estaduais, voltada à aviação comercial. O Daesp administra 27 aeroportos. “A decisão da concessão é passar para a iniciativa privada uma atribuição que não faz mais parte do Estado. Essa parte de infraestrutura aeroportuária, a exemplo do governo federal, tem de passar para a iniciativa privada. Isso ajuda a alavancar novos investimentos e também há uma questão de melhora na gestão”, disse Ricardo Volpi, superintende do Daesp.
‘Não me lembro de time tão fraco’, ataca tucano
Enquanto busca alternativas para incluir seu nome na urna eletrônica em 2014, o ex-governador José Serra endurece o discurso contra o governo federal e reforça sua agenda midiática. Em debate virtual com economistas e jornalistas promovido ontem pela consultoria do amigo Gesner de Oliveira, ex-presidente da Sabesp, ele voltou a pregar a unidade da oposição e destacou o momento de fragilidade do governo.
“Não me lembro de um time tão fraco. Lembra-me os seis últimos meses do governo Jango (João Goulart), ou 1992, no governo Collor”, disse. Depois de reprisar o bordão adotado após as manifestações de junho – ao que falta no Brasil hoje é governo” – ele fez um resgate histórico para desqualificar os ministros de Dilma, que foi sua adversaria na campanha de 2010. “Defendo que haja uma unidade grande entre aqueles que são críticos, dos que são oposição hoje no Brasil em matéria de pensamentos e de projetos. Estou contribuindo para isso na minha possibilidade. Pretendo continuar contribuindo nessa direção independente do meu papel individual.”
Campos afirma que vai unir PSB com ‘diálogo’
Presidente nacional do partido, Campos tenta viabilizar sua candidatura ao Palácio do Planalto no ano que vem. Para isso, tem “enquadrado” diretórios que ainda defendem a reeleição da presidente Dilma Rousseff, conforme revelou ontem o Estado. Em Minas Gerais, por exemplo, o dilmista Walfrido Mares Guia, ex-ministro do governo Luiz Inácio Lula da Silva, foi substituído no comando do PSB estadual pelo deputado Júlio Delgado, defensor de Campos. “O tratamento que vamos dar a todos os companheiros do PSB é o tratamento que sempre demos: de total respeito, companheirismo, diálogo franco, consenso, unidade partidária”, disse o governador pernambucano depois de inaugurar uma escola técnica no município de Bezerros, no agreste do Estado.
Procuradoria vai investigar ministro que ‘rejuvenesceu’
O Ministério Público Federal abriu ontem investigação preliminar sobre a mudança de idade do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro, Um procedimento instaurado pela Procuradoria da República no Distrito Federal vai apurar se houve alguma irregularidade no processo de retificação da data de nascimento do ministro,-revelado no domingo pelo Estado. A iniciativa de Raimundo Carreiro chamou a atenção porque, ao apresentar documentação segundo a qual teria dois anos a menos, ele conseguiu adiar sua aposentadoria compulsória no tribunal e ficar no atual cargo mais tempo, podendo presidi-lo durante o biênio 2017-18.
Os procuradores devem fazer nos próximos dias diligências e pedidos de informação sobre a alteração do registro civil, viabilizada por meio de ação que tramitou na Justiça do Maranhão entre 2008 e 2009. O MPF deve também requerer ao Senado dados sobre a aposentadoria do ministro na Casa. Ele obteve esse benefício em março de 2007, quando era secretário-geral da Mesa. Segundo a retificação que ele próprio pediu depois, teria então 58 anos e não 60. Ou seja, a aposentadoria foi obtida antes do prazo. A Procuradoria do DF tem 30 dias, prorrogáveis por mais 30, para apurar o caso. Se entender que há indícios de irregularidades, abrirá inquérito para investigar o processo.
Tribunal promete mais transparência em gastos e agenda
O presidente do TCU Augusto Nardes, vai abrir dados do tribunal mantidos até agora sob sigilo. A decisão foi Levada ontem aos colegas numa tentativa de criar uma “agenda positiva” após o caso do ministro Raimundo Carreiro, que mudou na Justiça o registro de nascimento para ficar mas tempo no cargo. As regras de uma futura portaria de transparência devem ser apresentadas e discutidas na próxima quarta-feira ao colegiado. Uma das propostas é levantar, por exemplo, o sigilo de gastos com viagens dos ministros. Os ministros têm cota anual de R$ 53 mil para voos de “representação do cargo”, mas não revelam roteiros e motivos das viagens.
Aldo leva mulher e filho em voo da FAB para missão em Cuba
O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, aproveitou viagem que fez a Cuba, em missão oficial, no carnaval deste ano, para levar a mulher e o filho a bordo de um avião da Força Aérea Brasileira. Em nota oficial, Aldo confirmou a viagem, mas disse que anão foi passear”, e sim “trabalhar, como mostra a agenda”. A oposição criticou não só o uso de avião da FAB para viagens ao exterior, mas também a carona a familiares. Lembrou ainda que os voos ficariam muito mais baratos se fossem feitos em aeronaves comerciais.
O vice-líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), disse que a Comissão de Ética da Presidência da República “tem de examinar este procedimento”, que classificou como “injustificável”. Ele pediu ainda a regulamentação rigorosa para o uso dos aviões da FAB e devolução aos cofres públicos do dinheiro referente às passagens dos familiares do ministro. Já existem regras para o uso dos jatinhos da FAB por autoridades. Elas foram criadas a partir do Decreto 4.244, de 2002, em meio ao escândalo de viagens de ministros do governo Fernando Henrique Cardoso para o arquipélago de Fernando de Noronha, em Pernambuco.
Procuradores pressionam Alckmin com abaixo-assinado
Inquietos e céticos com o projeto de Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Estado (PGE) que alegam tramitar “sob segredo” e que poderá transformá-los em defensores de agentes públicos – inclusive acusados por improbidade e corrupção -, procuradores subscreveram abaixo-assinado no qual pedem ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) que submeta o texto ao Conselho Superior da PGE antes de enviá-lo à Assembleia Legislativa.
A mobilização da classe não tem precedentes na história da Procuradoria, órgão essencial para o Estado, o qual representa judicialmente e zela pela constitucionalidade dos atos de governo. Os procuradores em atividade são pouco mais de mil – 80% do efetivo endossou o apelo a Alckmin. A entrega do extenso abaixo- assinado ocorreu na Casa Civil, em audiência sexta feira passada com o secretário adjunto da pasta, Mendes Junior. É o capítulo mais tenso das relações entre os procuradores e o chefe da instituição, Elival da Silva Ramos, a quem atribuem interesse em manter oculta a redação final do projeto.
Para governo, meta é o ‘servidor médio’
O Palácio dos Bandeirantes negou que o projeto de Lei Orgânica da PGE já esteja a caminho da Assembleia. Segundo a Casa Civil o texto encontra-se na sua Assessoria Técnica Legislativa ainda não tem versão final. O procurador-geral, Elival da Silva Ramos, afirma que os procuradores não vão defender corruptos. Sua preocupação é com o funcionário que ganha pouco e pode ser processado, mesmo seguindo orientações da própria PGE. Em reunião do Conselho Superior ele disse. “Há toda uma dinâmica da área da Consultoria, pareceres, manifestações. Então, estamos supondo que o procurador-geral vai convencer 200 procuradores da área da Consultoria a dar orientação benéfica para corrupto. Não é disso que se trata.” Ele contou que já expôs o projeto ao colegiado.
Folha de S. Paulo
Papa condena legalização das drogas e excesso de consumo
Em duas falas ontem, o papa Francisco condenou propostas de legalização das drogas em debate na América Latina e exortou os jovens a deixar de lado “ídolos passageiros”, como dinheiro e prazer. Os dois pronunciamentos, uma homilia em Aparecida e um discurso no Rio, reforçaram o rigor e a fidelidade à linha da igreja em que o papa se baseia para abordar temas ligados aos jovens, foco principal de sua visita ao Brasil, iniciada na segunda.
No hospital São Francisco de Assis, que trata dependentes químicos na zona norte do Rio, Francisco chamou os traficantes de “mercadores da morte” e disse que o “uso livre” não ajuda a resolver o problema do elevado consumo de entorpecentes. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência.” “Frequentemente, nas nossas sociedades, o que prevalece é o egoísmo. São tantos os mercadores da morte que seguem a lógica do poder e do dinheiro a qualquer custo!” Para ele, o problema das drogas pode ser resolvido com “maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum”.
Francisco reverencia Nossa Senhora e diz que voltará em 2017
Em sua primeira missa pública no país, celebrada ontem em Aparecida (a 180 km de São Paulo), o papa Francisco confirmou sua vocação de atuar como pároco de todos os católicos numa homilia simples, que poderia ter sido pronunciada por qualquer padre na missa de domingo.
Como o cenário era o maior santuário dedicado à Virgem Maria no Brasil, as referências a Nossa Senhora foram centrais tanto nas leituras de trechos da Bíblia feitas durante a celebração quanto na fala do sumo pontífice. Antes, ele já havia venerado a imagem da santa numa cerimônia reservada a religiosos, durante a qual se emocionou.
Francisco sempre menciona as orações que faz a Maria, tendo sido responsável por trazer para a América Latina um dos mais populares cultos a ela hoje, o de Nossa Senhora Desatadora dos Nós. Ao aparecer para os fiéis no Vaticano, logo após sua eleição, disse que uma de suas primeiras ações seria pedir à Virgem que protegesse o povo romano, fato que ele recordou no sermão em Aparecida.
Em Aparecida, frio e chuva levam mais de cem fiéis ao hospital
A chuva e as baixas temperaturas que predominaram na véspera e durante a visita do papa Francisco ao Santuário Nacional de Aparecida fizeram ontem com que dezenas de pessoas precisassem de atendimento médico. No total, 106 fiéis foram socorridos no hospital militar no local. O Corpo de Bombeiros fez 60 atendimentos. A maioria dos casos era de hipotermia, por conta do frio, e mal súbito –algumas pessoas ficaram 24 horas sem comer para não perder lugar na fila para entrar na basílica.
Os militares registraram ao menos dois casos graves: um homem sofreu um derrame cerebral enquanto aguardava o papa e outro teve o olho perfurado pela ponta de um guarda-chuva. Os dois foram levados à Santa Casa de Aparecida. Até a noite de ontem, a reportagem não obteve detalhes sobre a evolução do quadro clínico de ambos. Milhares de fiéis passaram a noite ao relento numa das madrugadas mais frias do Estado neste ano na tentativa de garantir um lugar mais perto do papa –a temperatura em Aparecida chegou a 8°C na madrugada de ontem e não superou 10°C durante o dia. Por isso, a hipotermia (queda da temperatura do corpo que afeta o metabolismo) foi a ocorrência mais comum.
Atiradores de elite ocuparão favela em visita de Francisco
Atiradores de elite vão ocupar telhados de casas na favela de Varginha, na zona norte do Rio, que hoje receberá a visita do papa Francisco. Para montar o esquema de segurança, a PF alugou várias casas na comunidade. Moradores contam que foram orientados a não alugar a “pessoas de fora” nenhuma das 352 residências do trajeto por onde o papa vai passar. “Disseram para a gente que é festa da comunidade e que deixássemos as lajes com os policiais”, contou o aposentado Heloíno Valério, 68. Como há a possibilidade de o papa caminhar por 200 metros entre a igreja de São Jerônimo e um campo de futebol, a estratégia de ocupar as lajes possibilita que ele suba até o alto de uma das casas para observar a favela.
Ação de PMs infiltrados será investigada
A Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (CEIV), criada pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, vai investigar a suspeita sobre a ação de policiais militares infiltrados no protesto da última segunda-feira em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo. Vídeos publicados na internet sugerem que um agente da Polícia Militar do Rio de Janeiro lançou coquetel molotov contra a tropa, detonando a reação policial.
A análise será feita porque faz parte do objetivo da comissão identificar todos os responsáveis por atos de vandalismo durante os protestos. Caso seja comprovado ser um PM na ativa e em serviço, a corporação terá de dar explicações ao grupo. A suspeita surgiu nas redes sociais a partir da análise de quatro vídeos. Três deles flagram policiais infiltrados, à paisana, se aproximando correndo da tropa após a dispersão com bombas de gás lacrimogêneo. Alguns agentes, sem saber se tratar de colegas, tentam detê-los. Identificados por outros, eles passam pela barreira policial.
Manifestantes de SP saem em apoio a protestos no Rio
Manifestantes de São Paulo marcaram pelo Facebook um ato na sexta em apoio aos protestos do Rio. Até ontem à noite, mais de 6.000 pessoas haviam confirmado presença. O ato começará às 18h, no vão do Masp, na av. Paulista. A página do evento na internet afirma que a ação é apoiada por oito grupos, entre eles o Anonymous –hackers que costumam invadir sites de governo e da imprensa para protestar. Parte dos apoiadores discute no Facebook a realização de Black Blocs, forma de ativismo que defende ações “para causar danos às instituições opressivas”. Na prática, picham paredes e quebram vidros.
Manifestante preso não portava bomba, diz PM
Bruno Ferreira Teles, preso em flagrante na segunda durante protesto contra o governador Sérgio Cabral em frente ao Palácio Guanabara, não carregava coquetéis molotov no momento da detenção. A informação consta do depoimento prestado pelo policial militar que o deteve, segundo reportagem veiculada ontem no “Jornal Nacional”. O depoimento contraria informações divulgadas pela Polícia Militar a respeito da prisão. Após a prisão, a corporação informou que ele tinha sido preso com 20 bombas. Já no depoimento, o policial afirma que Teles teria recebido e jogado uma bomba já acesa por outro manifestante. O estudante foi solto na terça por habeas corpus.
Cabral revê decreto sobre sigilo de manifestantes
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), decidiu ontem alterar o texto do decreto que exigia das empresas de telefonia e provedores de internet informações sobre participantes dos protestos sem autorização judicial. O novo texto, que trata da comissão que investiga atos de vandalismo, retira o prazo de 24 horas para que as operadoras telefônicas e de internet forneçam as informações, inclui o sigilo judicial a ser obedecido e diz que as empresas devem dar prioridade aos pedidos do governo. Cabral, alvo das manifestações de rua desde junho, recuou após receber críticas quanto à legalidade da medida, já que o decreto buscava quebrar sigilos de dados dos acusados de vandalismo sem autorização da Justiça.
Após queda na aprovação, Dilma diz crer que PT governará mais dez anos
Em seminário no qual o PT celebrava dez anos à frente do governo federal, a presidente Dilma Rousseff, que enfrenta queda na popularidade, disse ontem, em Salvador, “ter certeza” de que “mais dez anos virão”. “O que nós fizemos é apenas o começo. Nossa estratégia de desenvolvimento exige mais. Isso é o que nos diferencia. Por isso podemos ter certeza de que 10 anos virão. Mais dez anos de transformação são possíveis”, afirmou Dilma, ao lado do antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
No mesmo evento, a presidente fez cobrança velada ao Congresso pelo atraso na “tão falada, debatida e adiada reforma política” como forma de atender às manifestações populares de junho. O evento do partido foi o último da série, inaugurada em fevereiro com o lançamento da candidatura de Dilma à reeleição pelo ex-presidente Lula. Dilma reafirmou que sua proposta de consulta popular, por meio de um plebiscito, é “a resposta mais evidente que podemos dar às manifestações”. Apesar das tentativas, o governo enfrenta resistência até mesmo em sua base de sustentação.
Presidente e antecessor discutem crise petista
A presidente Dilma Rousseff se reuniu ontem com o ex-presidente Lula por duas horas antes de evento do PT no qual foram protagonistas, em Salvador. Foi o terceiro encontro privado entre os dois após as manifestações de junho. A Folha apurou que um dos temas da conversa foi a divisão no partido, que resultou no documento que a direção da sigla redigiu com sugestões de mudanças na área econômica e no ministério. O governador Jaques Wagner (PT-BA) também participou de parte da conversa. Dilma surpreendeu os hóspedes que estavam no saguão do Othon Palace da Bahia, onde Lula estava hospedado. O seminário do PT da noite de ontem encerrou precocemente o ciclo de comemorações pelos dez anos do partido no governo, inicialmente previsto para dez cidades, mas que não passou de seis.
Governador do CE defende reeleição da presidente
O governador Cid Gomes (PSB-CE) reafirmou ontem seu apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, a despeito da aproximação entre o governador Eduardo Campos (PE), provável candidato ao Planalto, e Ciro Gomes, ambos do PSB. A internautas, Cid disse que Dilma é “mais preparada” que Campos: “Não é pelo fato de [ela] ter tido abalo em seus índices [de popularidade] que vou abandonar o barco”. Cid, porém, ponderou que a “credibilidade” de Dilma no Ceará vai depender da construção de uma refinaria da Petrobras no Estado, promessa feita por Lula. Ciro também criticava Campos, mas diminuiu o tom após acordo fechado há dois meses.
‘Há muito tempo pela frente’, diz Serra sobre eleição
Em meio a articulações para se viabilizar como candidato à Presidência em 2014, o ex-governador José Serra (PSDB-SP) participou ontem de mais um evento público. A convite de uma consultoria econômica, falou a jornalistas, executivos e empresários. Apesar de ter sido anunciado que o tucano não trataria de assuntos fora do tema do encontro –conjuntura econômica–, ele disse que “tem muito tempo pela frente” até o pleito e que “as coisas vão mudando” até as escolhas dos partidos. Hoje, o principal nome tucano para 2014 é o senador mineiro Aécio Neves. Sem espaço na sigla, Serra procura alternativas para se viabilizar.
Viagem para Cuba foi missão de trabalho, afirma ministro
O ministro Aldo Rebelo (Esporte) distribuiu nota para reafirmar que esteve em Cuba em missão oficial, mas não explicou os compromissos que sua mulher e seu filho tiveram em Havana no Carnaval. Como a Folha revelou, Aldo usou avião da FAB (Força Aérea Brasileira) no Carnaval deste ano para ir a Cuba com assessores, a mulher e o filho. O ministro estava em missão oficial e disse que levou os parentes em avião da FAB sob a justificativa de que eles foram a convite de Cuba.
A Folha tentou falar com a mulher do ministro, Rita, na Secretaria da Mulher do governo do DF, onde trabalha, mas a assessoria disse que ela está em férias. O filho do ministro não foi localizado. Apesar de a mulher e o filho terem ido em avião oficial, Aldo não explicou na nota o que fizeram lá. À Folha o ministério disse apenas que os dois “cumpriram programação definida pelo protocolo cubano”.
Desemprego tem 1ª alta anual desde 2009
Dados divulgados ontem pelo IBGE reforçam os sinais de que o mercado de trabalho está perdendo fôlego, de maneira gradativa, em 2013. A taxa de desemprego nas seis maiores regiões metropolitanas do país subiu de 5,8% em maio para 6% no mês passado –e ficou acima da registrada em junho de 2012 (5,9%). O aumento ante o mesmo mês do ano anterior ocorreu pela primeira vez desde outubro de 2009, interrompendo uma sequência de quase quatro anos de redução contínua do desemprego. A avaliação de analistas é que o fraco crescimento da economia já está interferindo no mercado de trabalho. Desde fevereiro, a ocupação cresce em ritmo inferior ao registrado no ano passado.
Segundo estimativa da LCA, em 2012, a população ocupada cresceu em média 2,1%. Neste ano, o crescimento caiu para 1,2%. Em junho, a ocupação cresceu 0,6%. A moderação na geração de vagas no primeiro semestre já havia sido detectada pelo Ministério do Trabalho. O número de novos postos (826 mil), já desconsideradas as demissões, caiu 20% ante igual período de 2012, informou anteontem o governo.
Após pane no metrô, Rio tenta evitar caos nos próximos dias
Após uma série de falhas no transporte público na abertura da Jornada Mundial da Juventude, anteontem, a Prefeitura do Rio e o governo do Estado se articularam para evitar um caos nos próximos dias, quando haverá um maior movimento de peregrinos. Serão realizados eventos em Copacabana (zona sul) hoje e amanhã, com um público equivalente a dois Réveillons seguidos. Para cada dia está prevista a presença de 1,5 milhão de pessoas.
O tumulto que ocorreu anteontem, um dos dias em que era previsto menor público, acendeu o alerta nas autoridades. Anteontem, cerca de 400 mil pessoas participaram da abertura da Jornada em Copacabana, segundo a avaliação da Polícia Militar. A resposta veio com a ampliação na oferta de transporte nos próximos dias. O metrô, que sofreu uma pane elétrica e ficou parado por duas horas no dia de abertura, funcionará durante 24 horas a partir de hoje até segunda-feira. Anteriormente, o horário estendido ocorreria somente até sábado. Já o Rio Ônibus, sindicato das empresas de ônibus do Rio, informou que vai operar com 100% de sua frota, de 8.700 veículos, de hoje até a manhã de segunda, inclusive na madrugada.
Genoino é internado com dores no peito e passa por cirurgia
O deputado federal José Genoino (PT-SP) foi internado ontem na Santa Casa de Ubatuba ( litoral norte de São Paulo) após sentir dores no peito. Ele chegou ao local às 9h. O petista passou por exames e ficou em observação até o fim da tarde, quando foi transferido para a capital paulista. Ele chegou ao hospital Sírio-Libanês por volta das 21h30, onde foi submetido a nova bateria de exames. Segundo boletim divulgado às 23h15 pelo hospital, foi diagnosticada “dissecção de aorta”, o que obrigou a equipe médica a realizar uma cirurgia de urgência para correção do problema na madrugada de hoje. Genoino foi atendido pelas equipes dos médicos Roberto Kalil Filho e Fábio Jatene. Em meio ao recesso parlamentar, Genoino passou o final de semana com a mulher e netos no litoral paulista.
Correio Braziliense
Grupo se declara dono de área em que estão 54 condomínios no DF
Depois de décadas de disputa fundiária, empresa Urbanizadora Paranoazinho registra em cartório área onde ficam dezenas de parcelamentos em Sobradinho. Segundo os novos proprietários, 30 mil moradores poderão tratar da compra dos terrenos. A Urbanizadora Paranoazinho (Upsa), uma sociedade anônima com capital de investidores privados, registrou no cartório do 7º Ofício uma área com 1,6 mil hectares em Sobradinho, onde foram erguidos 54 condomínios irregulares. A propriedade, equivalente a 1,6 mil estádios de futebol, integra a Fazenda Paranoazinho, parte da herança de José Cândido de Souza, um dos maiores latifundiários da região onde foi construída a capital. Depois de décadas de disputa fundiária, surge oficialmente uma das maiores empreendedoras imobiliárias do Distrito Federal. Com a matrícula no cartório, a empresa terá condições legais de negociar com cerca de 30 mil moradores de parcelamentos da região do Grande Colorado, Boa Vista e Contagem a venda dos terrenos comprados no passado de grileiros que exploraram a área.
Governo já admite fazer mudança no Mais Médicos
Governo já admite fazer mudança no Mais MédicostruePassadas pouco mais de duas semanas desde que o Programa Mais Médicos foi lançado, o governo admite alterar um dos pontos mais polêmicos das medidas anunciadas: a inclusão de dois anos de serviço obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS) durante a formação acadêmica, além do primeiro ciclo da graduação, de seis anos. Uma opção em estudo é fazer com que o chamado “segundo ciclo” faça parte do período de residência médica. Outra possibilidade é aumentar o tempo atual de dois anos de internato — quando o estudante de medicina trabalha na rede pública — para três anos. Os ministros da Saúde, Alexandre Padilha, e da Educação, Aloizio Mercadante, admitiram debater as mudanças após a reunião de ontem do Conselho Nacional de Educação (CNE), responsável por regulamentar o projeto.
De acordo com Mercadante, uma comissão de especialistas do MEC e da Associação Brasileira de Educação Médica sugeriram que os dois anos adicionais da graduação contem como residência médica. “Quer dizer, o médico se especializa em pediatria, mas já começa trabalhando dois anos do SUS antes de terminar a residência”, explicou o ministro. A ideia é que a residência seja obrigatória e atrelada ao SUS.
Malafaia no ataque
Uma estratégia para conter a queda no número de fiéis. É assim que o presidente do Conselho Interdenominacional de Ministros Evangélicos do Brasil (Cimeb) e uma das principais lideranças da Igreja Assembleia de Deus define a vinda do papa Francisco e a organização da Jornada Mundial da Juventude no país. Ao acompanhar os efeitos da visita papal, Silas Malafaia dispara críticas contra a estrutura usada para o evento católico: “O papa pode vir todo ano que a igreja evangélica vai continuar crescendo”.
Para justificar sua tese, Malafaia lembra os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, referentes ao Censo de 2010. No levantamento, revelou-se que o número de pessoas que se declaram católicas no país caiu 25,3 pontos percentuais, em 30 anos (1980-2010), enquanto o total de evangélicos cresceu 15,6%, no mesmo período. De acordo com a pesquisa, o Brasil tem hoje 123,3 milhões de católicos — 64,6% da população — e 42,2 milhões de evangélicos, ou 22,2% dos brasileiros. “Nesse ritmo, em 2020 nós poderemos ser maioria”, estima o pastor.
Cabral recua e muda decreto antivandalismo
Após a polêmica gerada por alguns trechos do Decreto nº 44.302, publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro na segunda-feira — dia da chegada do papa Francisco ao Brasil —, quando foi criada a Comissão Especial de Investigação de Atos de Vandalismo em Manifestações Públicas (Ceiv), o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), consultou o Ministério Público e decidiu alterar o documento. O texto foi classificado de inconstitucional por entidades, como a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB-RJ).
Um dos pontos mais controversos do decreto é o do artigo 2º, que prevê que a Ceiv teria autonomia completa para pedir informações e realizar diligências para a punição de atos ilícitos. No texto corrigido, houve o acréscimo de um parágrafo único, que reserva ao Poder Judiciário a decisão sobre os casos que envolvam o acesso a dados da população, ressaltando que “observa-se-á a reserva de jurisdição exigida para os casos que envolvam quebra de sigilo”. Outro trecho modificado foi o que afirmava que as empresas de telefonia e internet teriam um prazo máximo de 24 horas para fornecer dados pedidos pela comissão. Essa necessidade foi substituída pelo pedido de prioridade no atendimento às solicitações da Ceiv, sem que haja um prazo estipulado para o envio de informações.
Lula sai em defesa de Dilma
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva juntou-se à presidente Dilma Rousseff no evento em comemoração aos 10 anos de governo do PT, ontem, para tentar amenizar a crise dentro do próprio partido. Durante o discurso no seminário do ciclo “O decênio que mudou o Brasil”, em Salvador, Lula fez um ato de desagravo a Dilma e tentou convencer os petistas a se unirem em torno da presidente. “Dilma tem lado, é o lado do PT”, disse, admitindo que ela enfrenta “muitos adversários”. No fim do pronunciamento, Lula ainda comentou o próprio futuro: “Eu comecei fazendo política no PT e, se Deus quiser, vai demorar muito, mas vou morrer fazendo política no PT”.
Na sua vez de discursar, Dilma limitou-se a exaltar os feitos de seu mandato e a destacar o que chama de “pactos de resposta às ruas”, como o Programa Mais Médicos e a reforma política. “Nós sabemos que democracia gera desejo de mais democracia. Todas as mudanças que fazemos são apenas o começo”, argumentou a presidente.
Um pontífice na favela
Em seu terceiro dia em solo brasileiro, o papa Francisco pisará hoje, pela primeira vez, numa favela carioca. Pacificada recentemente, Varginha, no Complexo de Manguinhos, vai receber o pontífice no fim da manhã para ter a bênção e ouvir o discurso do líder da Igreja Católica. O policiamento já é forte desde ontem na região, que ficou conhecida como Faixa de Gaza devido aos constantes conflitos entre polícia e traficantes. O papa deve ir de helicóptero à comunidade da Zona Norte da capital fluminense. Hoje é feriado no Rio. O prefeito da cidade, Eduardo Paes, reconheceu ontem que houve erro do poder público na segurança do pontífice no primeiro deslocamento feito entre o aeroporto do Galeão e a Catedral Metropolitana na última segunda-feira. Na ocasião, o papa ficou preso em um engarrafamento entre os fiéis e ônibus na principal via do Centro, em carro fechado, com vidro aberto.
“Sobre o episódio da Avenida Presidente Vargas, uma responsabilidade é nossa. Não tem jogo de empurra aqui. A gente realizou um trabalho em conjunto. Graças a Deus não aconteceu nada, mas houve uma falha nossa do poder público. Não convém apontar dedo. Vamos impedir que isso aconteça de novo”, disse Paes. Ele acrescentou que Francisco tem um perfil diferente, de querer estar sempre próximo do público, e que isso deve ser respeitado. “Mas não poderia ter sido daquela maneira (erro do Estado)”, disse.
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