Folha de S. Paulo
Governador tucano será alvo de inquérito da Procuradoria
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que deve abrir um inquérito para examinar as relações do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), com o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Investigações da Polícia Federal sobre os negócios de Cachoeira sugerem que o empresário mantinha pessoas de sua confiança em postos-chave do governo goiano para defender seus interesses.
Escutas telefônicas feitas pela polícia sugerem que operadores de Cachoeira levaram dinheiro para a sede do governo de Goiás em duas ocasiões no ano passado. O próprio Perillo pediu há duas semanas para ser investigado pelo procurador. O tucano diz que seu relacionamento com Cachoeira é superficial e nega ter recebido dinheiro do empresário. A abertura do inquérito transformará Perillo no segundo governador a ser investigado pela procuradoria por suas ligações com Cachoeira, depois do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Sobre esse, Gurgel disse que “outros fatos podem gerar novos inquéritos”.
Procuradoria defende que Cachoeira fique preso
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A Procuradoria Geral da República enviou parecer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) defendendo que o empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, continue preso com o objetivo de “de neutralizar ou, ao menos, enfraquecer seu poder de articulação e penetração que sabidamente exerce na sociedade”.
O documento, assinado pelo subprocurador-geral da República Paulo da Rocha Campos, diz que libertar Cachoeira seria uma medida “temerária”. Trata-se da posição do Ministério Público Federal sobre o habeas corpus impetrado pela defesa do empresário no STJ. O caso só deverá ser julgado na semana que vem.
Tucano ameaça partido para evitar expulsão
Pressionado por colegas do PSDB a se licenciar do partido, o deputado Carlos Alberto Lereia (GO), amigo de Carlinhos Cachoeira há 25 anos, tem contra-atacado com o argumento de que outros integrantes da sigla também são alvo de investigações. Segundo a Folha apurou com integrantes do partido, Lereia tem dito internamente que, se o caso dele for conduzido para licença ou expulsão, ele vai “soltar o verbo” para que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB) tenha o mesmo tratamento. O nome do governador também é citado nas gravações da Polícia Federal.
Segundo o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PSDB-PE), nenhum integrante da bancada pediu alguma decisão sobre o colega. “Não há nenhuma movimentação dos deputados ou algum pedido de expulsão contra o Lereia”, disse. Se dentro da legenda a situação de Lereia é, por ora, tranquila, na Corregedoria da Câmara o deputado Jerônimo Georgen (PP-RS) deve pedir a abertura de um processo por quebra de decoro contra o congressista.
Demóstenes contraria sua proposta em defesa
Autor de proposta que inclui fatos anteriores ao mandato entre os que permitem a abertura de processo por quebra de decoro de congressistas, o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) usa agora, por meio de sua defesa, argumento oposto para pedir o arquivamento de processo no Conselho de Ética. Em defesa prévia encaminhada ao conselho, advogados do senador argumentam que parte dos fatos listados na representação contra Demóstenes ocorreram antes do atual mandato, o que impediria a abertura do processo.
Diz a defesa que a instauração do processo para apurar fatos ocorridos fora do exercício do mandato “viola frontalmente a Constituição”. Assinado pelos advogados de defesa do senador, o texto lista várias propostas rejeitadas pelo Congresso para mudar a Constituição, mas não menciona que Demóstenes é autor de uma das PECs (proposta de emenda constitucional) que trata do assunto. A PEC do senador foi apresentada ao Congresso em 2006 e espera por votação na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado desde abril do ano passado.
Após crítica, senador amplia ‘sala-cofre’ da CPI
O presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), determinou ontem que sejam instalados mais sete computadores para que os integrantes do colegiado tenham acesso a material de operações da Polícia Federal encaminhado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) à comissão. É uma tentativa de diminuir as queixas dos congressistas contrariados com as medidas de seguranças adotadas para evitar que as informações sejam vazadas.
Entre as restrições estão a proibição do acesso de assessores, de realização de cópia do material e de uso de celular dentro da sala, que é monitorada por câmeras. O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) vai apresentar na sessão da CPI de hoje um pedido para acabar com o sistema de segurança imposto. Os tucanos estudam ainda pedir o fim dos sigilos As novas máquinas devem ocupar o espaço da Comissão Permanente de Desenvolvimento Regional e Turismo, ao lado da ‘sala-cofre’ da comissão, onde se encontram outros três computadores.
Dilma estuda vetar texto integral de lei florestal
A presidente Dilma Rousseff estuda vetar na íntegra o Código Florestal aprovado pela Câmara e regulamentar por medida provisória a recuperação de florestas em beira de rio de modo a beneficiar agricultores familiares. O texto do deputado federal Paulo Piau (PMDB-MG), aprovado no último dia 25, foi protocolado ontem no Planalto. Dilma tem até o dia 25 para se manifestar sobre ele.
A ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente) inicialmente pediria à presidente que vetasse só as chamadas disposições transitórias, nas quais, segundo o governo, ficou configurada a anistia a quem desmatou ilegalmente. Dilma, porém, considerou que trechos importantes do texto aprovado pelo Senado foram suprimidos, o que tornaria pouco efetivo vetar só trechos do projeto de Piau. Há uma tendência no governo de baixar uma medida provisória com a chamada “escadinha”, ou seja, um escalonamento das faixas de recuperação de florestas de acordo com o tamanho da propriedade.
Coronel que liderou massacre de Carajás é preso após 16 anos
A Justiça do Pará determinou ontem a prisão dos oficiais da policia militar condenados em 2002 como responsáveis pelo massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em abril de 1996 no sudeste do Estado e que resultou na morte de 19 sem-terra. Um deles, o coronel Mário Colares Pantoja, apresentou-se ontem à tarde a um presídio em Santa Isabel do Pará (47 km de Belém), onde cumprirá pena.
O outro, major José Maria Pereira de Oliveira, deverá se entregar hoje, segundo seu advogado. Os dois PMs, hoje aposentados, chegaram a ser presos antes, mas conseguiram em 2005 habeas corpus para recorrer em liberdade. O massacre ocorreu quando os sem-terra iam de Curionópolis a Marabá para reivindicar a desapropriação da fazenda Macaxeira.
Mortes no campo caíram em 2011, diz Pastoral da Terra
As mortes motivadas por conflitos no campo diminuíram em 2011, mas o número de pessoas ameaçadas devido a disputas fundiárias quase triplicou em relação ao ano anterior. Os dados estão em relatório anual divulgado ontem pela CPT (Comissão Pastoral da Terra), braço agrário da Igreja Católica no Brasil. Segundo a comissão, houve 29 homicídios resultantes de conflitos no campo em 2011, queda de 15% em relação aos 34 de 2010. A maior parte das mortes -12 casos- foi no Pará. A relação inclui casos de repercussão internacional, como a morte, em maio passado, do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna. “O total de mortes diminuiu porque após a morte do casal houve maior combate à violência. Mas precisamos de soluções definitivas”, afirmou Antônio Canuto, da CPT.
Haddad encontra militância do PSB para discutir aliança
Vereadores que apoiam a aliança do PSB com Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, promovem hoje um encontro do petista com o maior braço social da sigla na capital, o Movimento em Marcha. O ato faz parte da estratégia de aproximação de Haddad com a militância do PSB para respaldar o apoio ao petista. Hoje a sigla está dividida entre a Direção Nacional e parte dos líderes da capital -que defendem o apoio a Haddad- e a Direção Estadual, que apoia o candidato do PSDB, José Serra.
Russomanno diz ter encerrado conversas com PMDB de Chalita
O PRB, partido do pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Celso Russomanno, anunciou ontem o fim das negociações para formar uma aliança com o PMDB, de Gabriel Chalita, já no primeiro turno. No final de abril, Russomanno e Netinho de Paula (PC do B) propuseram um acordo a Chalita, para que em junho eles definissem quem seria o nome da coligação com base nas pesquisas de opinião.
Deputado repercute notícia falsa e vira hit em rede social
O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), foi parar na lista dos assuntos mais comentados do microblog Twitter ao recomendar e criticar uma notícia falsa na internet ontem. O deputado de oposição ficou inconformado ao ler que a presidente Dilma teria pedido ao Banco Central para colocar em circulação cédulas de dinheiro com a frase “Lula seja louvado”. Segundo o G17, site de humor que criou a “notícia” e que se descreve como “sem compromisso com a verdade”, Dilma substituiria a frase “Deus seja louvado” das cédulas de real pela homenagem ao ex-presidente.
Sem perceber que se tratava de uma brincadeira, Freire disse no Twitter que a decisão era uma afronta. Centenas de usuários começaram então a fazer piada sobre a gafe e, em menos de uma hora, a expressão “LulasejaLouvado” virou o assunto mais comentado pelos usuários brasileiros no microblog.
Governo pode injetar mais R$ 1,6 bi no Bolsa Família
O governo vai turbinar o Bolsa Família com recursos anuais que podem chegar a R$ 1,6 bilhão e estuda mudar as regras do programa para contemplar mais crianças de até seis anos em extrema pobreza. O valor adicional em estudo corresponde a cerca de 10% de tudo o que foi gasto com o programa no ano passado – R$ 16,6 bilhões.
O montante exato do repasse ainda está sendo calculado pelo Ministério da Fazenda, que busca previsão de receita para compensar o gasto adicional. O foco das medidas são crianças de zero a seis anos em famílias de ganhos individuais mensais de até R$ 70 -linha oficial da miséria. A melhoria das condições socioeconômicas dessa fatia demográfica é considerada chave pelo governo para erradicar a pobreza extrema até 2014, como prometeu Dilma. Para esse universo, o Ministério do Desenvolvimento Social estuda acabar com o limite de cinco crianças por família que podem receber o chamado “benefício variável” do Bolsa.
CNJ deve priorizar processos contra juízes corruptos
Na sessão de hoje do CNJ, a primeira de Carlos Ayres Britto como presidente, seus conselheiros deverão estabelecer como prioritários os processos contra juízes e servidores que respondem por prática de improbidade administrativa, peculato ou corrupção. Essa foi a maior polêmica do mandato anterior, de Cezar Peluso, que protagonizou discussões públicas com a corregedora da instituição, Eliana Calmon, sobre o assunto. Além disso, o CNJ deve criar um fórum para monitorar o cumprimento da liberdade de imprensa pelo Poder Judiciário.
Correio Braziliense
Uma bolsa sob medida para o PT nas eleições
A dois meses do início das eleições municipais, o Palácio do Planalto lançará no fim de semana uma ampliação do programa Bolsa Família tendo como foco famílias do Norte e do Nordeste. Nas duas regiões, a presidente Dilma Rousseff teve quase 12 milhões de votos a mais do que José Serra (PSDB) nas eleições de 2010 — nas outras três, a vantagem foi inferior a 300 mil votos. Com o nome guardado em sigilo pelo governo, o Brasil Carinhoso garantirá renda mínima de R$ 70 para cada membro de famílias extremamente pobres, desde que tenham ao menos uma criança menor de 6 anos.
O programa será anunciado em rádio e tevê, durante horário nobre, em homenagem ao Dia das Mães. Em princípio, o Brasil Carinhoso terá três eixos. O primeiro é o reforço ao Bolsa Família. O segundo será a ampliação dos programas de saúde para crianças de até 6 anos — com controle de anemia e de suplementação de vitamina A —, além da inserção de remédios gratuitos para asma em unidades do Farmácia Popular. Por último, o aumento do acesso de crianças de famílias extremamente pobres a creches. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, apenas 3,6% das pessoas na primeira infância inscritas no Bolsa Família frenquentam creches.
As ações terão mais impacto justamente nas regiões que mais contribuíram para a vitória de Dilma em 2010: cerca de 70% das crianças em situação de pobreza absoluta vivem no Norte e no Nordeste. A sigla do programa Ação Brasil Carinhoso, ABC, também é defendida pelo Planalto como uma “cartilha” de como cuidar do Brasil sem Miséria. O programa atingiria 4 milhões de famílias inscritas no Bolsa Família. No ano passado, o benefício foi reajustado em cerca de 19%, em média, e o anúncio foi feito no interior da Bahia.
Mudança de banco para baixar juros
O governo quer criar regras mais simples e práticas para permitir que os tomadores de empréstimos e financiamentos possam transportar seus contratos a bancos que cobram taxas mais baixas. Depois de modificar a fórmula de cálculo das cadernetas de poupança, facilitar a chamada portabilidade do crédito é a nova arma que a presidente Dilma Rousseff pretende usar na guerra para baixar os juros cobrados no sistema financeiro e estimular a atividade econômica.
Ontem, a presidente esteve reunida por mais de cinco horas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a fim de traçar estratégias para forçar os bancos privados a reduzir o spread bancário. No Brasil, a diferença entre as taxas pagas na captação dos recursos e as cobrados dos tomadores de crédito chega a quase 30 pontos percentuais, um dos níveis mais altos do mundo. Outra aposta do Palácio do Planalto é a continuidade da redução dos juros do crédito imobiliário pelos bancos públicos. Boa parte da conversa entre a presidente e o chefe da Fazenda foi tomada também por uma avaliação da receptividade do público às novas regras para a poupança, anunciadas na sexta-feira passada.
Justiça manda prender PMs acusados da chacina
Após 16 anos, o coronel da Polícia Militar Mário Colares Pantoja, condenado pela morte de 21 trabalhadores sem-terra em 1996, foi detido no Centro de Recuperação Especial Coronel Anastácio das Neves, em Santa Izabel (PA). Pantoja se entregou à polícia, na manhã de ontem, após o juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, Edmar Pereira, expedir o mandado de prisão do militar e do tenente José Maria Pereira de Oliveira, também acusado pela ação, que ficou conhecida como Massacre de Eldorado dos Carajás. Até o fechamento desta edição, José Maria Oliveira não havia se apresentado.
O coronel Pantoja e o major José Maria Oliveira, condenados a 228 anos de prisão e 158 anos e quatro meses, respectivamente, respondiam ao processo em liberdade por força de um habeas corpus obtido junto ao Supremo Tribunal Federal. Durante os 16 anos, os militares entraram na Justiça questionando o processo 28 vezes. Em março último, depois de se esgotarem todas as possibilidades de recursos, as condenações transitaram em julgado — fase em que não se permitem mais questionamentos — no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com a condenação do STJ, o habeas corpus perdeu o valor e o processo voltou ao Tribunal de Justiça do Pará que expediu o mandado de prisão dos militares.
Ameaça de silêncio
O bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, envia sinais de que deverá permanecer em silêncio durante depoimento na CPI, marcado para a próxima terça-feira. Ontem à tarde, o advogado Márcio Thomaz Bastos, que defende o bicheiro, deixou claro que seu cliente não vai se pronunciar se não tiver acesso irrestrito aos autos dentro de um período considerado razoável. Bastos, que foi ministro da Justiça do governo Lula, chegou de surpresa ao Senado. Reuniu-se com o presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), para pedir todo o material referente às operações Monte Carlo e Vegas e tentou o adiamento do interrogatório. O pedido ainda vai ser submetido aos integrantes da comissão.
“Pedimos acesso aos autos antes que ele venha aqui. Se isso não ocorrer, ele não tem condições de prestar depoimento. A imprensa tem mais informação do que eu. Por isso, se não tiver acesso aos autos, ele pode se refugiar no seu direito de ficar em silêncio para não se incriminar.” A ação do advogado é uma estratégia para tentar esperar o julgamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em relação ao habeas corpus impetrado em favor de Cachoeira. Desta maneira, haveria a possibilidade de o contraventor não ser ouvido na condição de réu preso, o que evitaria a possibilidade de ser visto algemado e com vestes prisionais.
Chiadeira contra a sala secreta
Os integrantes da CPI do Cachoeira criticaram as regras de acesso à sala onde estão disponíveis as informações da Operação Vegas, da Polícia Federal. O espaço tem apenas três computadores que contêm o inquérito e é monitorado por câmeras e seguranças do Senado. Os parlamentares não podem entrar com telefones celulares nem acompanhados de assessores. A oposição vai formalizar um pedido à presidência do colegiado para flexibilizar as restrições, além de solicitar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do sigilo dos dados, o que tornaria desnecessária a manutenção do aparato de monitoramento.
A insatisfação com as regras desestimulou boa parte dos parlamentares a analisar o documento. Até o início da noite de ontem, a sala havia recebido apenas cinco visitas de senadores e deputados. Diante das queixas, o presidente da Comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), se comprometeu a instalar mais sete computadores e afirmou estar estudando uma maneira de permitir a entrada de assessores. Ontem, ele recebeu as mídias com o que foi apurado durante a Operação Monte Carlo, também da PF, e deve disponibilizá-las hoje ao colegiado.
Desacato a autoridade deixará de ser crime
A comissão de juristas que debatem a refor ma do Código Penal no Senado apr ovou ontem a descr iminalização do desacato a autor idade, que passará a ser um agravante para o crime de injúr ia. O código em vigor, cr iado em 1940, fixa pena de seis meses a um ano de prisão para quem insulta ou ofende outra pessoa. O novo texto irá prever de um a dois anos de detenção quando a injúr ia for cometida contra servidor público.
“Revogamos o crime de desacato. Prevaleceu o entendimento de que o desacato não é outra coisa a não ser uma ofensa à honra do funcionário público praticada em razão da função que ele exerce. Portanto, foi realocado para a condição de crime contra a honra. É um crime de injúria com a pena aumentada”, destacou o procurador Luiz Carlos dos Santos Gonçalves, relator da comissão.
Gurgel sai em defesa do reajuste
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, defendeu ontem que o governo federal conceda reajuste ao Poder Judiciário. O Ministério Público Federal enviou parecer no fim de abril ao Supremo Tribunal Federal no qual se manifesta favorável à ação proposta pela Associação Nacional dos Agentes de Segurança do Poder Judiciário da União, que reclama da não inclusão do aumento salarial de juízes e servidores dos tribunais no Orçamento Geral da União de 2012.
“É uma manifestação que examina a questão da constitucionalidade da maneira como o assunto do orçamento do Judiciário foi conduzido pela presidente da República. Tendo em vista a autonomia do Judiciário, a Presidência da República deveria ter encaminhado (o orçamento) tal como proposto”, afirmou Gurgel.
Leréia cada vez mais pressionado
A divulgação de gravações indicando que o deputado goiano Carlos Alberto Leréia (PSDB) fazia parte do grupo de parlamentares que negociava com o contraventor Carlinhos Cachoeira a liberação de emendas do Orçamento da União e as declarações recentes de reafirmando sua amizade com o bicheiro o deixaram mais próximo da porta de saída do partido. “Ou ele sai, ou é saído. Não existe essa história de se licenciar da legenda”, sentencia um tucano do alto clero.
Leréia agiu para ganhar tempo dentro da legenda ao enviar, na semana passada, um ofício à CPI do Cachoeira pedindo para ser convidado ou convocado a depor. Evitou, assim, se expor diante de companheiros de bancada na reunião que estava marcada para hoje, da qual temia já sair, na prática, um deputado sem legenda. “Não podemos expulsá-lo sem antes dar a chance de o colega se explicar, ele tem garantido o direito de defesa”, diz o líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE).
Ministra pede veto ao Código
No dia em que o texto do Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados há duas semanas, chegou oficialmente ao Palácio do Planalto, a campanha para que a presidente Dilma Rousseff vete a proposta ganhou o apoio público da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Durante evento no Senado, ela criticou ontem o que chamou de “legislação puxadinho” e defendeu o veto, sem especificar sua extensão. “Não tenho nenhum problema em pedir o veto ao Código Florestal, tenho problema é em lidar com a realidade depois disso, de garantir condições para quem produz alimentos e proteger o meio ambiente com inclusão social”, afirmou.
Apesar de ter sido aprovado no plenário da Câmara em 26 de abril, somente ontem o texto da Casa chegou à Casa Civil, responsável pela análise jurídica de todos os projetos que são encaminhados para a sanção presidencial. A presidente tem até o próximo dia 25 para decidir se veta o texto ou o sanciona. Dilma pediu a técnicos dos ministérios relacionados ao tema que façam uma análise aprofundada do texto. Ela pretende ponderar os possíveis impactos de sua decisão na opinião pública e na comunidade internacional. Por isso, o mais provável é que ela vete os pontos que foram modificados na Câmara em relação ao texto do Senado e, em seguida, edite medidas provisórias (MPs) para suprir as lacunas que restarem.
Mudança de banco para baixar juros
O governo quer criar regras mais simples e práticas para permitir que os tomadores de empréstimos e financiamentos possam transportar seus contratos a bancos que cobram taxas mais baixas. Depois de modificar a fórmula de cálculo das cadernetas de poupança, facilitar a chamada portabilidade do crédito é a nova arma que a presidente Dilma Rousseff pretende usar na guerra para baixar os juros cobrados no sistema financeiro e estimular a atividade econômica.
Ontem, a presidente esteve reunida por mais de cinco horas com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a fim de traçar estratégias para forçar os bancos privados a reduzir o spread bancário. No Brasil, a diferença entre as taxas pagas na captação dos recursos e as cobrados dos tomadores de crédito chega a quase 30 pontos percentuais, um dos níveis mais altos do mundo. Outra aposta do Palácio do Planalto é a continuidade da redução dos juros do crédito imobiliário pelos bancos públicos. Boa parte da conversa entre a presidente e o chefe da Fazenda foi tomada também por uma avaliação da receptividade do público às novas regras para a poupança, anunciadas na sexta-feira passada.
Uma força para a rádio de Cachoeira
Demóstenes Torres e Marconi Perillo participaram em 2007 da articulação política no Congresso para acelerar a outorga de funcionamento a uma empresa do grupo do bicheiro. Em parceria combinada, Marconi assumiu a relatoria da proposta e, em seguida, deu lugar a Demóstenes, como relator ad hoc, para reforçar a pressão da bancada de Goiás na agilidade da tramitação da matéria. Por meio de sua assessoria, Perillo respondeu que na época em que era parlamentar, apoiou a legalização de várias emissoras de rádio. “O governador Marconi Perillo não se recorda, em detalhes, deste assunto. Precisaria de tempo para fazer as verificações. De qualquer maneira, ele afirma que apoiou a legalização de várias emissoras de rádio, interessado que sempre foi em dinamizar e qualificar a rede de comunicações no país, em gerar empregos e no crescimento empresarial da área”, afirma a nota. A assessoria de Demóstenes foi procurada, mas não deu retorno até o fechamento desta edição.
A rádio Fundação Nelson Castilho é citada no inquérito da Operação Monte Carlo como o braço de Cachoeira na área de comunicações, dentre o emaranhado de empresas constituídas para dar suporte às atividades criminosas do contraventor. De acordo com as investigações, a Fundação Nelson Castilho, a Rádio Mega FM e a Rede Brasiltur de Televisão são de responsabilidade do cunhado de Cachoeira, Adriano Aprígio de Souza, considerado o principal laranja do bicheiro.
O Estado de S. Paulo
Estoque dispara e montadores já pensam em férias coletivas
A indústria automobilística encerrou o mês de abril com estoques suficientes para 43 dias de vendas. É o maior nível desde novembro de 2008, no auge da crise financeira internacional, quando o encalhe nas fábricas e nas revendas atingiu 56 dias. Na virada do mês, havia 366,5 mil veículos nos pátios, volume muito superior ao das vendas registradas em abril, de 257,8 mil unidades, e ao da produção, que somou 260,8 mil. Diante desse quadro, algumas montadoras já estudam recorrer às férias coletivas. As vendas totais de veículos no mercado interno atingiram 257.885 unidades no mês passado, uma queda de 14,2% ante março e de 10,8% em relação a abril de 2011. A direção da Anfavea, no entanto, se diz otimista quanto à recuperação do bom desempenho do setor nos próximos meses. Empresas tinham 366 mil veículos nos pátios na virada do mês.
Berlim reage a Hollande e diz que não muda pacto fiscal
O governo alemão informou ontem que “não é possível renegociar o pacto fiscal” assinado na União Européia. Foi a primeira reação de Berlim à eleição de François Hollande à Presidência da França. O socialista prometeu rever o pacto de austeridade e “dar à construção europeia uma dimensão de crescimento”. Depois da festa, a dura realidade política e econômica. O presidente eleito da França, François Hollande, enfrentou ontem o primeiro atrito diplomático com o governo da Alemanha, que mandou recado via imprensa sobre sua recusa em renegociar o tratado de estabilidade fiscal da Europa.
O aviso de Berlim foi dado no momento em que cresce a pressão no bloco pela adoção de políticas de crescimento que complementem a austeridade defendida por Angela Merkel. A controvérsia com o governo alemão ocorreu ainda cedo, quando Hollande chegou a seu escritório, no centro de Paris, ostentando olheiras no rosto, depois da maratona do histórico 6 de maio.nJornais de toda a Europa trouxeram em reportagens de capa a mensagem enviada pelo presidente eleito em seu discurso de vitória em Tulle, quando o socialista prometeu “dar à construção europeia uma dimensão de crescimento, de emprego, de prosperidade e de futuro” e enfrentar a austeridade, que “não pode mais ser uma fatalidade”. A resposta de Berlim veio no início da manhã, por intermédio do porta-voz do governo, Steffen Seibert. Recusando o “crescimento por déficit” e enfatizando a necessidade de “reformas estruturais”, o Executivo alemão afirmou que “não é possível renegociar o pacto fiscal”, “assinado por 25 dos 27 países da União Europeia”.
Gurgel vai investigar elo entre Perillo e Cachoeira
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou ontem que pedirá a abertura de inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), por envolvimento com a organização do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A decisão ocorre duas semanas após o procurador ter anunciado a mesma intenção em relação ao governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), o que motivou forte pressão do PT contra o procurador-geral. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), também está no foco da Procuradoria-Geral da República (PGR), que vai analisar contratos da Delta Construções, suspeita de ligação com o esquema, com o governo fluminense. O peemedebista é amigo do principal acionista da empreiteira, Fernando Cavendish. Juntamente com secretários de Estado, Cabral aparece ao lado de Cavendish em fotos de uma viagem a Paris, o que causou constrangimento ao governador e ao partido.
Suspeito de receber pagamentos e de se beneficiar de doações eleitorais da quadrilha, supostamente em troca de favorecimento em contratos públicos, Perillo é o primeiro alvo de um pedido de investigação na Corte. Ele próprio se antecipou e, por meio de sua defesa, já havia pedido a apuração dos fatos no mês passado, após a divulgação de informações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal na mídia. Lembrando a solicitação de Perillo, Gurgel não quis, ontem, avaliar as denúncias. “Como o próprio governador se diz interessado em que sejam devidamente apuradas essas notícias, então nós devemos, diante dessa manifestação, pedir ao STJ a instauração de inquérito”, afirmou, durante evento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em Brasília. Os áudios obtidos pela PF indicam que aliados de Cachoeira fizeram pagamentos dentro do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás.
Delta usou Cachoeira até para monitorar TCU
A Delta Construções usou dos serviços do grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira para monitorar as investigações de superfaturamento em uma das mais importantes obras da empresa no Estado do Rio de Janeiro: a construção da nova sede do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into). Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram o araponga Idalberto Matias Araújo, o Dadá, dando informações ao então diretor da empresa no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, sobre processo do Tribunal de Contas da União (TCU) que apurava sobrepreços e pagamentos em duplicidade na empreitada.
“Aquele outro negócio que você me pediu está bem adiantado. Aquele instituto lá do Rio de Janeiro, que estava no TCU, entendeu? E aí o pessoal foi lá e buscou”, diz Dadá, em escuta de 9 de agosto do ano passado. “Ah, entendi. Pois é. Dá notícia daquilo lá. Aquilo é muito importante da gente saber”, responde Abreu. O diálogo entre o araponga e o executivo da Delta ocorreu uma semana após a divulgação das conclusões de uma investigação da Controladoria-Geral da União (CGU) que apontava pagamentos irregulares na segunda fase da obra. Segundo o relatório de auditoria anual de contas da CGU (n.º201108819), houve um sobrepreço de R$ 23,5 milhões nos valores pagos à Delta. Também foi constatada uma cobrança em duplicidade avaliada em R$ 3,4 milhões. Como a segunda fase da obra estava orçada em R$ 63,9 milhões, os valores pagos irregularmente à construtora – R$ 26,9 milhões – representavam 42% do total.
Senado deve abrir hoje ação para tirar Demóstenes
O Conselho de Ética do Senado deverá aceitar hoje pedido de abertura de processo disciplinar contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Será o primeiro passo para o início do processo de cassação do mandato do senador, que aparece na operação Monte Carlo, da Polícia Federal, como interlocutor constante do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A expectativa é que o relatório do senador Humberto Costa (PT-PE) com o pedido de abertu-ra do processo seja aprovado com a unanimidade dos votos dos 15 conselheiros. Na avaliação de um dos integrantes do conselho, a situação de Demóstenes é “delicada” e “nada confortável”. Os senadores acusam Demóstenes de ter mentido ao negar ter relações com Cachoeira. Este foi um dos argumentos usados por Humberto Costa no parecer de 63 páginas apresentado na semana passada. No relatório, Costa alegou que Demóstenes “faltou com a verdade”, o que configura quebra de decoro, ao afirmar que militou contra a legalização dos jogos de azar no País e só mantinha “relações so-ciais” com Cachoeira, em discurso de 6 março, no plenário do Senado. Na ocasião, Demóstenes subiu à tribuna para explicar o recebimento de presentes de casamento de Cachoeira. O advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, deverá tentar adiar a votação prevista para hoje de manhã do relatório. Ele pretende insistir na concessão de novo prazo para apresentação da defesa de seu cliente. A tendência, no entanto, é que o pedido seja novamente negado pelo presidente do Conselho Ética, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Na semana passada, dizendo-se surpreendido com o teor do relatório de Costa, Kakay solicitou mais tempo para preparar nova defesa, mas teve a demanda rejeitada por Valadares.
MPF cobra reajuste para o Judiciário em 2013
A disputa entre o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) em torno do reajuste salarial do Judiciário ganhou um novo participante, com a posição da Procuradoria-Geral da República em favor do aumento. Em parecer enviado ao STF em 23 de abril, a vice-procuradora Deborah Duprat manifesta-se contra a anulação do orçamento, que “imobilizaria completamente o Estado brasileiro”, mas pede que se faça uma “exortação” para que o reajuste seja incluso no Projeto da Lei Orçamentária de 2013.
“Se o Supremo vier a acolher a manifestação e o sentido do parecer da PGR, então a Presidente da República receberá essa exortação, esse apelo no sentido de que observe um procedimento mais compatível com a Constituição”, afirmou ontem o procurador-geral, Roberto Gurgel. O custo total do aumento do Judiciário é de R$ 8,35 bilhões. Isso faria com que os salários dos ministros do STF saltassem de R$ 26.723,13 para R$ 32 mil. No ano passado, apesar de ter recebido um ofício em tom de intimação do então presidente do STF, ministro Cezar Peluso, a presidente Dilma Rousseff decidiu que não iria refazer a proposta do Orçamento para incluir o reajuste salarial do Judiciário. A manifestação da PGR será anexada a uma ação protocolada pela Asso-ciação Nacional dos Agentes de Segurança do Poder Judiciário da União, que tramita no STF.
Planalto estuda excluir limite de filhos no Bolsa Família
O governo planeja acabar com o limite de filhos existente hoje para recebimento do programa Bolsa Família. A medida pode ser anunciada pela presidente Dilma Rousseff durante pronunciamento que ela fará no domingo à noite, em homenagem ao Dia das Mães. Com foco em crianças de zero a 6 anos, o pacote social também prevê um complemento pago pelo governo às famílias pobres, quando a renda per capita não atingir o mínimo de R$ 70, independentemente do número de filhos. Atualmente, o limite estabelecido para o recebimento do Bolsa Família é o de cinco filhos com até 15 anos e mais dois jovens de até 17. A transferência de renda varia de R$ 32 a R$ 306, dependendo do perfil econômi-co e da quantidade de filhos. Há 13,35 milhões de famílias que ganham o benefício.
PSDB reclama e TRE multa Chalita por programa na TV
O peemedebista Gabriel Chalita foi o primeiro pré-candidato à Prefeitura de São Paulo a ser multado pela Justiça Eleitoral por propaganda antecipada. Ele e o PMDB vão ter de pagar, cada um, R$ 5 mil. Após analisar uma representação proposta pelo PSDB, a juíza Carla Themis Lagrotta Germano considerou o programa partidário do PMDB exibido em 18 de abril como antecipação da campanha. Cabe recurso. Na propaganda do diretório estadual do PMDB, de 30 segundos, Chalita aparece no Viaduto Santa Efigênia, centro da cidade, dizendo que a eleição municipal é uma grande oportunidade para debater os problemas de São Pau-lo. Sem citar nome, ele repete o discurso do “trampolim” – o mesmo que usa quando critica o adversário José Serra (PSDB) para dizer que o tucano saiu da Prefeitura e foi disputar o governo do Estado, em 2006, e depois a Presidência da República. “A eleição não deve ser trampolim, nem briga por espaço entre o partido A ou o partido B; o que está em jogo é a vida real de milhões de paulistanos, que sofrem com a violência, com as enchentes, que perdem tempo no trânsito”, diz o peemedebista.
De acordo com a sentença, ao protagonizar o vídeo, Chalita “faz expressa referência à eleição municipal e divulga a imagem e discurso de pré-candidato ao cargo de prefeito”. Segundo a juíza, a propaganda eleitoral do PMDB teria retirado o foco do partido, dando destaque à figura de Chalita, o que tornaria “evidente a intenção de antecipação da propaganda eleitoral”. O partido promete recorrer ainda hoje.
PT adia palanque de Lula com Haddad em SP
O PT só deve contar a partir de 2 de junho com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque de seu pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro Fernando Haddad. A equipe de campanha do partido pretendia organizar um evento com Lula e Haddad ainda este mês, mas adiou o plano. Os petistas avaliam que Lula ainda não se recuperou totalmente do tratamento contra o câncer. Lula faz fisioterapia para curar uma inflamação no tornozelo e recuperar massa muscular, além de fonoaudiologia. Médicos recomendam que o ex-presidente modere sua participação em eventos. Os petistas esperam que Lula esteja em bom estado físico até o início de junho, quando ocorre-rá o encontro municipal de delegados do PT paulistano. O partido quer aproveitar o evento para lançar extraoficialmente a candidatura de Haddad, ao lado de grandes lideranças. Desde abril, os petistas tentavam unir Lula e Haddad em uma grande plenária do PT na quadra do Sindicato dos Bancários, no centro da capital. Não conseguiram por causa do estado de saúde do ex-presidente e adiaram o evento para junho.
Russomanno desiste de chapa com PMDB e agora mira Netinho
O pré-candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, descartou ontem a formação de uma chapa com o deputado Gabriel Chalita, pré-candidato do PMDB. A recusa ocorreu porque os peemedebistas insistiam numa aliança somente se Chalita fosse cabeça de chapa e Russomanno aceitasse a vice. Além de anunciar a pré-candidatura, Russomanno destacou um desejo pessoal de ter como vice o vereador Netinho de Paula (PC do B). “É nosso alvo preferencial; agregaria bastante.” A equipe avalia como “em bom nível” as conversas sobre a possível aliança com o PC do B, mas o vice só será confirmado na convenção do PRB, no fim de junho. A proposta de uma união com o PMDB foi levada ao vice-presidente Michel Temer, padrinho da candidatura de Chalita. O PRB, na ocasião, sugeriu que o candidato com menor intenção de votos fosse o vice na chapa. “Já que Chalita não abre mão de ser candidato e o Celso é o segundo colocado nas pesquisas (o primeiro é o ex governador José Serra), prosseguiremos com a candidatura”, afirmou o presidente nacional do PRB, Marcos Pereira. Conversas com o PMDB num eventual segundo turno não estão descartadas.
Conflitos agrários crescem 15% na gestão Dilma, aponta CPT
O primeiro ano do governo Dilma Rousseff registrou aumento de 15% no número de conflitos agrários no País, que passou de 1.186 em 2010 para 1.363 em 2011. Em contraste com anos anteriores, quando a maior parte dos confrontos derivava de ações radicais de trabalhadores, só 280 desses conflitos foram causados por invasões de sem-terra. Um total de 638 litígios – mais de 60% da estatística global – foi provocado em ações de despejo, expulsões, destruição de bens e ameaças de pistoleiros. Os dados compõem o anuário da violência no campo, divulgado ontem pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), vinculada à Igreja Católica.
Para o secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Leonardo Steiner, esse quadro deriva do “modelo equivocado de desenvolvimento” do governo federal, que dá prioridade ao agronegócio e a obras que exercem pressão sobre as terras ocupadas por indígenas, quilombolas, pescadores e populações tradicionais. O dado positivo do anuário é que o número de mortes em decorrência desses conflitos caiu de 34 em 2010 para 29 em 2011. Entre as vítimas, 11 já haviam recebido ameaça de morte, como o casal de extrativistas José Cláudio e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinado a tiros em
maio de 2011, e do cacique guarani caiová Nísio Gomes, executado dentro da aldeia, na presença do filho, em novembro passado, em Mato Grosso do Sul. O corpo do indígena foi levado por jagunços e até agora não foi localizado.
STJ quer PMs de chacina no Pará presos
Dez anos depois de serem condenados pela morte de 19 sem-terra no massacre de Eldorado dos Carajás, o coronel da Polícia Militar do Pará, Mário Colares Pantoja, e o major José Maria Oliveira terão de cumprir a pena em regime fechado. O processo contra os militares transitou em julgado no mês de abril e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que a sentença fosse “imediatamente cumprida”. Ontem, o Tribunal de Justiça do Pará decretou a prisão dos dois militares. O coronel Mário Pantoja, con-denado a 228 anos, apresentou-se ontem espontaneamente no Centro de Recuperação Especial Anastácio das Neves, uma penitenciária para policiais e ex-policiais localizada em Santa Isabel, a 45 quilômetros de Belém. Oliveira, que pegou 158 anos e 4 meses, alegou que ainda não foi notificado pelo juiz da 1.ª Vara do Tribunal do Júri de Belém, Edmar Pereira. “Se ele for notificado irá recorrer. Houve uma decisão do ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que, no nosso entendimento, ainda não foi publicada. Portanto, não há transitado em julgado, e cabe recurso”, disse o advogado Arnaldo Gama, defensor de Oliveira.
Ao se apresentar na penitenciária, segundo um policial, Pantoja teria dito que lamentava a ausência do ex-governador Almir Gabriel no processo que o condenou. Durante o julgamento, o coronel sustentou que Gabriel exigiu que a estrada bloqueada pelos sem-terra fosse “liberada de qualquer maneira”. O ex-governador alega que o comando da PM, à época, tinha plena autonomia para tomar decisões. O coronel Fabiano Lopes, que era o comandante-geral, porém, não foi indiciado. Pantoja e Oliveira afirmam que ficaram “sozinhos” no episódio.
O Globo
Bancos reagem a Dilma e não garantem crédito maior
Uma semana depois de terem se transformado em alvo da artilharia da presidente Dilma Rousseff para reduzir os juros, os bancos reagiram. Na véspera do Dia do Trabalho, a presidente foi à TV no horário nobre e criticou a “lógica perversa” do sistema financeiro, chamou de “roubo” as tarifas cobradas para administrar fundos de investimento e pediu queda urgente das taxas cobradas a consumidores e empresas. Ontem, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), enfim, se pronunciou. E não hesitou em apelar para a metáfora:
“Alguém já disse que você pode levar um cavalo até a beira do rio, mas não conseguirá obrigá-lo a beber a água”, escreveu Rubens Sardenberg, economista-chefe da federação, que divulgou ontem um relatório e pôs em dúvida a eficácia das medidas oficiais para estimular a concessão de empréstimos e aquecer a economia. Interlocutores da presidente Dilma reagiram com ironia ao relatório. Ao ouvir a frase, um técnico rebateu: – Você não pode obrigar um cavalo a beber água, mas ele também pode morrer de sede.
Bloco contra a austeridade
O status quo começa a ser seriamente questionado na Europa. Cinco eleições nos últimos dias – que vão desde as disputas municipais na Itália e no Reino Unido, passando por uma regional na Alemanha até a mudança na Presidência da França e no Parlamento da Grécia – apontam para uma rejeição pública cada vez maior aos dirigentes e partidos que apoiam políticas econômicas de acordo com o receituário alemão de austeridade no continente em crise. – Sentimos que um bloco começa a se constituir em oposição à Alemanha. Até quando a Alemanha vai poder resistir sozinha? Será que vai conservar sua liderança? Ela está cada vez mais isolada – constata Vivien Pertusot, que dirige, em Bruxelas, o Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri).
O maior exemplo desta tendência foi a volta triunfal neste fim de semana dos socialistas na França, 30 anos depois que François Mitterrand conquistou o poder numa eleição histórica, em 1981. O novo presidente, François Hollande, promete lutar contra a política de austeridade generalizada no continente. Ele quer rediscutir o pacto de estabilidade que 25 dos 27 países-membros da União Europeia (UE) assinaram em fevereiro, alegando que é preciso dar mais ênfase ao crescimento econômico. Uma proposta que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, já rejeitou ontem mesmo depois de anunciar que receberia Hollande na Alemanha “de braços abertos”: – Nós, na Alemanha, e eu, pessoalmente, somos da opinião de que o pacto fiscal não é negociável. Já foi negociado e assinado por 25 países – disse.
Preso coronel que liderou Massacre de Carajás em 96
Depois de 16 anos, o comandante da operação da Polícia Militar que resultou na morte de 21 trabalhadores sem-terra em Eldorado dos Carajás, no sudeste do Pará, foi preso ontem. O coronel da PM Mário Colares Pantoja se entregou espontaneamente nesta segunda-feira e foi encaminhado à prisão especial para militares Coronel Anastácio das Neves, que fica em Santa Izabel, no nordeste do Pará. A apresentação ocorreu horas depois de o juiz da 1 Vara do Tribunal de Justiça do Pará (TJE-PA), Edmar Pereira, ter determinado sua prisão e a do major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos coordenaram a ação, em 1996, que resultou nas mortes e foram condenados pela execução dos trabalhadores. Pantoja, ex-comandante da Polícia Militar do Pará, recebeu pena de 228 anos de prisão, e o major Oliveira, de 158 anos e 4 meses, em regime fechado.
Cachoeira também será acusado de contrabando e lavagem de dinheiro
Numa celeridade bem acima da média brasileira, a Justiça Federal de Goiás deverá concluir até o final de junho o primeiro julgamento do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A expectativa do Ministério Público Federal é que o bicheiro seja condenado a pelo menos 30 anos de prisão. Cachoeira e mais sete cúmplices, seis deles ainda presos, foram denunciados pelos procuradores Léa Batista e Daniel de Rezende por corrupção, peculato, formação de quadrilha armada e vazamento de dados sigilosos. O caso tramita paralelamente ao inquérito contra o senador Demóstenes Torres no Supremo Tribunal Federal (STF). Hoje o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decide se mantém ou não o bicheiro na cadeia.
Numa demostração de que pode ser ágil mesmo diante dos entraves burocráticos, a Justiça Federal marcou para o próximo dia 31 o depoimento de Cachoeira e dos demais réus da Operação Monte Carlo que ainda estão presos. Deverão ser interrogados ainda o araponga Idalberto Matias, o Dadá; Lenine Araújo de Souza; Wladimir Garcez; José Olympio de Queiroga; e Gleyb Ferreira da Cruz. Raimundo Washington de Souza, solto recentemente, também será interrogado.
Delegado da PF é primeiro a depor na CPI
Na estreia dos depoimentos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira interroga no início da tarde de hoje o delegado da Polícia Federal Raul Alexandre Marques Souza, coordenador da Operação Vegas. O delegado falará sobre o conteúdo do relatório da operação que aponta o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) e dos deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO) com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, conforme revelou O GLOBO em 22 e 29 de março.
Segundo auxiliares do diretor-geral da PF, Souza deverá responder às perguntas de deputados e senadores com base em aspectos técnicos e objetivos da investigação. Não emitirá opiniões pessoais sobre quem quer que seja. Mas, ainda assim, a simples passagem do delegado pela comissão poderá trazer constrangimentos ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. O procurador-geral recebeu o relatório da Vegas em 15 de setembro de 2009 e nada fez.
Delta pede computador de volta
A construtora Delta pediu à Justiça a restituição de um computador apreendido pela Polícia Federal nas investigações sobre os negócios do bicheiro Carlos Cachoeira. O pedido foi atendido na última sexta-feira pela Justiça Federal de Goiás. O juiz Paulo Augusto Moreira Lima determinou que o equipamento seja devolvido à empreiteira assim que as perícias forem concluídas. Em nota encaminhada ontem, a Delta alegou que o computador é necessário para as atividades da empresa. A relação de bens apreendidos na Operação Monte Carlo nunca foi divulgada. A empreiteira também teve um ex-diretor, Cláudio Abreu, preso pela PF por suspeita de envolvimento com o grupo do bicheiro. Investigações da Polícia Federal indicam que Cachoeira atuou como representante da Delta em vários estados, ajudando a negociar contratos da empresa com o setor público.
Falcão defende apurar denúncias contra petistas
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, evitou ontem defender a expulsão de membros do partido envolvidos nas irregularidades tratadas na CPMI do Carlinhos Cachoeira, no Congresso Nacional. O dirigente petista pregou que as denúncias devem ser devidamente apuradas antes de mais nada e defendeu os integrantes da legenda.
A CPMI discute nesta semana a convocação dos governadores do Estado do Rio, de Goiás e Distrito Federal. No caso do governador Agnelo Queiroz, do PT, as gravações da Polícia Federal indicam suposta ligação do seu ex-chefe de gabinete Claudio Monteiro com o esquema. O deputado federal Rubens Otoni, também do PT, é investigado pela Corregedoria da Câmara por suposto envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. – Eu não vou criar essa igualdade, porque as denúncias que são feitas precisam ser apuradas, e, a partir daí, cada partido toma as suas decisões. Nós não estamos preocupados com isso, porque os nossos militantes não estão envolvidos com essa organização criminosa – afirmou o presidente do PT.
Gurgel pede dados sobre contratos da Delta no Rio
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou informações aos órgãos de controle para identificar possíveis irregularidades em contratos entre a Delta Construções e o governo do Rio. Com a documentação, Gurgel avaliará se cabe ou não a abertura de pedido de investigação contra o governador Sérgio Cabral (PMDB). Cabral é amigo do ex-presidente da Delta e principal acionista da empresa, Fernando Cavendish.
No caso dos contratos da Delta no Rio, Gurgel quer saber o conteúdo de possíveis ações na esfera cível que liguem a Delta ao governo do Rio. Por isso, expediu ofícios à Procuradoria da República no Rio, ao Tribunal de Contas da União e à Controladoria Geral da União, nos quais pede dados sobre irregularidades já detectadas em contratos com a empreiteira e que receberam verba federal. Gurgel ressaltou que a medida não significa haver elementos para pedir abertura de investigação contra Cabral: – Estamos solicitando algumas informações preliminares, basicamente a respeito de contratos que envolvem a Delta. É um momento preliminar para essas informações iniciais. Não há ainda qualquer iniciativa no sentido de instauração de inquérito.
PMDB é contra convocar governadores em bloco
O PMDB vai tentar impedir que a CPI do Cachoeira inclua o governador do Rio, Sérgio Cabral, na discussão dos supostos envolvimentos dos governadores de Goiás, Marconi Perillo, e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, com o esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A oposição, em especial o PSDB, quer a votação em bloco dos pedidos de convocação de governadores dentro da CPI. Líderes do PMDB reforçaram ontem o discurso de que Cabral não é citado nas investigações e que não pode ser incluído no escândalo por causa de sua amizade com o dono da empreiteira Delta, Fernando Cavendish, que se afastou do comando da empresa.
A estratégia de defesa de Cabral feita pelo PMDB poderá ser colocada em prática com apoio do presidente da CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), que afirmou que não vai permitir a votação em bloco dos pedidos de convocação dos três governadores.
Uma sala de reclamações
A sala-cofre da CPI mista do caso Cachoeira foi aberta ontem pela primeira vez para consulta. Mas o que saiu de lá foram reclamações. Parlamentares que tiveram acesso à sala não gostaram nada do excesso de vigilância e da falta de dados. Para eles, nem todas as informações sobre o inquérito contra o bicheiro Carlos Cachoeira estão disponíveis. Falta, por exemplo, a íntegra de toda a operação deflagrada pela Polícia Federal. Mas a principal queixa dos deputados e dos senadores refere-se ao “Big Brother” montado no cofre. Eles são obrigados a deixar celular e outros objetos na entrada. Além disso, são monitorados por câmeras e não podem contar com assessores técnicos para auxiliá-los. Parlamentares dos mais diversos partidos prometem levar hoje à reunião da CPI um pedido para que o presidente da CPMI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), reveja as restrições impostas. Se elas não mudarem, o caso deve terminar no Supremo Tribunal Federal.
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