Correio Braziliense
Escuta liga distritais a grupo de Cachoeira
A Operação Monte Carlo chegou à Câmara Legislativa. Escutas telefônicas da Polícia Federal indicam que o deputado distrital Agaciel Maia (PTC), um dos nomes cotados para assumir o comando da Casa no segundo biênio da atual legislatura, mantinha uma relação com o empresário José Olímpio Queiroga Neto, preso desde 29 de fevereiro sob a acusação de manter casas de jogos no Entorno e de ser assessor do contraventor Carlinhos Cachoeira. Num dos diálogos flagrados em junho do ano passado, Agaciel conta que fez discurso em plenário contra os interesses de Olímpio, mas votou a favor de uma emenda parlamentar que o beneficiava. Em outro trecho, Olímpio diz a Agaciel não considerar conveniente a ideia de receber da Câmara Legislativa o título de cidadão honorário de Brasília que seria proposto pelo distrital.
De autoria do distrital Chico Vigilante (PT), o projeto de lei complementar em questão permite a instalação de postos de combustível em terrenos de supermercados. Em 15 de junho do ano passado, a matéria foi aprovada em primeiro turno com o voto de 13 deputados depois de muita controvérsia. Uma emenda proposta pelo deputado Raad Massouh (PPL), no entanto, invalidou o conteúdo do texto, ao permitir que apenas novos empreendimentos fossem autorizados a se instalar nessas áreas. A modificação do projeto recebeu o voto de 10 deputados, entre os quais Agaciel Maia. Até hoje, quase um ano depois, por conta de uma discussão jurídica sobre o quórum de votações, a proposição permanece parada na Casa.
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Num dos diálogos gravados pela PF, um interlocutor de Olímpio identificado como Ricardo Porto comenta com surpresa sobre possível voto de Agaciel a favor do projeto de Vigilante. A proposta do petista trombava com interesses comerciais de Olímpio. “Rapaz, ele assinou do lado contrário à gente. Cara, cê acredita? Tô te falando cara”, disse Porto. Olímpio responde: “Ah, mas cê tá brincando!”. A conversa foi gravada no mesmo dia da votação no plenário da Câmara.
Ao tomar conhecimento de que Agaciel supostamente votara contra a emenda de Raad, Olímpio ligou para o distrital do PTC e cobrou uma posição. Agaciel o tranquiliza: “Eu fiz aquele discurso, esculhambei com todo mundo e tal, mas votei a favor!”. Agaciel ainda afirma que conseguiu o apoio de outros distritais, numa articulação que o deputado Cristiano Araújo (PTB) poderia comprovar.
Honraria
O diálogo entre Agaciel e Olímpio a respeito da homenagem que receberia na Câmara Legislativa foi gravado nove dias antes. O próprio empresário agradece e descarta a honraria. O projeto nunca chegou a ser protocolado na Câmara Legislativa. Ao Correio, Agaciel Maia disse ontem que não se lembra da conversa sobre a homenagem, tampouco de ter algum dia pensado em oferecer ao empresário, hoje preso na Papuda, o título de cidadão honorário. Ele nega relação próxima com o suposto assessor de Cachoeira.
Agnelo diz confiar em Filippelli
O governador Agnelo Queiroz (PT) declarou ontem por meio do porta-voz do Governo do DF, Ugo Braga, que tem “obrigação institucional” de não acreditar na participação do vice-governador, Tadeu Filippelli (PMDB), em suposta tentativa de prejudicá-lo. Numa das interceptações telefônicas da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, insinua em conversa com Marcello de Oliveira Lopes, conhecido como Marcellão — policial civil que trabalhou com o ex-chefe de gabinete da governadoria Cláudio Monteiro —, que o vice-governador pagava jornalistas para manter uma campanha ostensiva de ataques a Agnelo.
Por conta da divulgação nos últimos dias no noticiário pela internet desse trecho das escutas do inquérito, o porta-voz do GDF fez um pronunciamento: “Sobre as informações publicadas a respeito de uma suposta articulação do vice-governador Tadeu Filipelli com jornalistas, com o intuito de prejudicá-lo, o governador Agnelo Queiroz afirma que, caso algo desse nível tenha de fato acontecido, considera inaceitável”. E acrescentou: “Porém, (Agnelo) afirma ter obrigação institucional de não acreditar em algo assim”. De acordo com Ugo Braga, o governador considera que Filippelli é leal. “O vice-governador tem demonstrado lealdade e comprometimento com o Governo do Distrito Federal, o que contradiz as conversas de terceiros interceptadas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Monte Carlo”, afirmou o porta-voz.
Cachoeira afirma ser sócio de empreiteira
A empresa que mais recebeu dinheiro do governo de Goiás, no primeiro ano da atual gestão de Marconi Perillo (PSDB), tem como sócio o bicheiro Carlinhos Cachoeira, segundo o próprio contraventor, em diálogo telefônico gravado pela Polícia Federal em agosto de 2011. Numa conversa com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, também investigado no âmbito da Operação Monte Carlo, Cachoeira diz ser sócio da Warre Engenharia nas obras do Parque Mutirama, em Goiânia, com 30% de participação.
Fraudes na reforma e ampliação do parque são investigadas pela PF desde o ano passado, o que levou o bicheiro a pedir o serviço de arapongagem de Dadá. “Eu sou sócio deles nessa obra. Então eu, senão pinga em mim, entendeu?”, disse Cachoeira. Em 2011, a Warre Engenharia foi a maior fornecedora do governo de Goiás para despesas de investimento. A empreiteira recebeu R$ 13,7 milhões da gestão de Perillo e ocupou o topo da lista dos maiores fornecedores do estado.
Até a posse do tucano, que deve ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em razão do envolvimento com Cachoeira, a Warre Engenharia não havia recebido tanto dinheiro do governo goiano. Em 2010, a empreiteira recebeu R$ 923 mil do estado e ocupou a 55ª posição na lista dos maiores fornecedores do governo. No ano anterior, foram R$ 3,1 milhões em repasses, o que garantiu a 31ª posição na lista. A Delta Construções, cujos diretores mantinham relações de proximidade com o bicheiro e também alvo da CPI instalada no Congresso, ficou como a maior fornecedora do governo goiano para despesas de custeio. Os repasses no primeiro ano da gestão de Perillo somaram R$ 48,5 milhões.
Filiados no Brasil chegam a 15 milhões
O Tribunal Superior Eleitoral divulgou ontem o último balanço de filiados a partidos políticos antes das eleições municipais de outubro. Nos últimos seis meses, o número de eleitores registrados em alguma legenda subiu 200 mil e chegou a pouco mais de 15 milhões de pessoas. O contingente apto a participar das eleições de outubro, no entanto, é o referente ao balanço anterior, de outubro do ano passado, que foi de 14,8 milhões de pessoas.
O PMDB manteve a liderança do ranking com 2,3 milhões de eleitores registrados. Aliado dos peemedebistas no plano federal, o PT vem na sequência com 1,5 milhão, seguido por PP, com 1,3 milhão; PSDB, que apresentou 1,3 milhão de filiados; e PDT, 1,2 milhão. A novidade do ranking ficou por conta do recém-criado PSD. Com menos de um ano de existência, a legenda do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, apresentou uma lista com 173 mil nomes agregados às fileiras da sigla.
Um Brizola na Esplanada
Depois de quase cinco meses da novela em torno da substituição do pedetista Carlos Lupi no comando do Ministério do Trabalho, a presidente Dilma Rousseff oficializou ontem o retorno da pasta para as mãos do PDT, mas com um nome que está longe de representar um consenso na legenda. Escolhido por Dilma, o deputado Brizola Neto (RJ) chega ao ministério com o apoio das centrais sindicais, sobretudo da Força Sindical, mas enfrentando uma dura resistência da bancada pedetista no Congresso.
“Há um enorme desconforto na bancada com a escolha de um nome que não tem trânsito no partido e não representa uma escolha da legenda”, diz o deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA). A ala de insatisfeitos da sigla reclama não ter sido recebida pela presidente para discutir as opções para o ministério. “A presidente não pode querer que assuma um nome definido por ela nessas condições. Essa atitude atrapalha a relação com a bancada, é uma intromissão indevida em uma escolha que deveria ser do partido”, reclama o deputado.
O Globo
Juros fazem Dilma atacar bancos na TV
A presidente Dilma Rousseff usou o pronunciamento em homenagem ao Dia do Trabalho para cobrar do sistema financeiro nacional a redução das taxas de juros. Dilma disse que o Brasil tem hoje um dos mais sólidos e lucrativos sistemas financeiros e, portanto, não há justificativa para que, numa economia estável, o país tenha “um dos juros mais altos do mundo”. Segundo a presidente, com a redução da Taxa Selic (hoje em 9% ao ano) o sistema financeiro não tem como explicar “a lógica perversa” de manter altos juros nos empréstimos, no cheque especial e nos cartões de crédito.
– Nosso sistema bancário é um dos mais sólidos do mundo, está entre os que mais lucraram. Isso tem dado (ao sistema) força e estabilidade, o que é bom para toda a economia, mas também permite que dê crédito melhor e mais barato aos brasileiros – disse a presidente. – É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Estes valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isso.
Contra PDT, Brizola Neto vira ministro
Escolha pessoal da presidente Dilma Rousseff, o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) assumirá nesta quinta-feira o Ministério do Trabalho, com respaldo das duas principais centrais sindicais – CUT e Força Sindical -, mas sem o apoio de parte da bancada do PDT na Câmara e do presidente do partido, Carlos Lupi. Brizolinha, como é chamado no meio político e por Dilma, assumirá o posto ocupado por Paulo Roberto Pinto interinamente desde dezembro, quando Lupi saiu do cargo após denúncias de irregularidades em convênios da pasta com ONGs.
Lupi se reuniu pela manhã com Dilma e com o ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, no Planalto, mas foi apenas informado da escolha, e não consultado. A presidente já estava decidida sobre a indicação de Brizola Neto há quase dois meses, como publicou o Panorama Político, do GLOBO, em 12 de março.
Governo quer mudar leis trabalhistas
O governo trabalha para colocar em prática um dos projetos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso que nunca saíram do papel por falta de apoio no Congresso. Trata-se de uma flexibilização da CLT que permita às empresas e sindicatos fecharem acordos sobre direitos trabalhistas com regras mais elásticas, como parcelamento das férias de 30 dias, da licença-maternidade e do descanso de uma hora para almoço.
Segundo a minuta de projeto de lei que está em fase final de análise na Casa Civil, o objetivo é o mesmo da proposta encaminhada ao Congresso na gestão FH: fazer com que o negociado possa prevalecer sobre a legislado. A diferença é que o projeto atual fixa parâmetros mais rígidos para que isso ocorra, como a exigência de que os sindicatos tenham habilitação prévia do Ministério do Trabalho e instalem comitês dentro das fábricas, eleitos pelos trabalhadores e que farão a negociação direta.
PMDB age para blindar Cabral e evitar CPI
Tranquilos até poucos dias atrás com o tiroteio entre PT e oposição, que mantinha o PMDB distante do alvo central da CPI do caso Cachoeira, integrantes da cúpula do partido começaram a se mobilizar no fim de semana para tentar blindar o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e evitar que seja aprovada sua convocação para depor logo no início dos trabalhos. Dirigentes peemedebistas não escondiam ontem o desconforto e a preocupação com a superexposição das relações de Cabral com o dono da Delta, Fernando Cavendish, em fotos divulgadas pelo ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ).
A avaliação feita em conversas reservadas era de que a CPI começa a caminhar com as próprias pernas, e que a cúpula do PMDB terá que rever sua estratégia inicial de se manter à margem da CPI que nunca quis. Por isso, apesar do feriado de hoje, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), chega a Brasília para uma reunião com o presidente licenciado do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), para discutir como conduzir o caso e não deixar que o foco da CPI extrapole o objeto de sua criação: o esquema Carlinhos Cachoeira, Delta e o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
A preocupação é com o descontrole das investigações além dos limites dos negócios da Delta no Centro-Oeste – que podem atingir os governadores Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF). O governador do Distrito Federal é o único que já tem pedido de inquérito aberto pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sob a alegação de que assessores receberam propina para facilitar contratos em seu governo. Marconi Perillo é acusado de relações estreitas com o grupo de Cachoeira e Demóstenes, que teriam indicado servidores em postos de alto escalão em seu governo. Mas não há ainda inquérito ou gravações que o incriminem diretamente.
Alckmin vai reavaliar contratos com a Delta
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que reavaliará os contratos da administração estadual com a Delta Construções, empreiteira investigada por suspeitas de fraudes. Na semana passada, a bancada do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo pediu ao Ministério Público Estadual apuração de supostas irregularidades nos contratos para ampliação da Marginal do Tietê, a maior obra da construtora em São Paulo desde 2003. A administração estadual possui atualmente três contratos com a construtora, no valor total, segundo estimativa de membros do governo estadual, de R$ 75 milhões.
– Nós tínhamos alguns contratos que já se encerraram, nem são do meu mandato. Hoje, se tiver, são dois, três contratos de valor muito pequeno, mas é sempre bom rever e analisar. Eu acho que investigar é sempre bom, esclarecer é bom e se tiver algo errado, punir. As obras da construtora são em nível federal, através do Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC), e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, se tiver, são três contratos e ainda antigos – disse o governador de São Paulo, ao participar da Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).
Código de Ética no Rio ainda está no papel
Dez meses depois de ter sido criado por decreto pelo governador Sérgio Cabral, o Código de Conduta de Ética do estado do Rio será modificado sem ter sido utilizado uma única vez por duas comissões – uma para analisar os atos dos servidores públicos estaduais, presidida pelo ex-presidente do Tribunal de Justiça, Marcus Faver, e outra só para o alto escalão, presidida pelo secretário da Casa Civil, Régis Fichtner. No dia 8, haverá uma nova reunião das comissões para decidir sobre propostas de mudanças que serão encaminhadas ao governador.
A decisão de Sérgio Cabral de criar um código de ética e duas comissões para fazê-lo valer ocorreu depois que Cabral veio a público reconhecer ter usado jato do empresário Eike Batista para ir do Rio ao Sul da Bahia, onde participaria do aniversário de Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empreiteira que tem contratos com o governo de R$ 1,4 bilhão. A festa teve um desfecho trágico, com a queda do helicóptero e a morte de sete pessoas, entre elas a mulher de Cavendish, Jordana Kfouri.
Gravações sugerem envolvimento do jogador Túlio com Cachoeira
A teia de relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal em fevereiro durante a Operação Monte Carlo, alcançou até mesmo o jogador Túlio Maravilha, que foi vereador em Goiânia pelo PMDB. Uma série de telefonemas gravados pela PF com autorização judicial – a maioria entre o contraventor e o vereador de Goiânia Santana Gomes (PMDB) – mostram que Túlio procurou ajuda do bicheiro em março de 2011 e queria até mesmo contratá-lo como funcionário fantasma. Cachoeira e Santana falam também de um pagamento de R$ 30 mil ao jogador.
O advogado de Túlio, Levy Leonardo, confirmou ontem que seu cliente recebeu R$ 30 mil de Cachoeira para sua campanha de deputado estadual em 2010. Leonardo atribuiu a doação à paixão de Cachoeira pelo Botafogo, clube em que Túlio jogou.
– Túlio é uma pessoa muito carismática. Ele se envolve com as pessoas, conhece bastante gente. Um dado importante é que Cachoeira é botafoguense. Pode ter vindo daí esse conhecimento dele com o Túlio. Mas envolvimento em negócios, esquemas, nunca houve.
Fita teria imagens comprometedoras de Túlio
As ligações interceptadas pela PF vão de 11 a 31 de março de 2011. O nome de Túlio é citado várias vezes, mas em nenhum momento sua voz aparece nas gravações. Em em 13 de março, Carlinhos conversou com o contador do grupo, Geovani Pereira, que está usando o telefone de Santana. O comparsa do bicheiro diz que Santana descobriu o motivo do interesse de Túlio:
– (Santana) descobriu o que o Túlio quer com você. O Túlio quer nomear você no gabinete dele. Diz que teve problema com o goleiro do Morrinhos (time de futebol do interior de GO) – disse Geovani a Cachoeira, rindo.
Pouco mais de uma hora depois, Cachoeira liga para Santana e confirma a história:
– Descobri tudo, viu. Conluio. Wladimir e Túlio para mim (sic) ser laranja. Os dois iam partir o salário – diz Cachoeira, em referência a Wladimir Garcez (PSDB), ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia.
Ministros de Dilma e do STF estão em conversas de Demóstenes e bicheiro
Com a fama de perseguidor de corruptos, Demóstenes Torres (sem partido-GO) conseguiu a proeza de ter acesso a muitos gabinetes de ministros, mesmo sendo da oposição. Desde que estourou a Operação Monte Carlo, há dois meses, essa desenvoltura vem gerando constrangimento a vários ministros do governo Dilma e também do Supremo Tribunal Federal.
O titular das Minas e Energia, Edison Lobão, é um dos citados nas gravações da Polícia Federal. Em conversa de 8 de junho de 2011, o bicheiro Carlinhos Cachoeira discute com o então diretor da construtora Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, a divisão de negócios em Goiás. Em dado momento, o diretor da Delta diz que o ministro teria dado um recado a Demóstenes sobre o negócio. Procurado, Lobão disse que só recebeu Demóstenes para tratar da venda da companhia de energia de Goiás, Celg, à Eletrobras.
Nos últimos dias, também vieram à tona diálogos que mostram que Demóstenes teria procurado o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e o então ministro da Educação, Fernando Haddad, para defender assuntos de interesse da quadrilha. Padilha foi citado em conversa entre Cachoeira e seu auxiliar Wladimir Garcez em março do ano passado. Segundo o auxiliar, o ministro teria sugerido que ajudaria um negócio do grupo na área farmacêutica. Padilha disse nunca ter recebido Cachoeira ou Wladimir, mas reconheceu que várias vezes Demóstenes foi à pasta pedir benefícios para a indústria farmacêutica de Goiás.
Folha de S. Paulo
No Dia do Trabalho, Dilma ataca os bancos
A presidente Dilma Rousseff aproveitou a comemoração do Dia do Trabalho para cobrar dos bancos privados, em cadeia nacional de rádio e televisão, a redução mais contundente das taxas de juros.
Dilma afirmou que não há justificativa para os patamares praticados e que o setor financeiro “não tem como explicar essa lógica perversa aos brasileiros”.
“É inadmissível que o Brasil, que tem um dos sistemas financeiros mais sólidos e lucrativos, continue com um dos juros mais altos do mundo. Esses valores não podem continuar tão altos. O Brasil de hoje não justifica isso”, disse a presidente.
Cachoeira negociou a compra de partido, diz PF
O empresário Carlos Cachoeira, acusado de corrupção e suspeito de comandar uma rede de jogo ilegal, negociou a compra do controle de um partido político, conforme indicam gravações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo.
Uma sequência de diálogos ocorrida em maio de 2011 faz referência ao negócio e cita o nome do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o de um assessor do governador Agnelo Queiroz (PT-DF).
No dia 5 daquele mês, apontam os grampos, Cachoeira havia jantado com Perillo na casa do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO).
No dia seguinte, Cachoeira conversa com Edivaldo Cardoso, ex-presidente do Detran-GO, que também participara do encontro.
“O partido que o Marconi falou ontem é o P de pato, R, P de pato?”, pergunta Cachoeira, se referindo ao nanico PRP (Partido Republicano Progressista).
Cachoeira prossegue: “O cara de Brasília, que eu ajudei muito na campanha, é do partido. (…) Hoje é chefe de gabinete do Agnelo.”
O empresário se refere ao então chefe de gabinete do governador petista, Cláudio Monteiro, que foi candidato a deputado distrital pela sigla, em 2010. O tio dele é presidente do PRP em Brasília.
PESQUISA
Três dias depois desse diálogo, Cachoeira fala com o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, apontado como o araponga do grupo, que sugere contato com outro nanico, o PRTB.
“Lá é o Levy Fidelix o presidente. Aí alguém tem que ligar lá pra falar pra ele vir a Brasília”, diz Dadá.
No mesmo dia, Cachoeira pede para o ex-vereador Wladimir Garcez, apontado pela PF como seu assessor e contato direto do grupo com Perillo, mandar mensagem “para o nosso maior”, perguntando “se é bom pegar o PRTB.”
No dia 16 de maio, Dadá diz a Cachoeira que Levy Fidelix, do PRTB, chegaria a Brasília para tratar do assunto.
Um dia antes, no entanto, Cachoeira havia manifestado estar “de olho” no PRP e que o objetivo era “tomar o partido”.
Dilma indica Brizola Neto para ministro do Trabalho
Mesmo com o PDT rachado, a presidente Dilma Rousseff anunciou ontem o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) como novo ministro do Trabalho, numa escolha pessoal.
Acatando sugestão do ex-presidente Lula, nomeou o titular da pasta um dia antes da festa do Dia do Trabalho.
O pedetista estreia informalmente hoje durante comemorações do Primeiro de Maio em São Paulo. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) representará Dilma no evento. A posse será na quinta.
Carvalho fará ainda um anúncio aos sindicalistas, de que o governo concordou em isentar de Imposto de Renda os pagamentos recebidos por participação nos lucros e resultados das empresas.
As centrais sindicais pedem que fiquem isentos valores até R$ 20 mil, enquanto o governo acenava com isenção até R$ 6.000 na semana passada. Dilma tende a ceder um pouco mais.
Deputado usou cargo para agilizar vistos do grupo de Cachoeira
Gravações feitas pela Polícia Federal apontam que o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) usou o prestígio do cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara para agilizar a emissão de vistos internacionais a pedido do grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo sob a acusação de comandar um esquema de jogo ilegal, acionou Leréia para conseguir um visto para sua sogra Meire Alves Mendonça e uma babá viajar aos EUA no ano passado.
O tucano também teria obtido vistos para familiares do ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB), apontado como operador do esquema. Leréia é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal que apura suas ligações com Cachoeira.
As gravações obtidas pela Folha mostram Cachoeira celebrando a posse do deputado como presidente da comissão de Relações Exteriores em 2 de março de 2011: “Você agora é o homem dos vistos, é?”.
O deputado brinca e cita o episódio envolvendo os passaportes aos filhos do ex-presidente Lula. “Rapaz, o primeiro que quero chamar é o Lula pra depor. Aquele negócio dos vistos dos filhos dele. Vou falar “o Lula vem cá, vamos fazer um acordo”. O pessoal perguntou se falo inglês, falei “estudei junto com o Lula, somos colegas de turma””.
Às 17h10 de 27 de abril, Leréia e Cachoeira comentam a emissão do visto de Meire Mendonça, mãe de Andressa, sua mulher. “Quando que ela tem a viagem dela, tá previsto pra quando?”, questionou Leréia. “Você põe aí Leréia a viagem dela quando liberar o visto aí”, disse Cachoeira.
Gravações da polícia mostram interceptação ilegal de e-mails
O sargento reformado da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, interceptou e-mails ilegalmente, segundo gravações feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo.
Em conversa gravada com autorização judicial, o empresário Carlinhos Cachoeira fala com Claudio Abreu, ex-diretor da construtora Delta.
Abreu diz a Cachoeira que quem estava fomentando Alberto Fraga -presidente do diretório regional do DEM em Brasília- a fazer críticas ao governo do DF era o jornalista Edson Sombra, dono de um blog crítico ao governador.
Abreu avisa: “Eles conseguiram a quebra de e-mail, né? O Chico que conseguiu”. Chico era o apelido usado para falar sobre Dadá.
PF apura ligação de Delúbio com fraude no ES
Em Presidente Kennedy, no litoral sul do Espírito Santo, a Justiça determinou no mês passado a prisão do prefeito e afastou o vice e quatro dos nove vereadores da Câmara.
A decisão foi o primeiro resultado de uma operação da Polícia Federal, batizada de Lee Oswald (assassino do presidente norte-americano John Kennedy em 1963), contra esquema de fraude a licitações e desvio de verbas que envolveria empresários e administradores da cidade.
As investigações da PF e do Ministério Público estadual encontraram indícios, no entanto, que Presidente Kennedy -distante 150 quilômetros de Vitória- seria apenas a ponta de um esquema que se espalha por outros municípios do Espírito Santo, Goiás, Bahia, Minas e São Paulo.
Em dado momento, apareceu nas investigações o nome do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, um dos réus do processo do mensalão, conforme revelou a coluna Painel. Delúbio teria discutido formas de vender a outras cidades lousas digitais, um dos focos de fraude apontados.
Governo pode reverter por MP perda em lei florestal
Na tentativa de reverter a principal derrota imposta pelos ruralistas na reforma do Código Florestal, o governo discute a edição de uma medida provisória (MP) reformulando os percentuais de recuperação de florestas desmatadas em margem de rio.
A ideia é beneficiar os pequenos agricultores, por um sistema escalonado de faixas de recomposição, e exigir dos grandes produtores um reflorestamento maior do que foi desmatado ilegalmente.
O governo quer baixar a medida provisória quando definir seus vetos ao texto aprovado pelo Congresso A área ambiental do governo defende um veto global.
O Estado de S. Paulo
Líder do PSDB defende que Leréia se licencie do partido
O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defendeu ontem que o deputado tucano Carlos Alberto Leréia (GO) se licencie do partido até que as investigações contra ele em curso na Câmara sejam concluídas. Leréia é suspeito de envolvimento com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para investigá-lo.
O deputado do PSDB também é alvo de representação na Corregedoria da Câmara. Ele já apresentou sua defesa prévia. Nos últimos dias, grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal no curso da Operação Monte Carlo mostraram uma relação próxima entre Leréia e Cachoeira. Em um dos diálogos, de abril do ano passado, o deputado tucano pede a senha de segurança do cartão de crédito do contraventor. Ao recebê-la, ele diz: “É bom que pode gastar seu dinheiro aqui, então”.
“Por mais que seja constrangedor para o partido, chegou a hora de o partido tomar uma providência”, afirmou o líder do PSDB no Senado. Dias disse que Leréia deveria tomar a mesma atitude do deputado Stephan Nercessian, do PPS do Rio, que pediu afastamento do seu partido, assim que foi revelado que recebeu recursos de Cachoeira. “Ele deveria se afastar no decorrer das investigações.”
Comissão fará convite para Gurgel depor
O presidente e o relator da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) e deputado Odair Cunha (PT-MG), vão fazer um convite na quarta-feira para que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, compareça à comissão parlamentar que tem por objetivo investigar as relações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. O encontro de Vital e Cunha está marcado para as 10h na sede do Ministério Público Federal, em Brasília.
A dupla pretende fazer o convite para que Gurgel explique posteriormente à CPI, entre outros assuntos, o motivo pelo qual demorou três anos para abrir no Supremo Tribunal Federal (STF) uma investigação contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) por envolvimento com Cachoeira.
A decisão da dupla é um gesto político que procura evitar que a comissão vote requerimentos que pretendem convocar o chefe do Ministério Público.
No caso do convite, ele pode ser declinado. Já uma convocação para uma CPI não pode ser recusada. Na semana passada, durante a primeira reunião de trabalho da comissão, o senador Fernando Collor (PTB-AL) quis convocar Gurgel. Petistas demoveram-no da ideia de pedir a votação do requerimento. “Vamos fazer um convite para ele esclarecer as razões para abrir o inquérito no STF”, explicou Vital do Rêgo.
Deputado federal Brizola Neto (PDT- RJ) é o novo ministro do Trabalho
Cinco meses depois de demitir o ministro do Trabalho por suspeita de corrupção, no rastro da faxina administrativa, a presidente Dilma Rousseff anunciou nesta segunda-feira o deputado Brizola Neto (PDT-RJ) como novo titular da pasta. A escolha foi divulgada na véspera do Dia do Trabalho, em meio à CPI do caso Cachoeira, mas não agradou totalmente ao PDT.
Foi o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem aconselhou Dilma, na quarta-feira, a não deixar o Dia do Trabalho, nesta terça, ser comemorado sem ministro. Em almoço no Palácio da Alvorada, Lula disse à sua sucessora que, se a novela com o PDT continuasse, ela não apenas seria alvo de críticas nos palanques como o PT poderia receber “troco” na campanha e até na CPI.
Novo ministro prega unidade do partido
O novo ministro Brizola Neto tem como primeiro desafio unificar o PDT, ainda resistente à escolha de seu nome para a pasta. Assim que a escolha foi confirmada, Brizola Neto começou a conversar com os parlamentares de seu partido em busca de unidade. Uma reunião com a bancada deverá acontecer na próxima semana, depois da posse formal, marcada para quinta-feira. “O fundamental é a unidade do partido e acabar com qualquer tipo de insatisfação”, disse. O ministro ressaltou que o PDT sempre deu demonstrações de apoio ao governo e ao programa desenvolvido pela presidente Dilma Rousseff. “Não teremos grandes dificuldades em seguir o projeto de unidade do partido”, previu. Segundo ele, o compromisso de todos é com a identidade do partido com o governo e com o projeto que representa o governo Dilma.
CPI e mensalão viram temas do 1º de Maio
Além da pauta de reivindicações trabalhistas, as comemorações do 1.º de Maio deste ano serão marcadas por temas políticos. Na festa que realiza no Vale do Anhangabaú, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) – maior do País – vai cobrar do Congresso a apuração das denúncias que apareceram na CPI do Cachoeira, envolvendo as relações entre políticos e o contraventor Carlinhos Cachoeira. “É preciso deixar claro para a sociedade os mecanismos de uso do poder econômico e político, em vários setores, para beneficiar pessoas e empresas”, diz o presidente da CUT, Artur Henri-que. “Isso ajudará a criar um clima mais favorável para uma futura reforma política.” Alinhada com o PT, a CUT também deve atacar o tema do julgamento do mensalão do STF. “Queremos um julgamento justo, de acordo com as provas que estão nos autos”, disse Henrique.
Apesar de cobranças pontuais, a CUT deve celebrar o 1.º de Maio alinhada com o governo Dilma Rousseff. O mesmo ocorre com a Força Sindical, segunda maior central, que realiza sua festa na Praça Campo de Bagatelle. Uma das razões é a nomeação, anunciada ontem, do deputado federal Brizola Neto para o cargo de ministro do Trabalho. Ele é filiado ao PDT, o mesmo partido do presidente da Força, o também deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
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