O Globo
Desagravo a mensaleiros
Enquanto o Palácio do Planalto tenta virar a página do escândalo do mensalão, o PT fez questão de lembrar e festejar, na abertura do 5° Congresso do partido, na noite de ontem, em Brasília, os expoentes petistas presos após condenação no julgamento feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Do discurso do presidente do PT, Rui Falcão, a gritos de guerra, adesivos e camisetas vendidas por militantes, o clima era de desagravo a José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares no ato que contou com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
Logo que Lula e Dilma chegaram ao auditório, a plateia gritou em coro: “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”, “Genoino, guerreiro do povo brasileiro e “Delúbio, guerreiro do povo brasileiro”. Também abriram uma faixa ‘Anulação da Ação Penal 470’ numa referência ao processo do mensalão no Supremo, e gritaram “julgamento de exceção, queremos anulação”.
Apesar dos apelos da militância petista, o ex-presidente Lula abriu seu discurso avisando que não falaria sobre o mensalão: — Tenho dito publicamente que não falarei da ação penal 470 enquanto não terminar a última votação. É uma decisão minha, acho prudente e temos coisas para discutir pela frente.
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Quando ele iniciou o discurso, a plateia gritou, em coro: — Lula, guerreiro, defende os companheiros! o ex-presidente não resistiu e se referiu indiretamente ao mensalão: — Eles tinham medo do Lula, agora têm que enfrentar a Dilma e o Lula, agora têm que enfrentar um partido que, na maior campanha de difamação, faz um PED (Processo de Eleição Direta) e coloca mais de 400 mil militantes para votar. Lula afirmou que o PT recebe tratamento diferente da imprensa. — Nosso partido tem sido vítima das suas virtudes e não só de seus defeitos.
PublicidadeTendência cobra compromisso com metas históricas
Mesmo após a reeleição do presidente nacional do PT, Rui Falcão, com 70% dos votos, em novembro, o partido iniciou o seu 5° Congresso com um racha significativo entre suas duas principais correntes: a Construindo um Novo Brasil (CNB) e a Mensagem ao Partido. As divergências abrangem não só a formação da nova Executiva Nacional, eleita anteontem, mas também os rumos, desafios e prioridades do PT, que tentará reeleger a presidente Dilma Rousseff no próximo ano.
Embora numericamente menor, a segunda maior corrente do PT, a Mensagem ao Partido, tem entre seus expoentes o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Tarso chegou a pregar a “refundação” do partido em meio ao escândalo do mensalão, cujo julgamento e resultado foram contestados no Congresso, ontem à noite. A tendência preparou um manifesto, distribuído ontem, com críticas à atual direção do PT.
Uma das críticas é à decisão da cúpula de separar as teses a serem discutidas no 5° Congresso da proposta de governo para um eventual segundo mandato de Dilma. Preocupada em não causar ruídos na campanha à reeleição, a direção do PT decidiu abrir o 5° Congresso agora e retomá-lo apenas em 2015, quando será feito realmente o debate para renovar o programa partidário. O temor era que teses caras ao PT, como a renovação do socialismo, desgastassem Dilma em sua campanha à reeleição.
Máfia do ISS: 10 fiscais levaram R$ 1,6 milhão
Os dez fiscais da prefeitura de São Paulo denunciados anteontem ao Ministério Público receberam pelo menos R$ 1,63 milhão em propinas entre junho de 2010 e outubro de 2011 da quadrilha que desviava recursos de tributos municipais. Denunciados por um dos integrantes do grupo, Luis Alexandre Magalhães, a maior parte desses funcionários públicos já vem sendo investigada pela Controladoria Geral do Município, tanto por manter patrimônio incompatível com seus salários como por supostas fraudes na cobrança de tributos, não só o Imposto Sobre Serviço (ISS).
Ontem, a Promotoria abriu o cofre de Ronilson Bezerra Rodrigues, considerado o chefe do grupo, e encontrou R$ 72,7 mil em dinheiro. Luis Alexandre — chamado pelo Ministério Público paulista de “Testemunha Ômega”, numa tentativa de preservar sua identidade — receberá o benefício da delação premiada. Em seu depoimento anteontem, afirmou ao promotor Roberto Bodini que o esquema chefiado por Ronilson incluía dez fiscais que eram remunerados para apresentar clientes à quadrilha. Esses clientes seriam as empresas que pagariam a propina para ter seus impostos reduzidos.
Alves cede e Câmara deve criar 94 cargos para siglas
A pressão política falou mais alto e o plenário da Câmara deve aprovar, na próxima semana, a criação de 94 cargos comissionados para atender as lideranças dos dois novos partidos, o PROS e o Solidariedade. Serão 47 para cada um, com custo estimado de R$ 11,5 milhões em 2014. O correto seria fazer nova distribuição dos cargos já existentes, considerando-se o tamanho atual de cada bancada.
Porém, como já ocorreu na época da criação do PSD, quando os partidos que perderam deputados não aceitaram ficar sem as funções comissionadas de suas lideranças, o presidente Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) criará os cargos, com a promessa de extingui-los no início da nova legislatura. No entanto, a pressão será grande para impedir a extinção automática desses novos cargos no início de 2015. O projeto de criação de cargos para os dois partidos novatos estava na pauta de votações da esvaziada sessão de ontem, e só não foi votado porque o PSOL protestou.
Os novos cargos foram criados porque partidos como DEM e PPS, que perderam deputados no último troca- troca partidário, não aceitaram ficar sem suas funções comissionadas. Alves avisou que o projeto será votado terça-feira. — A regra aqui no Legislativo é sempre esta: o que está criado e lotado nunca se reduz, apenas amplia-se o quadro. Repartir nunca, adicionar sempre.
Dilma e Lula são vaiados em evento de direitos humanos
Para uma plateia dividida entre vaias e aplausos, a presidente Dilma Rousseff lembrou ontem, durante a entrega do Prêmio Direitos Humanos 2013, que foi torturada e que só quem já passou por esse tipo de violência sabe o desrespeito à Humanidade que significa. Em discurso, ela reconheceu que ainda há tortura sendo praticada no Brasil. Dilma comemorou a regulamentação da lei que cria o Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura. Entre os participantes do 1° Fórum Mundial de Direitos Humanos havia índios protestando contra mudanças da demarcação de terras indígenas e opositores do governo.
Em palestra após a entrega dos prêmios, o ex-presidente Lula foi vaiado, principalmente pelos representantes de entidades de defesa dos índios e por indígenas. Enquanto discursava, defendendo as ações dos governos petistas, alguns manifestantes chamavam Lula de “ladrão e traior”. e tem uma coisa que não me assusta, é protesto. Eu nasci assim. Mas nós, governantes, precisamos ter consciência de que a democracia exige muito de nós — disse o ex-presidente.
Abraji relata 70 agressões intencionais a jornalistas
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) informou, em nota, que 70 dos 113 casos de agressão contra jornalistas ocorridos no país desde o início dos protestos deste ano, em junho, foram intencionais, ou seja, realizados a despeito da identificação das vítimas como profissionais da imprensa. As agressões analisadas pela instituição ocorreram entre junho e outubro.
Entre os casos estão intimidação, violência física, tentativa de atropelamento, ataque de cães policiais, furto ou dano de equipamentos (não incluídos carros de reportagem ou sedes de empresas de comunicação), além de prisão. A Abraji, a partir de novembro, tentou entrar em contato com todas as vítimas para verificar se a agressão havia sido deliberada ou não. Apenas em 21 casos não foi possível localizar a vítima ou ela não respondeu à solicitação.
Além disso, um dos repórteres localizados não soube dizer se a agressão havia sido intencional ou não. A exceção desses jornalistas ( 22 casos), o universo analisado foi reduzido a 91 agressões, das quais 70 (ou 77%) foram deliberadas, São Paulo e Rio de Janeiro, com 26 e 15 casos, respectivamente, são as cidades com mais agressões desse tipo. Na capital paulista, somente no dia 13 de junho foram registrados 14 ataques, todos de autoria da Polícia Militar.
Escolas com nomes de ditadores são rebatizadas
Uma eleição escolar pode decretar uma ironia histórica: o nome do 1° ativista político Carlos Marighella (1911-1969) deve batizar um colégio estadual da Bahia que possui o nome do ex-presidente Emilio Garrastazu Médici (1905-1985). Os alunos da escola, em Salvador, realizaram a votação esta semana. Já no Rio, por iniciativa da Comissão da Verdade estadual, e com a colaboração das secretarias estaduais de Assistência Social e Direitos Humanos e de Educação, o Colégio Estadual Presidente Costa e Silva, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, terá seu nome mudado para Abdias Nascimento.
A cerimônia que marcará a adoção do novo nome será hoje à tarde. Marighella ficou em primeiro na eleição da escola baiana, com 406 votos, e o geógrafo Milton Santos em segundo, com 128. A secretaria estadual de Educação informou ontem, contudo, que ainda não foi comunicada, oficialmente, pela direção da escola sobre a pretensão da mudança do nome e tampouco o resultado da votação. Quando isso ocorrer vai decidir se troca o nome.
O Estado de S. Paulo
Campos indica que deixa governo em abril para ‘estar na rua’
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), indicou ontem, em João Pessoa, que irá se desincompatibilizar do cargo em abril do próximo ano para disputar a Presidência da República. Em entrevista à Rádio Correio FM, Campos, numa referência à sua futura candidatura, disse que, a partir de abril, vai estar ana rua, sem função nenhuma, com o sentimento do povo”.
Oficialmente, o governador pernambucano não assume a provável candidatura ao Palácio do Planalto em 2014. Na entrevista à rádio da capital da Paraíba -onde esteve para receber o título de Cidadão Pessoense -, Campos ressaltou que tinha outras opções, como terminar o seu mandato de governador, ocupar um ministério ou se eleger senador com forte apoio popular.
Ele reiterou ter recebido do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a garantia de não será candidato no lugar da presidente Dilma Rousseff, que vai disputar a reeleição. Campos destacou a lealdade ao ex-presidente. “O presidente Lula sabe que te-nho coragem para perseguir os sonhos que não são os meus, são do Brasil que quer melhorar e todo mundo sabe que para melhorar tem que mudar”, disse. “E quando o povo bota na cabeça que vai mudar, faz a mudança.”
Dieta exige que Jefferson fique em casa, diz defesa
Salmão defumado, omelete de claras, geleia real… os advogados do ex-deputado federal Roberto Jefferson apresentaram ao Supremo Tribunal Federal a dieta prescrita para o ex-congressista para tentar convencer o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, a deixá-lo em prisão domiciliar.
Os advogados do ex-parlamentar afirmam que ele sofre de doença metabólica em razão de recente tratamento para câncer no pâncreas e necessita de cuidados nutricionais e higiênicos indisponíveis em todo o sistema prisional brasileiro.
Napetição entregue ao Supremo, a defesa reconhece que atualmente não existem sinais de câncer no organismo de Jefferson, mas afirma que ele precisa ter uma dieta regrada. Por esse motivo, pede que seja autorizada aprisão domiciliar no município de Comendador Levy Gasparian, no Estado do Rio de Janeiro. “Parece claro, pois, que o sistema prisional não terá condições de prover todo o acompanhamento nutricional necessário para a manutenção da vida do requerente”, afirmou a defesa.
‘Se recebeu propina, é cadeia’, afirma Aécio
O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB e provável candidato ao Planalto, quer se blindar dos escândalos que podem atingir seu partido, como o mensalão mineiro e o cartel dos trens em São Paulo. “Se tiver alguém do PSDB que recebeu propina, e se isso ficar provado, tem que ir para a cadeia também”, afirmou o tucano, após jantar anteontem com cerca de 30 jornalistas, em Brasília.
A postura lembra a de Dilma Rousseff em 2010, que se desvinculou de escândalos envolvendo o PT, como o mensalão. Aécio disse que vai insistir nas questões éticas durante a campanha e que, “diferentemente do PT”, não vai proteger ou acobertar correligionários envolvidos em irregularidades. O senador afirmou não ter receio de ser prejudicado por questões como o mensalão mineiro – que envolve o deputado Eduardo Azeredo, ex-presidente do PSDB – ou o cartel dos trens.
“Chegar em mim? Zero. Não “tenho nada com isso”, afirmou Aécio. “Se alguém cometeu ilícitos, vai responder.”
Aécio disse que deve assumir mais claramente a posição de candidato ao Planalto em março. Neste mês, vence o prazo do acordo que fez com o ex-governador paulista José Serra.
Documento do PT recomenda inibir ‘aventureiros’
Documento do PT produzido com o objetivo de nortear os debates do 5.0 Congresso Nacional do partido, aberto na noite de ontem em Brasília, afirma que é preciso recompor os laços petistas com suas bases sociais para inibir “aventureiros” nas disputas políticas do ano que vem.
“O passado ensina (…) que a mobilização de nossas bases sociais e políticas ajuda a recompor a sustentação institucional do governo, inibe aventureiros, inclusive aqueles que se ocultam em uma fraseologia anticapitalista e frustra as tentações golpistas que uma crise possa despertar”, diz um trecho do documento, numa referência indireta às manifestações de junho passado – que derrubaram a popularidade da presidente Dilma Rousseff – e o risco de elas se repetirem no ano eleitoral por causa da realização da Copa.
Além de citar os “aventureiros”, o texto está recheado de críticas à oposição e à imprensa, que, no diagnóstico petista, se transformou em porta-voz dos adversários. Os dois mais fortes desafiantes de Dilma, hoje, são o senador Aécio Neves (PSDR-MG) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que comanda o PSB e se aliou à ex-ministra Marina Silva, provável vice em sua futura chapa.
Até agora, a estratégia usada por Dilma e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para desviar o debate do escândalo do mensalão é bater na tecla de que o PSDB governou “de costas para a sociedade” e não tem condições de se apropriar do discurso da ética. Eduardo Campos, porém, deve entrar em breve na mira da ofensiva petista.
‘Fui um burocrata do DOI-Codi’, afirma delegado
O delegado aposentado da Polícia Civil Aparecido Laerte Calandra, apontado por testemunhas como torturador de presos políticos durante a ditadura militar, negou todas as acusações contra ele em depoimento prestado ontem à Comissão Nacional da Verdade e disse ter sido “um burocrata” do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi).
Calandra, conhecido na época pelas testemunhas como “Capitão Ubirajara”, atuou por quase dez anos no Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em São Paulo, onde militantes de esquerda foram presos e torturados. “Nunca violei os direitos humanos, nunca torturei”, afirmou Calandra ao prestar esclarecimentos à comissão, ontem, no gabinete da Presidência da República em São Paulo, na Avenida Paulista.
A avaliação dos integrantes do colegiado é de que Calandra se afundou em contradições ao longo do depoimento. Ele chegou a negar ter trabalhado no DOI-Codi, mas foi obrigado a se corrigir depois que o coordenador da comissão, Pedro Dallari, apresentou um documento no qual o II Exército elogiava a atuação de Calandra “pelas diversas atividades de combate à subversão e ao terrorismo”. Ao ver o documento, Calandra admitiu que foi “um burocrata do DOI-Codi” – e afirmou, em seguida, que nunca ouviu gritos nem queixas dos vizinhos ao local onde trabalhava.
Correio Braziliense
Cem mil brasileiros a mais na malha fina
O Fisco está mais voraz. Neste ano, 711.309 contribuintes caíram na malha fina, quase 18% a mais que em 2012, quando o número havia chegado a 604.299. A omissão de rendimentos, segundo dados da Receita Federal, foi a principal causa — somente esse motivo deixou sob as garras do Leão 373.820 pessoas, o equivalente a 53% do total de declarações com problemas. Despesas médicas, ausência de documento que comprove imposto retido na fonte e questões relacionadas a previdência privada também colocaram brasileiros embaixo da lupa do governo. Eles, agora, terão suas contas devassadas, e a maioria pagará multa e correção monetária.
Os contribuintes que não foram contemplados no sétimo lote de restituições — o último do ano, que começará a ser depositado na próxima segunda-feira — nem em anteriores tiveram suas declarações retidas na malha fina para verificação de erros e pendências. O valor só será pago quando o problema for solucionado, o que vai ocorrer ao longo do próximo ano, nos chamados lotes residuais de Imposto de Renda. A quantidade de declarações com problemas corresponde a 3,2% do total de documentos entregues ao Leão. Apenas as despesas médicas deixaram na berlinda 111,4 mil.
Congresso em espera
No Congresso, parlamentares se dividem entre os que aplaudem a possibilidade de o financiamento privado deixar de existir e os que já se armam contra a tentativa. O PT, que já defendia o modelo exclusivamente público, lidera o grupo dos contentes. Se o STF assim definir, o partido pode se livrar de ter que debater o tema no Legislativo. Como foi criada para agradar a todas as legendas, a proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma política que saiu do grupo de trabalho sobre o assunto e está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) prevê o custeio misto das campanhas, permitindo às siglas escolherem o tipo de arrecadação. “Se o Supremo declarar o sistema privado inconstitucional, a PEC se tornará inviável e terá que ser modificada, vai nos colocar uma demanda nova”, comenta o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP), que integrou o grupo da reforma.
Apesar de torcer para que a decisão do STF seja no sentido do financiamento público, Berzoini acredita que a mudança não valerá para 2014. “Certamente haverá ainda alguma reação do Congresso”, comenta. “Mas é preciso destacar que a mudança significa alterar totalmente a eleição brasileira, se todo poder emana do povo, não podemos permitir que uma pessoa jurídica interfira decisivamente no processo eleitoral.”
Desagravo aos companheiros
Apesar dos esforços da cúpula do PT para evitar constrangimentos à presidente Dilma Rousseff com menções diretas ao julgamento do mensalão, reservando para a manhã de hoje um ato de desagravo aos petistas presos, ela e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram confrontados, durante a abertura do 5º Congresso do partido, com cobranças para defender os correligionários condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Uma faixa aberta pela militância pedia a anulação da Ação Penal 470. José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares foram chamados de “guerreiros do povo brasileiro”. Nesse momento, embaraçados, Lula e Dilma trocaram palavras e beberam água.
O auge da pressão aconteceu quando Lula iniciaria seu discurso. “Lula, guerreiro, defende os companheiros”, bradava a militância. O ex-presidente manteve a estratégia e saiu pela tangente. “Eu tenho dito que não vou me pronunciar sobre a Ação Penal 470 enquanto o último recurso não for julgado. Vou manter essa minha posição até porque acho que temos outras coisas mais importantes para discutir”, enfatizou, silenciando a audiência.
Mesmo assim, Lula citou Dirceu, em uma das várias reclamações feitas sobre o tratamento que o PT recebe da imprensa. “Quando eu vejo a diferença na cobertura dada entre o emprego do Dirceu no hotel e a cocaína no helicóptero, lembro que eles nunca vão nos aceitar só porque somos do PT”.
Geleia real e frutas com canela
Em mais uma investida para convencer a Justiça a conceder prisão domiciliar ao ex-deputado Roberto Jefferson, a defesa do delator do mensalão encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a cópia de uma dieta especial — com itens como suco de frutas batido com água de coco e omelete de claras — que ele faz por recomendação médica.
Condenado a 7 anos e 14 dias de prisão em regime semiaberto, Jefferson passou por cirurgia de retirada de um câncer no pâncreas, em 2012. Ele pede para cumprir a pena em casa, na cidade de Levy Gasparian (RJ). Caberá ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, decidir sobre o pedido do ex-presidente do PTB. Ontem, o ministro enviou ofício para o governo do Rio de Janeiro questionando se há presídios estaduais em condições de receber Jefferson.
Em meio aos pedidos do delator do mensalão, Barbosa decretou ontem a prisão de mais um réu da Ação Penal 470: Rogério Tolentino, ex-advogado do empresário Marcos Valério. Ele é o 17º sentenciado no processo do mensalão a ter a prisão determinada pelo STF. Até o fechamento desta edição, Tolentino não havia sido detido.
Compra de caças só daqui a três anos
A presença do presidente François Hollande ontem em Brasília, com uma agenda dominada por assuntos na área de tecnologia e educação, serviu também como oportunidade para insistir na venda do caça Rafale para a Força Aérea Brasileira (FAB). Mas a escolha dos 36 novos supersônicos dificilmente será decidida antes de 2016, na avaliação de alguns dos franceses que acompanham o processo.
A compra dos aviões militares não está prevista no Orçamento do próximo ano, o que poderia ser contornado. Há outra razão mais importante para riscar 2014 do calendário: tem disputa eleitoral, momento desfavorável a grandes decisões em qualquer país. Em 2015, o processo poderá ser retomado. E então será preciso refazer as ofertas, já defasadas. Em 2009, a decisão estava muito perto de ser tomada pelo então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva.
O Ministério da Defesa apresentou três finalistas, o Rafale F.3, de um consórcio liderado pela Dassault; o norte-americano F/A-18, da Boeing; e o sueco Gripen NG, da Saab. Cabe ao Planalto bater o martelo. Depois de tanto tempo, será necessário negociar acordos de parceria local para a produção de componentes dos aviões, uma exigência do governo brasileiro, e refazer muitas contas. A demora no processo decisório desagrada à FAB, que pretende aposentar os antigos supersônicos Mirage 3000. Mas vários países, como Paquistão e Egito, seguem usando esses modelos.
Folha de S. Paulo
Bancos também pagavam propina, afirma delator
O auditor fiscal Luis Alexandre de Magalhães, delator da máfia do ISS, disse em depoimento à Promotoria que empresas de estacionamento, segurança privada e bancos também pagavam propina ao chefe da quadrilha.
Segundo ele, além do esquema do grupo com construtoras, outros setores tinham acertos paralelos para a redução do imposto devido aos cofres municipais.
O delator declarou que isso envolvia outros fiscais, que abasteciam Ronilson Bezerra Rodrigues, subsecretário da Receita da gestão Gilberto Kassab (PSD).
Em seu depoimento, Magalhães não citou nomes de supostos corruptores nem deu detalhes do esquema.
Mas disse que, com todos os “tentáculos” de atuação, Ronilson chegou a ganhar R$ 6 milhões em uma semana. O “filé-mignon”, segundo ele, eram os recursos arrecadados do setor bancário.
O promotor Roberto Bodini diz que Magalhães não explicou quanto tempo essa arrecadação milionária durou.
Para 6 suspeitos, crime prescreve em abril de 2014
No inquérito da Alstom há risco de prescrição do principal crime investigado, o de corrupção.
Segundo autoridades e advogados que atuaram na investigação, a prescrição para seis suspeitos ocorrerá em abril de 2014 caso o Ministério Público não ofereça denúncia à Justiça.
Poderão ficar livres de ação criminal o vereador e ex-secretário estadual de Energia Andrea Matarazzo (PSDB) e o ex-presidente da estatal paulista EPTE Eduardo José Bernini.
Em relação a outros sete investigados, o delito de corrupção já prescreveu. Entre os que já podem pedir à Justiça o reconhecimento da prescrição estão o ex-diretor da CPTM João Roberto Zaniboni e os consultores Arthur Teixeira e Jorge Fagali Neto.
Denúncia de cartel é eleitoreira, diz Alckmin
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), disse ontem ver “objetivo nitidamente político e eleitoral” em parte das denúncias relativas ao cartel que agiu em licitações do Metrô e da CPTM.
Ele fez a afirmação ao contestar a versão em português de uma carta anônima escrita em inglês e enviada em junho de 2008 ao ombudsman da Siemens, denunciando conluio e fraudes em licitações em São Paulo e Brasília.
Na versão em português do documento, há uma menção a integrantes do PSDB como destinatários de propina. Tucanos tratam a diferença entre as duas cartas como evidência de falsificação.
“Houve uma denúncia. Era anônima, apócrifa. Investigue-se, não tem problema. Depois se disse que envolvia pessoas do PSDB. Foi-se verificar, o texto foi alterado. Quando do inglês passou para o português, ele [o trecho] foi enxertado, com objetivo nitidamente político e eleitoral”, afirmou Alckmin.
Com Dilma e Lula, evento do PT vira desagravo aos condenados
Com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula no palco, o PT transformou ontem a posse de sua nova direção nacional em ato de desagravo a condenados no processo do mensalão.
Lula e Dilma tiveram reações distintas. O ex criticou o peso dado pela imprensa na cobertura dos erros do PT em comparação com os de outros partidos. Dilma, que discursou por 46 minutos, não fez menção ao escândalo.
Nos últimos dias, o Planalto atuou nos bastidores para tentar afastá-la de um ato de desagravo aos condenados, programado para hoje.
Lula e Dilma, porém, foram recebidos por um coro em homenagem ao ex-ministro José Dirceu, preso desde o dia 15. Na plateia, uma faixa pedia a anulação do processo.
Congresso pode mudar Carta para manter tudo como está
A maior virtude do STF ao sinalizar com o veto a doações de empresas em campanha eleitorais é forçar o debate sobre o assunto. O problema é que pode se abrir um vácuo no qual prosperará o caixa dois. Ou pior: o Congresso reagirá para inscrever na Constituição o direito de haver dinheiro de pessoas jurídicas financiando políticos.
Não há no mundo um modelo de financiamento eleitoral infenso à corrupção. Alguns países vetaram por completo o dinheiro de empresas, mas os recursos acabam brotando de maneira informal e influindo do mesmo jeito.
O padrão de comparação apropriado para o Brasil é o dos EUA –o presidencialismo daqui foi copiado do americano, e o eleitorado tem tamanho próximo ao de lá, se se considera quem vota de fato.
Liminar permite que governadora do DEM fique no cargo
Com liminar concedida por ministra do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM) poderá permanecer no cargo.
A ministra Laurita Vaz suspendeu na noite de ontem a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte que a afastou do cargo.
Sem a determinação de Laurita Vaz, Rosalba teria que deixar o cargo hoje.
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