O Globo
Tensão urbana: Após semana de batalha, Haddad pede negociação
Depois de quatro protestos em uma semana marcados por confrontos, violência policial e vandalismo de manifestantes na capital paulista, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), decidiu chamar para uma reunião na próxima terça-feira lideranças do movimento que luta contra o reajuste das tarifas do transporte coletivo e, assim, tentar impedir a repetição das cenas de violência nas principais ruas da cidade. Houve mais de uma centena de feridos, e 232 pessoas, detidas pela polícia.
O encontro deve ocorrer um dia depois do próximo protesto, marcado para o dia 17. Ontem, enquanto o governador Geraldo Alckmin defendia a ação da tropa de choque, Haddad e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fizeram questão de criticar publicamente a ação da PM, comandada pelo governo do estado. Apesar do chamado aos manifestantes, Haddad não dá sinais de que reduzirá a tarifa do transporte. O grupo diz que só aceita cessar os atos em caso de suspensão do aumento de R$ 3 para R$ 3,20, mesmo que temporária.
Segurança será reforçada perto de estádios
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Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e de outras organizações sociais bloquearam com uma barreira de pneus em chamas seis pistas do Eixo Monumental, próximo ao Estádio Nacional Mané Garrincha, palco do jogo de abertura da Copa das Confederações, entre Brasil e Japão, hoje, às 16h, em Brasília. O bloqueio de uma das principais avenidas da capital durou 40 minutos e só foi interrompido com a chegada de um forte aparato policial e do Corpo de Bombeiros.
À noite, a polícia prendeu o motorista do ônibus usado para transportar os pneus no protesto e mais duas pessoas que o teriam contratado. Uma investigação apontou Gabriel Santos Elias, ex-assessor da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, como um dos principais responsáveis pela manifestação. Elias foi exonerado no último dia 17 e, desde então, teria começado a organizar o protesto.
Equador aprova polêmica lei de controle à imprensa
Num dia definido como “histórico” pelo governo do Equador, e “fúnebre” segundo a oposição, foi aprovada ontem no país a Lei de Comunicação, um projeto polêmico que cria organismos de controle da imprensa e impõe sanções a jornalistas e publicações. Respaldada pelo presidente reeleito em fevereiro Rafael Correa, que vive às turras com a imprensa equatoriana, a lei foi endossada pela Assembleia com 108 votos dos 135 legisladores presentes à sessão – entre os favoráveis, cem eram do partido governista Aliança País. Depois de quatro anos de debates e sete rodadas de votações, o clima é de vitória no governo. Entre os jornalistas, porém, a Lei de Comunicação gerou preocupação e ganhou o nome informal de “lei da mordaça”.
Uma das medidas mais criticadas é a criação de um Conselho de Regulação, formado por cinco membros do poder público, que deverá controlar o conteúdo dos meios de comunicação relacionado à violência, ou considerado discriminatório. O conselho poderá impor sanções que vão de desculpas públicas a altas multas aos meios que difundam esse material.
Ação da tropa de choque não estava prevista em protesto no Centro de SP
A Tropa de Choque da Polícia Militar (PM) paulista só foi acionada na noite de quinta-feira depois que já havia sido iniciado o confronto entre policiais da Força Tática e manifestantes na Rua da Consolação, no Centro. A informação é do major reformado e deputado estadual Olímpio Gomes, presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembleia Legislativa.
A Força Tática é uma reserva de policiais existente em cada Batalhão da PM, com cerca de 80 a cem homens. Enquanto os demais policiais têm tarefas fixas, como ronda escolar ou por bairros, este contingente fica à disposição do Comando de Policiamento de Área, liderado por um coronel, para ser acionado em ações específicas. Para cada operação é indicado um comandante e a ele cabe escolher o tipo de arma e equipamento necessários à ação. De acordo com o parlamentar, o “Choque” não havia sido chamado para conter o protesto.
Associações de jornalistas condenam a atuação da PM
Associações nacionais e internacionais de jornalismo condenaram ontem a ação da Polícia Militar contra repórteres e fotógrafos durante os atos do Movimento Passe Livre (MPL), em São Paulo. Os órgãos internacionais, como o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) e o Repórteres Sem Fronteiras, demonstraram preocupação com o fato de o Brasil estar prestes a receber centenas de correspondentes da imprensa internacional durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Carlos Lauría, coordenador sênior do Programa das Américas do CPJ, ressaltou a importância de haver uma investigação da Corregedoria e da Justiça sobre as agressões contra a imprensa. Ele lembrou que “todas as atenções estão voltadas ao Brasil por causa de Copa e Olimpíadas, eventos que receberão centenas de correspondentes de vários países”.
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O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha disparada pela Polícia Militar na quinta-feira, durante a passeata do Movimento Passe Livre (MPL), e tem chance mínima de recuperar a visão, segundo relatório médico do Hospital dos Olhos. O documento esclarece que ele teve “lesões oculares e uma fratura de órbita”. Silva continua internado e está consciente. O socorro ao profissional foi prestado por um manifestante, que o levou para o Hospital Nove de Julho, próximo à região onde ocorria a manifestação. Ao ser constatada a gravidade do caso, o fotógrafo foi levado ao Hospital dos Olhos. Giuliana Vallone, repórter do jornal “Folha de S.Paulo”, também foi atingida por uma bala de borracha, no olho direito. Ela não teve danos no globo ocular, está em casa e já consegue enxergar. No Facebook, ela disse que os médicos estimam que seus “óculos possivelmente salvaram o olho”.
Posto montado em ONG atendeu 50 feridos
Nem mesmo os cinco integrantes de uma ONG que organizou o único posto de atendimento a feridos passaram ilesos pela ação da polícia na manifestação de anteontem, em São Paulo. Enquanto subiam a Rua Augusta, passaram a ser alvo de motociclistas da Polícia Militar que esvaziavam as ruas. Com medo, tentaram se refugiar em um hotel, mas foram retirados de lá por policiais. Na calçada, ouviram que seriam levados à delegacia porque estavam levando produtos suspeitos.
– Foi surreal. Tentávamos explicar que estávamos ali para prestar atendimento a feridos, mas eles não ouviam. Um chegou a dizer que estávamos vestidos como manifestantes e eu perguntei o que significava aquilo, porque eu estava de calça jeans e bota – disse Rebeca Lerer, conselheira da ONG Matilha Cultural. Depois de um diálogo tenso, os policiais, ao revirarem as sacolas de primeiros socorros e encontrarem algodão, gaze e ataduras, desistiram de levá-los para averiguação. Entretanto, vidros de remédios e frascos de álcool foram quebrados ali mesmo, na calçada.
Nas redes, os flagrantes da violência policial em São Paulo
As redes sociais, que impulsionaram os quatro protestos contra o aumento de tarifas do transporte coletivo, também serviram para retratar cenas da batalha campal no Centro da capital paulista – e a agressividade aplicada pela Tropa de Choque da PM para dispersar os manifestantes. Um dos vídeos que provocaram maior impacto mostra um policial supostamente quebrando o vidro da janela de um carro da PM, na Rua da Consolação. A gravação tem cerca de 30 segundos. O vídeo foi compartilhado por centenas de internautas e, até o início da noite de ontem, teve 273 mil visualizações.
O autor da gravação, um homem de 31 anos que diz que não participou da manifestação, usou o pseudônimo “Senhor Vê Tudo”. Ele relatou ao “Extra” que o oficial quebrou mesmo o vidro do veículo. Segundo o autor, o policial usou um objeto semelhante a um bastão para bater contra o vidro. O PM parecia bastante irritado e chegou a discutir com um colega.
Em Niterói, protesto termina em tumulto
Um dia após os protestos que culminaram com momentos de vandalismo no Centro do Rio, mais de duas mil pessoas foram ontem às ruas de Niterói contra o aumento das passagens de ônibus. A manifestação, que começou de forma pacífica, terminou ontem à noite em confronto no Centro da cidade. Policiais do Batalhão de Choque atiraram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo. Gás de pimenta também foi usado contra os estudantes.
O tumulto aconteceu no final da passeata, quando grande parte dos manifestantes já havia se retirado. A confusão começou depois que estudantes teriam tentado impedir que os ônibus deixassem um terminal rodoviário no Centro, próximo à estação das barcas. A concentração ocorreu em frente à estátua de Arariboia, por volta das 17h, com pessoas segurando cartazes e conclamando população e usuários das barcas a participar da passeata. Gritando palavras de ordem, os manifestantes deixaram a estação das barcas e caminharam em direção à prefeitura de Niterói pela Avenida Amaral Peixoto. Os estudantes, que eram maioria, estavam misturados com militantes de partidos como PSOL, PSTU e PDT.
Governo de Minas obtém liminar que proíbe qualquer protesto
A pedido do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), um desembargador do Tribunal de Justiça de Minas concedeu liminar proibindo qualquer manifestação que atrapalhe o trânsito e impeça o acesso a serviços públicos durante a Copa das Confederações. O efeito da liminar vale para as 853 cidades mineiras e não só para as vias de acesso ao estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, onde serão disputados jogos da competição.
Caso a medida seja descumprida, o magistrado estipulou multa diária de R$ 500 mil contra o Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), o Sindicato Único dos Trabalhadores na Educação (Sind-UTE) e qualquer outra entidade de classe do estado. O pedido do governo estadual foi protocolado na Justiça logo após a divulgação de informações de que professores e policiais iriam fechar ruas e avenidas próximas ao Mineirão, além de fazer outros atos de protesto durante a competição. Em 2011, o governo Anastasia enfrentou uma greve de professores que durou 112 dias, a maior paralisação da História do estado.
Em 1956, confusão em ato da UNE contra reajuste
Protestos contra aumentos nas passagens do transporte coletivo não são novidade no movimento estudantil. Em 1956, a União Nacional dos Estudantes (UNE) promoveu uma campanha contra o reajuste da tarifa dos bondes, no Rio de Janeiro. O movimento cresceu e ganhou o apoio de sindicatos de trabalhadores. Ao reprimir os protestos, a polícia invadiu o prédio da UNE na época, na Praia do Flamengo, no Rio.
O tumulto virou assunto político discutido na época na Câmara dos Deputados e no Palácio do Catete, sede do governo federal. O presidente Juscelino Kubitschek chegou a convidar os dirigentes da UNE para uma conversa em seu gabinete. Na conversa, pediu para o então presidente da entidade, Carlos de Oliveira, se sentar em sua cadeira presidencial. E aproveitou para pedir ajuda aos estudantes para evitar novos confrontos.
Ruralistas fazem protestos em rodovias de seis estados
O protesto de produtores rurais contra a demarcação de terras indígenas provocou grandes engarrafamentos em rodovias federais de seis estados. Não foram registrados confrontos. No Rio Grande do Sul, os agricultores interromperam o tráfego no sentido sul-norte da BR-101 por mais de quatro horas, causando congestionamento de oito quilômetros.
No sentido norte-sul, só uma das pistas da BR-101 foi interrompida, causando congestionamento de três quilômetros. Os agricultores bloquearam a rodovia para protestar contra a demarcação de terras de quilombolas que reivindicam na Justiça a posse de áreas em poder de produtores rurais. No norte gaúcho, os bloqueios foram parciais, com fluxo de veículos liberado a cada 30 minutos. Os policiais rodoviários acompanharam sem intervir.
No Rio, Dilma não economiza elogios a Pezão e alegra PMDB
Em clima de ensaio para a campanha de 2014, peemedebistas aproveitaram a agenda da presidente Dilma Rousseff ontem no Rio para turbinar a pré-candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão ao governo estadual. Em seus discursos, o governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes repetiram com entusiasmo o nome do vice-governador. Para a felicidade deles, Dilma lembrou, durante dois eventos dos quais participou, que Pezão era o “pai do PAC” (Programa de Aceleração do Crescimento).
Dilma citou Pezão seis vezes em seu primeiro discurso, na Rocinha, durante lançamento do PAC 2 na comunidade e nos complexos do Lins e do Jacarezinho. O nome do ex-presidente Lula, por exemplo, foi citado três vezes por ela.
Campos é recebido em reduto tucano
Longe dos eventos políticos há algumas semanas, para não dificultar a vida dos governadores do PSB com o governo Dilma, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, voltou a se movimentar fora do Nordeste. Ele só deve definir sua pré-candidatura à Presidência em 2014, mas, coincidindo com o mau momento da presidente, agendou um encontro político com o também pré-candidato Aécio Neves (PSDB), dia 24. Ontem, foi a um encontro com cerca de 300 representantes da nata do empresariado mineiro em Araxá, reduto do tucano.
No evento, negou estar torcendo contra o governo, foi aplaudido ao tocar nos pontos mais sensíveis da economia – cipoal de tributos, falta de investimentos e baixa produtividade – e alfinetou a presidente ao falar do encontro com Aécio. Ainda fez um alerta:
O Estado de S. Paulo
Alckmin ataca “vandalismo” e Haddad marca reunião
Liberdade de expressão e crítica à polícia viram bandeiras; na internet, 106 mil já confirmaram presença no ato de 2ª Depois da violência policial no último protesto, o movimento cresceu em tamanho e número de causas. No próximo ato, na segunda-feira, além de criticarem o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 nas passagens, os jovens também se posicionarão pelo direito de manifestação e contra a repressão da polícia. Até a noite de ontem, 106 mil internautas já haviam confirmado participação no protesto.
Entidades sem ligação direta com a redução das tarifas, incluindo do Greenpeace à Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, repudiaram a violência. A manifestação que acabou na batalha de anteontem havia tido 12 mil confirmações no Facebook. A Rede Nossa São Paulo espera que o protesto sirva para melhorar o transporte público. “Estamos discutindo esse problema há anos, mas só o que vemos é a Prefeitura e o governo estadual gastando milhões em pontes e túneis voltadas para carros. Enquanto isso, os ônibus e o metrô seguem do jeito que estão”, diz coordenador de Democracia Participativa da Rede, Maurício Piragino.
Repressão da PM faz movimento crescer e mudar foco de protesto
Liberdade de expressão e crítica à polícia viram bandeiras; na internet, 106 mil já confirmaram presença no ato de 2ª. Depois da violência policial no último protesto, o movimento cresceu em tamanho e número de causas. No próximo ato, na segunda-feira, além de criticarem o aumento de R$ 3 para R$ 3,20 nas passagens, os jovens também se posicionarão pelo direito de manifestação e contra a repressão da polícia. Até a noite de ontem, 106 mil internautas já haviam confirmado participação no protesto. Entidades sem ligação direta com a redução das tarifas, incluindo do Greenpeace à Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, repudiaram a violência. A manifestação que acabou na batalha de anteontem havia tido 12 mil confirmações no Facebook.
Na Rocinha, Dilma reitera controle da inflação e ataca “terrorismo informativo”
Em discurso no Complexo Esportivo da Rocinha para o anúncio de obras era três favelas do Rio, a presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que há “estardalhaço e terrorismo informativo” sobre a situação econômica do País. No mesmo evento, atacou indiretamente a oposição ao dizer que “não se fazia obra para as comunidades mais pobres” no Brasil até 2003, início do governo Lula. Foi o terceiro dia consecutivo em que Dilma volta suas declarações para críticos da política econômica. Na quinta-feira, em Curitiba, tratou-os como “vendedores do caos”, Um dia antes, em Brasília, havia comparado a oposição ao Velho do Restelo, personagem de Luís de Camões na obra Os Lusíadas considerado um pessimista.
Ontem, Dilma preferiu passar ao largo dos protestos contra o custo do transporte público em várias capitais do País e voltar seu discurso ao noticiário sobre a retomada inflacionária. “Nós jamais deixaremos que a inflação volte. Hoje ela está sob controle, ontem ela estava e continuará sob controle”, discursou. E fez um pedido: “Peço a vocês que não deem ouvidos a esses que jogam sempre d o quanto pior, melhor. Críticas, todo mundo tem de ter a humildade de aceitar. Mas terrorismo, não”. A presidente afirmou que, em meio à crise econômica que “talvez seja a mais grave desde 1929” o Brasil apresenta hoje “a menor taxa de desemprego do mundo”.
Petrobrás vende 50% de empresa na África ao BTG
A Petrobrás anunciou ontem a venda de US$ 2,175 bilhões em ativos e atingiu, em apenas um dia9 mais de 20% da meta de desinvestimentos fixada para o período de 2013-2017. O principal negócio foi a formação de uma joint ventura entre o banco BTG Pactuai e a Petrobrás internacional Braspetro, para exploração e produção de óleo e gás na África. O BTG, controlado por André Esteves, pagou à estatal US$ 1,525 bilhão pela aquisição de 50% da Petrobrás Oil & Gas, que reúne os ativos da estatal na África. Não foram informados, No entanto, os blocos exploratórios ou produtores envolvidos na negociação. Atualmente. Petrobrás só produz petróleo na Nigéria. No comunicado divulgado ao mercado, a estatal informou que, unia vez concluída a reorganização societária, a operação envolverá as sucursais em Angola, Benin, Gabão e Namíbia, as como subsidiárias na Nigena e na Tanzânia. O negócio já estava fechado desde o início do més, nas foi referendado ontem em reunião do Conselho de Administração da Petrobrás.
Após rusga, Cabral e presidente se elogiam
Em meio a um clima de guerra entre o PT e o PMDB do Rio por causa da sucessão estadual, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e a presidente Dilma Rousseff trocaram ontem elogios. “Aqueles que, na política, tentam me dividir com a presidenta Dilma não conseguirão. Estamos unidos olhando o Rio e o Brasil”, discursou o peemedebista em ato para construção do Veículo Leve sobre Trilho. “Podem falar o que quiserem. Nós, da nossa parte, estamos juntos”, retribuiu Dilma, que citou várias vezes o vice Luiz Pezão, apoiado por Cabral. O PMDB exige que o petista Lindbergh Farias desista da candidatura em 2014 e apoie Pezão. Cabral chegou a insinuar apoio ao tucano Aécio Neves.
Lei de partidos será contestada ao Supremo, afirma Campos
O presidente nacional do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), afirmou ontem acreditar que o projeto que inibe a criação de novos partidos voltará a ser discutido na Justiça se for aprovado no Congresso. Na quinta-feira, a maioria do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) votou por derrubar a liminar do ministro Gilmar Mendes que suspendeu a tramitação do projeto, A sessão foi interrompida com o placar de 5 votos a 2 – havia 9 ministros na Corte – e será retomada na próxima semana.
Campos disse ter recebido “com tranquilidade” a posição do Supremo, mas avaliou que “muitos” ministros “deixaram j claro que uma coisa é interromper um processo de votação que estava em curso no Senado, e outra coisa é o mérito da matéria”. Foi o líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), quem pediu a liminar.
‘Se estivesse bem, eu não estaria aqui’
Chefiar a Secretaria de Relações Institucionais é uma “profissão de risco”, um trabalho “permanentemente tensionado” A avaliação é de quem exerce o cargo há dois anos e, ultimamente, tem sido alvo de queixas no Congresso. “Outro dia brinquei, não lembro quem foi que entrou na minha sala e perguntou: “Tudo bem?”. Se estivesse tudo bem, eu não precisava estar aqui”, contou a ministra Ideli Salvatti. “Articulação é justamente para equacionar que as coisas andem bem, é um trabalho permanentemente tensionado”, disse Ideli, em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. “Você faz a intermediação, a interlocução, você viabiliza o que tem possibilidade de viabilizar, dá as condições de negociar o que é possível, (é) profissão de risco”, afirmou. “Aqui não tem serviço fácil, então é permanentemente acompanhar e, dentro das possibilidades, realizar o que é necessário.”
Para Ideli, existe uma vontade de “criar crise onde não tem”. Questionada sobre que avaliação fazia do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), com quem o Planalto travou duros embates na tramitação da MP dos Portos, a ministra respondeu: “O PMDB é o partido do vice-presidente da República, tem vários ministros, é corresponsável pelo governo, o PMDB tem suas responsabilidades. Eu coloco de forma clara que, dentro da corresponsabilidade, o PMDB tem sua tarefa”. Ideli reconheceu que “o momento de maior tensão foi a MP dos Portos”. “O governo aprovou o que precisava aprovar, negociou, não foi sancionado o que era inegociável”, disse. A ministra afirmou que há um risco de a Justiça ser acionada caso o Congresso derrube os vetos da presidente Dilma Rousseff à MP dos Portos. “Se derrubar, não duvido que isso será judicializado. E o Congresso tem de avaliar se quer continuar judicializando questões tão estratégicas.”
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A Polícia Federal investiga o envolvimento de desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná, juízes de primeira instância e servidores do Judiciário com uma máfia que manipula a administração de processos de falências em todo o Estado. A investigação chegou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) em abril Nesta semana, juízes da Corregedoria Nacional de Justiça e a subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo fizeram uma busca no TJ do Paraná em busca de novos indícios contra os suspeitos.
Escutas telefônicas feitas com autorização judicial indicariam, conforme os investigadores, uma “relação incestuosa” entre magistrados do Estado e advogados que buscam a primazia na administração de falências. O negócio é rentável, especialmente no caso de grandes empresas em processo de falência com o patrimônio a ser negociado. O advogado recebe uma porcentagem definida pelo juiz sobre a administração dos bens e sobre as vendas do patrimônio da empresa, como imóveis e máquinas.
Dois grupos opostos se enfrentam na disputa por esse quinhão e para isso, estariam travando no tribunal uma guerra por prestígio e favores a desembargadores e juízes. Um dos principais beneficiários desse suposto esquema e alvo das investigações seria o advogado Marcelo Simão. De acordo com dados preliminares colhidos nas investigações, esse grupo recebia somente com a administração da massa falida R$ 200 mil mensais, afora o ganho com a venda dos bens da empresa em processo de falência.
Advogado nega que tenha sido beneficiado por decisões
Um dos principais alvos da investigação sobre o Tribunal de Justiça do Paraná, o advogado Marcelo Simão nega que tenha sido beneficiado por decisões de magistrados ou que mantenha relações próximas com os juízes. Ele diz que desconhece a existência do inquérito. “A relação que mantive com serventuários ou magistrados foi sempre de cunho profissional”, garante, sustentando que só conheceu os juízes que o nomearam síndico de falências no dia da decisão. “A concentração de falências quer dizer resultado. Hoje, para trabalhar nessa área, é preciso knowhow. Meu trabalho é de referência”, explicou.
O deputado Fábio Camargo afirmou que de fato se candidatará à vaga do Tribunal de Contas, mas negou que precisasse de apoio da família Simão. Afirmou ainda que, ao tentar investigar o esquema de direciona mento de falências, foi perseguido pela família de Simão. “Desde que comecei a investigar as falências, essa família me persegue”, completou. O Tribunal de Justiça do Paraná, procurado na terça-feira, informou que não havia respostas dos desembargadores até ontem.
Deputado reúne prefeitos em ato contra promotores
A Assembleia Legislativa de São Paulo foi palco, ontem, de manifestação pela aprovação da PEC 01, que proíbe promotores de investigarem por improbidade prefeitos, secretários de Estado e deputados estaduais e concentra tal poder nas mãos do procurador-geral de Justiça.
Pelo cálculos da assessoria do deputado Campos Machado (líder do PTB), autor da PEC 01 e da convocação para o protesto, cerca de 400 políticos – entre prefeitos, vices, ex-prefeitos, vereadores e sindicalistas – participaram do ato suprapartidário de apoio à PEC da Dignidade. Ocuparam a mesa deputados do PT, do PV e PSD, além do vereador Marquito (PTB). Parlamentares que não apoiam a emenda estimam que menos de 300 pessoas foram ao Plenário Paulo Kobayashi, local do evento. “Recebo ligações diárias de prefeitos reclamando de perseguições políticas por parte do Ministério Público”, disse Campos Machado. “São promotores recém-empossados, sem experiência e loucos por holofotes que, antes mesmo de instaurar investigação, vazam para a imprensa as informações. Depois fica provado que a ação era descabida, mas a honra do prefeito, que é seu maior patrimônio, já está irremediavelmente arranhada.”
Governador do Acre se diz vítima de complô e ataca Operação G7
O governador do Acre, Tião Viana (PT), disse ontem que foi alvo de um complô político e defendeu publicamente os indiciados pela Operação G7 da Polícia Federal – que investigou um suposto esquema de cartel montado para fraudar contratos públicos com a participação de membros do primeiro escalão do governo do Estado. O governador atacou ainda, sem citar nomes, a PF e desembargadores do Tribunal de Justiça. “Tem famílias inocentes presas politicamente no Acre. Porque não conseguiram atingir a minha pessoa de governador, mas pegaram inocentes e colocaram atrás das grades. Usando um braço da instituição, que merece respeito”, afirmou Viana em um ato público organizado pelo PT e por partidos aliados, em frente ao Palácio Rio Branco, sede do governo.
“Não é justo que, em plena vida democrática, prendam pessoas sem dizer porque prenderam. A história do Judiciário brasileiro não é de ódio, não pode ser de manipulação. O senti– mento de Justiça não pode ser substituído pelo sentimento de ódio de uma minoria dentro do tribunal” Indiretamente, ele fez referência à relatora do inquérito, a desembargadora Denise Bonfim, e à vice-presidente do TJ, Cezarinete Angelim, que mandaram o caso para Brasília para ser analisado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por entenderem que a maioria dos magistrados locais era sus peita ou inapta a votar os pedidos de liberdade dos indiciados. Desde o dia 10 de maio, 14 pessoas estão presas, dos 29 indiciados, entre eles, dois secretários de governo.
Ruralistas protestam contra demarcações
A defesa do direito à propriedade e à segurança jurídica do produtor rara! foi o tom da manifestação que reuniu ontem cerca de 5 mil pessoas (estimativa não oficial) – entre proprietários de fazendas e representantes de entidades agropecuárias – em Nova. Alvorada do Sul (MS)« Em outros Estados – Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Roraima -agricultores também protestaram. contra demarcações de terras indígenas.
No ato em Mato Grosso do Sul, Estado em que um índio terena foi morto numa reintegração de posse no município de Sidrolândia, no dia 30 a presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu (PSD-TO), afirmou que os produtores que são tirados de suas terras são “injustiçados”. “Se os índios foram injustiçados, hoje os injustiçados somos nós”, afirmou. Ela defendeu a reintegração de posse imediata das fazendas invadidas por indígenas no Estado – hoje são 66 – uma vez que os produtores que estão impedidos de entrar nas áreas possuem os títulos de posse das propriedades. “Que se cumpra a lei e nos deixem produzir em paz”. “Não vamos sossegar enquanto houver uma propriedade invadida”, disse o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), Eduardo Riedel.
Ministros de Dilma rebatem críticas de ex-auxiliar de Lula
Os ministros da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, divulgaram nota ontem como forma de desagravo à colega de Esplanada Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Ela foi alvo de críticas do ex-ministro do governo Lula Paulo Vanucchi, para quem Gleisi estaria “visivelmente alinhada” com os fazendeiros na condução dos conflitos com indígenas. A titular da Casa Civil, através de sua assessoria, considerou a declaração do ex-ministro “irresponsável”.
Vanucchi fez as críticas a Gleisi em entrevista à Rádio Brasil Atual, vinculada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). O ex-ministro de Lula – recém-eleito para a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), com apoio do Palácio do Planalto – também afirmou que Carvalho e Maria do Rosário estariam “espremidos” dentro do governo, pois não conseguiriam emplacar a pauta dos movimentos sociais diante da suposta postura pró-fazendeiros de Gleisi.
Correio Braziliense
Cartão-postal para o mundo
Abrir a Copa das Confederações significa muito mais que evento esportivo. É a oportunidade de a capital do Brasil exibir-se para o mundo. Nada menos de 4,3 bilhões de pessoas dos cinco continentes vão ver o embate das seleções brasileira e japonesa. Como ocorre em eventos de tal magnitude, outros protagonistas entram em cena e contribuem para embalar a partida com cenários e serviços tão importantes quanto a bola no campo. Brasília é a primeira cidade moderna tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Outras urbes nascidas posteriormente poderiam rivalizar com a obra de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. Não chegaram lá. Falta a Dubai e Doha, principais concorrentes, a harmonia do conjunto que torna a capital brasileira única. Aqui a impressão é de completude. Nada falta. Nada sobra.
Protestos devem continuar em várias cidades
A crise política derivada do confronto entre manifestantes e policiais militares por conta do reajuste das tarifas de transporte público em São Paulo subiu ao palanque de 2014 e transformou-se em um jogo de empurra entre autoridades federais, estaduais e municipais. Aliados do prefeito Fernando Haddad (PT) dizem que as próximas manifestações serão motivadas pela truculência da polícia do governo de Geraldo Alckmin (PSDB); os tucanos admitem que houve excessos da Polícia Militar, mas acrescentam que as passagens subiram por causa da inflação, gerada a partir do descontrole do governo federal; e o Planalto lembra que convenceu o prefeito e o governador a reajustar as passagens para R$ 3,20 e não R$ 3,30, como previsto originalmente.
Outros protestos continuam sendo marcados. Na segunda-feira, os manifestantes do Movimento Passe Livre prometem nova passeata para reclamar da ação ostensiva da tropa de choque na PM na noite de quinta-feira. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 232 pessoas foram detidas para averiguações e quatro, presas. Oficialmente, nem Polícia Militar nem Polícia Civil nem tampouco a Secretaria de Segurança divulgam número de feridos. O Movimento Passe Livre afirma que foram 100. O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, atingido por uma bala de borracha, passou ontem por uma cirurgia para costurar o globo ocular, mas as chances de que ele recupere a visão seguem abaixo dos 5%.
Políticos conseguem cortesias
A maioria dos 100 parlamentares que pediram ingresso para assistir ao jogo da abertura da Copa das Confederações, entre Brasil e Japão, teve o pedido atendido, conforme contou ao Correio o deputado federal Vicente Cândido (PT-SP). Ele é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol e, desde que foi relator da Lei Geral da Copa na Câmara, tornou-se uma espécie de elo entre seus pares e a Federação Internacional de Futebol (Fifa), entidade organizadora da competição. Ele é um dos principais integrantes da chamada bancada da bola, que costuma lidar com assuntos esportivos e tem sido assediada pelos colegas para conseguir entradas para a primeira partida da Seleção Brasileira, em Brasília.
Embora o celular do petista não tenha parado de tocar ontem, com pedidos de cortesia, ele afirma que conseguiu garantir a presença dos colegas no Estádio Mané Garrincha, com um total de 350 entradas. O parlamentar confessa que os pedidos exagerados foram cortados pela raiz. Cada deputado atendido recebeu, em média, três ou quatro ingressos. “Vamos conseguir atender a maior parte dos pedidos. Está tudo equacionado. Como o estádio é grande, com capacidade para mais de 70 mil torcedores, e o evento tem vários patrocinadores, conseguiremos espaço para todos (os deputados) nos camarotes”, disse Vicente Cândido. Ele relata também ter atendido alguns senadores, governadores e membros do Poder Executivo.
Tribuna reservada para as autoridades
A tribuna de honra do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha estará repleta de autoridades hoje, na estreia da Copa das Confederações, com a partida entre Brasil e Japão, às 16h. A presidente Dilma Rousseff é uma das convidadas especiais da Fifa. Ao lado do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a presidente deve assistir à partida até o fim. Até ontem, a previsão da Secretaria de Imprensa da Presidência (SIP) era de que a presidente só chegaria ao estádio por volta das 16h, após o início da cerimônia de abertura. Nem a organização do evento nem o Palácio do Planalto confirmaram se ela faria discurso. É a primeira vez que Dilma participa das comemorações de uma celebração desse porte desde que assumiu a chefia do Planalto.
Dilma ficará na tribuna classificada pelo protocolo da Fifa como “very VIP”, na qual ficará também o presidente da Fifa, Joseph Blatter, o secretário-geral da instituição, Jérôme Valcke, as ministras de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e o marido, o titular das Comunicações, Paulo Bernardo, além de autoridades japonesas. Até ontem, a previsão era de que o vice-presidente Michel Temer não viria à abertura por estar em viagem ao exterior.
O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), que esteve em Brasília para a inauguração do novo estádio, também confirmou presença. Na ocasião, Cid afirmou ter vindo para retribuir a cortesia do governador Agnelo Queiroz, que foi a Fortaleza para a inauguração da Arena Castelão. Outros governadores são esperados no estádio, mas, até a noite de ontem, não havia confirmação de presença. No entanto, haverá grande número de deputados federais e senadores
Dilma e Cabral trocam afagos
A presidente Dilma Rousseff anunciou R$ 2,6 bilhões em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) em comunidades do Rio de Janeiro, ontem, ao lado do governador do estado, Sérgio Cabral (PMDB), e do vice, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O encontro serviu para aproximar Dilma e Cabral em meio à possibilidade de palanque rachado no Rio, depois que o PT decidiu apoiar a pré-candidatura do senador petista Lindbergh Farias. Já Cabral apoia a pré-candidatura de Pezão à sucessão do Palácio da Guanabara em 2014.
Não faltaram, na cerimônia, afagos entre os presentes. “Cabral, podem falar o que quiserem. Da nossa parte, estamos juntos”, disse Dilma, dirigindo-se ao governador. Ela lembrou o tempo em que era ministra do governo Lula para elogiar Pezão. “Eu tenho orgulho de ter dividido com ele (Pezão) o início do PAC 1. O Lula disse, na época, que eu era mãe do PAC, e o Pezão, o pai”, ressaltou a presidente. O vice-governador, entretanto, desconversou ao ser abordado pela imprensa no fim do evento. “Não ouvi declaração nenhuma da presidente”, destacou.
MP dos Portos em vias de judicialização
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou ontem, em café da manhã com jornalistas, que “não duvida” que a Medida Provisória (MP) dos Portos seja judicializada caso os vetos acabem derrubados no Congresso Nacional. Depois de acusar o Palácio do Planalto de traição, parlamentares começaram a se articular, no dia seguinte à publicação da lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff, para avaliar os vetos.
O comentário foi feito no momento em que a ministra comentava a relação do governo com a base aliada. Ela ressaltava que a presidente só vetou o que era “inegociável” e citou os critérios de renovação de concessões, que, no texto aprovado pelo Congresso, em alguns casos, tornou-se automática. “Como é uma prerrogativa que o Executivo tem em concessões, de renová-las ou não, eu não duvido que isso será judicializado se o Congresso derrubar (esse veto)”, afirmou. Logo em seguida, Ideli criticou o excesso de questões que o Legislativo tem levado à Justiça. “O Congresso tem que avaliar se quer continuar judicializando questões tão estratégicas”, comentou.
Adin a favor dos novos partidos
Antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF) ratificar a iminente derrubada da liminar que proíbe o Senado de votar o projeto de lei que inibe a criação de partidos, lideranças políticas — como a ex-senadora Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) — já adiantam que o tema voltará para a Suprema Corte. O julgamento do mandado de segurança no qual o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) pede que a tramitação da proposta seja interrompida de maneira definitiva tem o desfecho desenhado, com maioria formada no STF pela possibilidade de apreciação do projeto pelo Congresso. A análise deve terminar na próxima quarta-feira, quando o Legislativo poderá retomar o debate da proposição.
No entanto, há uma movimentação nos bastidores para que a matéria volte a ser questionada no STF, desta vez por meio de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin). No julgamento em andamento, o Supremo analisa apenas se a própria Corte poderia ou não fazer um controle prévio da constitucionalidade do projeto. Somente depois de aprovado, o texto que veta deputados de levarem tempo de tevê e a fatia do Fundo Partidário para uma nova legenda é que o Poder Judiciário apreciará se a medida é ou não constitucional.
Uma MP para enfraquecer os reajustes
Já mapeando que o aumento previsto das passagens de transporte coletivo teria reação da população, o Planalto preparou nos últimos meses um pacote para conter a alta dos preços e, consequentemente, a temida inflação. Há 15 dias, o governo enviou ao Congresso a Medida Provisória nº 617, que acaba com o pagamento do PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a receita de empresas que prestam serviço de transporte público. A MP deveria garantir que os reajustes não ultrapassassem a inflação, como de fato ocorreu nas cidades onde estouraram os protestos. A oposição, porém, reivindica a autoria da proposta, que já tramitava como projeto de lei, e promete impedir que a medida seja votada.
Ontem, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, atribuiu o aumento das tarifas abaixo da inflação à MP. “No caso de São Paulo, o aumento foi de R$ 0,20 em decorrência dessa desoneração, porque senão teria sido maior”, argumentou. “O transporte coletivo é um problema concreto, que afeta milhões de pessoas. Ele é caro, é ineficiente, não é adequado à necessidade da população”, justificou. “Para você poder ter um impacto efetivo, teria que ter medidas complementares de desoneração de impostos estaduais e municipais.”
Suspeita de ação orquestrada no DF
Um dia depois do violento protesto entre manifestantes e policiais militares em São Paulo, por conta do aumento da passagem de ônibus, 150 militantes do Distrito Federal fecharam todas as faixas do Eixo Monumental, em frente ao Estádio Nacional de Brasília, e atearam fogo a pneus. As vias ficaram obstruídas durante quase duas horas, provocando tumulto no trânsito da área central de Brasília, na manhã de ontem. No fim do dia, a Polícia Civil prendeu duas pessoas que teriam recebido dinheiro para ajudar na ação e identificou outras nove. A principal linha de investigação é de que seja uma ação orquestrada.
Organizado por vários grupos, o protesto Copa Pra Quem?, que também ocorre em outros estados, contou com integrantes do Comitê Popular da Copa do DF e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que representavam a maioria. Eles chegaram em frente ao estádio de ônibus, às 10h. Um caminhão levou os pneus. Os manifestantes fecharam as seis faixas da via e o trânsito precisou ser desviado, causando confusão e engarrafamento. Cerca de 250 PMs foram deslocados para controlar o protesto. Muitos dos manifestantes, no entanto, não sabiam sequer explicar o motivo da manifestação. Os líderes dos grupos, responsáveis por dar entrevistas, exigiam auditoria nas contas da obra do Estádio Nacional de Brasília, criação de plano integral de proteção à criança e ao adolescente e combate à exploração sexual, além da instalação de energia elétrica em um assentamento do MTST na região de Planaltina.
Convocação para novos atos
Novos protestos ontem tomaram as ruas de diferentes cidades brasileiras. Em Porto Alegre, moradores da cidade fizeram um ato contra a realização da Copa do Mundo no Brasil — mesmo motivo do protesto registrado em Brasília. No Rio de Janeiro, os moradores de Niterói também encamparam a luta contra as passagens do transporte coletivo. O protesto começou no fim da tarde e reuniu cerca de 1 mil pessoas, segundo a Polícia Militar. Novos protestos estão sendo agendados em vários municípios brasileiros.
Nas redes sociais, há convocatórias em cerca de 40 cidades e até fora do Brasil. Vinte de junho foi escolhido como o Dia Nacional de Lutas, mas a agenda de reivindicações começa bem antes. Em Brasília, dois protestos estão agendados para hoje. Às 10h, um movimento que promete ser pacífico terá concentração na Rodoviária do Plano Piloto. Os ativistas irão prestar apoio a São Paulo e aos moradores de outras cidades que se rebelaram contra o aumento das passagens de ônibus. A Copa do Mundo também será alvo da manifestação. À tarde, mais pessoas devem se reunir em frente ao estádio Mané Garrincha para protestar contra os altos investimentos em obras para jogos esportivos, a corrupção, e a precarização de setores como saúde e educação.
Folha de S. Paulo
Confronto agora é entre tucanos e petistas
No intervalo de poucas horas, o confronto nas ruas de São Paulo deu lugar a um conflito político entre tucanos e petistas. O embate teve início após o governador Geraldo Alckmin (PSDB) defender a PM, que na véspera combateu de forma violenta protesto contra as tarifas de transporte, que deixou mais de cem feridos (segundo manifestantes) e 235 detidos.
“Temos a melhor polícia do Brasil”, disse Alckmin, para quem os atos têm cunho político. Cotado para ser o candidato do PT ao governo do Estado, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) disse que houve “extrema violência policial”. O prefeito Fernando Haddad (PT) também criticou a PM, mas em tom mais ameno, o que irritou a cúpula petista.
PM diz que grupo quebrou acordo de não ir à Paulista
O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, disse que os policiais só dispararam bombas e balas de borracha porque reagiram aos ataques de manifestantes –que teriam atirado pedras e outros objetos. Meira afirmou que o grupo que protestou anteontem quebrou o acordo firmado de não seguir para a Paulista. O temor era que se repetissem as cenas de terça-feira, quando os manifestantes quebraram lixeiras, picharam ônibus e destruíram vidros de comércios, agências bancárias e de estações do Metrô.
“A polícia tem o papel constitucional de manter a ordem pública. Quando essa ordem for rompida, precisamos agir. Não foi a polícia quem quebrou a ordem. Foram os manifestantes.” Segundo Meira, um grupo agrediu os PMs que faziam um bloqueio na esquina das ruas da Consolação e Maria Antônia. “Fomos atacados antes e reagimos. Eles usaram pedras, rojões, morteiros. Por isso, houve uma reação da PM.”
Avaliação do transporte é a pior desde 87, diz Datafolha
A série de protestos contra o aumento da tarifa ocorre no momento de maior insatisfação com o transporte público na cidade de São Paulo já captada pelo Datafolha desde a primeira pesquisa realizada pelo instituto sobre o serviço, em 1987. Foram feitas 15 rodadas de pesquisa desde então. A pesquisa ouviu 815 pessoas, com 16 anos ou mais, anteontem. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para mais ou para menos.
O sistema de transporte, que inclui ônibus, metrô e trem, é considerado ruim ou péssimo por 55% das pessoas, ante 42% da última pesquisa, de setembro de 2011. No levantamento atual, 15% disseram que o sistema é ótimo ou bom e 29%, regular. Antes da pesquisa, o mais alto índice de reprovação era de 51%, registrado em 2007. Pessoas com idade entre 25 e 34 anos (64% de ruim ou péssimo) e com ensino superior (63%) são as mais críticas.
STJ reverte decisão que impedia Petrobras de importar e exportar
O Superior Tribunal de Justiça reverteu ontem decisão que impedia a Petrobras de importar e exportar petróleo havia uma semana, por causa de uma dívida de R$ 7,3 bilhões. Na quinta-feira, o STJ havia negado pedido da estatal, que pedia a suspensão de uma medida da Procuradoria da Fazenda Nacional, que havia cancelado, em 7 de junho, a certidão de débitos da estatal, por causa da dívida com a Receita. Ontem, o tribunal tornou nula sua decisão anterior, devolvendo à Petrobras, em caráter provisório, a possibilidade de comercializar petróleo.
Segundo parecer da Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, a que a Folha teve acesso, se executada a dívida, a Petrobras poderia “quebrar” e gerar “caos” no mercado de ações caso pague o débito “estratosférico”. Os argumentos estão no parecer da procuradoria no processo que tramitou no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da Segunda Região). No parecer, de abril de 2012, o Ministério Público Federal opina em favor da Petrobras. À época, a dívida estava na casa dos R$ 6 bilhões e, segundo a procuradoria, esse débito “estratosférico” deve ser suspenso para evitar a falência da estatal.
Para acalmar PMDB, Dilma faz elogio a rival do PT no Rio
Em meio à crise entre o PT e o PMDB do Rio, a presidente Dilma Rousseff usou sua passagem pela capital do Estado ontem para propor uma armistício ao governador Sérgio Cabral (PMDB) e ao escolhido por ele para disputar sua sucessão, o vice-governador, Luiz Fernando Pezão. “De fato, né, Sérgio, podem falar o que quiserem. Nós, da nossa parte, estamos juntos”, disse Dilma, dirigindo-se ao governador. Mais tarde, lembrou-se que o ex-presidente Lula chamava Pezão de “pai do PAC da Rocinha”, em alusão ao programa federal na favela, onde foi investido R$ 1,6 bilhão. As relações de Dilma com Cabral e com o PMDB no Rio estão abaladas desde a polêmica envolvendo a redistribuição dos royalties do petróleo, que afetaria a arrecadação do Estado. À ocasião, peemedebistas acusaram o Planalto de omissão.
Presidente diz que inflação está sob controle
A presidente Dilma Rousseff reafirmou que a inflação “está sob controle” e que as taxas de desemprego no país “são as menores do mundo”. Durante o lançamento da segunda fase do PAC, que fará obras no valor de R$ 2,6 bilhões nas comunidades da Rocinha, do Jacarezinho e do Complexo do Lins, no Rio, Dilma pediu ainda que não se dê “ouvido a esses que jogam sempre no pior”. “Fazer estardalhaço e terrorismo informativo sobre a situação do Brasil, não”, afirmou em seu discurso.
Dilma repetiu o tom otimista em evento de assinatura de contrato para o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) do centro do Rio, obra de R$ 1,164 bilhão. “Pode o pessimista do dia [falar] que nós estamos mais fracos. Coisíssima nenhuma. Estamos enfrentando a maior crise desde 1929 [quebra da Bolsa nos EUA e início da grande depressão global]. Este país tem robustez fiscal e estabilidade inflacionária.” A presidente citou ainda o baixo endividamento do Brasil em comparação com outros países.
‘Não dá para brincar com a estabilidade’, diz Campos
Anunciado em evento com empresários de Minas Gerais como “um dos principais candidatos à Presidência da República” em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), trocou elogios públicos com tucanos ontem, enalteceu o legado de Fernando Henrique Cardoso e criticou o “maniqueísmo” na política atual. No discurso, Campos citou as últimas gestões em Minas Gerais como exemplo de inovação. O senador Aécio Neves, nome do PSDB para a disputa presidencial, comandou o Palácio da Liberdade por oito anos, de 2003 a 2010.
Apesar de liderar um partido aliado ao governo Dilma Rousseff, Campos ensaia se lançar como adversário da petista em 2014. E dias depois de a presidente usar uma citação literária para atacar os pessimistas –comparados por ela ao velho do Restelo, personagem de Camões que em “Os Lusíadas” lançava mau agouro à expansão marítima portuguesa–, Campos também recorreu aos clássicos.
Após ouvir 200, PF não identifica origem de boatos do Bolsa Família
Após depoimentos de mais de 200 pessoas, o inquérito da Polícia Federal que investiga os boatos sobre o Bolsa Família não conseguiu comprovar ação orquestrada até agora. A apuração deve terminar no fim do mês. Foram ouvidos técnicos e beneficiários do programa, que relataram várias versões. Segundo investigadores consultados pela Folha, até ontem a PF encontrou só um ponto em comum para o início dos saques: a antecipação do pagamento pela Caixa Econômica Federal.
A principal hipótese é a de que os erros do banco estatal teriam precipitado os saques. Policiais acreditam, contudo, que é remota a hipótese de indiciamento de representantes da Caixa. Cem testemunhas ainda serão ouvidas. Como a Folha mostrou há duas semanas, o pagamento antecipado de todo o Bolsa Família tornou-se a principal linha de investigação da PF. Os beneficiários do programa estavam acostumados a uma rotina de pagamento. A mudança teria ajudado a espalhar os boatos, que provocaram corrida aos caixas eletrônicos em 18 e 19 de maio. Em um primeiro momento, a Caixa informou que liberou o benefício após a confusão provocada pelos boatos.
Biografia foge do romantismo ao fazer retrato de José Dirceu
Otávio Cabral é um dos editores da revista “Veja”. Natural que não se espere imparcialidade de sua biografia do ex-ministro José Dirceu, recém-lançada pela editora Record. Seria o mesmo que pedir equilíbrio de uma biografia de Osama bin Laden feita por Condoleezza Rice. Nisso está a maior surpresa de “Dirceu — A Biografia”. Trata-se de um relato limpo, nada opinativo, e quase sem traços de “vejês”. Neutro sem ser apático, e pormenorizado sem perder o ritmo, “Dirceu” é um livro que se lê com prazer e interesse. Não poderia ser mais instrutivo o contraste de suas páginas com o que diz a própria revista “Veja”, ao resenhar a publicação.
Num breve retrospecto da infância do biografado, Otávio Cabral conta que (a exemplo de muitos moleques do interior) José Dirceu se divertia amarrando bombinhas no rabo de gatos. Informação suficiente para que “Veja” qualifique o ex-ministro como “contumaz torturador” de animais domésticos. Mais pesada é a acusação, que consta do livro, segundo a qual nos tempos do movimento estudantil José Dirceu sequestrou e maltratou um militante de direita, matriculado no Mackenzie. Para isso, Otávio Cabral cita, sem relativizar, o relatório de um delegado do Dops, escrito no auge da ditadura.
MP dos Portos pode parar na Justica, diz Ideli
A ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) disse ontem que “não duvida” que o governo entre na Justiça caso o Congresso derrube vetos presidenciais da Medida Provisória dos Portos. Dentre os 13 pontos que Dilma vetou na semana passada, um deles obriga o governo a renovar contratos de arrendamentos em portos públicos assinados antes de 1993 e que já estão vencidos. “Se o Congresso derrubar, como é um poder que o Executivo tem de renovar ou não, eu não duvido que isso será judicializado”, disse. “E o Congresso tem que avaliar se quer continuar judicializando questões tão estratégicas.” O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), é o principal autor das ameaças aos vetos presidenciais. Questionada se Cunha está cumprindo com as responsabilidades de aliado do governo, Ideli insistiu que a pergunta deveria ser direcionada a ele.
Ministros negam divergências sobre índios
Os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) defenderam ontem a colega Gleisi Hoffmann (Casa Civil) das críticas feitas pelo ex-ministro Paulo Vannuchi. Titular da pasta dos Direitos Humanos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e recém-eleito para a OEA (Organização dos Estados Americanos), Vannuchi disse anteontem à “Rádio Brasil Atual”, ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores), que Gleisi estaria alinhada aos ruralistas no embate com os índios.
Ele afirmou ainda que o governo de Dilma Rousseff estaria dividido na tomada de decisões sobre o tema. “São inoportunas e desprovidas de fundamento na realidade dos fatos as declarações do ex-ministro que atribuem à ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, posições divergentes do conjunto do governo”, diz nota oficial distribuída ontem por Carvalho e Maria do Rosário.
Supremo faz licitação por serviços de imprensa
O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza licitação para contratar empresa que fornecerá 35 profissionais para trabalhar sob a coordenação da Secretaria de Comunicação Social. A abertura das propostas será no dia 25. O STF conta há vários anos com o trabalho de jornalistas terceirizados, contratados por uma empresa de serviços de limpeza e manutenção, a Assemp Gestão Empresarial. Desde março, o STF assumiu a folha de pagamento de centenas de funcionários terceirizados, após o rompimento de sete contratos firmados desde 2009 com a Assemp. De acordo com a Secretaria de Comunicação do Supremo, haverá concurso para vagas na área até o fim do ano.
Ministério Público será alvo de novo grupo do PT
Sem consenso sobre a proposta de emenda constitucional (PEC) que reduz os poderes de investigação do Ministério Público, os deputados do PT criaram um grupo de trabalho para recolher sugestões de mudanças no texto e discutir se apresentam uma proposta alternativa. Maior bancada da Câmara com 89 parlamentares, o PT é um dos principais críticos da atuação de procuradores e promotores.
Os ataques ganharam força no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou desvio de recursos públicos para compra de apoio político no Congresso nos primeiros anos do governo Lula. Não se chegou nesta semana a um acordo entre policiais e representantes do Ministério Público para um texto de consenso sobre a PEC. Havia a sugestão de que procuradores e promotores fizessem investigações criminais somente em casos extraordinários, em que houvesse risco de comprometimento da apuração policial.
Aécio convida prefeito de BH a trocar de partido para concorrer ao governo
Impelido pelo governador Eduardo Campos (PSB-PE) a disputar o governo de Minas Gerais em 2014, o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), sofre pressão no mesmo sentido do senador Aécio Neves e seu grupo político no PSDB mineiro. O PSDB até já formalizou convite para que Lacerda deixe o partido de Campos e se filie à sigla, apurou a Folha. As pressões de Campos e Aécio, potenciais candidatos à Presidência da República, têm motivos distintos.
Campos tenta montar um palanque forte em Minas, capaz de lhe ajudar a conquistar votos no segundo colégio eleitoral do país e quintal do seu concorrente tucano. Aécio busca um nome competitivo, para enfrentar em condições de igualdade o candidato petista, que deve ser o ministro e ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (Desenvolvimento). Bem avaliado na capital, Lacerda é tido por Aécio e pelo governador Antonio Anastasia (PSDB) como um nome afinado com a gestão implantada desde 2003 no Estado, sob o comando do PSDB.
Estudo do IBGE acirra disputa entre Ceará e Piauí por território
Uma disputa centenária por terras na divisa entre Piauí e Ceará, em região conhecida como “faixa de Gaza do Nordeste” devido a imprecisões no limite dos Estados, se acirrou após uma pesquisa do IBGE apontar que a maioria dos domicílios está em território cearense. O governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), não aceita o resultado e pede que o STF (Supremo Tribunal Federal) decida a quem pertence a área de quase 3.000 km² –o equivalente a duas cidades de São Paulo–, onde vivem cerca de 10 mil pessoas.
O litígio começou em 1880, quando decreto assinado por dom Pedro 2º formalizou uma troca de terras –o Ceará cedeu parte do litoral e ganhou um pedaço do Piauí. Em 2011, o Piauí ingressou com a ação no STF. A AGU (Advocacia-Geral da União) assumiu a missão de tentar a conciliação, e a pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) serviria de referência.
Nove Estados têm protestos de ruralistas contra índios
Produtores rurais promoveram ontem protestos em pelo menos nove Estados, com bloqueio de estradas e panfletagem, contra a política de demarcação de áreas indígenas. Não houve registro de confrontos nos atos, ocorridos em Roraima, Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Em faixas e adesivos, ruralistas pediram “justiça” e criticaram a Funai (Fundação Nacional do Índio), que hoje tem a palavra final sobre novas reservas. O governo prepara alterações que também darão poder a órgãos ligados à agricultura nessas decisões.
Pressionado por ruralistas, o Planalto já havia suspendido as demarcações no Paraná e no Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso do Sul, principal foco dos conflitos, cerca de 4.000 pessoas participaram do protesto, em que foram distribuídos panfletos e sementes a motoristas que passavam pela BR-163. Segundo a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS), há 66 propriedades invadidas por índios no Estado. “Pedimos socorro porque estamos sendo desalojados”, diz o presidente da entidade, Eduardo Riedel.