Responsável pela Operação Efeito Dominó, da Polícia Federal, o delegado Roberto Biasoli declarou nesta terça-feira (15) que há “vínculo muito claro” entre o dinheiro do narcotráfico e políticos e agentes públicos corruptos. Segundo Roberto, investigações desse desdobramento da Operação Lava Jato apresentam indícios de dinheiro do crime “nas mãos de políticos”.
“Há indícios de um vínculo muito claro do dinheiro do narcotráfico, em espécie, indo parar nas mãos de políticos”, afirmou o delegado à imprensa, depois de deflagrada a nova operação.
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A ação policial prendeu oito pessoas nesta terça-feira, entre as quais dois doleiros que trabalhavam para o narcotraficante Luiz Carlos da Rocha, que tem o apelido de “Cabeça Branca” e é conhecido como o “embaixador do tráfico”. Segundo a PF, Luiz Carlos é o maior traficante de drogas do país e um dos mais atuante em todo o mundo.
As investigações revelaram que o principal vínculo entre o narcotráfico e as apurações da Lava Jato também é o doleiro Carlos Alexandre Souza Rocha, o “Ceará”, que firmou acordo de delação premiada em 2005 com a Procuradoria-Geral da República (PGR). O processo de colaboração foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) naquele ano.
Carlos Alexandre disse, durante as negociações para a delação, que atuava para o doleiro Alberto Youssef, um dos primeiro e principais delatores da Lava Jato. Dizendo que empreiteiras bancavam as negociatas, Ceará declarou ter atuado como entregador de valores a Youssef e também relatou esquema de repasses em espécie a vários políticos de diversos partidos.
Ainda segundo Roberto Biasoli, há provas de que Ceará movimentou dinheiro para o narcotráfico pelo menos desde 2016. “Ele diz, na colaboração, que Youssef tinha interesse nele porque ele tinha disponibilidade de dinheiro em espécie, por causa de negócios com vinhos. Hoje a gente sabe que o dinheiro em espécie que ele tinha era em virtude da relação com o tráfico de drogas”, acrescentou o delegado.
Mas o delegado da PF Igor Romário de Paula, coordenador da Lava Jato na corporação, fez uma ressalva sobre tal vínculo entre agentes públicos e o narcotráfico. Segundo Igor, há a possibilidade de que políticos e demais agentes receberam dinheiro desconhecendo a origem.
“Ceará é um profissional que atua na lavagem de dinheiro. Ele atende a diversos clientes. Na Lava Jato era um tipo de cliente, mas não necessariamente há vinculação entre eles. Nenhum deles [políticos] tinha ciência do outro ramo de operação do Ceará”, ponderou o delegado.
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