Em nota divulgada na tarde desta terça-feira (16), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) criticou a cobertura realizada pela imprensa sobre as investigações que correm sobre o ex-presidente Lula nas operações Zelotes e Lava Jato, da Polícia Federal.
No texto, a Direção Nacional do MST se solidariza com o ex-presidente, afirma que a corrupção e a apropriação de bens públicos sempre foram refutadas pelo movimento e pede “equidade” no tratamento de políticos com nomes associados a denúncias.
Segundo o MST, o PSDB aparece como “inimputável”, enquanto nomes ligados ao governo atual são “condenados antes mesmo do término das investigações”. A direção do movimento avalia que a melhor solução para resolver os problemas gerados a partir da crise política passa por uma profunda reforma política, reestruturação que só poderia ocorrer, de acordo com o movimento, com uma nova Assembleia Nacional Constituinte. Essa tese também é defendida pelo PT.
De acordo com a organização, “a ofensiva patrocinada pelo conluio da mídia tradicional (…) busca, concomitantemente, destituir a Presidenta da República democraticamente eleita em 2014, e destruir a figura política de Lula”.
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Leia, a seguir, a íntegra da nota divulgada pelo MST:
“O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) repudia a ofensiva patrocinada pelo conluio da mídia tradicional – controlada por poucas famílias muito ricas – com setores do Ministério Público, Poder Judiciário, Policia Federal e a ala mais conservadora do Congresso Nacional, que busca, concomitantemente, destituir a Presidenta da República democraticamente eleita em 2014, destruir a figura política do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criminalizar a política.
PublicidadeNinguém mais do que a classe trabalhadora sempre exigiu dos poderes do Estado o combate à corrupção e à apropriação indevida dos bens públicos. É uma luta permanente e deve ser tratada, nos marcos da lei, com equidade e isenção contra TODOS os que cometeram tais crimes. Não é o que vemos nos dias de hoje. A nota assinada por centenas de advogados atesta os dias sombrios que vivemos, promovidos pelo conluio citado, ao denunciar:
“O desrespeito à presunção de inocência, ao direito de defesa, à garantia da imparcialidade da jurisdição e ao princípio do juiz natural, o desvirtuamento do uso da prisão provisória, o vazamento seletivo de documentos e informações sigilosas, a sonegação de documentos às defesas dos acusados, a execração pública dos réus e o desrespeito às prerrogativas da advocacia, dentre outros graves vícios, estão se consolidando como marca da Lava Jato, com consequências nefastas para o presente e o futuro da justiça criminal brasileira.”
Já é notório que os governos do PSDB e suas lideranças políticas, grupos econômicos e, principalmente, as famílias que controlam a mídia tradicional são consideradas inimputáveis pelos crimes que cometem. Faria bem à democracia e às instituições do Estado se as denúncias das ações criminosas cometidas pela Rede Globo, que circulam em blogs independentes e documentadas, fossem apuradas com seriedade e à exaustão pela Justiça.
Já os partidos e políticos identificados com o atual governo são condenados antes mesmo do término das investigações e do julgamento. Uma prática já implementada no julgamento da AP 470, onde um dos réus, José Dirceu, foi condenado sem provas, nas palavras da ministra Rosa Weber, assessorada, em seu voto, pelo juiz Sérgio Moro.
Nos solidarizamos com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua família, agredida de forma incessante pelo conluio conservador. A cada dia se evidencia a estratégia de primeiro condená-lo para depois encontrar um crime que justifique a condenação.
Por último, essa crise politica, que afeta as instituições da República, os partidos políticos e a política em si, exigem uma profunda reforma política que deverá ser consolidada em uma nova Assembleia Nacional Constituinte, soberana e independente.
Direção Nacional do MST
São Paulo, 16 de fevereiro de 2016.”
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