Na nota, o MPF deixa claro que há sob investigação outros fatos relacionados ao caso. “Para melhor apuração dos fatos, foi decretado o sigilo das investigações. Outros procedimentos de investigação, que já estavam em curso nas Promotorias de Justiça para apurar fatos relacionados aos envolvidos sem foro privilegiado, seguirão seu curso normal”, diz trecho do comunicado.
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As gravações foram divulgadas pelo jornal O Globo e envolvem não só a presidente da Casa, como também o ex-secretário-geral da Câmara Legislativa, Valério Neves, e grande parte da Mesa Diretora do Legislativo Local. Valério chegou a ser preso na Operação Lava Jato acusado de ser operador do esquema envolvendo o ex-senador Gim Argello (PTB).
Nos áudios, Celina conversa com Liliane sobre a liberação de R$ 30 milhões. Os recursos sobraram do orçamento da Câmara Legislativa e poderiam ser realocados por decisão do comando da Casa. A verba, inicialmente, seria usada para pagar reformas de escolas públicas, mas foi transferida para quitar dívidas da Secretaria de Saúde com empresas que administram leitos de UTI. Estas empresas, segundo a presidente da Casa, iria “ajudar todo mundo”.
Ouça o áudio da conversa entre Liliane e Celina:
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“Você não está fora do projeto, não. Você está no projeto. Mandei o Valério já falar com você”, disse Celina tranquilizando Liliane sobre a participação de todos no chamado “projeto”.
Em outra conversa, entre Liliane, que é filha de Joaquim Roriz – quatro vezes governador do Distrito Federal – e Valério Neves, o então secretário-geral diz que o distrital Cristiano Araújo (PSD) conseguiu o “negócio” das UTIs. Segundo Valério, o “negócio” de Cristiano poderia render “no mínimo 5% e no máximo 10, em torno de 7%”.
“Quem sabe disso são só os cinco membros da Mesa e o Cristiano”, acrescenta Valério. Fazem parte da Mesa Diretora Bispo Renato Andrade (PR), Júlio César (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Celina Leão.
Ouça o áudio da conversa entre Liliane e Valério Neves:
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Procurada pela reportagem do Congresso em Foco, Celina Leão afirmou em nota que os áudios “estão evidentemente editados e as conversas estão fora de contexto”. Disse ainda que “rejeita qualquer acusação de prática de ato ilícito e que confia nas investigações para a apuração da verdade”. O Ministério Público do Distrito Federal, por sua vez, informou que foi aberto um procedimento investigativo na esfera criminal para apurar as denúncias apresentadas por Liliane Roriz.
Em maio deste ano, a Justiça do Distrito Federal aceitou denúncia Liliane Roriz (PTB) por lavagem de dinheiro. Segundo a denúncia do Ministério Público, a deputada recebeu dois apartamentos em Águas Claras, bairro de classe média do DF, fruto de crimes contra a administração pública. Por unanimidade, o Conselho Especial do Tribunal de Justiça local decidiu tornar a parlamentar ré no processo. Os promotores alegam que os imóveis foram dados a Liliane em troca de favores políticos.
Veja a íntegra da nota da Mesa Diretora da CLDF:
“A Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal esclarece que aprovou Projeto de Emenda Aditiva, proposto pela própria deputada Liliane Roriz, que destina recursos para a Saúde. E que os áudios divulgados, hoje, pela imprensa estão evidentemente editados e as conversas estão fora de contexto. A Mesa ainda esclarece que os deputados cumpriram com seu dever de legislar, que rejeita qualquer acusação de prática de ato ilícito e que confia nas investigações para a apuração da verdade.
Ademais, a deputada Liliane Roriz está sendo investigada pela Mesa Diretora da Câmara, podendo sofrer a perda do mandato em três processos pela prática de atos ilícitos e quebra de decoro parlamentar.”
Confira a nota do Ministério Público Federal:
“Nota à Imprensa O MPDFT confirma que instaurou procedimento investigativo na área criminal para analisar o conteúdo dos áudios entregues à Instituição pela deputada Liliane Roriz. O procedimento foi aberto pela Vice-Procuradoria-Geral de Justiça, que tem atribuição para investigar atos relacionados a autoridades com foro privilegiado. Esse procedimento foi instaurado no dia 12 de agosto, logo após o recebimento dos áudios pela Assessoria Criminal do MPDFT.
Para melhor apuração dos fatos, foi decretado o sigilo das investigações. Outros procedimentos de investigação, que já estavam em curso nas Promotorias de Justiça para apurar fatos relacionados aos envolvidos sem foro privilegiado, seguirão seu curso normal.”
Leia a íntegra da matéria do Globo