O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, negou a senadores ter ligação com um suposto esquema de candidaturas laranjas no PSL em Minas Gerais, suspeita que é investigada pela Polícia Federal (PF). Marcelo Álvaro foi questionado pela senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) na manhã desta quarta-feira (10) em uma audiência na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) da Casa. “Eu posso afirmar para a senhora que sempre agi estritamente dentro da legislação eleitoral à frente do PSL em Minas”, disse o ministro.
Outra comissão, a de Transparência, espera há quase um mês para falar sobre as denúncias. O colegiado marcou audiência para ouvi-lo no dia 23 de abril, mas ele ainda não confirmou presença. O ministro foi convidado, ou seja, não é obrigado a comparecer.
Este convite convite a Marcelo Álvaro foi proposto pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e aprovado no dia 12 de março pela comissão. Segundo a CTFC, o ministro já sinalizou que pretende comparecer, mas havia deixado a data em aberto. O Congresso em Foco perguntou ao ministério sobre o interesse de Marcelo Álvaro em falar aos senadores, mas não teve resposta.
Na última sexta-feira (5), o jornal Folha de S. Paulo informou que a PF vê “elementos de participação” do ministro no suposto esquema do partido do presidente Jair Bolsonaro. Ele vem negando as suspeitas desde que vieram à tona, em fevereiro.
Tentativa de blindagem
Na audiência desta terça, o presidente da CDR, Izalci Lucas (PSDB-DF), e o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE) tentam blindar o ministro, pedindo para que os colegas “se atenham ao tema” da audiência, que são os planos do ministério para a área. Eliziane, no entanto, reclamou de “censura prévia”, e o ministro respondeu ao questionamento.
A comissão de Transparência também havia chamado o ex-ministro da Secretaria-geral da Presidência, Gustavo Bebianno, para falar sobre as supostas candidaturas laranjas do partido. Ele presidiu a sigla durante a campanha eleitoral do ano passado e era responsável pela liberação dos recursos. Bebianno, no entanto, se recusou a ir ao Senado, alegando “compromissos previamente assumidos” na data da audiência.
Segundo a Folha, a PF vê indícios dos crimes de falsidade ideológica e lavagem de dinheiro por parte de Marcelo Álvaro. Na última sexta, Bolsonaro admitiu que poderá demitir o ministro a depender do resultado das investigações, mas que ainda é cedo para tomar uma decisão. “Só com acusação não vale”, disse o presidente. “Uma vez que tiver o relatório final da PF, vamos analisar”, completou.
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As suspeitas
A PF investiga ligações do nome do ministro com cinco candidatas do PSL em Minas Gerais no ano passado, três para deputada federal e duas para deputada estadual. Juntas, as cinco receberam mais de R$ 340 mil do partido e tiveram, somadas, 4.154 votos.
O investimento elevado em campanhas inexpressivas é um indicativo de que tais candidaturas foram de fachada, apenas para que a legenda cumprisse o “piso” legal de 30% de mulheres entre os candidatos e 30% dos recursos para as campanhas femininas.
A crise que derrubou Bebianno foi originada em outras suspeitas de laranjas, desta vez em Pernambuco. Juntas, uma candidata a deputada federal e outra a deputada estadual receberam R$ 650 mil do PSL e tiveram 1.589 votos.
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