O ministro da Justiça, Torquato Jardim, disse ter ficado “surpreso” com o que chamou de “pouco preparo profissional” do Ministério Público Federal para celebrar o acordo de delação premiada com executivos da J&F – em xeque com a prisão do empresário Joesley Batista e do diretor de Relações Institucionais do grupo, Ricardo Saud. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Torquato afirmou que a prisão de Joesley e Saud terá “consequências graves” para o caso.
“Não é uma vergonha. A delação é um instituto novo no Brasil. O que me surpreende é que haja vazamento. Isso quebra a dignidade do instituto. Outra coisa que não foi aprendida é a técnica de interrogatório. Basta ver cinema, que um interrogador experiente sabe ler os olhos, as narinas, a movimentação de boca, as carótidas, a respiração, tudo é indicativo de estado de espírito”, declarou.
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O ministro afirmou que prefere crer que faltou preparo dos procuradores e não que houve omissão por parte do Ministério Público. “Não é possível, não seria razoável admitir, que esses dois delatores e outros mais tenham enganado tão bem tantos, tanto tempo. Agora foram pegos no tropeço. O triste, além de todas as consequências jurídicas para quem foi envolvido, é que a delação esteja sendo colocada em prática por pessoas que não se preparam para essa tarefa”, acrescentou.
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Em defesa de Temer
Torquato Jardim desqualificou a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que associa o presidente Michel Temer à mala com R$ 500 mil apreendida com o ex-assessor especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), suplente de deputado. “Não tem nada a ver. Nem a denúncia consegue fazer a relação. É mera ilação. Eu diria até indigna com o presidente.”
PublicidadeNa entrevista, Torquato confirmou que haverá mudança no comando da Polícia Federal, mas reiterou que não há data para a saída de Leandro Daiello e disse que o atual diretor-geral sairá por vontade própria.
O ministro disse ter ficado com chocado com a apreensão de R$ 51 milhões em espécie atribuídos ao ex-ministro Geddel Vieira Lima. Mas negou que a prisão do ex-chefe da Secretaria de Governo cause preocupação a Temer. “Claro que sim [que choca]. Pelo tempo, que não foi possível esgotar a investigação, e terá todo o apoio do governo e do Ministério da Justiça, nunca houve e nem haverá intenção de inibir o trabalho da PF. E que estejam acontecendo casos ainda dessa dimensão, que é chocante. Choca a cidadania, choca qualquer um.”
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