“O aumento da inflação está sendo percebido como temporário, fruto do realinhamento de preços. Vamos trazê-la para baixo mais rapidamente do que o mercado esperava no fim do ano passado, mas não tão rapidamente quanto gostaríamos”, declarou Barbosa, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
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“As expectativas de inflação para os anos seguintes estão iguais ou menores do que o mercado esperava um ano atrás. Nós estamos trabalhando, principalmente o ministro [do Banco Central, Alexandre] Tombini, para que essa inflação recue o quanto antes”, acrescentou o ministro do Planejamento.
Medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA dos últimos 12 meses ficou em 7,7% – 1,2 ponto percentual acima do teto da meta (6,5%). Na última semana, o Banco Central (BC) já demonstrou seu desânimo em relação às metas de inflação ao elevar taxa básica de juros (Selic) para 12,75% ao ano. Responsável pelo controle da inflação, o BC, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), trabalha com a tendência de alta do IPCA, para muito além de centro da meta.
Assim, fica contrariado o discurso inicial do governo de que as ajustes iniciais em 2015 seriam seguidos de um “longo perído de declínio” na alta de preços. Esse cenário foi desconsiderado na mais recente ata do Copom, que vai reposicionar seu prognóstico no Relatório Trimestral de Inflação. A expectativa do mercado financeiro é de IPCA em 7,93%.
Embate
O ministro também falou sobre a alta do dólar, outro indicativo que tem alarmado a equipe econômica do governo Dilma Rousseff. Para Barbosa, a moeda norte-americana está sob controle e tem valorização registrada em todo o mundo. “Quando olhamos para uma série mais longa, observamos o câmbio de volta ao nível de 2006. O realinhamento [de valor relativo] ocorre devido a fatores internos e externos. O preço das commodities, por exemplo, caiu, e o dólar esta subindo no mundo inteiro”, explicou.
Mas a exposição de Barbosa não convenceu a oposição, que logo tratou de mencionar as promessas de campanha de Dilma, no ano passado, e explorar o momento turbulento da economia. Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), os ajustes em curso evidenciam “estelionato eleitoral”.
“A primeira indagação diz respeito aos equívocos, aos erros cometidos pelo Governo, nos últimos anos, que nos levaram a esta situação de complexidade econômica. E a indagação é: quais foram esses erros? Quais foram os equívocos cometidos pelo governo e por que o governo não se antecipou? Porque, na campanha eleitoral, o Brasil era uma ilha de prosperidade, era o paraíso, não tínhamos dificuldades. Aqueles mais veementes e ousados traduzem isso como estelionato eleitoral”, disse o tucano.
Ex-ministra da Casa Civil, a senador Gleisi Hoffmann (PT-PR) retrucou o colega de estado, fazendo referência à situação do Paraná, capitaneado pelo governador tucano Beto Richa. Para Gleisi, a oposição ignora números positivos da gestão petista, como as taxas de emprego, o alcance da política habitacional, as reservas financeiras internacionais e as concessões para rodovias e aeroportos.
“O que a presidenta Dilma falava em campanha parece que é o caso que temos no Estado do Paraná, onde um governo do partido do senador, o governador Beto Richa, tem uma situação crítica de quebra do Estado. Tomou medidas muito duras agora, inclusive enfrentando uma greve de 28 dias dos professores não porque estavam pedindo melhores condições de carreira, mas porque estavam defendendo direitos que iriam ser tirados das suas carreiras. Com uma intenção de tirar o fundo de previdência dos servidores, R$ 8 bilhões para colocar no caixa do Estado e pagar a folha, tirando portanto uma poupança”, rebateu a petista.