O Ministério Extraordinário da Segurança Pública divulgou nota, nesta segunda-feira (19), mudando a versão dada pelo ministro da Justiça, Raul Jungmann, sobre a munição de propriedade da Polícia Federal encontrada na cena dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes. Segundo Jungmann, as balas, que pertenciam à Polícia Federal e vieram de lote que foi usado em chacinas, foram furtadas em uma agência dos Correios no estado da Paraíba, em julho do ano passado.
No texto, a pasta diz que “o ministro não associou diretamente o episódio da Paraíba com as cápsulas encontradas no local do crime que vitimou a vereadora e seu motorista”, e afirma que Jungmann apenas “explicou que a presença dessas cápsulas da PF no local pode ter origem em munição extraviada ou desviada” (nota abaixo na íntegra). A munição utilizada na execução de Marielle e do motorista pertence a um lote comprado pela Polícia Federal de Brasília em 2006.
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“Essa munição foi roubada na sede dos Correios, pela informação que eu tenho, anos atrás, na Paraíba. E a Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada. […] Eu acredito que essas cápsulas que foram encontradas na cena do crime, este bárbaro crime, foram efetivamente roubadas. E, também, têm a ver com a chacina de Osasco [município da região metropolitana de São Paulo]. A Polícia Federal está fazendo todo seu rastreamento, levantando todos os dados, e vai apresentar muito em breve as conclusões às quais chegou”, declarou o ministro na última sexta-feira (16).
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No mesmo dia em que Jungmann deu a declaração, o comando nacional dos Correios também se manifestou por meio de nota para contrariar as declarações do ministro. Segundo a instituição, as agências dos Correios não despacham munição e materiais similares por meio dos métodos tradicionais de envio de correspondência e cargas, exceto por imposição de legislação específica.
“O ministro não associou diretamente o episódio da Paraíba com as cápsulas encontradas no local do crime que vitimou a vereadora e seu motorista. O ministro citou os episódios da Paraíba e da superintendência do Rio, esta em 2006, como exemplos de munição extraviada que acabam em mãos de criminosos”, afirma o texto do Ministério.
A nota divulgada nesta segunda-feira, por sua vez, informa que houve um arrombamento na agência dos Correios de Serra Branca, na Paraíba, em 24 de julho de 2017, e que ali foram encontradas cápsulas do mesmo lote.
Leia o texto na íntegra:
“Sobre a declaração do ministro Raul Jungmann a respeito de munição de propriedade da Polícia Federal encontrada na cena dos assassinatos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o Ministério Extraordinário da Segurança Pública esclarece:
1. A Polícia Federal instaurou o inquérito policial 1909/2017 na delegacia de Campina Grande para apurar o arrombamento à Agência dos Correios de Serra Branca/PB ocorrido em 24/07/2017;
2. O arrombamento foi seguido de explosão do cofre de onde foram subtraídos objetos e valores. Na cena do crime a PF encontrou cápsulas de munições diversas, dentre elas do lote ora investigado;
3. O ministro não associou diretamente o episódio da Paraíba com as cápsulas encontradas no local do crime que vitimou a vereadora e seu motorista. Explicou que a presença dessas cápsulas da PF no local pode ter origem em munição extraviada ou desviada e informou que há outros registros de munição da Polícia Federal encontradas em outras cenas de crime sob investigação;
4. O ministro citou os episódios da Paraíba e da superintendência do Rio, esta em 2006, como exemplos de munição extraviada que acabam em mãos de criminosos;
5. A Polícia Federal prossegue no rastreamento de possíveis outros extravios“.
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