Um dos autores da denúncia contra a presidente Dilma Rousseff, o jurista Miguel Reale Junior defendeu nesta terça-feira (30) que o processo de impeachment surgiu da vontade popular nas manifestações de rua. Para ele, ao dizer que o impeachment é um “golpe”, fruto de algum tipo de “trama”, Dilma parece “estar de costas para a nação”, “sem perceber que o processo nasceu das ruas, da Avenida Paulista, de Copacabana, de Boa Viagem, do Parcão de Porto Alegre”. Durante sua argumentação, o advogado reafirmou que o o processo teve início junto aos movimentos sociais, por meio da internet.
O fato de o advogado ter mencionado regiões conhecidas por abrigarem grandes centros financeiros e áreas ocupadas majoritariamente pela classe média alta não passou em branco. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) pediu a palavra ao final da fala de Miguel Reale e chamou atenção para o fato. “Miguel Reale falando: este processo nasceu na Av. Paulista, N. S. Copacabana, Av. Atlântica. Nisso tem razão, nasceu da elite brasileira”, disse a senadora.
O jurista também sustentou que a presidente se esquivou das perguntas na sessão de ontem (29) ao dar sempre as mesmas respostas. “Não precisava a presidente ficar tanto tempo, era possível só gravar algumas respostas e tocar o play, porque as respostas eram sempre as mesmas, as respostas eram sempre iguais”, afirmou o advogado.
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Miguel Reale reafirmou que Dilma cometeu crimes de responsabilidade. Para ele, o próprio projeto de mudança da meta fiscal enviado pela presidente ao Congresso é uma prova de que houve descumprimento da meta vigente na edição de decreto de suplementação orçamentária. “Há crime de responsabilidade, há autoria e há dolo. Há, sim. Há crime de responsabilidade, há cadáver e há mau cheiro desse cadáver”, concluiu o advogado.
Já no começo do discurso, Reale atacou o PT, partido de Dilma, afirmando que o país vive um momento de mudança de mentalidade, não apenas de governo. ” É uma administração pública não baseada no mérito, mas na sinecura, na difusão de que o que importa é ser malandro. O lulopetismo deixa como legado a esperteza, a malandragem. O país não quer mais isso”, afirmou.
O jurista insistiu que o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não prejudica o regime democrático brasileiro.”O país não quer mais isso. O país que organiza uma Olimpíada e que vive um processo de impeachment sem risco à democracia é um país que confia em suas instituições, em sua gente. Um país que confia que existem pessoas da coragem como Janaína Paschoal”, disse, exaltando o trabalho da colega durante o processo. Reale finalizou, dizendo que os senadores “não estão fazendo nenhuma injustiça” ao votar pelo impeachment. “Estão fazendo justiça proporcional aos atos graves que foram cometidos”.
PublicidadeCom informações da Agência Brasil
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