“Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos”, disse Marina na carta que explica sua decisão. Para ela, o tucano “interpretou corretamente” o que acontece no Brasil.
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Marina disse que ainda não conversou com Aécio após o primeiro turno e que não discutiu com o PSB e com o PSDB se participará da propaganda política do tucano. “Temos um momento que a alternância de poder fará bem ao Brasil”, comentou. No evento da manhã de hoje, a candidata derrotada estava acompanhada de seu vice na campanha, Beto Albuquerque (PSB-RS), e de integrantes da Rede Sustentabilidade.
No pronunciamento, de quase 30 minutos, Marina rejeitou a possibilidade de seu apoio estar condicionado a um “acordo ou aliança para governar”. “O que me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas”, explicou. Pela carta divulgada, a pessebista coloca como principal motivo a adesão de Aécio a algumas bandeiras da sua campanha.
Ontem, ao receber o apoio da viúva, Renata, e dos filhos de Eduardo Campos, o tucano anunciou que se comprometeria com o fim da reeleição, com a transformação do programa Bolsa Família em programa de Estado e com a manutenção da demarcação de terras indígenas sob responsabilidade do Executivo. Ele, porém, não mudou sua posição de redução da maioridade penal para crimes hediondos.
Durante sua manifestação, Marina comparou o documento de Aécio divulgado no Recife à Carta Aberta ao Povo Brasileiro, lançada pelo então candidato à presidência Lula em 2002. Na época, o PT se comprometeu a manter os parâmetros da economia definidos pelos oito anos de governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. A principal parte, que ajudou a acalmar os mercados, tratava do respeito aos contratos assinados pelo Brasil com bancos e com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Ao final da presidência de Fernando Henrique Cardoso, a sociedade brasileira demonstrou que queria a alternância de poder, mas não a perda da estabilidade econômica. E isso foi inequivocamente acatado pelo então candidato da oposição, Lula, num reconhecimento do mérito de seu antecessor e de que precisaria dessas conquistas para levar adiante o seu projeto de governo.”
Críticas
Antes da leitura da carta, Marina rebateu algumas críticas ao tempo que levou para anunciar sua decisão. “Uma semana não é um longo tempo para um processo de decisão significativa”, afirmou, acrescentando que o anúncio ocorreu após ouvir diversas pessoas, incluindo o e os partidos da coligação derrotada terem se manifestado.
A carta também serviu para criticar indiretamente a presidenta Dilma Rousseff e o PT pela campanha durante o primeiro turno. Marina foi o principal alvo dos petistas, especialmente pelas mudanças de opinião em temas polêmicos. “Em curto espaço de tempo, e sofrendo os ataques destrutivos de uma política patrimonialista, atrasada e movida por projetos de poder pelo poder, mantivemos nosso rumo, amadurecemos, fizemos a nova política na prática.”
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