Segundo Marina, que declarou apoio no senador Aécio Neves (PSDB-MG) em segundo turno, tudo o que aconteceu desde a cerimônia de posse, em 1º de janeiro, sinaliza que a recondução de Dilma à Presidência da República é “um grande equívoco”. Para Marina, “ficou longe a marca da estadista”.
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“O discurso de posse, a escolha de alguns ministros, as primeiras medidas tomadas ou anunciadas, tudo transmite contradição, ausência de sentido e a noção de um grande equívoco. Quem esperava o programa de governo, que não foi apresentado na campanha, ou diretrizes claras para a solução dos problemas mais evidentes, ou pelo menos explicações sobre as anunciadas novas ideias do governo novo, frustrou-se com uma retórica vazia, destinada a isentar-se das responsabilidades e lançar uma cortina de fumaça sobre o passado e a origem dos problemas atuais do país”, escreveu a idealizadora da Rede Sustentabilidade, que continua na fase de coleta de assinaturas para ser formalizada como partido junto ao Tribunal Superior Eleitoral.
Marina diz ainda que a educação é a “primeira vítima da retórica” presidencial – referência ao lema lançado por Dilma durante as solenidades de 1º de janeiro, o “Brasil, Pátria Educadora”. “[…] o problema é a qualidade, a resposta da presidente é mais quantidade e a repetição de programas que “deram certo”, embora não se tenha avaliação profunda e continuada, apenas o ufanismo de números formatados pela propaganda”, disse a atual integrante do PSB, sigla pela qual disputou a Presidência da República. O texto é encerrado, aliás, com outro lema, este levado a público durante a campanha de 2014 pelo então presidenciável do PSB, o ex-governador de Pernambucano Eduardo Campos, morto em 13 de agosto em Santos (SP): “Não vamos desistir do Brasil”.
Marina também faz referência às medidas protocolares de Dilma, por meio da Casa Civil, no combate à corrupção, com projetos que “dormirão […] na gaveta da regulamentação”; critica a postura do governo em relação à questão climática; sugere o desdém governamental quanto à reforma agrária e a demandas de indígenas e quilombolas; e condena a política de alianças do governo de coalizão em detrimento do interessa comum.
“Nós, brasileiros, sempre guardamos, no fundo de nossas almas, ao menos o resquício de uma crença no futuro. O segundo mandato da presidente Dilma se inicia gastando o terceiro ‘volume morto’ de nossa reserva de esperança”, resigna-se Marina.
A publicação do texto antecede a estratégia de Marina em sair pelo país de maneira a evitar a desmobilização de sua militância. A partir de abril, ela sairá em caravana por redutos eleitorais para assegurar a composição de diretórios estaduais da Rede. A agremiação espera finalizar a coleta de assinaturas para se viabilizar como partido ainda neste ano.