Em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, a presidenciável do PSB, Marina Silva, afirmou nesta quarta-feira (27) que desconhecia qualquer ilegalidade referente aos proprietários do jato utilizado por Eduardo Campos e por ela na campanha eleitoral. Após a morte do ex-governador de Pernambuco e de mais seis pessoas na queda do avião no último dia 13, surgiram várias suspeitas envolvendo a compra e venda do jato, incluindo a de caixa dois de empresários ou do PSB. De acordo com reportagem do próprio Jornal Nacional, o Cessna que caiu em Santos (SP) foi pago por meio de empresas fantasmas.
“Tínhamos informação de que era um empréstimo e que seria feito ressarcimento no prazo legal pelo comitê financeiro do candidato até o encerramento da campanha. Não tinha informação quanto a qualquer ilegalidade referente à postura dos proprietários do avião. As informações que tínhamos eram aquelas referentes à forma legal de adquirir o provimento desse serviço”, disse Marina.
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As despesas com o avião não apareceram na primeira prestação de contas da campanha do PSB à Justiça eleitoral. “Além das informações prestadas pelo partido [PSB], há uma investigação da Polícia Federal (PF). O nosso interesse e a nossa determinação é que essas investigações sejam feitas com todo rigor para que a sociedade possa ter os esclarecimentos e para que não se cometa injustiça com a memória de Eduardo”.
O apresentador do telejornal, William Bonner, afirmou que a candidata respondeu usando o discurso da “velha política”, pelo qual políticos quando alvos de suspeitas de irregularidades sempre afirmam que não sabiam de nada e que tudo tem que ser investigado. Segundo ele, isso contrariava o discurso da candidata em favor de uma “nova política”.
Marina negou repetir o discurso da “velha política”. “Esse meu discurso é o que tenho utilizado para todas as situações, inclusive quando envolvem meus adversários. Não como retórica mas como desejo de quem, de fato, quer que as investigações aconteçam. O meu compromisso e o compromisso daqueles que querem a renovação da política é com a verdade. A verdade não virá pelas mãos do partido e nem pela imprensa, mas pela investigação da Polícia Federal. Isso não tem nada a ver com querer tangenciar ou se livrar do problema. Pelo contrário. Isso é enfrentar o problema para que a sociedade possa, com transparência, ter acesso às informações”.
A ex-senadora, que era candidata a vice na chapa encabeçada por Eduardo Campos, disse ter o mesmo “rigor ético” que exige dos seus adversários. “O serviço [do avião] estava sendo prestado por meio de empréstimo que seria ressarcido pelo comitê financeiro. Em relação à postura dos empresários e os problemas agora identificados, eu, como todos os brasileiros, estou aguardando. Não uso dois pesos e duas medidas. A régua com a qual meço meus adversários é a que uso primeiramente comigo”.
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A candidata do PSB também foi questionada pela apresentadora Patrícia Poeta sobre seu fraco desempenho em seu berço político, o Acre, nas eleições de 2010, quando também disputou a presidência. Ela ficou atrás de José Serra (PSDB) e de Dilma Rousseff (PT).
“Você talvez tenha um certo desconhecimento do que significa ser senadora na situação em que eu fui. É muito difícil ser profeta em sua própria terra porque às vezes a gente tem de confrontar interesses. Desde os meus 17 anos, tive de confrontar interesses no meu estado, ao lado de pessoas que se posicionaram em defesa dos índios e seringueiros, da ética na política, da justiça. Não sou filha de político tradicional e nenhum empresário. Não é culpa dos acrianos mas das circunstâncias”, disse Marina.
Divergências com o vice
Questionada sobre suas divergências com o candidato a vice em sua chapa, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB), Marina afirmou que a “nova política sabe trabalhar nas diferenças” e negou que a união com o parlamentar gaúcho seja uma mera “conveniência eleitoral”. O apresentador William Bonner citou como exemplos de divergência células-tronco embrionárias e sementes transgênicas.
“Há uma lenda de que sou contra os transgênicos, mas isso não é verdade. Eu defendo um modelo de coexistência em que existam áreas com transgênicos e áreas livres de transgênicos. No Congresso não passou a proposta da coexistência”, disse Marina, que foi ministra do Meio Ambiente. No Congresso, Beto Albuquerque foi um dos principais articuladores da aprovação da medida que permitiu o plantio da soja transgênica e defendeu pesquisas com células-tronco. Ela concluiu que, se eleita, não tentará a reeleição em 2018.
Em enquete relâmpago feita pela página do Congresso em Foco no Twitter, o desempenho de Marina Silva recebeu nota média 5,7. Últimas pesquisas de intenção de voto indicaram que ela venceria eventual disputa no segundo turno contra presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição.
Veja a íntegra, em vídeo, da entrevista de Marina Silva ao Jornal Nacional
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