Na delação premiada que fez à força-tarefa da Operação Lava Jato e disponibilizada em vídeo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, o empresário Marcelo Odebrecht, informou aos procuradores que avisou ao então ministro do Desenvolvimento, Industria e Comércio Exterior Fernando Pimentel (PT), hoje governador de Minas Gerais, sobre as doações feitas pelo caixa dois da empreiteira à campanha presidencial da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) à reeleição, em 2014.
Segundo o executivo, o dinheiro não contabilizado nas doações eleitorais formais constavam de uma planilha que Marcelo entregou a Pimentel durante a campanha, quando passou por Belo Horizonte a caminho de Salvador. Destas planilhas, de acordo com o depoimento, constavam os pagamentos feitos ao marqueteiro da campanha de Dilma, João Santana – um dos mais importantes assessores da ex-presidente. O depoimento não esclarece quanto a Odebrecht doou via caixa dois para a campanha da ex-presidente.
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Marcelo Odebrecht também informou aos procuradores que usava Pimentel como intermediário de temas que queria tratar com Dilma Rousseff porque sabia da ascendência que o ex-ministro tinha sobre a então presidente. Pimentel passou a ser, segundo Marcelo Odebrecht, o ministro capaz de convencer Dilma a tomar determinadas decisões na área de infraestrutura ou para convencê-la a tomar algumas decisões e anular outras.
Um dos exemplos citados por Marcelo Odebrecht foi quando Dilma pensou em suspender o financiamento do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a construção dos estádios de futebol, onde seriam disputados jogos da Copa do Mundo. O lobby de Marcelo junto a Pimentel deu resultado, até porque o banco público era subordinado ao então ministro.
Dinheiro para Pimentel
O principal executivo da empreiteira e filho do dono Emilio Odebrecht também revelou aos procuradores da Lava Jato que “boa parte” dos R$ 8 milhões doados pela empresa para a campanha eleitoral do governador Fernando Pimentel (PT), em 2014, foi por caixa dois. O executivo alegou que a colaboração ocorreu porque Pimentel, quando estava no ministério do Desenvolvimento Industrial e Comércio Exterior, era um “parceiro” nas demandas da própria construtora e da subsidiária Braskem nos assuntos de crédito de exportação, por exemplo.
Segundo Marcelo Odebrecht, o dinheiro pelo caixa 2 para Pimentel foi repassado antes mesmo que o então candidato abrisse oficialmente seu comitê e a conta para receber as doações formais. O governador Pimentel já estava sendo processado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) antes do pedido do ministro Fachin para que ele fosse agora investigado pelo envolvimento na Lava Jato.
Assista nos vídeos abaixo os depoimentos de Marcelo Odebrecht sobre Pimentel:
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