Afastados, mas ainda poderosos, os cinco deputados distritais envolvidos na Operação Drácon articulam para engavetar os processos de cassação contra eles na Câmara Legislativa. Raimundo Ribeiro (PPS), Cristiano Araújo (PSD), Celina Leão (PPS), Júlio César (PRB) e Bispo Renato (PR) são acusados de quebra decoro parlamentar por envolvimento no suposto esquema de corrupção denunciado pela ex-vice-presidente da Casa, Liliane Roriz (PTB).
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A cobrança por uma definição sobre o pedido de cassação dos distritais foi feita pela deputada Sandra Faraj (SD) durante a reunião de líderes ontem (quarta, 21). Para Faraj, não há “materialidade” nas denúncias de cobrança de propina para aprovação de emenda parlamentar destinada a pagamento de empresas na área de saúde. Apesar não fazer parte da Mesa Diretora, a quem compete o encaminhamento ou não dos processos, Faraj defende os partidos se posicionem sobre apoiar ou não a cassação dos envolvidos.
O assunto divide os 24 deputados distritais em três grupos. O primeiro pede cautela na análise das acusações e prefere esperar uma denúncia formal do Ministério Público do DF ao Judiciário. O segundo defende que a cassação só deve ser votada após definição do processo na Justiça. Já os mais radicais querem a tramitação normal do processo na Casa.
Os deputados envolvidos no escândalo apelam para o corporativismo para acusar Liliane de ter traído a todos com as denúncias “infundadas”. A articulação pretende agilizar o processo de cassação da petebista e usar o caso como exemplo de deslealdade com os colegas. O discurso está sendo usado, inclusive, como bandeira de Sandra Faraj para angariar votos na disputa pela presidência da Casa no próximo biênio. Procurada pelo Congresso em Foco, Sandra Faraj não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Todos os pedidos de cassação protocolados na Casa receberam parecer favorável da Procuradoria-Geral da Câmara Legislativa (PGCL). Ontem, foram analisados as solicitações do PT, da Adote Um Distrital e da Associação dos Auditores Federais de Controle Externo (Auditar). Segundo a PGCL, “há requisitos suficientes” para dar continuidade às ações.
Afastamento do mandato
A OnG Adote Um Distrital, que protocolou o pedido de cassação contra deputados envolvidos na Operação Dracon e também contra Liliane Roriz, protocolou na tarde desta quinta-feira (22) outra representação no Ministério Público solicitando o afastamento temporário do mandato dos cinco parlamentares denunciados. Veja a íntegra do documento.
No documento, a OnG afirma que “o afastamento das funções diretivas da CLDF não foi o suficiente para estancar a influência dos parlamentares que se encontram sob fortíssima suspeita da nefasta prática de atos de corrupção”. Coordenador da OnG, Calebe Cerqueira cita como exemplo a pressão de Celina Leão para convocação do defensor público André Moura, responsável pelo caso, para depor na CPI da Saúde como forma de “pressioná-lo”.
Mais uma semana
A expectativa quanto ao retorno da deputada Liliane Roriz aos trabalhos após as denúncias continuará nos corredores da Câmara Legislativa. A parlamentar, que está de licença médica não remunerada, apresentou nesta quarta-feira (21) mais um atestado e ficará fora da Casa por mais uma semana. Entre os deputados, não há clima para a volta da filha de Roriz, principalmente porque ainda existe a possibilidade de que mais nomes sejam citados nas denúncias feitas por ela.