As maiores bancadas de deputados na Câmara decidiram antecipar para antes do recesso parlamentar (22 de dezembro a 1º de fevereiro) a escolha dos seus líderes. O fenômeno reflete a ansiedade dos deputados para sair de férias e tentar se distanciar da temperatura política elevada que deixou o Legislativo em tensão permanente desde o começo do ano, mas também a necessidade de liberar as bancadas para a campanha interna. O pleito interno está marcado para o dia 2 de fevereiro.
Com 66 deputados, o PMDB tem a maior bancada e já renovou por mais um ano o mandato do atual líder, Baleia Rossi (SP). Desde o fenômeno Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se elegeu em fevereiro de 2015, destituído do cargo em maio deste ano e posteriormente cassado, o partido do presidente Michel Temer submergiu nas disputas internas e não vai lançar candidatura à Presidência da Casa.
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Segunda maior bancada, o PT se antecipou dois anos. Os 58 deputados do partido escolheram, por aclamação, o deputado Carlos Zaratini (SP) para coordenar legenda na Câmara em 2017, mas também resolveram indicar Paulo Pimenta (RS) para o ano seguinte. Desgastado politicamente desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff, o PT não deve lançar nome para disputar o comando da Casa.
O PSDB também correu e, há uma semana, os 48 deputados escolheram Ricardo Trípoli (SP) para substituir Antônio Imbassahy (BA), o atual líder indicado para a Secretaria de Governo na gestão Michel Temer. A confirmação da posse do tucano baiano no posto encarregado de negociar projetos de interesse do governo junto ao Congresso depende da negociação do Palácio do Planalto com sua base de apoio parlamentar para a sucessão do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Essa situação ameaça a solidez da base governista por envolver a negociação dos demais cargos de interesse das legendas.
Obstáculos
O Planalto insiste em reconduzir Maia ao cargo. Mas, antes, terá que superar a proibição constitucional que veda a reeleição de um presidente da Câmara na mesma legislatura. O assunto está para ser definido pela Comissão de Constituição e Justiça e deve ser questionado no Supremo Tribunal Federal.
PublicidadeO líder do PSD, Rogério Rosso (DF), que é candidato ao lugar de Rodrigo Maia, decidiu passar o trabalho de coordenação da bancada de 37 deputados para Marcos Montes (MG) antes do final do ano. Rosso preferiu ficar livre durante o recesso parlamentar para ter mais tempo de fazer campanha pela Presidência da Câmara. O PDT, com 20 deputados, também se antecipou e reelegeu Werveton Rocha (MA).
Três bancadas importantes adiaram a eleição do líder porque vão oferecer candidatos à Presidência da Câmara. O DEM quer reeleger Rodrigo Maia com o apoio do Palácio do Planalto. Cinco dos 28 deputados da bancada disputam a liderança da bancada. O PP, com 47 membros, preferiu aguardar a eleição interna e espera negociar o apoio do colegiado a um nome que abra espaço na Mesa Diretora.
O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), é um dos nomes mais fortes para a sucessão de Maia, por ter o apoio da maioria do grupo conhecido como “centrão”. O partido só vai escolher o novo coordenador da bancada após a oficialização da candidatura de Jovair, no retorno do recesso.
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