De olho na possibilidade de ser reconduzido à Presidência da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) aproveitou a rodada de anúncios da equipe econômica do governo para fazer um gesto de reaproximação da gestão Michel Temer. Após criticar técnicos do Ministério da Fazenda, por ocasião da derrota governista no projeto de renegociação da dívidas dos estados, e dizer que não se submeteria às vontades da pasta, Maia resolveu prioriza a pauta econômica de Temer na Câmara, a começar pela reforma da Previdência –para o Planalto, essencial para dar sustentação fiscal às diretrizes da emenda constitucional, promulgada em 15 de dezembro, que limita o gasto público por 20 anos.
Mesmo sem saber se estará nos próximos meses à frente da Mesa Diretora da Câmara, cuja composição para o biênio 2017-2018 será escolhida em 1º de fevereiro, Maia diz que instalará a comissão especial para analisar a reforma previdenciária já na primeira semana de fevereiro. E que tentará viabilizar a aprovação da proposta na Câmara até o final de março. Além disso, Maia manifestou a vontade de reunir deputados, em pleno recesso parlamentar, para iniciar as discussões sobre o assunto.
“Desde já, em janeiro, que se possa trazer alguns parlamentares a Brasília para que possamos explicar a importância que tem a reforma da Previdência para o Brasil. Para o médio, longo e também curto prazo”, declarou o deputado, que almoçou com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, na residência oficial da Câmara para sinalizar a boa vontade com a pauta econômica de Temer.
“Estamos sintonizados com os primeiros passos para assegurar ao Ministério da Fazenda condições de aprovar planos de recuperação dos estados que sejam eficazes. E que o presidente Michel Temer tenha a absoluta segurança de sancioná-los com viabilidade de recuperação fiscal”, declarou Meirelles após o almoço, minimizando divergências com deputados e acrescentando que foram discutidas estratégias de aprovação de outros projetos de ajuste fiscal.
Sem coração
Mais do que um almoço para afinar estratégias de votação na Câmara, o almoço serviu de fato para que Maia fizesse as pazes com o governo. Durante a votação do projeto de lei de renegociação das dívidas estaduais, o parlamentar fluminense teve de enfrentar a movimentação da base governista contra a deliberação. Líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE) chegou a tentar esvaziar o plenário, e vários pedidos de adiamento da discussão foram feitos por deputados governistas. Irritado, Maia fustigou, da cadeira de presidente: “Não precisamos dizer amém ao Ministério da Fazenda”.
Aprovada a proposição, Maia voltou a criticar o encaminhamento daquela pasta sobre a renegociação das dívidas. Para o deputado, 0s técnicos do ministério não compreendem a realidade dos estados e não têm emoção. “Técnicos da Fazenda são sempre assim: querem sempre mais. Um arrocho maior. Só que a crise que o país vive não foi vista nem na Primeira Guerra Mundial. Não dá para o pessoal da Fazenda, que tem um coração que bate sem emoção, ganhar tudo”, acrescentou o deputado, referindo-se ao fato de que as contrapartidas exigidas pelo governo para renegociar dívidas dos estados foram excluídas do projeto em plenário.
Hoje (quinta, 22), o discurso de Maia é outro. “A gente tem que ter tranquilidade para ajudar os governadores. Mas, de forma nenhuma, abrir mão de algo que para mim é fundamental, que é a garantia do equilíbrio fiscal que está sendo conduzido pelo presidente Temer”, ponderou o congressista.