Presidente da Câmara, o deputado Rodrigo Maia (RJ) já fala como pré-candidato à sucessão de Michel Temer nas eleições gerais de outubro deste ano, como cabeça de chapa do Democratas. A três dias da convenção nacional do partido, que deve bater o martelo sobre a candidatura própria, Maia adota o discurso protocolar e diz que vai esperar a posição final dos correligionários. Com 33 deputados, o DEM almeja chegar a mais de 40 nomes na próxima próxima janela partidária, que fecha 7 de abril, depois de ter iniciado a legislatura (2015-2019) com 21 representantes – a expectativa é do líder do partido, deputado Rodrigo Garcia (SP).
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“É uma construção [de candidatura] que já vem acontecendo ao longo dos meses. Muitos colegas, parte da sociedade civil, alguns empresários estão vendo nossa gestão na Câmara, essa coragem de enfrentar temas de muitos anos atrás. Agora é esperar a convenção do partido”, afirmou o deputado ao programa do apresentador José Luiz Datena na Rádio Bandeirantes.
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Fiador da política reformista de Temer, Maia diz que a classe política não pode mais se esquivar de mudanças na legislação de questões cruciais para o futuro do país, como a reforma da Previdência – temporariamente retirada de pauta, a matéria (PEC 287/2016) pode ser votada depois das eleições, embora até governistas admitam que ela só será apreciada em 2019.
“Tem que ter coragem para enfrentar esses assuntos como já estamos fazendo com vários – Reforma da Previdência, por exemplo – e também para falar a verdade”, acrescentou o deputado, que se esforça para figurar como o nome de centro no espectro político-ideológico, de maneira a evitar a evitar o conflito esquerda versus direita. A esse respeito, Maia fez menção à disputa que tem protagonizado o cenário político-eleitoral dos últimos 20 anos.
Para o parlamentar fluminense, o momento é propício para as pretensões do DEM, que tem servido de esteio dos tucanos neste período, com papel de coadjuvante. “O Brasil vive esse ciclo desde a redemocratização e depois a polarização PT e PSDB, que já acabou. As pesquisas já mostram uma rejeição contra esses partidos”, ponderou Maia, que tem procurado priorizar uma bandeira de campanha desde o ano passado, pautando a questão da segurança pública com prioridade na Câmara.
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Na esteira da intervenção federal determinada por Temer justamente na segurança pública no Rio de Janeiro, reduto eleitoral de Maia, o deputado já entoa mantras de candidato e apela para discursos de temática social – e, nesse sentido, com foco também no combate à criminalidade.
“São milhões de jovens sem estudo, muito deles no crime. Tem que olhar para essa juventude abandonada que precisa ser recuperada pela sociedade, com educação, para que eles tenham esperança de vida e possam entrar para o mercado de trabalho, ter a primeira oportunidade”, discursou.
Um dos líderes da base aliada de Temer, Maia pode ter como concorrente na corrida eleitoral o próprio presidente – que, embora negue pretensões de candidatura, tem sido aconselhado por assessores a pegar carona nas pautas positivas da intervenção, da alegada retomada do crescimento econômico e da própria criação do Ministério da Segurança Pública para se tornar eleitoralmente viável. Mesmo com índices de rejeição superiores a 90%. Até o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, filiado ao PSD, é cogitado para o páreo com Maia e Temer como candidatos de centro, com alinhamento à pauta do mercado financeiro.
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