Internado há uma semana com infecção pulmonar, o ex-presidente Lula recebeu alta médica na tarde deste domingo (11) no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A equipe médica que o acompanha o considerou apto a continuar em casa, em repouso absoluto, o tratamento contra um câncer na laringe descoberto em dezembro de 2011. Ele deixou o hospital por volta das 15h com a ex-primeira-dama Marisa Letícia e não deu declarações à imprensa.
Lula fez a última sessão de radioterapia no dia 17 de fevereiro, e os médicos consideram que o quadro de saúde do ex-presidente evolui satisfatoriamente, com o câncer totalmente controlado. No boletim médico divulgado na última quinta-feira (8), foi informado que medicamentos antimicrobianos intravenosos foram ministrados na remoção de dois pequenos focos infecciosos, um em cada pulmão. Febre e pneumonia leve acometeram o ex-presidente durante a internação, que teve visitação vetada até para parentes mais próximos, com o objetivo de que Lula não forçasse a garganta ao falar.
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Segundo o oncologista Artur Katz, Lula foi submetido a uma série de procedimentos clínicos “extraordinariamente pesados”, que trouxeram bons resultados. Exames preliminares não detectaram, disse o especialista, qualquer foco de tumor na laringe, mas ainda há inchaço e processo inflamatório – tudo decorrência da quimio e da radioterapia. Por isso, avalia Artur, os exames ainda não são conclusivos, uma vez que as intervenções de 17 de fevereiro ainda exercem efeito no paciente.
Segundo a equipe de médicos do Sírio-Libanês, o processo infeccioso foi resultado da queda de imunidade orgânica de Lula, normal para pacientes convalescentes do problema como o do ex-presidente – foram três ciclos de quimioterapia e 33 sessões de radioterapia para erradicar o câncer, em procedimento que provoca fortes reações colaterais e queda na eficácia do sistema de defesa. Lula já perdeu 12 quilos desde o início do tratamento.
Cabo eleitoral
Avaliações preliminares indicam que Lula, que impôs o nome do ex-ministro da Educação Fernando Haddad como pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, possa participar da corrida eleitoral a partir de maio, mas com recomendação de cautela em eventuais discursos. Preocupada com desfalque do mais disputado cabo eleitoral do país, que deixou a Presidência com aprovação popular de cerca de 90%, a cúpula petista sabe que a presença de Lula em palanques Brasil afora, condicionada à sua condição de saúde, fará a diferença nas eleições municipais de outubro.
Nas pesquisas de opinião em São paulo, Haddad figura como um candidato semi-desconhecido, situação que petistas acreditam que será revertida com o início da propaganda de rádio e TV e, obviamente, do apoio do ex-presidente em eventos de campanha. Para justificar a opção por Haddad, Lula disse que o quadro político em São Paulo deve ser rejuvenescido, e o ex-ministro, aos 49 anos, teria potencial suficiente para derrotar nomes batidos no cenário eleitoral paulistano, como o ex-governador tucano José Serra.