O executivo Joesley Batista, um dos donos da JBS, afirmou que os ex-presidentes Lula e Dilma receberam, juntos, US$ 150 milhões em contas no exterior. Os valores foram operados pelo ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, segundo declaração do empresário. Os pagamentos eram provenientes de esquemas no BNDES e nos fundos de pensão da Petrobras (Petros) e da Caixa Econômica Federal (Funcef).
De acordo com o empresário, as contas no exterior fora emprestadas por ele a pedido do ex-tesoureiro do PT João Vaccari. A partir desse pedido, uma “planilha de conta corrente” foi criada para controlar os ressarcimentos conforme os depósitos fossem realizado. “Eu abri duas contas. Tudo conta minha. Eu já tinha umas ‘continhas’ que não tinham praticamente nada lá. Eu que controlava e tal. Eu tinha uma e comecei a usar. Aí depois eu abri outra. Foi quando a presidente Dilma ganhou”.
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A partir de 2009, o empresário passou a tratar diretamente com o então ministro da Fazenda Guido Mantega. Joesley contou aos procuradores que lá pelo segundo ou terceiro encontro foi tratar dos repasses de dinheiro com Mantega. Na ocasião, o ministro sugeriu que o dinheiro ficasse com o empresário, como um crédito.
Ao questionar sobre a porcentagem que seria firmada entre eles, nos contratos entre governo e JBS, Mantega, de acordo com o empresário, respondeu: “Comigo aqui vamos vendo caso a caso. Cada negócio, o que você achar que valeu, que foi importante para você, você credita para mim lá. […] Você credita e o que eu precisar eu te falo”.
O dono da JBS disse que, por um bom tempo, achava que o dinheiro era do próprio Mantega. Somente ao final de 2014, quando o dinheiro foi utilizado na campanha da Dilma, Joesley soube que o dinheiro não era para ele. “Eu desconfiei que o dinheiro não era dele quando ele me pediu para abrir uma outra conta, quando terminou o governo Lula”. Na época, o empresário foi informar Mantega que realizaria um novo depósito. No mesmo momento, o ministro respondeu: “Tem que abrir uma outra conta. Essa conta era do Lula, agora tem que abrir uma conta para a Dilma”.
Na época, de acordo com o empresário, ele questionou Mantega se Lula e Dilma sabiam das contas. “Sabe sim. Eu falo tudo para eles”, disse Joelson, que também afirmou que levava, de três em três meses, os extratos das contas para o ministro. “Ele pegava [os extratos] e dizia que ia mostrar para o Lula e para Dilma, e ficava com aquele papel.”
PublicidadeDuas fases
“Teve duas fases: teve a fase do presidente Lula e teve a fase da presidente Dilma. Na fase do presidente Lula chegou, eu acho, a uns US$ 80 milhões. Depois, na Dilma, chegou a uns US$70 milhões. Ou ao contrário, US$ 70 na do Lula e US$ 80 milhões na da Dilma”, afirmou Joesley.
Fora a campanha, Joesley disse que o ex-ministro pediu a ele duas movimentações. Uma de R$ 5 milhões para investir em uma empresa de venda pela internet e uma de R$ 20 milhões. A segunda movimentação, de acordo com Joesley foi transferido para uma conta a pedido de Mantega e, um ano depois, retornou do mesmo destinatário. “Eu mandei para uma conta e depois voltou um ano depois, da mesma conta. Essa eu não sei para que que foi”.
Outro lado
A defesa de Lula afirma que as afirmações de Joesley Batista não revelam “qualquer contato” entre o empresário e o ex-presidente. Além disso, ressalta que “todos os sigilos – bancário, fiscal e contábil – foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente”.
A assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff, por meio de nota, diz que as afirmações de Joesley “são improcedentes e inverídicas”. “Dilma Rousseff jamais tratou ou solicitou de qualquer empresário ou de terceiros doações, pagamentos e ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos”, diz trecho do texto divulgado.
Assista íntegra do depoimento de Joesley Batista:
Leia íntegra da nota da defesa de Lula:
“Verifica-se nos próprios trechos vazados à imprensa que as afirmações de Joesley Batista em relação a Lula não decorrem de qualquer contato com o ex-Presidente, mas sim de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados.
A verdade é que a vida de Lula e de seus familiares foi – ilegalmente – devassada pela Operação Lava Jato. Todos os sigilos – bancário, fiscal e contábil – foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente. Sua inocência também foi confirmada pelo depoimento de mais de uma centena de testemunhas já ouvidas – com o compromisso de dizer a verdade – que jamais confirmaram qualquer acusação contra o ex-Presidente.
A referência ao nome de Lula nesse cenário confirma denúncia já feita pela imprensa de que delações premiadas somente são aceitas pelo Ministério Público se fizerem referência – ainda que frivolamente – ao nome do ex-Presidente.
Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira”
Leia íntegra da nota da ex-presidente Dilma Rousseff:
“A propósito das notícias a respeito das delações efetuadas pelo empresário Joesley Batista, a Assessoria de Imprensa da presidenta eleita Dilma Rousseff esclarece que são improcedentes e inverídicas as afirmações do empresário:
1. Dilma Rousseff jamais tratou ou solicitou de qualquer empresário ou de terceiros doações, pagamentos e ou financiamentos ilegais para as campanhas eleitorais, tanto em 2010 quanto em 2014, fosse para si ou quaisquer outros candidatos.
2. Dilma Rousseff jamais teve contas no exterior. Nunca autorizou, em seu nome ou de terceiros, a abertura de empresas em paraísos fiscais. Reitera que jamais autorizou quaisquer outras pessoas a fazê-lo.
3. Mais uma vez, Dilma Rousseff rejeita delações sem provas ou indícios. A verdade vira à tona.
ASSESSORIA DE IMPRENSA
DILMA ROUSSEFF”
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