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De acordo com o jornal O Globo, o Ministério das Relações Exteriores enviou, na última sexta-feira (18), comunicados recomendando a difusão de mensagens que alertam para o risco de um golpe político no Brasil. Os textos foram remetidos pelo ministro Milton Rondó Filho, responsável pela área de combate à fome do MRE, informa o jornal.
No primeiro comunicado, ele pedia que cada posto designasse um diplomata para dialogar com organizações locais da sociedade civil para falar sobre o momento político do país. A ordem acabou abortada por determinação da Secretaria-Geral do Itamaraty na própria sexta, depois que as circulares já haviam sido disparadas para postos diplomáticos em todo o mundo.
Ainda segundo O Globo, às 16h18, outra mensagem, novamente enviada por Rondó, retransmitiu uma nota da Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong), que reúne 250 entidades. “É momento de resistência democrática!”, diz o texto, que fala em “profunda preocupação” com os rumos do processo político e ataques dos grandes grupos econômicos e da mídia a governos legitimamente eleitos.
“Não ao golpe”
O comunicado da Abong conclama, independentemente das posições políticas e ideológicas, a sociedade para a luta pela democracia: “Não ao Golpe! Nossa luta continua!”. De acordo com o jornal, uma hora e meia depois, um novo telegrama, de autoria do secretário-geral do Itamaraty, Sérgio Danese, pediu às representações diplomáticas ignorassem os comunicados anteriores.
PublicidadeApesar dessa instrução, outra mensagem foi enviada em seguida reproduzindo a “Carta aos Movimentos Sociais da América Latina”, que denuncia um “processo reacionário que está em curso no país contra o Estado Democrático de Direito”.
Rubens Bueno e Raul Jungmann cobram a apuração e a punição do responsável pelo envio dos comunicados que falam em golpe. “Isso configura um claro uso político da máquina para alardear no exterior um golpe que não existe. O que está acontecendo no Brasil é que temos um governo cercado por diversas denúncias de corrupção e uma presidente alvo de um processo constitucional de impeachment em virtude da prática de crime de responsabilidade”, afirmam os deputados no requerimento.
“O que ocorreu na estrutura do Itamaraty é algo gravíssimo. Golpe é usar o Estado brasileiro para tentar confundir a opinião da comunidade internacional. É por isso que exigimos a presença do chanceler brasileiro no plenário da Câmara”, disse Betinho Gomes.
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