A convocação feita pelo ex-deputado e cantor Sérgio Reis para uma paralisação dos caminhoneiros no dia 7 de setembro não foi bem recebida pela categoria. Em vídeo, Reis acenou aos motoristas, pedindo para que cruzassem os braços no feriado da Independência do Brasil, em uma forma de protesto para pedir a aprovação do voto impresso e a queda dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, líderes dos caminhoneiros afirmam que o artista não os representa e que a mobilização é um ato “totalmente político”.
Wallace Landim, conhecido como Chorão, presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava) e líder das paralisações dos caminhoneiros em 2018, disse que o cantor fez apelo à paralisação, supondo que a categoria estivesse levantando o ato. O que, segundo ele, não procede.
“A paralisação neste momento não condiz com nada. Não tem nenhuma pauta dos caminhoneiros nessa manifestação. É um ato totalmente político”, disse.
A promessa de paralisação dos caminhoneiros ganhou fôlego nas redes sociais no último domingo (15). Um dia antes, o presidente Jair Bolsonaro acusou os ministros do STF de atuarem “fora dos limites” da Constituição, além de ameaçar uma “ruptura institucional”. Também anunciou que entrará com processo de impeachment no Senado contra os ministros Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, do Supremo.
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Um dos motivos que levam os motoristas a fugirem da manifestação é evitar interferência política nas demandas da categoria.
“A gente não tem que se meter com isso. Nem em apoiar o presidente e nem em ser contra. Não temos que nos meter em desconstituir STF ou apoiar a STF. A gente tem que lutar pelas nossas demandas. Nós precisamos reivindicar os nossos direitos e não nos envolver com a questão de apoio ao governo”, afirmou Chorão.
PublicidadeEm 2018, os caminhoneiros procuraram o então deputado Sérgio Reis em busca de apoio ao movimento e foram ignorados, de acordo com Chorão.
O líder também diz estar assustado com as convocações feitas por bolsonaristas. “Todo mundo tem o direito de participar, mas não tem o direito de usar a categoria dizendo que os caminhoneiros vão travar o país. Até me assusta o áudio do pessoal que tá chamando esse movimento pro dia 7 de setembro. É um movimento de ameaça, uma ameaça velada por trás. É muito perigoso isso”, finalizou.
Nesta segunda-feira, o cantor Sergio Reis voltou atrás e negou que esteja à frente da organização do ato.
“Eu sou uma pessoa que tem conhecimento profundo sobre o que acontece no país referente aos caminhoneiros, como eles são muito ligados e todos eles ouvem os meus programas, me falaram: ‘Sergio, dá uma força’. E eu falei: ‘Tudo bem, vamos lá’. Não sou eu o líder”, afirmou.
Sobre o pedido de impeachment dos ministros, Reis, aliado de Bolsonaro, diz que quer análise dos documentos pelo Senado e afirma que está nessa briga porque “deve ao povo”.
O sertanejo também apela para que a população saia de casa na data. Senão, segundo ele, o Brasil vai virar um “país comunista”. As declarações foram dadas ao Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan.
Sérgio Reis responderá a inquérito por pelo menos três crimes
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