“Liberdade – essa palavra que o sonho humano alimenta: que não há ninguém que explique, e ninguém que não entenda”
(Cecília Meireles)
A democracia é um valor universal. A liberdade é uma conquista contemporânea. Não pode ser relativizada. Não é meio, é fim em si mesmo. É inegociável. É patrimônio coletivo e princípio básico.
Impossível ficar insensível, impassível, diante das cenas dramáticas que diariamente recebemos pelas redes sociais e que brotam dos celulares da juventude venezuelana. Cenas às vezes inacreditáveis, que parecem vir das telas de cinema, dos filmes de ação mais violentos. Jovens que levantam alto, com coragem e amor ao país, a bandeira da liberdade, assassinados, fria e cruelmente, nas ruas e praças das principais cidades. Pessoas indefesas sendo fuziladas a céu aberto pelas forças da repressão e pelas milícias bolivarianas. Já são mais de cem mortos e milhares de feridos frutos da violência criminosa contra as manifestações populares.
Líderes oposicionistas são presos ou cerceados em suas liberdades básicas. A imprensa é censurada. A liberdade de organização e expressão é substituída pela mais odiosa ditadura.
A ditadura populista de Chaves e Maduro produziu o maior desastre econômico da história venezuelana. Desorganização do sistema, desabastecimento, hiperinflação, aumento da miséria, fome. Milhares de venezuelanos penetram as fronteiras de Roraima diante da desesperança e da falta de horizonte produzidos pelo chavismo. Relatos comoventes transbordam na TV. Alguns refugiados dizem ter perdido 30 quilos desde o começo da crise.
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O fenômeno bolivariano na Venezuela é complexo e instigante. A ideologização da sociedade foi levada ao extremo e o autoritarismo tem uma significativa base de massas, mobilizada não só pelas ideias, mas pelos privilégios comprados pelos petrodólares.
PublicidadeA última jogada de Maduro para se perpetuar no poder e instalar uma ditadura aberta foi a convocação e instalação de uma “Constituinte” paralela à Assembleia Nacional, erguida a partir do desrespeito ao voto universal e de uma matriz corporativa protofascista, visando fundar a “nova ordem bolivariana”.
Diante do absurdo quadro de desrespeito à democracia e aos direitos humanos, é de cair o queixo a postura da esquerda brasileira, particularmente do PT. É inacreditável que a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, tenha deixado cair a máscara do autoritarismo e manifestado oficialmente que “Maduro é vítima” e que o PT “manifesta seu apoio e solidariedade” ao governo Maduro, que está exposto a uma “violenta ofensiva de direita”.
A liberdade, a paz, a democracia, os direitos humanos não são de direita ou de esquerda. São conquistas civilizatórias da humanidade. Mas o PT não entende isso e se mancha com o sangue dos jovens assassinados nas ruas de Caracas.
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