“Ela já deixou bem claro que vai andar de forma independente – não vai ser nem governo, nem oposição. Quer dizer… Tenho esperança que, mais na frente, ela revela a posição dela, veja que algumas decisões tomadas internamente foram importantes para que, no futuro, a gente consiga sair dessa situação e respirar”, disse a secretária.
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Leila se refere ao conjunto de medidas de reação a restrições orçamentárias que Rollemberg tem apresentado nos primeiros meses de governo – resultado, diz o governador, do descumprimento de Lei de Responsabilidade Fiscal em tese cometido pelo antecessor, o petista Agnelo Queiroz. Segundo as contas do GDF, o rombo orçamentário deixando de “herança” por Agnelo foi de R$ 3,2 bilhões.
Filiada ao PRB, Leia diz que Rollemberg tem conversado muito com o secretariado e com os distritais da base para convencê-los a respeito da necessidade de “apertar o cinto” neste momento de escassez de recursos em caixa – argumento que não convenceu Celina, para quem ainda há “vários petistas” no governo. “Ela tem direito de tirar as conclusões dela. Foi um ato de coragem da parte dela, porque ainda estamos no início de um processo em que algumas decisões têm que ser tomadas”, diz a secretária, ex-atleta olímpica pela seleção brasileira de vôlei e, justamente por isso, nacionalmente conhecida como “Leila do Vôlei”.
Aos 43 anos, casada com o também atleta olímpico do vôlei Emanuel, com quem tem um filho, Leila explicou que as medidas tomadas pelo GDF têm caráter transitório. “Ninguém quer fazer ajuste fiscal, apertar o cinto, como estamos apertando. Mas, se não tivermos receita, não vamos conseguir sair desta situação”, acrescentou. “Realmente, é uma situação que incomoda. E ela [Celina] tem o direito dela. Vivemos em uma democracia.”
As declarações de Leila fazem parte de entrevista exclusiva que será publicada na íntegra na próxima edição da revista Congresso em Foco. Na última segunda-feira (8), a secretária recebeu a reportagem em sua nova estrutura de gabinete em Brasília, transferido para o Estádio Mané Garrincha, que deve ser centro de treinamento de atletas com vistas às Olimpíadas Rio 2016. Entre outros assuntos, ela falou sobre a nova função, o desafio institucional, a corrupção (inclusive no esporte), o relacionamento com figuras da política e, evitando julgamentos, da gestão Dilma Rousseff.
PublicidadeBase em ebulição
Em pouco menos de seis meses de gestão, Rollemberg não tem como desafio apenas a situação de crise política e fiscal para administrar – em uma espécie de reprodução local do que acontece no governo Dilma Rousseff, em plena execução do chamado ajuste fiscal. Há também um nada favorável cenário de disputa de poder no Distrito Federal, no vácuo deixado pela gestão petista, com ânimos acirrados na Câmara Legislativa e ameaças – e confirmações – de dissidências na base.
Na última quarta-feira (10), o até então homem forte de Rollemberg, o agora ex-chefe da Casa Civil Hélio Doyle, anunciou seu pedido de demissão e disse ao Congresso em Foco que sua saída não é decorrência de seu estilo “centralizador”, comportamento a ele atribuído pelos próprios aliados do governador. Para Doyle, as críticas nada são além de “pretexto”.
“A verdade é que alguns políticos estavam usando esses ataques para chantagear porque sabiam que precisávamos aprovar projetos importantes [na Câmara Legislativa]”, disse o jornalista e especialista em marketing político, cabeça da campanha eleitoral de Rollemberg.
A animosidade política na capital federal levou a um questionamento público do senador Reguffe (PDT), uma das principais lideranças de seu partido no DF, a respeito do tipo de comportamento que seus correligionários têm exibido em relação ao governo. “Fico feliz de ver o PDT falando em independência tanto no plano local como federal, posição que estou desde sempre. Só quero lembrar que, para ser independente de fato, tem que não ter cargos no governo e votar pensando na população, assim como eu faço”, vociferou, na última sexta-feira (5).
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