A Polícia Federal vasculhou, nessa terça-feira (22), o apartamento do presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, nos Jardins, em São Paulo, pela 26ª fase da Operação Lava Jato. Ex-tesoureiro do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), Rincón foi alvo de mandado de busca e apreensão da etapa da Lava Jato que mira contratos do Grupo Odebrecht.
Segundo o jornal O Popular, o nome de um auxiliar do presidente da Agetop aparece em uma lista que indica o recebimento de pagamentos efetuados por ordem de Ricardo Ferraz, diretor de contrato da Odebrecht Infraestrutura, responsável pelas obras do aeroporto de Goiânia. O valor, de R$ 1 milhão, foi entregue, de acordo com os investigadores, em 22 de outubro de 2014, ao policial militar Sérgio Rodrigues de Souza Vaz, falecido no início deste ano. A planilha, informam os repórteres Fabiana Pulcineli e Márcio Leijoto, registrava ainda dois celulares em nome de Sérgio, que atuava como motorista de Rincón.
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Um dos anexos da representação feita pela PF ao juiz reproduz a planilha com anotação à mão: “Entregar (indica o endereço do apartamento de Jayme) ao senhor Sérgio (telefones registrados) dia 22/10, das 10h às 12h”. De acordo com a Lava Jato, também aparece na lista um nome identificado como “Comprido”, apontado como beneficiário de R$ 400 mil.
O advogado de Jayme Rincón pediu na Justiça cópia integral dos autos. O ex-tesoureiro da campanha de Marconi informou ao jornal que nada foi levado do apartamento onde moram seus filhos na capital paulista. Ele afirmou não ter qualquer vínculo com Ricardo Ferraz e que não faz a “menor ideia” do que os policiais procuravam.
“Não temos (Agetop) contrato algum com a Odebrecht. Não há nenhum negócio”, disse ao Popular. Ele contou que recebeu o diretor do grupo duas ou três vezes na sede da agência goiana, quando o governo cogitou fazer a concessão de rodovias estaduais em 2012. “Como ele era o responsável pelo aeroporto, ficava ali perto (da sede da agência), esteve algumas vezes comigo. Mas a questão não prosperou e não falamos mais”, declarou.
As obras do aeroporto são de responsabilidade da Infraero, do governo federal, mas os investigadores da Lava Jato disseram ontem em entrevista coletiva que apuram também a existência de esquemas paralelos da Odebrecht em contratos nos estados.
PublicidadePor meio de nota, a Infraero afirma que não tem conhecimento de qualquer investigação relativa às atuais obras do novo aeroporto de Goiânia. “A obra está sendo finalizada, com conclusão total dos trabalhos prevista para abril e inauguração agendada para 31 de maio”, diz. Licitadas em 2003, as obras do aeroporto começaram em 2005, foram paralisadas em 2007, por suspeita de irregularidades, e só foram retomadas em 2013.
Silêncio na CPI
Em agosto de 2012, Jayme Rincón esteve na CPI do Cachoeira para prestar esclarecimentos. Mas, munido de um habeas corpus, ele se recusou a responder às perguntas dos parlamentares. “Atendendo a recomendação técnica de meu advogado, eu permanecerei calado”, limitou-se a dizer o ex-tesoureiro de campanha de Marconi.
Jayme Rincón foi chamado a depor para esclarecer sua eventual ligação com a organização criminosa liderada por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Já presidente da Agetop à época, ele era suspeito de ter recebido dinheiro do grupo em troca de benefícios à Delta Construções.
Segundo a PF, o grupo de Cachoeira depositou R$ 600 mil na conta da empresa Rental Frota Ltda., da qual Jayme é um dos sócios. A empresa confirmou o pagamento, mas disse que os repasses (três no valor de R$ 200 mil) se referiam à venda de 28 veículos usados ao ex-vereador Wladimir Garcêz, apontado como um dos principais auxiliares de Cachoeira.
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