No encerramento do seminário “O que a Lava Jato tem feito pelo Brasil”, organizado pelo Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa que investiga corrupção na Petrobras: “Fomos criados para mudar a história deste país e para agir corretamente. Quem comete erro paga pelo erro que cometeu. A instituição é muito forte. E aquele Dallagnol sugerir que o PT foi criado para ser uma organização criminosa. O que aquele moleque conhece de política? Ele nem sabe como se monta um governo. Ele acha que sentar em cima da Bíblia dele dá a solução de tudo”.
Réu em três processos da Operação Lava Jato, Lula fez um desafio aos investigadores: “Estou na expectativa para saber qual é o crime que será imputado a mim. Vou nessa briga até o fim. Não tenho negociata. Eles vão ter que provar”, disse o ex-presidente da República, que aparece na liderança de pesquisas de opinião sobre a sucessão presidencial em 2018. Participaram do evento grandes nomes da legenda como o atual presidente do partido, Rui Falcão, economistas, sindicalistas e cientistas políticos.
Leia também
Em tom crítico à Lava Jato, o PT se considera o partido mais prejudicado, apesar de não ser, numericamente, a legenda mais atolada nas denúncias da força-tarefa. Segundo Rui Falcão, a operação se perdeu politicamente. “É preciso alertar o país dos danos que tem sido causados à economia, aos trabalhadores, e do atropelo de direitos fundamentais, que tem instaurado um Estado de exceção dentro do Estado democrático de direito”, afirmou o presidente do PT.
Segundo Falcão, ninguém tem combatido tanto a corrupção no Brasil quanto o PT, dentro e fora do governo. Ele ressaltou, no entanto, que esse combate tem que ser feito em obediência às leis e a preceitos fundamentais. “Nenhum combate à corrupção pode se sobrepor à Constituição”, alertou.
Principal defensor do ex-presidente Lula na Justiça e, principalmente, perante o juiz Sérgio Moro, o advogado Cristiano Zanin critica a divulgação da Lava Jato na mídia. Zanin defende que o processo judicial e o processo penal não deve ser meio de execração pública e perseguição política, mas deve ser meio de aplicação e observância das garantias fundamentais presentes na Constituição e nos tratados que o Brasil firmou. “Temos visto o contrário e o exemplo de Lula é simbólico”, disse Zanin.
“Até agora tivemos 24 audiências em Curitiba e ouvimos 73 testemunhas, 27 delas selecionadas pelo próprio Ministério Público, e nenhuma delas afirmou qualquer fato que pudesse vincular o nome de Lula a qualquer ato ilícito”, reforçou o advogado.
Na terça-feira (23), Zanin protocolou mais um pedido de investigação de vazamentos, dessa vez de vídeos da condução coercitiva de Lula, que teriam sido repassados a uma produtora de filmes. “É um material que a lei considera privado e que deve ser mantido sob sigilo”.
Deixe um comentário