Responsável pelo inquérito da Operação Lava-Jato, o juiz federal Sérgio Moro decidiu transformar em preventiva a prisão temporária de seis investigados no esquema de corrupção instalado na Petrobras – um deles é o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. Os demais são executivos ou funcionários de empresas envolvidas nas irregularidades. Moro também resolveu colocar 11 suspeitos em liberdade, imediatamente. A medida foi anunciada na noite desta terça-feira (18).
Ao contrário da prisão temporária, que tem prazo de cinco dias (prorrogáveis por igual período), a prisão preventiva não tem prazo de duração definido (varia de acordo com a necessidade de cada investigação). Além de Duque, passam a essa situação, segundo a decisão de Sérgio Moro, os presidentes da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa; da OAS, José Aldemário Pinheiro Filho; da Camargo Corrêa, Dalton Santos Avancini; do Conselho de Administração da Camargo Corrêa, João Ricardo Auler; e o funcionário da OAS em São Paulo Mateus Coutinho de Sá Oliveira.
Já os 11 beneficiados com a soltura são Valdir Carreiro (diretor-presidente da IESA), Othon Zanoide (diretor da Queiroz Galvão), Jayme de Oliveira Filho (ligado ao doleiro Alberto Youssef), Alexandre Barbosa (OAS), Walmir Santana (UTC), Ildefonso Colares (ex-diretor-presidente da Queiroz Galvão), Carlos Alberto da Costa e Silva (UTC), Otto Sparenberg (diretora da IESA), Newton Prado Junior (diretor da Engevix), Carlos Eduardo Strauch (diretor da Engevix) e Ednaldo Alves da Silva (UTC).
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Embora tenham reconquistado a liberdade, eles não podem mudar de endereço ou deixar o país sem autorização judicial, e têm cinco dias para entregar seus passaportes às autoridades competentes. De acordo com a decisão de Moro, todos ficam obrigados a comparecer a todo e qualquer ato processual eventualmente definido pela Justiça, seja diante do Ministério Público Federal, da Polícia Federal ou do próprio juiz federal. Qualquer desrespeito a tais restrições implicarão medidas com renovação de prisão cautelar.
Desde sexta-feira (14), quando a sétima fase da Operação Lava-Jato deu início às prisões (ao todo, já são 24 os presos), outros seis investigados já eram alvo de mandados de prisão preventiva: Agenor Franklin Magalhães Medeiros (diretor-presidente da Área Internacional da OAS), Eduardo Hermelino Leite (vice-presidente da Camargo Correa), Erton Medeiros Fonseca (diretor-presidente de Engenharia Industrial da Galvão Engenharia), Gerson de Mello Almada (vice-presidente da Engevix), José Ricardo Nogueira Breghirolli (funcionário da OAS em São Paulo) e Sérgio Cunha Mendes (vice-presidente-executivo da Mendes Junior).
Acusação
Reportagem do Jornal Nacional (TV Globo) desta terça-feira (18) informa que o atual diretor de Abastecimento da Petrobras, José Carlos Cosenza, foi acusado de ter recebido propina por seu antecessor no posto, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef, ambos delatores do esquema. Segundo o telejornal, o nome de Cosenza, engenheiro químico há 36 anos na estatal e desde de 2012 naquela diretoria, aparace pela primeira vez nas investigações.
A reportagem lembra que Cosenza assumiu, em 2008, a gerência de refino da petrolífera, departamento à época subordinado a Paulo Roberto Costa. Ainda segundo a notícia, os delegados que tomaram depoimento de Paulo Roberto e Youssef anotaram em relatório que ambos “mencionaram o pagamento de comissões pelas empreiteiras que mantinham contratos com a Petrobras para si [Paulo e Youssef], para os diretores Duque, Cerveró e Cosenza e para agentes políticos”, diz trecho do documento, com menção também ao ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Cosenza negou a denúncia.
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