Líder do governo no Senado e um dos principais articuladores da gestão Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) voltou a dar declarações peculiares à imprensa ao ser instado a comentar o cenário político. Depois de já ter dito que o fim do foro privilegiado seria uma “suruba” que deveria atingir todos as autoridades, por exemplo, Jucá opinou nesta quinta-feira (14) sobre mais uma denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente Michel Temer – a primeira, por corrupção passiva, agora tem continuidade na acusação por crimes de obstrução de Justiça e organização criminosa, tendo o presidente à frente do “quadrilhão do PMDB”, que reúne ministros e ex-deputados do partido.
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Escute o aúdio (Jucá fala sobre a denúncia a partir de 1:50):
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“Acho que não. O procurador está tão desacreditado… Ele agora junto com o Funaro, a próxima companhia inseparável deles. Talvez vá convidar o Funaro para tomar cerveja lá naquela distribuidora”, ironizou o presidente nacional do PMDB, referindo-se ao bar brasiliense em que Janot foi flagrado, no último domingo (10), com Pierpaolo Bottini, advogado dos irmãos Joesley e Wesley Batista, delatores do Grupo JBS, e de diversos políticos enrolados com a Justiça.
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Jucá se refere também a Lúcio Bolonha Funaro, delator da Operação Lava Jato que, apontado como operador do PMDB em esquemas de corrupção, tem preocupado o governo. Funaro já disse às autoridades, por exemplo, que Temer recebeu e negociou propina, além de ter dividido suborno pago pela Odebrecht com seu ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ex-homem forte na gestão Temer, Geddel foi preso pela segunda vez em menos de dois meses, na última sexta-feira (8), depois que a Polícia Federal encontrou malas e caixas acomodando R$ 51 milhões em um apartamento em Salvador, repleto de impressões digitais do ex-ministro.
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As declarações foram feitas à imprensa no Senado, na tarde desta quinta-feira (14), antes do protocolo da segunda denúncia contra Temer – ao se dirigir ao Supremo Tribunal Federal (STF) para participar de sua última sessão plenária como chefe do Ministério Público Federal (MPF), horas depois da fala de Jucá, Janot segurava pastas com papel timbrado da Procuradoria-Geral da República (PGR). O senador começou a conversa com jornalistas falando sobre questões como repasses para um fundo de campanha ainda não criado – segundo o senador, o ideal é que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) distribua os valores – e o plano de demissão voluntárias de funcionários
“Acho que o procurador perdeu o senso. Como ele só tem dois dias, ele pode fazer qualquer tipo de estripulia, mas eu acho que a sociedade vai saber julgar o modus operandi [do PGR] e, mais do que isso, a tentativa de criar factoides. Mais do que criar factoides, de apagar provas que podem levar a uma investigação mais séria sobre isso”, acrescentou o cacique peemedebista, referindo-se ao fato de que o mandato de Janot à frente do MPF chega ao fim no próximo domingo (17).
Mesmo diante da alegada fragilização de Janot para denunciar Temer, haja vista que as delações da JBS estão anuladas, Jucá não quis arriscar um prognóstico sobre o que acontecerá depois do eventual envio da acusação à Câmara, que já arquivou a primeira, por corrupção passiva, em 2 de agosto. “Não sei. Aí é com a Câmara. Não dou opinião pela Câmara”, finalizou Jucá, ele mesmo também denunciado por Janot por organização criminosa – acusação que enquadrou outro “quadrilhão do PMDB”, este formado por senadores e pelo ex-presidente da República, José Sarney, e pelo ex-senador e ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Recordista de inquéritos no STF, o senador também foi acusado de receber R$ 150 mil para beneficiar a Odebrecht, empresa-pivô do petrolão, por meio de medida provisória.
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