O GLOBO
Venda de licenças-prêmio pode custar R$ 300 milhões ao TCU
A venda de licenças-prêmio pode custar mais de R$ 300 milhões só ao Tribunal de Contas da União (TCU). Servidores e até ministros da Corte já conseguiram receber atrasados pela conversão de antigas licenças, um benefício extinto em 1997. Documentos obtidos pelo GLOBO mostram que dois ministros que ainda estão na ativa já receberam cada um R$ 48 mil: Benjamim Zymler e Walton Alencar.
Dois ex-ministros do tribunal, Octávio Galotti e Luciano Brandão, também apresentaram pedido de conversão das antigas licenças não gozadas em dinheiro. Cada um poderá receber até R$ 500 mil em caso de aprovação dos pedidos. Ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Galotti deixou o TCU há 29 anos. Brandão se aposentou em 1994 ou seja, há 19 anos. Pelo decreto 20.910/32, servidores públicos têm até cinco anos, contados a partir da aposentadoria ou desligamento da administração, para requerer um direito à administração pública.
Segundo o próprio TCU, outros 128 servidores aposentados também entraram na fila até dezembro do ano passado para transformar licenças-prêmio não usadas em dinheiro. Pedidos de servidores de outras áreas também já chegaram ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), à Procuradoria-Geral da República e até à Advocacia Geral da União.
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Licenças-prêmio concedidas a ministros do TCU ‘são novo entendimento jurídico’
Os ministros Walton Alencar e Benjamim Zymler confirmaram, por intermédio da assessoria de imprensa do tribunal, a conversão das licenças em dinheiro. Segundo a assessoria, de fato não existe uma lei federal específica que estabeleça a venda de licenças- prêmio. A conversão das licenças em dinheiro para os dois ministros teria sido concedida a partir da “construção” de um novo entendimento jurídico a partir de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Segundo a assessoria, Alencar e Zymler pediram a conversão de licenças-prêmio que teriam acumulado no período em que ainda não eram ministros. Alencar, que era procurador, deixou o Ministério Público do TCU e se tornou ministro em 1999. Ex-auditor do tribunal, Zymler tomou posse como ministro em 1998. Eles alegam que, ao se tornarem ministros, mudaram de regime jurídico. Magistrados não podem mais usufruir da licença e, por isso, decidiram requerer a conversão das antigas folgas em dinheiro.
Em Copacabana, manifestação pede a saída de Feliciano de comissão da Câmara
Manifestantes protestaram contra a permanência do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, na manhã deste domingo, na Praia de Copacabana. Organizada pelos deputados Marcelo Freixo, Chico Alencar, Jean Wyllys (PSOL-RJ), pela ONG Justiça Global e pela Comissão de Direitos Humanos da ABI e da OAB, a passeata reuniu cerca de 1,5 mil pessoas – segundo os organizadores – e circulou entre o Posto 6 e a Rua Santa Clara.
Também participaram da caminhada a atrizes Leandra Leal, Luana Piovani e o marido Pedro Scooby, o ator Osmar Prado, o cineasta Silvio Tendler o padre Ricardo Rezende e a ONG Direitos Humanos, além de lideranças religiosas, que discursaram em defesa do estado laico.
— O mais interessante é que não estão protestando apenas militantes dos movimentos sociais, mas representantes de toda a sociedade, gente convocada pelas redes sociais. O discurso do Feliciano é o de se vitimizar. Quando colocamos religiosos dizendo isso: ele não me representa, acaba com o discurso dele. Esse ato mostra o crescimento da resistência e a o surgimento de uma exigência mais firme contra o Congresso. Há uma disposição maior da cidade para mudar — disse Freixo, que é também presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj.
Dilma comemora com D. Marisa
A presidente Dilma esteve sábado na comemoração do aniversário da ex-primeira dama Marisa Letícia, que ontem completou 63 anos. A festa, em um restaurante nos Jardins, em São Paulo, contou com a presença do ex-presidente Lula e dos ministros Marta Suplicy (Cultura), Alexandre Padilha (Saúde) e Guido Mantega (Fazenda), além do prefeito de São Paulo Fernando Haddad. Uma foto do evento foi postada ontem no Facebook de Lula, com o seguinte texto: “Hoje é aniversário de Dona Marisa! Muita saúde, paz e felicidade a essa grande mulher”.
Júri do Carandiru: ex-governador Fleury Filho deve ser ouvido
O ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho é uma das 13 testemunhas arroladas pela defesa no júri de 26 réus acusados de participação no “Massacre do Carandiru”, que culminou na morte de 111 presos em 2 de outubro de 1992 e tem início nesta segunda-feira a partir das 9h. Também deve prestar depoimento, segundo a advogada Ione Ribeiro de Souza, responsável pela defesa de todos os policiais militares, o secretário de Segurança Pública na ocasião, Pedro Franco de Campos.
O objetivo é que os dois falem sobre aquele dia, como foi estruturada a operação e de quem teria partido a ordem para a invasão à Casa de Detenção de São Paulo. Entidades de defesa dos direitos humanos e familiares das vítimas responsabilizam o ex-governador pelo massacre.
FOLHA DE S.PAULO
‘Diário Oficial’ de PE faz promoção pessoal de Campos
“O governador sempre ouve e, mais do que isso, se engaja na nossa luta. São fantásticas as ações que estão sendo tomadas”. A frase, atribuída a um ciclista de Recife, aparece em um dos três textos publicados no “Diário Oficial” de Pernambuco do último dia 19 que destacam atos de Eduardo Campos (PSB).
Vedado pela Constituição, o elogio ao governador no DO não é caso isolado. Levantamento feito pela Folha mostra que Campos, potencial candidato do PSB à Presidência, aparece na capa de 47 das 58 edições do “Diário Oficial” do Estado editadas de janeiro a março deste ano. Ele é majoritariamente identificado pelo primeiro nome nas manchetes e tem aspas elogiosas ao próprio governo destacadas nas chamadas do jornal.
Secretário nega foco na ‘pessoa’ do governador
O secretário especial de Imprensa do Estado de Pernambuco, Evaldo Costa, afirma que não há promoção pessoal do governador Eduardo Campos (PSB) no “Diário Oficial”. “Usamos linguagem jornalística. E, como cobrimos eventos nos quais o governador é o personagem principal, naturalmente ele é o centro da noticia”, diz.
Costa afirma que a cobertura do “Diário Oficial” tem foco na ação “política e administrativa” de Campos. “Nós não focamos a pessoa do governador”, diz o secretário de Imprensa.
Procuradoria pede à Justiça perdão para acusado de integrar mensalão
Dono da empresa chamada de “lavanderia de dinheiro” no julgamento do mensalão, o operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro poderá ser perdoado pela Justiça nas próximas semanas. É o que quer o Ministério Público Federal, que assinou um acordo de delação premiada com ele em 2005.
A Procuradoria considera que Funaro merece o perdão judicial por ter dado uma “contribuição efetiva” para o desfecho do caso, mas não quis informar à Folha quais teriam sido as colaborações.
O acordo de delação rendeu a Funaro a exclusão de seu nome da lista de denunciados do mensalão no processo julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Porém, como só a Justiça pode perdoar um acusado, a Procuradoria-Geral da República enviou as acusações contra ele à primeira instância da Justiça. Se o Judiciário confirmar o perdão, Funaro fica livre de condenações nesse caso.
Chalita pagou R$ 1 mi por biblioteca nunca entregue
Na época em que chefiava a Secretaria Estadual da Educação, o deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) pagou R$ 1,1 milhão por uma biblioteca digital que jamais foi entregue. Quase uma década mais tarde, as autoridades ainda procuram uma maneira de recuperar o dinheiro.
O negócio foi feito em 2004, quando Chalita era secretário de Geraldo Alckmin (PSDB), chegou a ser alvo de duas investigações paralelas dentro do governo. Uma delas foi enviada ao Ministério Público, que apura os prejuízos.
Chalita também é investigado em 11 inquéritos desde outubro do ano passado, quando um ex-colaborador foi ao Ministério Público para acusá-lo de cobrar propina de empresas que vendem para a Secretaria da Educação. Ele nega as acusações.
Deputado diz que não há suspeita sobre sua atuação
Apesar de ser um dos investigados no inquérito, o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) disse em nota que “nenhuma conduta, ação ou omissão” sua é objeto de apuração no caso da compra da biblioteca digital. Segundo Chalita, o projeto não foi para frente por decisão da secretária que o sucedeu, Maria Lúcia Vasconcelos.
Chalita afirmou que o atraso inicial ocorreu por causa de incompatibilidade tecnológica e por dificuldades na tradução do programa que ensinava a usar o sistema. O prefeito de Santos, Paulo Barbosa, então braço direito de Chalita, disse que “a contratação da E-Libro foi feita diretamente pela Unesco” e que “as ações de implementação, execução e acompanhamento do projeto nunca foram atribuições do ex-secretário-adjunto.”
Gasto sobe e conta de Estados tem o pior resultado desde 99
Com apoio do governo federal, a atual safra de governadores reduziu o aperto nas contas dos Estados aos menores níveis desde o ano anterior à aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que passou a vigorar em 2000. Gastos em expansão e estímulos oficiais à aceleração das obras e outros investimentos fizeram cair pela metade, ao longo de pouco mais de um ano, o montante poupado dos orçamentos para o abatimento de dívidas.
Conhecida como superavit primário, essa poupança caiu do equivalente a 0,72% do Produto Interno Bruto, em 2011, para 0,36% nos 12 meses encerrados em fevereiro. Levantamento feito pela Folha aponta que pelo menos sete Estados – Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Acre, Amapá e Roraima – e o Distrito Federal contabilizaram deficit primário no ano passado. Em outras palavras, a arrecadação de impostos e outras receitas não financeiras foi incapaz de cobrir as despesas com pessoal, ações sociais, custeio e investimentos.
São Paulo deu verba a entidades reprovadas
O governo Geraldo Alckmin (PSDB) repassou recursos para duas entidades que, segundo seu próprio cadastro, estão proibidas de receber verbas públicas por meio de parcerias com o Estado. Elas fazem parte de uma lista de 435 organizações que foram consideradas inaptas e tiveram o CRCE (Certificado de Regularidade Cadastral da Entidade) negado ou bloqueado pela administração. O próprio Alckmin criou esse certificado e o transformou em requisito do governo para celebrar convênios.
A exigência foi uma resposta à suspeita de que parlamentares direcionavam recursos a associações em troca de benefícios, caso tornado público em 2011 pelo deputado Roque Barbiere (PTB). Desde que a proibição entrou em vigor, em junho passado, as duas entidades receberam juntas R$ 383,5 mil, mesmo tendo sido reprovadas pelo critério do Estado.
Corregedoria irá apurar possíveis irregularidades
Em nota, o governo paulista informou que a Corregedoria Geral da Administração abriu apuração preliminar para averiguar possíveis irregularidades nos convênios com as santas casas de Suzano e de Capão Bonito. As punições abrangem advertência, suspensão e demissão, além de ressarcir os cofres públicos e ações na Justiça.
Estímulos oficiais tendem a elevar mais as despesas
Embora a expansão das obras seja a principal justificativa para o afrouxamento fiscal, esses gastos ainda não mostram plena reação aos estímulos oficiais. Em São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) manteve estável o superavit das contas, os investimentos caíram R$ 1,6 bilhão em 2012.
A Fazenda paulista diz que a queda se deve, entre outras coisas, a atrasos no licenciamento ambiental e ao aumento de empresas participantes das licitações. Em todo o país, as despesas tendem a subir quando começarem os desembolsos efetivos de recursos obtidos com o apoio federal.
Dilma participa de festa para ex-primeira dama
A presidente Dilma Rousseff fez anteontem mais uma viagem fora da agenda oficial a São Paulo, desta vez para participar da comemoração do aniversário de 63 anos da ex-primeira dama Marisa Letícia. Acompanhada por assessores, Dilma chegou ao restaurante Rodeio, na região oeste da cidade, por volta das 22h e permaneceu cerca de duas horas no local. Ela não falou com a imprensa.
A comemoração ocorreu em uma área reservada do restaurante, onde foi oferecido um jantar a amigos e familiares do casal petista. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também evitou falar com a imprensa.
Protestos no RJ e em SP pedem saída de Feliciano de comissão
Ativistas de direitos humanos protestaram ontem no Rio e em São Paulo contra a permanência do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Feliciano é apontado pelos ativistas como defensor de teses homofóbicas e racistas.
No Rio, o protesto ocorreu na praia de Copacabana (zona sul) com a presença de cerca de 1.500 pessoas, segundo os organizadores. A manifestação foi liderada pelos deputados do PSOL Chico Alencar, Jean Wyllys e Marcelo Freixo.
“Hoje sou uma cidadã insatisfeita. O povo tem que se unir para mostrar a sua indignação” disse a atriz Luana Piovani no evento. Em São Paulo, a passeata percorreu a avenida Rebouças e terminou no largo da Batata (zona oeste).
O ESTADO DE S. PAULO
Fim de coligações daria a PT e PMDB mais 60 deputados
A proibição de coligações nas eleições para deputado, um dos pontos da proposta de reforma política que a Câmara começará a debater nesta semana, provocaria mudanças profundas na composição de quase todas as bancadas partidárias já a partir de 2015. Os maiores beneficiados seriam os partidos mais fortes – apesar disso, as chances de aprovação são mínimas.
Se as coligações estivessem proibidas na eleição de 2010, a atual Câmara dos Deputados seria muito diferente. O PMDB e o PT teriam, cada um, 30 deputados a mais. Isso representaria um aumento de 38% e 35% no número de vagas peemedebistas e petistas, respectivamente.
O PSDB também levaria vantagem, com sete cadeiras a mais, assim como o PV, com ganho de uma vaga. Todos os demais perderiam, sendo que seis partidos nanicos seriam varridos do Congresso e do mercado do tempo de TV nas campanhas eleitorais.
Dilma foge de Brasília para festa de Marisa
A presidente Dilma Rousseff saiu discreta e sigilosamente de Brasília na noite de sábado para comemorar os 63 anos de Marisa Letícia em São Paulo. O Planalto apenas informara que a presidente teria uma “agenda privada”. Dilma e cinco ministros do governo participaram da festa surpresa que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva armou para sua mulher no restaurante Rodeio, nos Jardins, bairro nobre da capital.
A presidente chegou por volta das 21h30 ao local, permanecendo na festa por aproximadamente duas horas. Dilma estava num um Ômega prata – carro não oficial. O trajeto de Brasília a São Paulo foi feito em avião presidencial.
A presidente foi aplaudida ao entrar no salão e fez questão de cumprimentar um por um antes de se sentar entre Lula e Marisa. Entrou e foi embora pela porta dos fundos, que dava acesso direto à área reservada à festa. Era quase meia-noite. A assessoria de Dilma disse que ela embarcaria direto para Brasília.
‘Pernambuco 2035’ será modelo de gestão de Campos
Provável candidato à Presidência em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), quer deixar como legado um planejamento de longo prazo pré-batizado de “Pernambuco 2035”. O projeto é negociado com um consórcio de empresas privadas de consultoria: a nacional Macroplan, com sede no Rio, e as locais Ceplan e TGI.
“A gente tem de olhar 30 anos na frente”, afirma Campos, presidente nacional do PSB, que tem exibido a empresários do Sudeste sua gestão de governo como a vitrine da sua capacidade executiva. No dilema de não se apresentar como um nome de oposição à presidente Dilma Rousseff e ao PT, Campos sustenta que o PSB quer discutir um “projeto de nação”. Para justificar o que possivelmente será sua retórica eleitoral, pretende dar o exemplo em casa, deixando um plano de desenvolvimento de longo prazo – que qualifica como “visão estruturante do Estado”.
Religiosos, políticos e artistas protestam contra o pastor
Cerca de 1,2 mil pessoas pro¬testaram na manhã de ontem em Copacabana, contra a permanência do deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. A manifestação reuniu parlamentares, artistas e representantes de diferentes organizações religiosas e grupos sociais.
Gritando palavras de ordem pedindo pela saída de Feliciano, os manifestantes caminharam pela orla de Copacabana em um protesto que durou mais de duas horas. “Tire sua fobia do caminho, que eu quero passar com o meu amor”, declaravam alguns dos cartazes empunhados pelos participantes do ato.
Caso Feliciano projeta PSC, que já fala em Presidência
Embalado na polêmica em torno do deputado pastor Marco Feliciano (SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos, o PSC ganhou visibilidade e faz planos para sair da sombra de seu maior aliado, o PMDB. Tradicional coadjuvante nas alianças capitaneadas pelos peemedebistas, o PSC já fala em lançar candidato próprio à sucessão da presidente Dilma Rousseff em 2014.
A candidatura faz parte da estratégia do partido de ampliar as bancadas federais e eleger, pelo menos, um governador. Internamente, Feliciano e o vice-presidente e homem forte do PSC, pastor Everaldo Pereira, disputam a vaga de candidato.
“A decisão é que teremos candidatura própria à presidência da República”, afirma Everaldo. “Ser inteligente é fazer o que outros inteligentes fizeram. E o PT foi inteligente em fazer o Lula ser candidato à Presidência três vezes, antes de ganhar a eleição”, completa. Cauteloso, ele desconversa ao ser questionado sobre a própria candidatura: “Sou soldado do PSC, que é um partido democrático. Todos os que quiserem podem disputar”.
Eleição fora de época faz TSE rever prazo de registro
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou ontem que as eleições em 16 municípios de sete Estados do País, envolvendo 165.984 eleitores, ocorreram dentro da normalidade, sem nenhum incidente. Esse é o terceiro mês consecutivo que a Justiça convoca novas eleições referentes ao pleito de outubro do ano passado. Nessas cidades, os prefeitos eleitos com mais de 50% dos votos tiveram o registro de suas candidaturas barrado definitivamente pela Justiça Eleitoral, que convocou novos pleitos.
Em São Paulo, as eleições ocorreram em Eldorado, Coronel Macedo e Fernão, que reúnem 17,9 mil eleitores. Agora, uma eleição já está marcada para 5 de maio, em Meruoca, no Ceará.
O TSE analisa a possibilidade de antecipar o registro de candidaturas, que ocorre tradicionalmente em julho, pouco tempo antes das eleições de outubro, para evitar o problema de impugnações. “O prazo é muito exíguo”, disse o secretário-geral do TSE, Carlos Henrique Braga. Outra proposta é que não haja recursos ao tribunal. “Se não houvesse recursos ao TSE, não demoraria tanto como temos demorado.”
CORREIO BRAZILIENSE
O custo milionário dos deputados mensaleiros
No acórdão do mensalão, previsto para ser publicado nesta semana, os quatro deputados federais condenados no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) são citados como participantes de um esquema de articulações políticas, troca de favores e recebimento de propinas. Desde que as penas foram definidas, porém, três deles assumiram postura discreta e agem na penumbra da Câmara, fugindo diariamente dos holofotes — e da atividade parlamentar . Os gastos com os gabinetes, porém, continuam na ativa.
Considerando salários regulares, vencimentos extras e uso da cota, o quarteto condenado no STF custou cerca de R$ 1 milhão aos cofres da Casa desde a condenação . A maioria das penas dos réus foi definida pela Corte na última semana de novembro do ano passado. Daquela data em diante, a atuação de João Paulo Cunha (PT -SP), Pedro Henry (PP-MT ) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) — que já evitavam aparecer — foi reduzida sensivelmente. No período, eles não apresentaram projetos, não relataram propostas de colegas, não fizeram discursos ou comentários em plenário nem tiveram participação ativa nas comissões.
Os recibos suspeitos de Márcio Bittar
Espécie de “prefeito” da Câmara dos Deputados, o primeiro-secretário da Casa, Márcio Bittar (PSDB-AC), justificou despesas parlamentares com notas fiscais emitidas por empresário suspeito de envolvimento em esquema de desvio de recursos públicos. Entre fevereiro de 2011 e março de 2013, a Câmara pagou R$ 325 mil ao parlamentar a título de reembolso por serviços supostamente prestados pela Marca-Texto Produção e Arte. A empresa é de João Cardoso Farias, denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) pela venda de notas frias em escândalo que envolveu a Editora e a Fundação Universidade de Brasília (FUB).
Bittar apresentou o primeiro documento fiscal da Marca-Texto em fevereiro de 2011, quando tomou posse para o segundo mandato legislativo. Vinte e quatro notas da Marca-Texto foram usadas pelo deputado tucano para justificar despesas com divulgação da atividade parlamentar e gastos com consultorias, pesquisas e trabalhos técnicos. A primeira nota era de R$ 13 mil. A cifra baixou para R$ 12 mil e subiu, em agosto de 2011, para R$ 15 mil, valor da maioria das notas fiscais apresentadas.
“Regular e satisfatória”
O deputado Márcio Bittar (PSDB-AC) disse desconhecer “totalmente” as denúncias que pesam contra o dono da Marca-Texto, porque não priva “da sua intimidade”. “Não obstante, tal situação não me afigura eticamente discutível, uma vez que a empresa contratada por mim presta os serviços de forma regular e satisfatória e, por outra via, a empresa Marca-Texto, até onde sei, opera de forma legítima na sua área de atuação”, afirmou Bittar, por e-mail.
O deputado disse, ainda, que a contratação foi feita “dentro dos parâmetros legais”, documentada junto à Câmara. “Foi assinado um contrato de prestação de serviços que tem sido seguido à risca pela empresa contratada. Tal contratação tem se demonstrado acertada, na medida em que não possuo assessoria jornalística no meu gabinete parlamentar, e a nominada empresa tem conseguido suprir tal lacuna, alimentando meu site e mídias sociais, pesquisando temas para subsidiar meus pronunciamentos na tribuna da Câmara e revisando textos de minha própria autoria”, afirmou.
Dilma cede cargos, mas partidos resistem à aliança
A reforma ministerial promovida por Dilma Rousseff na tentativa de reforçar a fidelidade de alguns setores da base aliada ainda não surtiu o efeito desejado. A investida da presidente conseguiu seduzir apenas o PMDB mineiro, que promete apoiá-la em 2014. O PMDB fluminense, o PDT e o PR, entretanto, mantêm o suspense e avisam que só vão dar uma resposta aos anseios da petista para uma aliança num segundo momento. Já o PSD nem sequer fincou bandeira na Esplanada, apesar do convite oficial.
A estratégia de Dilma incluiu reabilitar o PR na semana passada, ao devolver o controle do Ministério dos Transportes — e seu vultoso orçamento de R$ 16 bilhões em investimentos — ao comando partidário, com a indicação do ex-governador da Bahia e ex-senador César Borges. Em ação semelhante, ela estreitou os laços com o PDT do ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi, presidente da legenda. Dilma nomeou como titular da pasta o secretário-geral pedetista — e aliado de Lupi —, Manoel Dias.
A presidente ainda entregou o Ministério da Agricultura para o PMDB de Minas Gerais, representado pelo deputado federal Antônio Andrade; e a Secretaria Nacional de Aviação Civil para Moreira Franco, do PMDB do Rio de Janeiro. Dilma insiste agora em nomear o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, para o Ministério da Micro e Pequena Empresa e assegurar o apoio do PSD na corrida pelo Planalto. Mas essa negociação está emperrada.
O mapa do PSDB rumo ao Planalto – trecho de entrevista
O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), entrega no mês que vem o comando do partido ao presidenciável Aécio Neves (MG). Para Guerra, ser presidente do PSDB e, ao mesmo tempo, candidato do partido ao Planalto no ano que vem, ajudará o senador mineiro a tornar-se mais conhecido nacionalmente e reforçará os laços dele com a militância tucana. “Aécio chegará à eleição mais conhecido”, disse o deputado.
[…]
O PSDB corre o risco de repetir 2002, 2006 e 2010 e entrar na eleição presidencial sem unidade em torno de uma candidatura própria?
Não dá para olhar para a frente com a visão da última eleição. São mais de 10 anos de governo do PT, notória incapacidade gerencial, insatisfação crescente de setores sociais relevantes e taxas de inflação preocupantes, além de problemas no câmbio. Questões gerais para as quais o governo atual não dá resposta.
Mas Lula foi eleito, reeleito e conseguiu fazer Dilma como sucessora.
São situações diferentes. As taxas de crescimento eram importantes, a inflação estava sob controle e os investimentos eram anunciados. Hoje, o quadro econômico não tem, de forma alguma, semelhanças com as que tinha naquele período. O ambiente hoje é de mera protelação. Dilma é presidente, sofre críticas da oposição e de todos. Ela tem que se expor e explicar as obras que até agora não foram feitas.
O PSDB está conseguindo aproveitar politicamente essa situação?
Nas últimas eleições, o PSDB não valorizou como deveria o seu legado. Isso nos custou caro. O partido, em vez de valorizar o governo Fernando Henrique e a sua experiência governamental, perdeu-se ao investir na tese de que o nosso candidato era o melhor para dar continuidade ao governo Lula. Foi a anulação do nosso valor enquanto partido.
Protestos contra o pastor
Um mês depois da posse como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, o deputado federal e pastor evangélico Marco Feliciano (PSC-SP) ainda enfrenta protestos contra a permanência no cargo. Ontem, cerca de 1,5 mil pessoas caminharam pela Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, com cartazes, faixas e bandeiras.
As mensagens criticavam a “intolerância e a discriminação no Congresso Nacional”. Embora rejeite qualquer possibilidade de deixar o comando do colegiado, o pastor, acusado de homofobia e racismo, promete participar da reunião de lideranças partidárias amanhã, na Câmara, quando escutará apelos dos colegas para que renuncie.
Eleito no início de março, Feliciano vem resistindo às pressões para deixar o cargo. Ele alega que participará da reunião com as lideranças da Câmara para levar a pauta da comissão aos colegas e discutir temas ligados aos direitos humanos. Mas diz, com convicção, que não estará “sensível” a argumentos para que desista da presidência. “Temos muito trabalho bonito para fazer”, afirmou.