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Ainda neste almoço, Dilma perguntou a Santana se os pagamentos tinham sido “feitos de forma segura”. O marqueteiro respondeu que sim. Diante da resposta, “lembrou, então, que seria difícil Marcelo Odebrecht provar o que estava falando, porque ela sabia que Marcelo Odebrecht também havia pago campanhas feitas por João Santana, em países do interesse da empresa no exterior e que isso o comprometeria, caso ele resolvesse dar detalhes sobre as campanhas brasileiras”.
Na ocasião, sempre segundo o delator, a petista argumentou que os altos valores oficiais da campanha poderiam ser usados como argumento de defesa. Por via das dúvidas, recomendou que “João Santana e Mônica Moura, que estavam intensificando suas atividades no exterior, permanecessem, o tempo que pudessem, por cautela, fora do país”.
“Palavra final do chefe”
De acordo com o marqueteiro, a tratativa sobre sua prestação de serviços para campanha de Lula iniciou em 2005, por meio do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. Na época, de acordo com Santana, que afirmou ter participado dos encaminhamentos iniciais e decisivos com Palocci, nos encontros ficou claro que o ex-presidente Lula sabia de todos os detalhes – de todos os pagamentos por fora recebidos pela Pólis (empresa de João Santana).
Segundo Santana, o então ministro da Fazenda sempre alegava que as decisões definitivas dependiam da “palavra final do chefe” – referência a Lula. Segundo João Santana –marqueteiro responsável pelas campanhas presidenciais de Lula, em 2006, e de Dilma Rousseff, em 2010 e 2014 – em meio às tratativas Palocci perguntou se ele teria conta no exterior e, após receber resposta positiva, afirmou que os depósitos eram feitos pela empreiteira Odebrecht na conta revelada, “para segurança de todos”. Palocci ressaltou que a Odebrecht tinha “o respaldo do chefe”.
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Pagamento antecipado
Já com uma relação mais próxima e diante de diversos atrasos nos pagamento à Polis, durante um almoço entre Dilma e o marqueteiro no Palácio do Alvorada, em 2014, Dilma disse ao publicitário que ficasse tranquilo em relação à regularização de pendências, valores recebidos via caixa dois, visto que os pagamentos oficiais tinham sido feitos para quitação perante a Justiça Eleitoral.
Já visando a futura campanha, Dilma tranquilizou Santana e afirmou que tudo seria “resolvido, rapidamente”, em relação a uma dívida da campanha de 2010. “O que estamos planejando vai permitir, inclusive, pagarmos uma parte antecipada da campanha deste ano”, teria dito a então presidente a João Santana.
Na ocasião, Dilma ressaltou ainda que o pagamento seria realizado de “forma tradicional” – por fora – e que Giles Azevedo, seu assessor de confiança, ligaria para Mônica Moura, esposa de Santana, para colocá-la em contato com uma nova pessoa (Guido Mantega) que passaria a ser responsável pelos pagamentos.
Promessa não cumprida
Em agosto de 2014, já na fase de gravação dos primeiros programas, o marqueteiro informou a Dilma que a promessa não vinha sendo cumprida. Na época, de acordo com João Santana, a então presidente demonstrou irritação e disse que iria tratar diretamente do assunto com Guido Mantega, o novo homem de sua confiança e, dali em diante, o responsável pelas tratativas.
Leia íntegra das delações feitas por Mônica Moura e João Santana:
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