O novo presidente da Comissão de Finanças e Tributação, deputado João Magalhães (PMDB-MG), diz que as denúncias movidas contra ele pelo Ministério Público Federal de venda de emenda parlamentar são “vazias”. “Não vejo nada procedente, e tenho acompanhado de perto. Vou provar mais uma vez que sou inocente. É o que a gente tem feito – já arquivei três ou quatro processos. Vamos trabalhar nessa linha, mostrar a verdade, que não tem nada disso”, acrescentou João, para quem é a “missão do Ministério Público fazer denúncia”. “A nossa é se defender. Não vou contestar, falar se eles estão certos ou se estão errados. Vamos apenas provar nossa inocência.”
Embora tenha dito estar “acompanhando de perto” os processos, o deputado alegou não ter qualquer informação sobre o bloqueio de seus bens, determinado pela Justiça Federal em Governador Valadares (MG) no final do ano passado em ação que apura o envolvimento dele em desvio de recursos do Ministério do Turismo. “Não fui nem notificado. Eu fiquei sabendo por vocês, por meio da imprensa. Esse processo ficou com o juiz vários meses, agora é que foi liberado”, explicou o deputado, dizendo só saber do processo apenas o que foi divulgado, em nota, pelo Ministério Público após despacho do juiz responsável.
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A reportagem quis então saber por que o deputado é sempre alvo da mesma acusação – a negociação de emendas. E, mais especificamente, questionou-o sobre a ação referente aos eventos festivos, em que foi acusado de forjar “cartas de exclusividade”, junto ao Ministério do Turismo, para o atendimento das demandas.
“Ainda nem fui citado. O que foi feito é que o Ministério do Turismo pediu para fazer. O gabinete faz o trabalho institucional dele. Foram falar que encontraram [informações referentes ao assunto] no computador. Claro que estava no computador! Recebemos mensagens, e-mails, fax de gabinetes de prefeitos, todos os dias, mandando documentos para Brasília. É o trabalho parlamentar fazer encaminhamento da demanda dos municípios”, declarou João Magalhães, voltando a contestar a acusação.
“Ninguém forjava nada. Isso [a exclusividade] era exigência do próprio Ministério do Turismo. Temos os pedidos do ministério para que fossem mandados os documentos, não existe esse negócio de montagem, nada disso. Vamos provar que, mais uma vez, infelizmente o Ministério Público fez uma denúncia improcedente”, acrescentou, lembrando que é “obrigação” do MP apresentar denúncias. “Só acho que essa é um pouco vazia. Só por denunciar, a gente já vira criminoso”, reclama.
Sanguessugas
O deputado também minimizou a denúncia feita pelo empresário Luiz Vedoin, que comandou o esquema dos sanguessugas, de que ele recebeu mais de R$ 40 mil em troca de emenda para favorecer o grupo Planam. Magalhães diz que falta coerência a Vedoin. “Um dia ele diz que me entregou o dinheiro, mas não pode provar porque estava sozinho; depois, vai à Justiça Federal e fala que me entregou o dinheiro na presença do pai deles. Cada dia ele fala uma coisa”, comentou o deputado, para quem Vedoin tem uma lista aleatória de acusações. “Ele chegou a dizer que tinha 100 parlamentares [envolvidos no caso dos sanguessugas], e não era verdade.”
João Magalhães disse ainda não se sentir constrangido por ter sido eleito para presidir a Comissão de Finanças e Tributação mesmo sendo alvo de várias investigações. “De maneira nenhuma. Fui reeleito, há dois anos, já sob a ótica da Lei da Ficha Limpa. Não tinha e não tenho nenhuma condenação. A maioria dos inquéritos que eu tinha na época foi arquivada – alguns deles a pedido do próprio Ministério Público Federal. Me sinto tranquilo, fui eleito e reeleito para trabalhar”, discursou, acrescentando que, enquanto não tiver condenação, não tem qualquer impedimento, seja ético ou legal.
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