No transcorrer do episódio, dois homens foram detidos, um deles acampado em uma das barracas do grupo pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff. O outro, policial civil, disse ter atirado para cima por ter se sentido “ameaçado” pela marcha. De Sergipe, ele já havia sido detido na semana passada, e encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil do DF, por supostamente ter ameaçado manifestantes com armas.
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Presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL) anunciou durante sessão de votação de vetos que pedirá à Polícia Federal e à Polícia Militar do Distrito Federal investigação sobre a ocorrência. Inicialmente, a PM havia confirmado que apenas um suspeito foi detido e encaminhado à 5ª Delegacia de Polícia de Brasília.
O Congresso em Foco entrou em contato com a corporação, que reiterou a detenção do homem. Na ocasião, a polícia não esclareceu se ele estava ou não armado, e limitou-se a informar que o suspeito é policial civil e que foi levado para a Corregedoria.
O estopim do conflito foi a derrubada de um boneco inflável de aproximadamente dez metros de altura, instalado no gramado da Esplanada dos Ministério desde a última manifestação anti-Dilma, no domingo (15). O boneco, que custou cerca de R$ 12 mil, foi levado por defensores da intervenção militar como forma de homenagem ao general Mourão, exonerado pela presidente Dilma após ele exaltar a memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi na ditadura militar.
Assista ao vídeo com relato da ex-deputada:
Enquanto isso, no Congresso
Enquanto a confusão acontecia nos gramados do Congresso, parlamentares estavam reunidos em sessão conjunta para análise de vetos presidenciais. A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) foi à tribuna e denunciou que integrantes da Marcha das Mulheres Negras haviam sido agredidos por manifestantes pró-impeachment acampados em frente ao prédio do Congresso.
A ex-deputada Janete Pietá também afirmou ter visto uma mulher ser agredida por integrantes do movimento anti-Dilma. Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS) chegou a ser atingido por gás de pimenta em um momento de tumulto envolvendo manifestantes e policiais.
Já o deputado Alberto Fraga (DEM-DF), integrante da bancada da bala (grupo parlamentar favorável ao porte de armas), saiu em defesa dos manifestantes acampados, e disse que o conflito se deu entre PMs e integrantes da Marcha das Mulheres. “O acampamento está incomodando porque é contra a presidente Dilma, e querem usar esse episódio para desmobilizar o movimento”, disse o deputado.
Provocado a tomar previdência, Renan Calheiros afirmou que a determinação de retirada dos manifestantes acampados deve ser tomada em conjunto com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O senador determinou que se investigue se há armas entre os manifestantes. Por sua vez, Cunha diz que só tomará providências se o grupo ameaçar a ordem e a integridade de terceiros.
Um ato do Congresso (foto acima), assinado em agosto de 2001 pelos então presidentes da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), e do Senado, Edison Lobão (PMDB-MA), já proíbe “[…] a edificação de construções móveis, colocação de tapumes, arquibancadas, palanques, tendas ou similares na área compreendida entre o gramado e o meio fio anterior da via de ligação das pistas Sul e Norte do Eixo Monumental […], de utilização específica do Congresso Nacional”. O descumprimento diário da norma tem gerado críticas entre parlamentares.