Assassinada a tiros na última quarta-feira (14), a vereadora do Psol Marielle Franco, de 39 anos, já estava acostumada a sentir na pele outro tipo de crime, o racismo, o qual denunciava sem tréguas. E, há um ano, a socióloga negra criada na comunidade da Maré, um complexo de comunidades na periferia do Rio de Janeiro, relatou ao Congresso em Foco que, na capital federal, foi submetida ao constrangimento de uma maneira inusitada.
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“Vasculharam até meu cabelo”, reclamou Marielle ao repórter Gabriel Pontes.
O caso aconteceu em 12 de fevereiro, durante uma inspeção a que foi submetida no aeroporto de Brasília. Ela conta que foi escolhida para ser revistada aleatoriamente pelos funcionários de um dos setores. Marielle, que registrou o caso em sua conta no Facebook, disse acreditar que o fato de ser negra foi determinante para ser selecionada e tratada de maneira diferente em relação aos demais passageiros.
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A vereadora foi abordada ao passar no detector de metais do aeroporto de Brasília antes de embarcar de volta para o Rio de Janeiro. Ela conta que foi selecionada para uma inspeção de rotina, mas preferiu não ir para a sala reservada do aeroporto.
“Estava com pressa e sou da favela, lá a gente aprendeu que esse tipo de abordagem em público dá mais segurança para nós mesmos”, disse ao Congresso em Foco.
Como lembrou Gabriel na ocasião, Marielle foi a quinta vereadora mais votada, nas eleições 2016, do estado do Rio de Janeiro. Ativista dos movimentos negro e feminista, acrescentou a reportagem, ele voltava de férias no momento da abordagem dos funcionários do aeroporto. “Sensação de total constrangimento”, lamentou.
“Selecionados aleatoriamente”
Em nota emitida na ocasião, a Inframérica, concessionária que administra o aeroporto de Brasília, explicou que os passageiros são selecionados aleatoriamente e “submetidos a revista física nos seguintes locais: cabeça e pescoço, braços e ombros, tronco e costas, cinturas e pernas, coxas e joelhos”. “Além disso, bagagens de mão poderão ser abertas para inspeção”, acrescenta o comunicado.
A empresa ressalta que respeita as normas determinadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e “realiza a inspeção aleatória de passageiros no raio-x”. De acordo com a norma, os passageiros podem ser inspecionados após a passagem pelo detector de matais, ainda que aparelho não tenha identificado objetos não autorizados.
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